Laura E Edgar - Um Novo Olhar escrita por Bia


Capítulo 17
Antigo quarto...


Notas iniciais do capítulo

Nada como um jantar maravilhoso com a pessoa de quem se gosta... Uma chuva lá fora... um amor antigo... Meninas espero que gostem...



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Antigo quarto (Capítulo 17) Dedicado aos dois...

Por Laura

Edgar me acompanhou até a porta do nosso antigo quarto, ele me deu boa noite e foi em direção ao quarto de Melissa. Abri a porta e vi que tudo estava exatamente no mesmo lugar. A cama era a mesma. Sobre ela tinha uma camisola branca junto com o penhoar e chinelos ao pé da cama, era uma roupa que eu tinha deixado para trás, estava tão perfumada, provavelmente Matilde cuidava disso. A minha moringa de água estava no criado mudo e cheia, era como se estivesse assistindo uma cena do passado. Troquei a minha roupa e me deitei na minha antiga cama, os travesseiros, os lençóis tinham o mesmo cheiro, eram ainda os mesmos, tinham nossas iniciais. Tudo era tão igual... Deitei-me do meu lado da cama, e fiquei olhando cada canto do quarto, a única diferença era que apenas eu estava na cama, Edgar estava no outro quarto. Era como no início do nosso casamento em que dormíamos em quartos separados. Era uma sensação estranha... Nunca imaginei que voltaria ali, nunca imaginei que dormiria ali novamente... Para ser igual ao passado faltavam Edgar deitado ao meu lado e o ramo de alecrim que perfumava o quarto... Acariciei o travesseiro que seria de Edgar, na realidade queria que estivesse ali, como antigamente, queria que me abraçasse, me olhasse como antes, queria que me tocasse como antes, queria ser sua, como fui tantas outras vezes no passado. Olhava reparando em cada canto do quarto e recordava dos momentos em que havíamos sido felizes ali... Momentos que me não conseguia esquecer, mesmo depois de tanto tempo...

Por que nossa vida tinha tomado rumos tão diferentes, por que surgiu aquela mulher, porque ela conseguiu dá para Edgar a filha que eu não consegui, por um momento queria tanto ter sido a mãe da Melissa, queria tanto que nada daquilo tivesse acontecido. Queria que Edgar tivesse entendido que não poderia engolir aquela situação, por que tudo tinha que acabar assim, voltar a essa casa depois de tanto tempo, apenas confirmava o quanto eu ainda amava Edgar, minha incapacidade de esquecer nossa história, saber que o amaria para sempre e mesmo que não sabendo que não haveria uma reconciliação. Senti um imenso nó na garganta, e tive vontade de chorar, pela vida que não tivemos juntos. E pensar que Edgar estava no quarto da frente, tão perto, mas ao mesmo tempo estávamos ainda tão distante. E ainda o desejava tanto, como dormir ali, assim, quis ir até onde estava, mas com que direito. Respiro profundamente, tento relaxar... Mil pensamentos passaram pela minha cabeça e depois de algum tempo acabei adormecendo, nem sei quanto tempo levou, apenas adormeci.

