Laura E Edgar - Um Novo Olhar escrita por Bia


Capítulo 18
Surpresa de D. Margarida


Notas iniciais do capítulo

Oi tudo bem? Espero que tenham gostado do capítulo anterior. Mas uma vez temos Edgar em cena, ele com seus dilemas, mas desta vez de uma maneira mais amena, mas confiante também... não sei se vão gostar, espero que sim. Este capítulo ficou um pouco longo, tentei diminuir um pouco ele, mas não obtive muito êxito nisso, toda vez que lia não conseguia tirar nenhuma parte porque achava importante para o desenvolvimento da história... Obrigada pelo carinho...



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Surpresa de Dona Margarida (Capítulo 18)

Confesso que a permanência de Laura durante aquelas poucas horas em nossa casa mexeu comigo. Era como se, por um breve momento, a vida tinha tomado seu rumo novamente. Queria tanto que tudo voltasse como antes. Laura era tão importante para mim, me arrependia tanto de ter me envolvido com a Catarina, mas tinha a Melissa e é na minha filha que tenho que pensar. Por um instante pensei como seria se tivesse a chance de ter Laura e Melissa morando comigo, mas foi apenas um devaneio de minha parte.

Se Laura e eu conseguíssemos superar os problemas que nos mantêm separados, se ela voltasse a ser minha esposa, seriamos felizes novamente, tenho certeza que voltaríamos a ter a vida de antes. Mas tinha Catarina, é claro que ela é abusada, mas tinha que aturá-la por causa de Melissa, e se não fosse pela minha abelhinha nem me lembraria da existência dela. Como um erro do passado pode modificar por completo a vida de alguém. Enquanto era noivo de Laura, reconheço que não fui lá grandes coisas, me deixei levar pela vida boêmia de Lisboa, o jornalismo investigativo e a sensualidade de Catarina, uma mulher diferente das outras pelos seus pensamentos liberais e eu descobrindo os prazeres que uma mulher como ela poderia me oferecer, obviamente que minha ingenuidade me fez esquecer o compromisso que me aguardava na Capital do Brasil, e acabei mergulhando nos braços de uma paixão avassaladora, mas temporária. Quando voltei ao Brasil, tinha o intento de terminar com Laura e retornar aos braços da cantora, mas como não consegui falar com Laura a tempo e depois vi a noiva do casamento anterior ir embora desolada pelo abandono do noivo, achei melhor me sacrificar e aceitar aquele destino, mas para minha surpresa, assim como eu, Laura não tinha a intenção de casar, apenas o fez para não me magoar. Senti tanta raiva de ter subido naquele altar. Mas por uma traquinagem do destino, meu convívio com Laura se mostrou muito agradável, mesmo quando combinamos de ser apenas amigos e manter as aparências do casamento da porta para fora.

Descobrir a Laura e me vê, pela segunda vez, apaixonado pela mesma mulher e ainda mais ver nela alguém diferente das demais me fascinava a cada dia, ou será que nunca deixei de estar apaixonado e não me dei conta disso. Vi o quanto era decidida e não submissa, era alguém com quem eu tinha vontade de estar todo o tempo. Quando me vi estava profundamente enamorado de minha querida esposa e nem me lembrava das lembranças deixadas em Portugal. Quando finalmente nos entregamos um ao outro foi o momento sublime, ali vi que sem a Laura a vida não faria mais o menor sentido. Nossa vida era praticamente perfeita, mas faltava a benção de um filho. Mas foi aí que meu passado de mancebo inconseqüente bateu a nossa porta e meu mundo começara a desmoronar e levar com ele minha querida esposa. Mesmo sendo bastarda, por uma irresponsabilidade minha, Melissa não tinha culpa de minhas escolhas e precisava de mim e saber que poderia perder minha filha sem ao menos conhecê-la me consumia profundamente, tinha que ir a Portugal e o fiz, mas esqueci que minha vida agora tinha Laura e ela não poderia ser excluída da forma com deixei parecer. Tomei todas as decisões sozinho e nem levei em conta os sentimentos dela, foi aí que comecei a pagar caro pela sua ausência. Ir para Portugal sem ela foi um erro, depois descobrir a gravidez que me deixou imensamente feliz, mas ao chegar aqui e ver todo o tormento que Laura passou e para piorar sem ter recebido nenhuma das cartas que enviei. Foi devastador para ela perder nosso filho, mas a gota d’água foi a dissimulação de Catarina, não fez nada para me ajudar e ajudou a colocando a última pá de cal na minha história com a Laura. Tentei conciliar tudo, mas me perdi e acabei perdendo a vida que eu tinha.

