Laura E Edgar - Um Novo Olhar escrita por Bia


Capítulo 6
A Chegada (Capítulo 6)


Notas iniciais do capítulo

Enfim Laura chega a sua querida cidade, com esperança, com sonhos, com medos, mas com uma imensa vontade de seguir em frente. Uma nova vida espera pela professora, mas antigos sentimentos continuam em seu coração.



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A Chegada (Capítulo 6)

Quando mais perto chegava do Rio de Janeiro, mais meu coração disparava. Estava ansiosa, nervosa, preocupada, mas principalmente esperançosa de que a vida seria boa comigo. Via as colinas passando, outras pequenas vilas e casas distantes e mais minha mente viajava para uma vida que já foi minha, mas agora era apenas uma lembrança.

Quantas vezes, no meio da noite eu acordava relembrando a vida que tinha no passado. Sonhava, às vezes, que ainda estava casada com Edgar e que tínhamos nossos próprios filhos, o filho que perdi e outros que provavelmente teríamos depois. Que continuávamos apaixonados. Sonhava com uma vida que agora parece ser tão distante. Não queria pensar nisso, mas, às vezes, era inevitável.

Ainda era dia quando o trem finalmente parou na estação final, estava na minha cidade que tinha deixado para trás a seis anos, pequei minha mala e desci, há muito que não colocava meus pés aqui, respirei fundo e senti a cheio da cidade. Sentia que meu coração estava acelerado.

- Cheguei! Pensei comigo. Cheguei.

Não havia ninguém me esperando, procurei por um coche de aluguel e indiquei o endereço que Isabel me enviou na última carta, junto, também, um pequeno molho de chaves.

O coche percorria as ruas e eu observava o crescimento da cidade nesse período, algumas ruas e avenidas que estavam ainda em construção quando saí já estavam prontas, mas a custa de muita gente que perdeu sua moradia e que fora lançada à própria sorte, pararam em alguns morros. A cidade tinha ficado mais bonita, de fato, mas a que preço.

Tinha um misto de sentimentos, enquanto o coche percorria as ruas, percebia que estava mais perto ainda do Cosme Velho. O cocheiro parou e me avisou que ali ficava o número do endereço que eu havia indicado. A casa era grande e bonita, paguei o cocheiro e ele me ajudou com minha bagagem.

Ao entrar na casa percebi que os móveis estavam cobertos por lençóis, tinha o aspecto de um lugar desabitado a muito tempo.

- Amanhã começo a arrumar tudo. Adentrei pela casa e vi o quarto principal e mais dois adiante, peguei um menor que ficava perto do principal, tirei o lençol que estava sobre uma poltrona onde coloquei minha mala. A cama estava com o colchão e sem lençóis, ainda bem que tinha trago alguma roupa de cama, serviria por hora. Limpei por cima, mas o quarto precisava mesmo era de uma boa faxina.

Naquele momento não tinha muito o quê fazer, já era crepúsculo e as lojas já deveria começar a fechar, não tinha como conseguir nada naquele momento. Minha sorte é que ainda havia um bom pedaço de bolo e biscoitos que Dona Eulália colocara em minha bagagem. Encontrei muitas velas em uma gaveta, na cozinha, assim pude deixar a casa iluminada. Fiquei com um pouco de medo de ficar ali, mas como a casa já estava iluminada e tinha as outras casas da região também estavam com suas luzes acessas fiquei mais tranqüila. No máximo em uma semana Isabel já estaria aqui e faríamos companhia uma para outra.

Consegui esquentar água e colocar na banheira que estava na sala de banho. Depois de uma viagem longa e cansativa de trem nada como um bom banho para aliviar o peso do cansaço. Coloquei minha camisola e penhoar. Consegui fazer um pouco de chá e comi o um pedaço de bolo. Estava tão cansada que ao me deitar nem consegui ler nada e apenas adormeci.

No dia seguinte estranhei o quarto, mas logo me lembrei que estava na nova casa e que tinha muito a ser feito. Tomei meu pequeno desjejum e fui atrás de dois garotos de recados, mandei duas mensagens, uma para tia Jurema e outra para Sandra. Percorri as ruas da região onde comprei um pouco de mantimentos e sabão.

Ao chegar em casa consegui preparar um pequeno almoço e comecei a organizar a faxina. Tia Jurema e Sandra vieram ao meu encontro, não acreditando no meu retorno. Elas me ajudaram na arrumação da casa, todo do trabalho levou dois dias inteiros. Quando tudo ficou pronto era como se a casa tivesse sido habitada por todo o tempo em que ficou vazia.

Tia Jurema levava para nós as mais gostosas guloseimas, bolo de mandioca, cocada branca, bolo de milho, pé de moleque, entre outros. Comíamos como crianças e fazíamos a festa. Era uma delícia compartilhar com elas este momento, apenas faltava Isabel, mais alguns dias ela chegaria de Paris.

Sandra, como eu tinha feito o Normal e tínhamos o sonho, quem sabe um dia, abrir nossa própria escola. Sonhávamos como isso deste a época em que estudávamos. Mas era um sonho.