Por Edgar

Matilde tinha arrumado o quarto de Melissa para mim, não conseguia acreditar que Laura estava de volta aquela casa depois de tantos anos... Nosso jantar foi tão maravilhoso e agora ela dorme no nosso quarto... Nosso antigo quarto... Minha vontade era ir até lá e passar à noite com ela, deitar ao lado dela como antigamente... Fazer amor com ela, abraçá-la até dormirmos um nos braços do outro... Mas sabia que as coisas não eram como antes... Ao menos a teria por perto por esta noite... Laura estava perto de mim e neste momento era o que me importava, o mundo poderia acabar lá fora, mas aqui dentro era como se estivesse perto do paraíso... Nossa vida tinha sido assim, o mundo poderia desabar lá fora, mas aqui dentro tinha que ter o cheiro do Alecrim... Mas não tinha a flor favorita Laura na casa neste momento, tinha a abolido daqui de casa, não conseguia sentir o cheiro... Mas Laura estava aqui agora, ao menos por esta noite... Não queria dormir, queria que o tempo não passasse, para que aquele momento não terminasse. Já passara das duas da manhã, levantei-me e fui sorrateiramente até o corredor, a porta do nosso quarto estava encostada, sem fazer barulho, abri um pouco mais e pude ver Laura adormecida, parecia um anjo, queria entrar, mas não era prudente. Fiquei admirando por um longo tempo... Quando ela se mexia me escondia para que, caso acordasse, não pudesse me ver. Seria ridículo ter que me justificar pela minha presença ali... Parecia um sonho, Laura ali, dormindo perto de mim, não podia fazer barulho já que seu sono era leve e poderia acordá-la... Sentei-me no corredor e encostei-me na parede, fiquei ali velando o sono dela. Com que estaria sonhando? Queria tanto saber. Tolice minha. Queria tanto minha vida de volta, queria tanto Laura de volta, a vida que tínhamos juntos, queria o filho que perdemos, queria que Melissa tivesse sido filha de Laura, queria não ter me envolvido por Catarina, mas nada mudaria isso. Laura estava ali, em nossa cama, mas estava tão distante de mim agora e não sabia o que poderia fazer para mudar isso. Queria tanto que houvesse algo para mudar isso. Fiquei ali até o dia amanhecer, mesmo acordado o tempo passou rápido demais. Não queria que Laura me visse ali, no passado já havia acontecido esta cena, dormi no corredor para ficar perto dela, tínhamos brigado, ali surgia o fantasma da Catarina, mas por outro lado surgia Melissa e minha abelhinha era importante demais para mim.

Voltei para o quarto de Melissa e me deitei na cama, acredito que tenha dormido um pouco, quando levantei novamente e sai do quarto vi que a porta do meu quarto estava aberta e a cama vazia. Desci rápido e o café já estava posto na mesa, no lugar onde Laura costumava sentar a xícara posta a frente estava usada. Chamei por Matilde...

- Bom dia Dr. Edgar.

- Matilde onde está Laura?

- Dona Laura já foi agora a pouco. Ela tomou o café que ofereci, mas falou que estava com pressa, tinha um compromisso e se foi. Perguntei se não queria esperar pelo senhor para tomarem café juntos, mas ela disse que realmente precisava ir. Mas deixou este bilhete para o senhor. – Matilde esticou a mão e me entregou o pedaço de papel.

Matilde se retirou e fui para o escritório, queria privacidade. Abri o papel e reconheci, de imediato, a letra de Laura.

Edgar,

Desculpe-me, mas tinha que ir embora cedo, mas obrigada pela acolhida. O jantar foi muito agradável, tudo estava perfeito, obrigada por abri as portas da sua casa para mim, foi muito gentil... Passar essa noite aqui, nesta casa, foi como voltar a uma época que já não nos pertence mais... Mais uma vez desculpa-me por ir tão cedo, mas tenho um compromisso com Isabel.

Obrigada.

Laura Vieira

Li e reli o bilhete várias vezes. Não acredito que nossa noite havia terminado com apenas um bilhete. Voltei a mesa e tomei meu desjejum, olha para a cadeira vazia, mas que Laura havia sentado momentos antes. Queria tanto ter tomado o café da manhã com a Laura, seria tão bom ter ela, ali sentada no lugar de sempre, não tomaria o café sozinho, pela primeira vez em muito tempo, como foi nesses últimos seis anos. Ter Laura ali, mesmo que por um momento, faria toda a diferença.

Por Laura

Cheguei cedo a casa de Isabel, minha querida amiga ainda estava recolhida, fui para o meu quarto, quando voltei para a sala, minha amiga tomava seu desjejum tranquilamente, ao me vê abriu um sorriso que me deixou um tanto desconcertada.

- Bom dia, vejo que a senhora Laura Vieira não pernoitou em casa, acredito que tenha estado em ótima companhia?

- Bom dia Isabel. Estava sim, em ótima companhia, mas não tire conclusões precipitadas, por favor.

- Pensei que tivesse saído ontem a noite para jantar com Edgar, mas como dormiu lá, pensei que tivessem, sei lá... Se acertados.

Laura senta em uma das cadeiras laterais e pega a xícara que está a sua frente e se servi um pouco de café.

- Ah... Isabel, eu passei a noite lá, mas confesso que mal dormir, eram tantas lembranças de uma época que parece que foi até uma outra vida que nem parece que me pertenceu um dia.

- Como assim?

