Laura E Edgar - Um Novo Olhar escrita por Bia


Capítulo 7
Surpresas


Notas iniciais do capítulo

Desta vez Edgar entra em cena com D. Margarida e mais uma surpresa... Mas o advogado tem outros planos...



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Surpresas (Capítulo 7)

Era noite e tinha deixado minha Abelhinha a pouco na casa da mãe, mal tinha chegado em casa e Matilde me entregou uma mensagem, era de minha mãe, me convidado para uma chá na confeitaria Colonial no dia seguinte as quatro horas. Confesso que não estranhei, pois sempre me encontrava com ela, principalmente na sua casa.

No dia seguinte no horário marcado, estava na porta da Colonial quando vi minha mãe chegar na companhia de uma bela moça, fiquei confuso, mas minha mãe toda eufórica me apresentou a jovem. Fiquei surpreso com a audácia de minha mãe e não compreendia, ou melhor compreendia perfeitamente bem o que ela desejava com tal encontro.

- Que bom que veio meu filho, por um momento pensei que não pudesse aceitar meu convite.

- Ora mamãe, sabe que não faltaria e muito menos não aceitaria um convite vindo da senhora.

- Edgar, meu querido, esta é Heloísa, uma nova amiga, tomei a liberdade de trazê-la ao nosso encontro espero que não se incomode.

- Prazer em conhecê-la Heloísa. – Disse em tom de surpresa. – Claro que não me incomodaria e é sua amiga.

Entramos e pedimos três chás completos. Mamãe me contou que Heloísa era uma jovem que, infelizmente, ficou viúva muito cedo, e que não tinha filhos. Fiquei envergonhado como o relatório que mamãe fazia. Mas tentei deixar a moça à vontade.

- Heloísa, lamento por sua perda. – Tentei me solidarizar.

- Eu também. Disse a moça delicadamente. – A moça tinha senso de humor.

- Heloísa, meu filho, também não teve filhos, ao menos seria um consolo. É uma pena que tenha ficado tão sozinha, me faz lembrar outra pessoa que conheço bem. – A mãe olhava o filho atentamente.

- Mamãe... – Edgar estava visivelmente constrangido com a atitude da mãe.

- Heloísa querida, eu tenho muito orgulho da educação que dei para meus dois filhos, Edgar é o mais velho, sabia que ele é considerado um excelente advogado, reconhecido na cidade. Também é um filho carinhoso e atencioso, uma mãe como eu tive a sorte de ter dois filhos assim.

- Mamãe a senhora está me constrangendo. - Edgar ficou ruborizado.

- Por favor, Heloísa, minha mãe é sempre muito carinhosa por isso tantos elogios, mas acredite não sou merecedor nem de uma terça parte.

- Sua mãe teceu vários elogios ao seu respeito Edgar, mas vejo que esqueceu um, a modéstia.

- Por favor... Edgar ainda sem graças.

Eu estava muito surpreso com a atitude de Dona Margarida, era clara a atitude da mamãe, encontrar uma alguém para mim. Também era evidente que Heloísa era uma moça bastante regatada, tinha uma beleza clássica, suas atitudes eram finas e o gestual era elegante.

Em uma mesa próxima dali eu reconheci Sandra, amiga de Laura, há anos que não a via, pediu licença as senhoras e fui até a mesa da jovem professora.

- Com licença, me desculpe, mas você não é Sandra, filha do delegado Praxedes e amiga de Laura?

Sandra, por um momento fica sem ação.

- Sou Edgar Vieira, marido da Laura. Quer dizer fui marido da Laura.

- Edgar, como vai, desculpe-me. Não esperava revê-lo. Quer se sentar? – Sandra ainda estava atônita com o encontro inesperado.

- Obrigado, mas infelizmente não posso. Estou em outra mesa com minha mãe e uma amiga dela. Não quer se junta a nós.

- Não obrigada, não quero atrapalhar, daqui a pouco tenho que ir embora.

Eu fiquei em silêncio por um momento, queria fazer uma pergunta e me enchi de coragem para fazê-la. Mas acabei fazendo outra.

- Sandra, poderíamos nos encontrar amanhã.

A jovem estranhou o convite.

- Desculpe, mas poderíamos conversar, mas não aqui, em um lugar mais reservado.

Sandra estranhou mais ainda.

Eu pensei em sugerir minha casa, mas percebi que a moça estava sem graça e escolhi outro lugar.

- Sabe onde fica o endereço do Jornal Correio da República, poderíamos nos encontrar lá.

- Edgar, desculpe, mas qual seria o assunto? – Obviamente que Sandra sabia qual era o assunto.

