Secret Garden ||♥|| PASSANDO POR REFORMULAÇÃO escrita por chaosregia


Capítulo 11
O ciúme sempre foi um mau conselheiro, assim como o orgulho.




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Estava parada em frente ao quarto dele, seus pés hesitavam e seu coração parecia querer sair pela boca. Uma reação estranha e desconhecida, não conseguia se acostumar com as borboletas que pareciam novamente estar voando enlouquecidas em seu estômago. Sentiu as maçãs do rosto queimarem com o simples pensamento do “beijo” que em seus delírios vira o primo lhe dar.

Não, ele jamais faria isso, jamais iria tentar algo do tipo. Até porque para que o fato ocorresse teriam de estar apaixonados ou interessados um pelo outro. A palavra “apaixonados” fez as bochechas da garota enrubescerem outra vez, pensar em paixão, amor, ela e Naruto juntos, como um casal, isso tudo só piorava seu estado, fazia com que as borboletas voassem ainda mais rápido dentro dela.

Tomou novo fôlego, depois de sacudir a cabeça na tentativa de afastar os pensamentos constrangedores de sua mente. E até conseguiu manter a calma, pelo menos até abrir a porta do quarto e encontrar os orbes azulados dele a fitando com uma expressão e brilho que jamais vira antes. O sorriso dele era tão aberto e iluminado que poderia ofuscar até mesmo o brilho do sol, era impossível agora tentar sequer conter suas emoções e pensamentos. As bochechas deviam estar tão vermelhas quanto morangos silvestres, sua cabeça pesava, parecia grande demais para o resto do corpo, os pés pequenos e fracos demais parar mantê-la de pé.

Abaixou a cabeça evitando o olhar do rapaz, que agora a fitava preocupado, sem entender o que estava acontecendo com a prima. Se ele pudesse ler seus pensamentos naquele momento, o “beijo”, a língua monstruosa a devorando, os bebês e o poço, ficaria impressionado com a fertilidade de sua imaginação. Mas ela não podia ficar ali parada imaginando coisas, precisava se mexer antes que perdesse o equilíbrio e fosse parar no chão.

Naruto até pensou em perguntar o que estava acontecendo, mas as emoções dele também estavam alteradas, tanto quanto as dela. Uma sensação esquisita em seu estômago, não conhecia as borboletas, mas sabia que não era apenas fome. O coração palpitava, mas não falta de saúde, pelo contrário, parecia estar sentindo-se cada vez mais vivo. A cada passo que Hinata dava em sua direção, mais forte o coração batia, tão rápido que parecia querer rasgar o peito para fugir para os braços dela.

Quanto menor era a distância, mais alto o coração dela parecia bater, tinha medo até de que Naruto pudesse ouvi-lo descompassado daquele jeito. Tentou erguer os olhos na direção dele, mas quando reencontrou o azul sufocante daqueles orbes, desistiu, voltando assim a fitar o chão e os próprios pés. A situação estava se tornando realmente desesperadora, precisavam romper aquele silêncio de uma vez por todas e...

– N-Na-Naruto, Naruto-kun! – Balbuciou as sílabas, o nervosismo era grande.

–... – Depois de alguns segundos sem saber o que fazer, algo inesperado aconteceu com ele. – H-Hi-Hi-Hina-Hinata-chan! – Nunca tinham lhe faltado palavras, sequer tinha hesitado qualquer palavra, muito menos uma coisa tão simples quanto o nome de alguém.

–... – Ela se assustou com a reação dele. Se não soubesse como seu primo era, diria até que ele estava mais nervoso ainda do que ela própria estava.

–... – Ele viu os olhos surpresos dela, não queria que ela descobrisse seus sentimentos. Se ela pudesse ler seus pensamentos, nunca mais voltaria a vê-lo, nunca mais iria querer sequer olhar para ele novamente.

Não eram pensamentos pervertidos, de fato não poderiam ser, já que o garoto se fazia tão inocente quanto a própria Hinata. Ou até mais, já que não chegara nem mesmo a ser apresentado ao tal senhor “beijo” que amedrontava a prima só de imaginar. Tinha mesmo era medo de ofendê-la com abraços, afagos, ou cenas que julgava serem ousadas demais, como correr pelos campos de mãos dadas com a garota, ou deitar no colo dela sendo acariciado pelas mãos gentis da mesma. Nada ousado ou ofensor, mas como ele poderia saber? Toda essa falta de malicia tinha uma explicação, crescera recluso num quarto durante toda a sua puberdade, sem qualquer presença masculina ou feminina que o explicasse as coisas da vida.