Segui em frente, tinha Melissa e era nela que tinha que me focar, foi minha tábua de salvação. Meu único problema era Catarina, confesso que a convivência com ela é insuportável, mas a aturo por causa da minha Abelhinha que precisa da presença da mãe. Mas era o preço que teria que pagar, tinha perdido Laura e muito pouco me restava, Melissa e minha carreira de advogado. Então me dediquei a elas de corpo e alma. Mas minhas lembranças de Laura sempre permaneceram em meu coração, tive tantos sentimentos contraditórios sobre ela, até ódio dela senti por um tempo, mas sabia que não era real, o que me martirizava era sua ausência, o vazio que tinha me imposto, a perda de uma vida perfeita, o amor que insistia em habitar meu coração e que no fundo nunca quis que terminasse. O filho que perdemos, nunca poderia segurá-lo em meus braços com fazia com Melissa. Eram tantas as lembranças, tantas tristezas que tinha que superar...

Mas, de repente, depois de anos sem notícias, Laura retornar a minha vida, não como antes, mas ela estava por perto e isto já me deixava feliz, pelo simples fato dela estar por perto. Perto de mim e mesmo que não estejamos juntos como no passado, ao menos poderia olhar para ela, saber como estar, conversar... É claro que a quero novamente, mas também sabia que tinha muitas questões que resolver, mas no momento apenas saber que estava ao meu alcance, mesmo que fosse apenas como uma amiga já era muito mais que tive nos últimos seis anos. E ter a companhia da Laura na noite passada foi como ganhar um presente, há algumas semanas atrás, por mais que desejasse, não ousaria em pensar em tal coisa. Mas ontem a Laura jantou nesta casa, na nossa casa, e não posso negar que tive que disfarçar um pouco a minha alegria misturada com minha ansiedade de tê-la ai, diante de mim, poder conversar com ela, saber que está bem, vê que está cada vez mais bonita, sei que sou um bobo apaixonado, mas só o fato de está ali foi mais o que tive neste mais de seis anos. A chuva foi mais que providencial, se tivesse pedido a Deus, não teria dado tão certo, aquela chuva fez com que a Laura pernoitasse aqui, a ter tão perto e não poder tocá-la foi torturante, queria muito entrar em nosso quarto e ficar com ela, mas não sabia como seria recebido, e não queria ser renegado. Quero a Laura e, mas não quero assustá-la, sei que se passaram seis anos e querendo ou não, por mais que a ame não posso forçá-la, mas do que nunca preciso manter a calma, mas quem disse que sou alguém calmo, quero a Laura de volta, mão apenas em meus braços, mas para esta casa, para minha vida. Queria procurá-la, mas achei melhor esperar um pouco, faria um esforço sobre-humano, para não bater na porta de Isabel, atrás da Laura, mas preferi segurar meu desejo e aguardar pelo mais um dia. Mas isso não me impedia de envia-lhe um belo buque de alecrim, talvez seja isso, sempre lhe enviar um belo buquê de alecrim.

Mas, mergulhado em meus pensamentos do passado e também do jantar com a Laura, eu tive uma volta repentina dos meus pensamentos com a um par de batidas na porta do escritório que estava semi-aberta e Matilde me entregou um bilhete que tinha sido enviado por minha querida mãe, dona Margarida.

Querido Edgar,

Faz alguns dias que não tenho notícias suas e como sua mãe nunca me deixo de me preocupar com você. Estou saudosa de sua companhia e gostaria muito que viesse almoçar comigo, logo mais, às treze horas, na Confeitaria Colonial. Seu pai viajou á negócios e Fernando já tem outro compromisso. Por favor, faça um pouco de companhia a sua carente mãe que te ama muito. Garanto a você que será um almoço deveras agradável.

Beijos e até amanhã.

Margarida Vieira.

Li o bilhete de minha mãe e respondi positivamente ao convite, um almoço com minha mãe seria bom, sempre é bom ter seus conselhos e queria compartilhar com ela a volta de Laura e o que eu deveria fazer. Dona Margarida sempre foi uma pessoa pondera e poderia me dá um bom conselho. Sempre tinha como meus fieis conselheiros, mamãe e Guerra. Eles e apenas eles sabiam o quanto tinha sofrido com a separação de Laura, reconheço que nem sempre seguias seus conselhos, mas ouvia e sabia que dali sempre teria os melhores conselhos.

Poucas horas depois, na hora marcada fui ao encontro de minha mãe, e a esperei em frente a Confeitaria Colonial, mas para minha surpresa Heloísa chega e nos cumprimentamos.

- Boa tarde Heloísa, não esperava a encontrar aqui?