Assim que tia Jurema foi embora, Sandra ficou para me ajudar a colocar o resto dos enfeites no lugar. Era bom ter uma amiga por perto, Sandra, assim como Isabel, acompanhou o meu sofrimento, e assim que teve oportunidade, fez a pergunta que nem eu mesma queria responder:

- Laura, você não pensa em procurar o Edgar?

- Não. Não tenho motivos para procurar o Edgar.

- Por que não?

- Você já respondeu: Por que não! – Tentei desconversar.

- Ele foi seu marido Laura...

- Tem razão foi meu marido, não é mais.

- Não tem curiosidade de saber como ele estar?

- Sinceramente espero que esteja bem, mas é melhor não saber, quanto menos eu souber melhor será. E para que remexer nesta história toda, não me faria bem. – Menti para Sandra, tinha um imenso desejo de saber de Edgar, mas não me achava no direito de quer saber, e também tinha medo de saber que aquela mulherzinha tinha finalmente conseguido seu objetivo, ficar com Edgar.

- Laura, sabe que o Rio é uma cidade grande, mas vocês conhecem praticamente as mesmas pessoas, já imaginou que pode chegar a ele a notícia que ele voltou.

- Sandra, eu não posso evitar que o Edgar saiba, mas, também, não vou ficar fugindo, mas também não vou ao seu encontro. Posso ou não encontrar o Edgar em qualquer esquina, mas não vou procurar por isso. Apenas quero viver minha vida normalmente. Amanhã mesmo pretendo ir a escola me encontrar com a Madre Superiora, quem sabe ela tem um emprego para mim. Quero trabalhar, preciso trabalhar sou eu quem me mantenho agora. Se me encontrar com Edgar agora o quê eu posso fazer, nada.

- Tem razão, mas e sua mãe?

- Dona Constância saberá da minha volta mais cedo ou mais tarde e espero sinceramente que seja bem tarde. Provavelmente irá querer que eu volte para o interior, mas isso eu não faço mais. Em um primeiro momento, foi bom sair da cidade, mas agora quero ficar e continuar construindo minha vida aqui. Agora faço questão de me encontrar com meu pai, meu irmão, mesmo que isso demore um pouco mais ainda, e a tia Celinha, estes sim, quero que saibam da minha volta. Apenas espero me instalar melhor, a Isabel chegar e, aí sim, vou tentar procurar por eles.

- Amiga você é muito corajosa. Tenho muito orgulho de você. – Sandra abraça a amiga.

- Não é coragem, apenas quero seguir em frente e não há outra maneira de encarar a vida. Sandra a vida é muito complicada e se não encaramos ela de frente como podemos seguir em frente.

- Eu não disse que você é corajosa, e que tenho muito orgulho de você.

- Só quero viver minha vida. Apenas isso. É uma questão apenas de sobrevivência.

No dia seguinte fui até a escola e tive uma boa conversa com a Madre Superiora, ela leu a carta de recomendação que o diretor da outra escola fez, a Madre teve uma boa impressão do trabalho que realizei. Ela me disse que uma professora iria sair em poucos dias, pois se mudaria para o interior de Minas Gerais e que eu poderia ficar no lugar dela. Eu fiquei eufórica, um emprego eu já tinha agora faltava assumir. Antes de sair dali fiquei fui apresentada a algumas meninas que seriam minhas alunas em pouco tempo, elas eram lindas e não via a hora de poder está ali, junto delas.

Quando tinha cinco dias que eu tinha chegado ao Rio, um coche parou diante da casa, dele saiu uma linda mulher, em nada parecia com aquela moça simples, mas uma mulher que conseguiu vencer por seus próprios méritos. Assim que nos vimos corremos para os abraçarmos. Confesso que esta foi uma das maiores felicidades que eu tive nos últimos anos, estar novamente com a Isabel, ter minha amiga a mão, poder conversar com ela, não seriam mais missivas, tínhamos agora uma a outra.

- Nossa você está tão linda...

- Paris pode fazer bem a qualquer pessoa. Mas não chega os pés de esta em casa. De ver minha melhor amiga. Como o Rio de Janeiro mudou.

- Muitas coisas mudaram. – Falei, com um pequeno tão de tristeza.

- Mas outras continuam mesmas. – Isabel retribuiu sabendo que nem tudo havia mudado.

- É a vida. – disse tentando ser esperançosa.

- É a vida. Mas agora quero entrar na minha casinha, estou cansada, preciso de um banho. Então gostou da casa?

- É linda, grande, confortável e deu muito trabalho para ficar em ordem. Mas tenho certeza que irá gostar. Não sei se ficou como no tempo em que trabalhava aqui, mas nos esforçamos para deixar do jeito que a madame gosta.

Eu e Isabel conversamos durante horas, contei a ela sobre o emprego que assumiria na próxima semana. Ela também disse que tinha planos, não sabia o quê faria, mas que não ficaria parada. Mas tarde tia Jurema foi a casa para rever sua filha de coração, todas ficamos felizes por estarmos ali. Tínhamos esperanças de uma vida nova, tínhamos esperança de uma vida mais feliz.


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Notas finais do capítulo

Finalmente Laura voltou e reencontrou sua grande amiga, mas é o primeiro de outros reencontros. Espero que tenham gostado...Por favor, deixem suas opiniões a respeito do capítulo. Obrigada e até o próximo.