– HAHAHAHAHA – Ele ria nervosamente, com uma das mãos atrás da cabeça. Suas bochechas estavam vermelhas e o corpo respondia a tudo suando frio na presença dela. A garota levou um susto, aquela atitude inesperada a fez dar um pulo para trás. Vendo a burrada que havia feito, o rapaz tentou se concertar com a primeira coisa que veio em sua cabeça. – P-Pensei... – Tomou fôlego. – Pensei que você não fosse voltar... – Abaixou a cabeça, mantendo seus olhos fixos no lençol. Preferiu assim, olhar para Hinata só fazia o deixar ainda mais nervoso.

– É que... – Ele parecia triste, isso a fez se sentir culpada por demorar tanto em ir vê-lo. – Precisei ajudar, ajudar a Sakura-chan. – Não podia dizer o real motivo do atraso, afinal, como iria explicar toda aquela história do “beijo”. Ele acabaria rindo dela, por pensar que alguém como ele se interessaria por uma menina tão sem atrativos ou qualidades como ela.

– Ah... – Suspirou aliviado. Ela não havia pensado em deixá-lo, isso era um alívio. – E como vão Sakura-chan e... – Voltando a fitá-la animado. - O irmão dela...? – Torceu o nariz ao se lembrar do garoto que abraçara Hinata na noite passada.

– Sakura-chan e Sai-kun estão bem. A Sakura-chan está preparando seu desjejum agora, daqui a pouco vai trazê-lo.

– Desjejum? Mas eu não costumo ter um “desjejum”...

– Pois agora vai ter. – Falou decidida. – É a segunda mudança que ajudará a te tirar dessa vida sedentária e sem saúde.

– E qual foi a primeira? – Sorriu.

– A primeira foi sair daquele quarto. Esse aqui vai te fazer muito bem, assim como a luminosidade e circulação de ar excelente que ele possui. – Foi indo em direção a janela para abrir as cortinas.

– Você está errada!

– Como? – Voltou a fitá-lo. – Por acaso acha que a luz e o ar puro não vão ajudá-lo em sua recuperação? Está muito enganad...

– Não é sobre isso... É sobre a primeira mudança... – Havia um sorriso diferente em seus lábios, bem como um brilho especial em seus orbes azulados. – Minha primeira grande mudança foi você!

–... – Não conseguia acreditar no que estava ouvindo. Pra falar a verdade não era nada demais, mas o suficiente, principalmente pela forma como soara, para fazê-la enrubescer e perder qualquer controle.

– Só você pode me tirar dessa cama Hinata! Você é o único remédio do qual eu preciso...

Não conseguia ainda entender o que estava subentendido em suas próprias palavras, mas era inevitável pronunciá-las. Isso só fez piorar as borboletas de Hinata, que correu para as cortinas na tentativa inútil de disfarçar seu constrangimento.

– Eu, eu não quis... – Ele havia mesmo percebido. – Quer dizer, você é a única pessoa até hoje que realmente se importou comigo e... Eu fico muito grato pela sua ajuda e empenho em minha recuperação. – Tentava aliviar a situação com sua explicação, mas não obtinha muito sucesso, pois a garota permanecia a mexer nas cortinas, mesmo já tendo as aberto. – Digo... Você não tinha obrigação nenhuma de cuidar de mim, ainda mais depois de todas as vezes que fui rude contigo. Eu não merecia toda essa atenção e amizade.

A palavra amizade desanimou um pouco aos dois, serviu como um banho de água fria as emoções perturbadas de ambos. O que foi útil pelo menos para fazer Hinata deixar as cortinas e voltar a agir “normalmente” com o primo.

– Eu não pretendia ter qualquer tipo de “obrigação” com você, Naruto-kun. Eu só estou te ajudando porque você é meu primo, somos uma família, e como tal devemos ajudar uns aos outros. – Mais um banho de água fria. – Quer dizer... Você não merecia mesmo minha ajuda, pelo menos não no começo. – Brincou. Ambos riram. – Mas agora que está mais educado, não vejo porque não ficar a seu lado...