- Sei que é professora e você sabe que tenho uma filhinha, ela começou a aprender a ler e eu gostaria que uma professora a ajudasse nisso. – Foi a desculpa dada à Sandra. Mas nada melhor me ocorreu naquele momento.

Sandra sabia que o advogado mentia, então resolveu aceitar o seu convite.

- Não é melhor que eu vá a sua casa, então?

- Pode ser, pensei que ficaria constrangida em ir à casa de um homem divorciado.

- De fato é incomum, mas como é sobre aulas para sua filha, talvez não tenha mal algum. Não precisamos anunciar nos classificados de um jornal, posso ser bastante discreta.

Edgar relaxou um pouco com e sorriu da atitude amistosa de Sandra.

- Então na minha casa, pode ser amanhã às onze horas?

- Claro.

- Que bom, então espero você. - Edgar deu um leve sorriso de felicidade. - Tenho que ir estão me esperando e obrigado por atender meu pedido.

- Edgar, vejo que sua mãe não para de olhar para cá. Então até amanhã.

- Até amanhã. – Confesso que o encontro com Sandra era bastante providencial.

Eu voltei para a mesa onde se encontravam a mãe e Heloísa.

- Filho, aquela moça é alguma amiga sua? – Dona Margarida estranhou o fato de Edgar ir falar com a jovem.

- Sim. Não. Quer dizer é amiga da Lau... Ela é professora, então, Melissa está começando a ler e eu queria alguém que pudesse ajudar minha fi... – Olhou para Heloísa. Não sabia se a moça sabia ou não da existência da menina, mas preferiu desconversar. – A filha de um amigo precisa de uma professora, ele me perguntou se conhecia alguém e vi a Sandra e sei que ela é professora, então...

- Querido não precisa se explicar, eu entendi. – Dona Margarida percebeu que Edgar estava constrangido.

Os três continuaram com o chá durante mais algum tempo. Viu quando Sandra saiu da Colonial, estava ansioso pelo encontro do dia seguinte. Em seguida levou as duas senhoras de volta para casa. Era evidente que mamãe ficou animada com o encontro dessa tarde.

Já Dona Margarida achava que Heloísa poderia ser a mulher certa para tirar Edgar da solidão na qual se encontrava. Queria saber do filho qual a impressão que Heloísa tinha deixado nele. E assim de deve um momento a sós com o filho falou sobre o chá dessa tarde.

- Então meu filho o quê achou da Heloísa, não é uma moça encantadora?

- Não reparei. - Edgar se fez de desentendido.

- Tenho certeza que reparou, ela é um encanto de moça. – Insistia D. Margarida.

- É muito educada. – Tentei ser indiferente.

- É muito bonita também, reparou com os seus gestos são delicados.

- Qual é a sua intenção Dona Margarida. – Edgar sabe das reais intenções de sua querida mãe.

- Meu filho, estou preocupada com você, vive sozinho naquela casa, não tem ninguém com quem compartilhar a vida. Você é tão jovem e merece encontrar uma pessoa. Alguém que talvez venha aceitar sua condição.

- Minha condição? – Indaguei a ela.

- Edgar, infelizmente seu casamento com a Laura acabou, vocês se divorciaram e por mais que eu quisesse que não tivesse acontecido, aconteceu. Ver você sozinho naquela casa, sempre fazendo as refeições tento cadeiras vazias como companhia. Não tendo com quem dividir as alegrias e as angústias da vida. Eu não quero ver meu filho mais velho sozinho, não tendo a oportunidade de dividir sua vida com uma pessoa que o ame, que possa lhe dá mais filhos, que tenha uma família de verdade. Ninguém merece a solidão como companhia Edgar. E é triste para uma mãe ver seu filho sempre tão solitário.

- Mãe, eu já tenho uma família, por menor que seja, eu e a Melissa somos uma pequena família. – Tentou argumentar.

- Eu amo minha neta, não quero desmerecê-la, mas infelizmente ela é ilegítima e você não pode ser casar com a mãe dela, nunca poderá assumi-la, você precisa de uma família de verdade meu filho.

- Mãe, mesmo que pudesse me casar novamente não seria com a Catarina... Sobre a Melissa enfrento o mundo, se necessário for, pela felicidade da minha filha e ela não vai pagar pelos meus erros do passado. Sobre a Heloísa, acho que a senhora poderia ter me avisado. – Edgar tentava ficar indignado com a mãe, mas no fundo nunca conseguia brigar ou ficar chateado com D. Margarida.

- Teria ido ao encontro se falasse sobre ela?