- Edgar, como vai? Sua mãe me convidou para um almoço aqui, na confeitaria, ela não me disse que tinha convidado você?

- Pois é, mas ela também não me falou nada, mas não tem problema, ela deve chegar a qualquer momento e é melhor entrarmos. Mamãe pode ter esquecido de nos avisar...

- Claro.

Edgar, junto a Heloísa, entraram na confeitaria e foram levados até a mesa que dona Margarida tinha deixado previamente reservada para o almoço. O advogado puxou a cadeira para a jovem e ela se sentou depois foi a vez dele se sentar no lado oposto da mesa e ficaram esperando a presença de dona Margarida, mas o maitrê, pouco depois, trouxe um bilhete de dona Margarida pedido a Edgar que fizesse companhia a Heloísa, mas que infelizmente ela não poderia ir ao encontro deles, um imprevisto havia aparecido e ela teria que se ausentar de tão agradável almoço, mas para o filho não se preocupar que ela o recompensaria em outro momento.

- Lamento Heloísa, mas minha mãe acabou de me avisar que não poderá comparecer ao nosso almoço. – Disse a minha companheira de mesa.

- Algum problema Edgar? Sua mãe está bem?

- Está, mas disse que houve um imprevisto e para almoçarmos sem ela.

- Se você quiser Edgar, podemos deixar para outro dia, assim sua mãe pode nos acompanhar.

- De modo algum. Heloísa gostaria de almoçar comigo? – Convidei Heloísa.

- Adoraria. Mas tem certeza? – A jovem questionava Edgar.

- Foi um pedido de minha mãe, mas agora é meu também. Eu adoraria. – Tentei ser gentil com ela.

- Então, eu aceito. – Heloísa lança um leve sorriso para Edgar que corresponde.

Edgar chama o maitrê que entrega a eles o cardápio e fazem seus pedidos.

Já que a mãe tinha feito tal traquinagem e Edgar, para não deixar Heloísa constrangida, resolver fazer a vontade da mãe. Mas, pelo jeito, os planos de dona Margarida, por incrível que pareça foi uma grata surpresa. A conversa com Heloísa distraiu um pouco de todos os dilemas sobre seu reencontro com Laura .

- Heloísa, naquele dia quando minha mãe nos apresentou ela me falou que você é viúva, mas é tão jovem.

- Viuvez não tem idade, lamento muito que meu marido tenha falecido muito cedo, mas o tempo em que tivemos casado fomos muito felizes.

- Lamento. Deve ter sido muito difícil para você.

- Sempre é difícil, mas sua mãe me falou que você foi casado por pouco tempo.

- Fui sim, por alguns meses, fui muito feliz, mas houve alguns acontecimentos que fizeram com que eu e minha ex-esposa, nos separássemos. – Edgar parecia constrangido.

- Se este assunto lhe constrange eu posso mudar. – Heloísa percebeu meu constrangimento.

- Não é uma questão constrangimento.

- Não vou negar Edgar, sua mãe me contou algumas coisas suas, desculpe a pela indiscrição, mas acredito que ela queria seu bem.

- Não se preocupe, não brigaria, ou me zangaria, com minha mãe, este risco ela não corre.

- Isto mostra que é um bom homem.

- Obrigado pelo elogio, faz tempo que não recebo um. – Edgar ficou um pouco envergonhado pelo elogio.

- Ela me falou que você tem uma filha e que foi fora de seu casamento.

- É verdade, tenho uma linda filha, mas infelizmente não é fruto de meu casamento com a Laura. – A conversa deixa Edgar um pouco tenso.

- A vida nos prega algumas peças. Por exemplo, nunca imaginei que um dia teria que assumir os negócios de meu falecido marido. Não tive filhos, meus pais já morreram, não tenho irmãos, mas sei que tenho uma tia no interior, não sei bem onde, mas sei que tenho esta tia. Os pais de meu marido, também, já estão mortos. Como se vê minha família é muito grande. – Brinca Heloísa em seu último comentário.

- Ao menos você tem senso de humor.

- Edgar, temos que ter algum senso de humor, a vida já é tão complicada. Vivemos em um mundo em que você é julgado o tempo todo. Por exemplo, fui criada para casar, ter filhos, cuidar da casa e da família. Casei, fui feliz, amei meu marido, sei que me amou também, mas infelizmente morreu cedo, não me deu filhos, mas me deixou uma distribuidora de flores que manda flores para todo Rio de Janeiro e uma bela loja com meu nome, Heloísa Flores. Os negócios prosperam, mas fiquei viúva. Nunca me imaginei assumir nada que não fosse uma família. Pensei que levaria uma vida mais simples, e acabei me tornando uma negociante de flores.