A seu lado”. Como era bom dizer aquilo... E como era bom também ouvir isso dela. Os olhos dos dois se encontraram e acabaram presos um no outro, as expressões eram indecifráveis. De repente Hinata sentiu até certa vontade de experimentar o tal “beijo”...

Toc, toc, toc.

[ N/A.: Não gosto muito de onomatopeias ¬¬
Elas sempre aparecem nos momentos mais indesejáveis
]

– Naruto-sama... Sou eu, Sakura-chan! Vim trazer seu desjejum... – Anunciou-se antes de abrir a porta.

– S-Sakura-chan! – Salva pelo gongo! Ficar muito tempo presa naqueles orbes azuis hipnotizantes poderia levá-la ao óbito, ataque cardíaco na certa.

– Hinata-chan! – Adentrou o quarto com uma bandeja cheia de guloseimas nas mãos. – Ohayo Naruto-sama! – Cumprimentou o rapaz, desolado por ter seu momento “romântico” rompido tão rapidamente.

– Deixa que eu te ajudo... – Percebendo a evidente dificuldade de Sakura com a bandeja, Hinata correu em seu socorro e tomou-a da amiga para levar até a cama do rapaz.

– Arigato Hinata-chan. – Sorriu aliviada. – Então... – Puxou assunto enquanto observava os olhares de Naruto e Hinata um para o outro quando a garota se aproximou e depositou a bandeja no colo do rapaz. – Como passou a noite Naruto-sama?

– Bem! – Por um minuto havia esquecido que não estava mais sozinho com Hinata.

– Não sentiu falta do quarto antigo? Esse aqui não é tão luxuoso ou confortável como aquele, né?

– Mas é bem melhor. Mais iluminado e ventilado... – Hinata o cortou antes que pudesse responder. – Sem contar que aquele ambiente era muito deprimente e sem vida. Naruto-kun precisa se sentir mais livre e ter mais contato com as pessoas. Isso vai ser ótimo para a saúde dele. – Explicou animada.

– E com toda essa dedicação e consideração da Hina-chan, logo, logo estarei bom de novo. E andando! – Acrescentou sorridente.

– É... – Não havia como não perceber, as bochechas rosadas de Hinata a denunciavam, assim como o brilho nos olhos de Naruto. Era evidente o que estava acontecendo ali, ambos estavam se apaixonando um pelo outro, tinha certeza, por experiência própria. – Acho que vou deixá-los por um momento... – Apesar de não confiar totalmente no rapaz, nem na reação que o pai dele teria ao descobrir o que estava acontecendo, achou melhor deixá-los resolver isso sozinhos. Depois, é claro, conversaria com Hinata sobre o assunto, não para impedi-la ou desiludida, mas apenas para não deixar que a amiga saísse machucada de tudo aquilo, como já havia lhe acontecido certa vez. – Se não precisarem mais de mim?! Estarei na cozinha, tenho alguns afazeres por terminar.

– Quer que eu a ajude Sakura-chan? – Não podia abandonar a amiga com os serviços da casa. Sem contar que era uma boa forma de manter-se longe dos orbes sufocantes.

– Não será necessário... Apenas desça próximo ao horário do almoço, se quiser me ajudar com a comida. – Fez menção de sair do local. – Juízo! – Deixou-os enfim, fechando a porta ao sair.

•••

– Vamos logo Jiraya!

– Mas porque toda essa pressa minha pomb... – Os olhos da loira logo o repreenderam. – Quer dizer, Tsunade.

– Sinto que algo de pobre está acontecendo...

– Mas o que poderia acontecer? Minato não voltará tão cedo e Naruto está cada vez pior.

– Não me preocupam Minato e o morto-vivo do filho dele. Quem me preocupa é aquela fedelha enxerida. Sinto que ela vai nos causar problemas.

– O que uma garotinha ingênua como ela poderia fazer contra você Tsunade? Está se preocupando a toa.

– Você pode não ter percebido, mas eu sim. O comportamento de Naruto está mudando e, faz alguns dias que tenho notado certa apreensão no olhar de Hinata, uma espécie de cuidado ou receio em relação a mim.