- Iria pela senhora. Mas eu ainda estou surpreso com a sua audácia...

- Não diga nada. Pense com muito carinho na minha sugestão. – D. Margarida insistia com o filho na possibilidade de ter outra pessoa em sua vida.

Despedi-me da minha mãe, mas estava ansioso pelo encontro que teria com Sandra amanhã. Nunca tive coragem de procurar por alguma amiga de Laura para saber notícias, mas ao ver Sandra ali. Será que mantinham alguma correspondência? Ainda agi mal em usar minha filha como desculpa, mas foi o meio que encontrei para poder conversar com ela.

No horário marcado Sandra foi ao encontro de Edgar, sabia que o advogado, como em uma manobra jurídica, usou o nome da filha para marcar aquele encontro. Preferiu não contar nada a Laura, nem para ninguém, estava curiosa, mas preferiu saber pelo próprio advogado. Bateu na porta e quem atendeu foi o próprio Edgar.

- Obrigado por vim. E convida a moça a entrar. Ambos se sentam no sofá.

- Mas uma vez, obrigado por vim Sandra.

- Quer falar sobre as aulas para sua filha?

- Sim... Na realidade não. Sandra eu a chamei aqui por outro motivo. – Apreensivo.

- Então porque pediu para que eu viesse?

- Têm notícias da Laura? – foi direto.

- Por que está me fazendo pergunta? – Agora era Sandra que estava apreensiva. Será que Edgar já sabia de alguma coisa?

- Faz muito tempo que não tenho notícias dela... Além de Isabel, você, também, era muito amiga de Laura.

- Me chamou aqui para saber notícias de Laura?

- Desculpa, sei que não deveria ter mentido para você, e tão pouco usado o nome da minha filha nisso... Mas há muito gostaria de saber da Laura, ao menos um endereço, ou uma caixa postal para correspondência. Se ela precisa de algo. Se ela está bem. Alguma notícia, por mais vaga que fosse. Sandra eu gostaria muito de saber alguma notícia sobre a Laura, ela sumiu no mundo, não sei nem por onde procurar. Esta é a verdade.

Sandra ficou penalizada com Edgar, mas mesmo sabendo do paradeiro da amiga e, principalmente, que Laura havia voltada a cidade, preferiu mentir.

- Lamento Edgar, mas a muito tempo que não nos correspondemos.

- Que pena, tinha tantas esperanças que tivesse ao menos uma notícia de Laura.

- Lamento. – Era bastante desagradável ter que mentir, mas Sandra não viu outra alternativa.

O advogado ficou abatido e desanimado com a resposta, mas se lembrou de Isabel, quem sabe Sandra a conhecesse.

- Você conhece a Isabel, uma amiga da Laura que se mudou para Paris. Vocês, por acaso, eram amigas também?

- Isabel era amiga da Laura e não minha amiga, não tinha intimidade com Isabel, por isso não tenho endereço dela, lamento.

Edgar estava realmente triste

- Eu tinha esperanças que realmente pudesse ter notícias, fui um idiota. Desculpa-me por fazê-la passar por isso, confesso que se sinto envergonhado.

- O quê é isso Edgar. É natural querer saber notícias, afinal de contas vocês foram casados.

- Posso lhe fazer um pedido. Se por ventura a Laura lhe mandar notícias poderia me falar.

Sandra ficou mais penalizada ainda, mas preferiu continuar mentido.

- Se eu souber de algo, posso falar sim. Eu preciso ir agora, minha mãe me espera.

- Obrigado, se precisar de mim, terei um imenso prazer em atender um pedido de uma amiga da Laura.

- Seu eu precisar de um advogado... – Sandra sorriu.

- Também, mas principalmente se precisar de um amigo.

- Obrigada, pode contar comigo também. Até mais.

- Até.

Sandra saiu da casa do Edgar impressionada, percebeu que o advogado tinha esperanças de saber notícias da ex-esposa. Será que Edgar ainda era apaixonado pela Laura? A casa não parecia ter sinais de outra mulher, tão pouco presença de uma criança vivendo ali, será que Edgar estava sozinho? Devo ou não contar para Laura o ocorrido? Eram muitas dúvidas.

Edgar ficou realmente abalado por não conseguir saber nenhuma notícia da Laura, tinha tantas esperanças e quem sabe até reencontrá-la. Sandra era uma esperança que pudesse ter alguma notícia, mas não conseguiu nada, era frustrante.

- Por onde andava minha esposa? Pensei.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gosta... Mas como será as surpresas que esperam por ela, nesta nova vida no Rio de Janeiro...



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