- Você disse que minha mãe contou sobre minha vida. O que mais ela disse sobre mim. – Na realidade eu estava curioso para saber o quê mais Heloísa sabia sobre minha vida.

- Na realidade disse que você tem sua filha, disse do divórcio, o quanto foi feliz com sua esposa e que a amava muito e que o considera um homem solitário. Apesar de que, na minha opinião, ainda não tenha esqueceu a Laura.

Edgar respira fundo, olhar para Heloísa e responde.

- É verdade, eu ainda não esqueci a Laura.

- Eu não disse que é um homem bom.

- Obrigado pelo elogio, mas porque diz isso?

- Edgar, pelo que sua mãe me relatou, você se separou há alguns anos, e neste meio tempo, você ficou sozinho, não houve outra pessoa. Mesmo que tivesse alguém, o que não acredito, vocês homens, não digo todos, mas tem o hábito de procurar fora de casa algum affair, como dizem os franceses. Poderia até ter encontrado com a mãe de sua filha, mas não o fez, se manteve fiel a Laura e a você mesmo. Para mim, isto é sinal de amor, um profundo amor. Edgar, hoje eu sou viúva, sei que vivemos em uma sociedade bastante machista, em que os homens fazem o que bem entendem e não dão satisfação para ninguém, muito menos a suas esposas. É difícil encontrar um que seja devotado a sua esposa, que seja apaixonado. Eu tive isso com meu marido, sei o quanto foi apaixonado por mim e eu por ele, mas a morte nos separou. Agora vivo apenas da lembrança de um marido que ainda amo, e que acredito amarei para sempre, mas que infelizmente, está morto.

- Então estamos condenados a amar nossos respectivos pares. – Edgar esboçou um sorriso pela situação que achou irônica.

- Eu não tenho a chance de ter meu marido de volta. Mas você, talvez, tenha esta possibilidade. Não deixe isso morrer, vá em frente.

Edgar olhava para Heloísa e estava admirado com a maneira de ver à vida que a moça tinha. Para sua surpresa, Heloísa era uma mulher fascinante e não uma mulher submissa como tantas por aí, mesmo que contra a vontade tinha assumido sua vida e seguido em frente.

- Edgar, eu adoraria ter conhecido a Laura, ela é uma mulher de muita sorte, pois ela tem você, mesmo que estejam separados.

- Heloísa você é uma pessoa admirável. – Edgar estava encantado com a atitude de Heloísa.

- Talvez. Mas acho que é o início de uma bela amizade. - Heloísa sorri para Edgar...

- Será muito bom ter você como amiga e tenho certeza que a Laura, caso a conhecesse, também a admiraria.

- Acredito que ela sentiria ciúmes. – Heloísa sorriu.

- É verdade, a Laura é muito ciumenta. E foi o ciúme que a trouxe para mim na primeira vez. Ela teve ciúmes da Catarina, quando soube que eu tive um envolvimento com ela, em Portugal, mas que já tinha acabado, mas a Laura ficou com muita raiva, tive que ter muita paciência para ela perceber que não havia motivos para tal. Neste aspecto foi o ciúme dela foi que nos aproximou.

- Ao menos se eu fosse ela eu, também, sentiria muito ciúmes. Não é fácil para uma mulher descobrir que o homem que ama foi apaixonado por outra.

- Mas eu já não era apaixonado pela Catarina quando descobri a Laura depois do nosso casamento.

- Pode ser, mas nunca é fácil para uma mulher descobrir que foi traída.

- Mas nosso noivado, não foi dos mais animados, ela aqui e eu em Portugal. – Tentei argumentar.

- Mas para ela, tinha o compromisso de vocês.

- Tem razão, eu é que me deixei levar, hoje tenho consciência disso... Sabe que hoje pensava sobre isso tudo.

- Edgar, às vezes, temos que fazer um mea-culpa para podermos seguir em frente.

- Mas uma vez a senhora tem razão...

O almoço com a Heloísa foi, muito agradável, minha mãe tinha razão neste aspecto. Depois levei a Heloísa até a sua casa e em seguida fui fazer uma visita a senhora Margarida Vieira. Afinal de contas eu devia uma visita a minha querida mãe e ela me devia uma boa explicação.


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Notas finais do capítulo

Dona Margarida é uma mãe maravilhosa e muito preocupada com a felicidade do filho... Mesmo que para isso tente encontrar um novo amor para o coração de seu amado filho...

Espero que tenham gostado, mas se não gostaram tem toda a liberdade de me dizer, não deixem de comentar, um abraço e até o próximo capítulo...



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