– Você acha que eles já tiveram algum contato?

– Talvez... Mas se isso for verdade não resta mais o que pensar, precisamos acabar logo com isso.

– E o que você está pensando em fazer?

– O que mais seria? O garoto tem de morrer de uma vez por todas.

– M-Morrer? – Engoliu seco. Na verdade aquilo tudo incomodava muito a Jiraya. Mesmo sabendo das intenções da companheira, jamais concordara com uma atitude tão criminosa e desumana. - Mas Tsunade...

– Não me venha com coração mole! Ou por acaso você acha que mantendo esse moleque vivo conseguiremos colocar a mão no dinheiro de Minato? Temos que eliminar ele e quaisquer outros obstáculos que estejam em nosso caminho.

– Eu, eu sei! Mas é que... Matar alguém? Isso, Isso é assassinato!

– Assassinato? – Riu. – Claro que não! Estamos é fazendo um favor a aquele moleque desgraçado.

•••

– “Juízo? O que Sakura-chan estava querendo dizer?” – Pensou.

– Nunca havia comido isso... O que é? – Naruto a tirou de seus pensamentos.

– Como?

– O que é isso? – Mostrando a ela.

– Isso é um croissant, um tipo de pão francês. – De fato ele devia ter sido privado de muitas coisas durante esses dois, só de ver a animação que o rapaz demonstrava ante a um simples croissant. – Você... Parece animado, N-Naruto-kun...

– E como não poderia? Não estou mais trancado naquele mausoléu, estou comendo croissant e ainda tenho sua companhia. Como posso não me sentir animado com tanta coisa boa acontecendo depois de dez anos de isolamento e solidão?! – Sorriu.

– Então tenho uma outra novidade. Uma novidade que talvez te deixe ainda mais animado!

– O que é?

– Bem, desde que cheguei aqui, em sua casa, devo confessar que não havia gostado muito do lugar. Minha primeira impressão foi a pior possível, e com toda aquela neve e nenhum verde, achei que jamais me adaptaria.

– É, o inverno aqui costumava ser bem chato. Eu me lembro quando ainda era pequeno, passava o dia todo trancado dentro da mansão sem ter o que fazer.

– Pois então. Eu não acreditava que conseguiria ficar aqui por muito tempo, pelo menos até conhecer a Tamii.

– Tamii?

– A minha gatinha.

– Ah sim. – Ele ouvia tudo atentamente, como se fosse um bom livro, ou a coisa mais interessante do mundo.

– Depois conheci a Sakura e o Sai, ai meus dias passaram a ser bem melhores e mais produtivos. E num desses dias, em que eu e Sai estávamos caminhando, encontramos um lugar que mudou minha impressão daqui totalmente. – Mas dessa parte Naruto não gostou muito, ouvi-la falar sobre o tal “Sai”o deixava um tanto quanto “enciumado”. Ainda mais pelo fato de ele poder sair por ai, caminhando com ela, descobrindo coisas novas, como ele mesmo não podia fazer, já que não passava de um garoto doente e aleijado. - Eu encontrei um jardim, um jardim secreto!

– Jardim... Secreto? - Intrigou-se.

– Sim, mas ele não é secreto realmente, quer dizer, você até já deve tê-lo visto. Sai-kun me contou que seu pai, Minato-sama o construiu para presentear sua mãe.

– O jardim... O jardim de minha mãe?! - Abaixou a cabeça, havia uma expressão tristonha em seu rosto, devia ser pela menção de sua falecida mãe.

– Quando eu encontrei a chave dele... - Prosseguiu mesmo tendo percebido a reação do primo, talvez se lhe contasse tudo sobre o jardim conseguisse o animar um pouco e até levá-lo até lá. - Eu e o Sai-kun começamos a cuidar dele, limpamos todo o terreno e até plantamos algumas mudas. O Sai-kun disse que o jardim vai ficar maravilhoso quando começar a florir, tem dezenas de flores diferentes lá, e as árvores ainda estão vivas.

–...

– Por isso achei que você fosse se animar, gostaria muito de levar você até lá, pra ver como o jardim ficou. O Sai-kun teve muito trabalho para conseguir as mudas e...

– Eu não quero ir nessa droga de jardim! - Mantendo a cabeça baixa.