- O jantar, em si, foi tão agradável, estar com Edgar é sempre maravilhoso. Conversamos sobre tantas coisas, mas de uma maneira era como se algo não se encaixasse.

- Explicar melhor.

Laura respira fundo e toma um gole de seu café.

- Entrar naquela minha antiga casa, como convidada, olhar para cada canto, reconhecer cada objeto, ver a Matilde nos servindo como antes, ver o Edgar todo atencioso e carinhoso comigo como sempre, eu me reconhecia em cada um daqueles momentos, em cada um daqueles móveis, na decoração que minha mãe tinha feito, mas que depois eu arrumei ao meu gosto, no nosso quarto, com os nossos lençóis que tem nossas iniciais bordadas. Tudo que foi meu um dia... E agora eu era apenas uma visita.

- Isso deixou você deprimida. - Isabel estava solidária a amiga.

- Nem sei o que sinto direito. Apenas é como se algo não tivesse no lugar. E este algo sou eu.

- Não fica assim Laura. – Isabel se levanta e vai até onde Laura está sentada e abraça a amiga que continua no mesmo lugar.

- O jantar em si foi excelente, estar ali com Edgar, ele estava feliz por eu estar ali, mas acabei não me tanto conta do adiantado da hora, e ele me convidou para passar a noite lá, estava chovendo e resolvi aceitar. Ele me ofereceu nosso quarto para dormir e eu aceitei, mas ao entrar ali e ver que tudo ainda tinha tantas lembranças, estava tudo igual Isabel. Até o perfume dos lençóis era o mesmo. Até a camisola era minha, provavelmente, tinha esquecido quando fui embora.

- Isto te fez mal?

- Não, mas me fez ver que quanto mais o tempo passa, eu ainda sou ligada ao Edgar, a nossa história. Ao me deitar naquela cama, sozinha, eu senti o quanto ele me faz falta, sabia que me fazia falta, mas, foi ali, que tive a real dimensão do quanto o Edgar me faz falta. Seu amor, seu carinho, seus abraços... Estar com ele intimamente... Isabel aquela cama era nossa e eu estava sozinha nela, era antinatural.

- Minha querida se você se sentiu assim passando algumas horas naquela casa, imagine o Edgar que viveu lá durante estes seis anos de separação. As lembranças que o assombram.

- Eu nem sei direito o porquê do Edgar continuar aquela casa. Minto sei sim e conversamos sobre isso. Ele me disse que ficou ali, mesmo com o conselho da mãe e do Guerra para morar para outro lugar... Por causa das lembranças... Do tempo em que fomos felizes ali... Isabel... É a minha casa... O nosso quarto... A nossa cama... O meu marido...

Isabel olhava para a face entristecida de Laura e se penalizava com a amiga.

- Está ali, naquela cama e sozinha... Desejando tanto que o Edgar entrasse naquele quarto e ficássemos juntos, como antigamente... Saí quase que fugida da minha própria casa porque o desejava tanto... Quando saí do meu antigo quarto e não resisti e dei uma olhada no quarto em que estava, a porta estava entreaberta, eu o vi dormindo em um quarto repleto de bonecas da Melissa, naquela cama pequena... Isabel, era para ele está comigo... Eu o desejava tanto ali, se eu ficasse ali... Enfim eu tive que praticamente fugir da minha antiga casa. Desci, mas Matilde colocava o café da manhã na mesa e para não ficar totalmente sem graça tomei uma xícara de café e deixei um recado para Edgar, inventar uma desculpa qualquer e sair dali, meu desejo era subir novamente aquela escada estar novamente com Edgar, como antes, como deveria ter sido todos estes anos...

- Laura, eu não consigo entender como você resistiu ao Edgar...

- E quem disse que eu queria resistir ao Edgar...

- Sabe de uma coisa? – Laura sorrir molecamente para Isabel.

- O quê?

- Eu acho que preciso tomar um banho... Bem frio... – Laura se levantou e foi em direção a sala de banho...

Isabel sorriu da traquinagem da amiga... E tomou mais um gole de café enquanto observava Laura se afastar.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham realmente gostado, mas lembre-se que quando maior a espera maior o desejo... Obrigada pelos comentários, mas ainda quero saber a opinião de vocês... um abraço e até a próxima...



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