– N-Nani? - A garota não entendeu aquela reação.

– Eu não quero ir nesse jardim idiota que o seu namoradinho infeliz ajudou a arrumar.

– Na-Namorad...?

– E tem mais... - Ergueu os olhos na direção da garota. - Eu quero vocês dois fora do jardim da minha mãe!

– N-Naruto-kun?! Mas, porque você está agindo assim?

– Não entendeu ainda? - Segurou o braço dela com força, trazendo-a para perto. - Eu não quero você e seu namorado infeliz no meu jardim! - Estavam tão próximos que se um dos dois se mexesse acabariam tocando os narizes. Hinata sentiu-se desconfortável com todo aquele "contato", as bochechas estavam quentes, deviam estar vermelhas como morangos silvestres, reação típica de sua timidez, que como sempre a dominava. Naruto, por sua vez, a fitava com olhos nervosos, cheios de uma fúria que nem ele mesmo saberia explicar. Na verdade tudo aquilo não parecia de uma crise boba de ciúmes, pensar em Hinata trabalhando sozinha com Sai naquele jardim durante dias, enquanto ele ficava trancado no 3º andar implorando aos céus por uma mísera visita da garota.

– E-Eu, eu não... Não sou namorada do Sai-kun. - Soltando-se das mãos firmes do rapaz. - E não entendo porque está sendo tão rude comigo, eu não fiz nada demais...

– AH, NÃO FEZ?! - Perdendo o controle. A garota se assustou, dando um pulo para trás, colocou as mãos sobre o peito como se quisesse se proteger de um possível ataque. - VOCÊ LEVOU AQUELE IMBECIL PRA DENTRO DO "MEU" JARDIM! - Dando ênfase ao "meu".

– AQUELE JARDIM NÃO É SEU! - Não esperavam que Hinata não reagisse, conhecendo o histórico de discussões dos dois, era evidente o que estava por vir.

– É MEU SIM!

– NÃO, ELE ERA DA SUA MÃE.

– ELA MORREU, AGORA É MEU!

– NÃO, É DO SEU PAI. E SE HÁ ALGUÉM QUE PODE ME IMPEDIR DE ENTRAR LÁ É ELE.

– O JARDIM É MEU E EU ORDENO QUE VOCÊ E SEU NAMORADO INFELIZ NÃO PISEM MAIS NOS MEUS DOMÍNIOS.

– QUEM É VOCÊ PRA ME DAR ALGUMA ORDEM? VOCÊ NÃO É NADA MEU! - Estavam completamente exaltados, a essa altura Sakura, ou qualquer outra pessoa que estivesse na mansão já devia ter ouvido seus gritos.

– EU SOU O DONO DESSA CASA, DESSAS TERRAS, E DE VOCÊ TAMBÉM JÁ QUE ESTÁ MORANDO DE FAVOR AQUI!

– VOCÊ NÃO É MEU DONO! NÃO É, NEM NUNCA SERÁ!

– SOU SIM, VOCÊ MORA NA MINHA CASA, ENTÃO ME PERTENCE!

– SÓ NOS SEUS SONHOS IMBECIL! - Fez menção de sair do quarto.

– HINA-Hi-Hina... Hinata! - Tentando se acalmar. A garota que estava decidida a sair dali e não voltar nunca mais, acabou amolecendo e parando para ouvi-lo. - Eu... Me, me desculpe! Eu, eu não queria... Você tem razão, eu não...

–...

– Não sou seu dono, nem pretendo ser. Quer dizer, eu não te vejo como um objeto a ser possuído...

– "Naruto-kun..."

– Eu não pretendia... Você, você pode voltar ao jardim quando você bem entender. Eu jamais te proibiria disso...

–... - Havia um milhão de coisas que ela queria dizer para ele naquele momento, mas não havia coragem suficiente para fazê-la falar. Preferiu manter-se calada e ouvi-lo até que ele a pedisse para dizer algo, deixaria a preocupação com as palavras só para esse momento.

– Eu só... Eu não... - Mais uma vez o ciúme o venceu. - Não quero aquele idiota do seu namoradinho lá!

– Nani? - Era inacreditável como ele podia ser tão arrogante, parecer tão gentil ao se desculpar e depois voltar a ser o mesmo imbecil turrão do inicio. Realmente, a convivência com ele era difícil. - Porque não quer deixar o Sai-kun entrar lá? O que você tem contra ele?

– Eu não vou com a cara dele, e daí? Não posso não gostar do seu namorado idiota?

– Você não tem motivo para ter raiva dele, logo ele que te ajudou a sair daquele quarto...

– PREFERIA TER FICADO LÁ! NÃO PRECISO DA AJUDA DAQUELE SEU NAMORADO IMBECIL!

– ELE NÃO É MEU NAMORADO! PARA DE FICAR FALANDO ISSO, EU JÁ DISSE QUE ELE NÃO É MEU NAMORADO!

– ENTÃO PORQUE VOCÊ FICA FALANDO DELE O TEMPO TODO? APOSTO QUE ELE NÃO PRECISA FICAR IMPLORANDO A SUA COMPANHIA COMO EU! ME DIZ HINATA, É PORQUE ELE TEM DUAS PERNAS QUE FUNCIONAM? VOCÊ SÓ ESTÁ AQUI PORQUE SENTE PENA DE MIM, NÃO É?

– VOCÊ NUNCA IMPLOROU PELA MINHA COMPANHIA, PELO CONTRÁRIO. A ÚNICA COISA QUE VOCÊ FEZ DESDE O DIA QUE NOS CONHECEMOS FOI ME TRATAR MAL! VOCÊ GRITA E ME OFENDE, SÓ ISSO QUE VOCÊ SABE FAZER! - As palavras foram o suficiente para calar o rapaz, não havia como contestar essa afirmação. - EU É QUE SOU UMA IDIOTA, UMA VERDADEIRA IMBECIL... - Os orbes prateados da garota faziam força para manter-se secos, mas era difícil a essa altura conter as lágrimas, que logo começaram a rolar. - NUNCA SENTI PENA DE VOCÊ, PELO CONTRÁRIO. MESMO QUANDO VOCÊ PISAVA EM MIM, EU SEMPRE VOLTAVA E TE DESCULPAVA DE TUDO, SEMPRE TINHA PRAZER EM TE AJUDAR.

–... - A imbecil não era ela, mas ele. Não devia nunca tê-la tratado mal, Hinata merecia ser tratada como uma princesa. Mas um turrão como ele, alguém que não convivia com praticamente ninguém a mais de dez anos, como poderia saber lidar com tanta novidade e tanta mudança, tantos sentimentos novos nascendo dentro dele de uma só vez.

– VOCÊ TAMBÉM TEM DUAS PERNAS, MESMO QUE ELAS AINDA NÃO ESTEJAM EM USO, LOGO VÃO ESTAR. E MESMO QUE NÃO ESTIVESSEM, NÃO FORAM AS PERNAS DO SAI QUE ME FIZERAM SER AMIGA DELE, FOI O CORAÇÃO. - Fez uma pausa para recuperar o fôlego e secar seu rosto, completamente "encharcado". Logo recomeçou. - MEU ERRO COM VOCÊ FOI PENSAR QUE, APESAR DESSE MAU HUMOR... - Tentou manter a calma, estava exaltada demais. Naruto agora se sentia o pior dos homens, o maior lixo do universo. Jamais se perdoaria por aquele momento, por vê-la sofrer e chorar daquela forma. - Não são suas pernas que estão mortas Naruto... É o seu coração! - E dizendo isso ela se foi, deixou o quarto e o garoto novamente sozinhos.

Do lado de fora da porta havia uma garota em pedaços, chorando compulsivamente, tentando abafar os soluços e acalmar os nervos para que ele não soubesse o quanto era capaz de afetá-la. O que ela não sabia era que, do lado de dentro, também ele chorava, sofria e sentia-se em pedaços, como jamais se sentira em dez anos, após a morte da mãe.

Hinata tinha razão, ele era um estúpido, um imbecil, e seu coração havia morrido junto com Kushina, sua mãe, naquele trágico dia em que ela partira para sempre. Porém, a garota nem desconfiava que, desde o primeiro dia em que haviam se encontrado, o coração destruído do rapaz havia dado sinais de vida, e agora já era quase impossível calar as batidas aceleradas dele quando reencontrava aqueles orbes perolados cheios de esperança.

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