Laura E Edgar - Um Novo Olhar escrita por Bia


Capítulo 16
O Jantar


Notas iniciais do capítulo

Sei que tinha prometido postar menos, mas já tinha dois capítulos prontos... Espero que gostem, afinal de contas, é o encontro de dois amigos... enamorados.



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jantar (capítulo 16)

Estava ansiosa, a briga com Edgar tinha me deixado chateada, não imaginava que nosso primeiro encontro seria assim, na realidade não tinha ideia de como seria, mas a briga realmente foi tão desagradável. Mas percebi que Edgar tinha ficado tão mexido quanto eu, talvez tivesse o subestimado, talvez...

Mas a vinda de Edgar à casa de Isabel para me procurar foi uma surpresa que se revelou agradável. Ao vê-lo pensei que novamente brigaríamos, mas ele estava disposto a conversar, havia abaixado à guarda e me convidou para jantar. Um jantar na casa que um dia foi minha, junto a Edgar que no passado foi meu marido. Minha casa, pensei comigo, serei uma visita em minha própria casa, parecia irônico.

Mas estava feliz por Edgar ter vindo aqui, nem imagino como conseguiu o endereço de Isabel, mas me surpreenderia se não conseguisse. A princípio fiquei apreensiva, mas depois o vi ali, sendo amável e compreensivo, como na época em que éramos casados, seu olhar doce, seu sorriso meigo, tão decidido em jantar comigo. Não sei se a ideia de aceita foi boa, mas não consegui dizer não, apesar de ter tentado dizer não, racionalmente seria mais sensato dizer não, mas quem disse que se pode ser sensato o tempo todo, eu senti que deveria aceitar, meu coração queria que eu aceitasse e assim o fiz.

Não queria ter esperanças, nem direito a isso tenho, mas apenas está perto do Edgar já me dava um sentimento que não sabia descrever, apenas sentia. Acabei me vendo escolhendo um vestido para a ocasião, mas depois desisti, parecia que me arrumava para ele, mas não queria aparecer vestida como se não me importasse com aquele encontro – Não é um encontro Laura. – Repedia para mim mesma. - São duas pessoas que tem estima uma pela outra e que vão jantar juntas, apenas isso. - A quem quero enganar, estava feliz por ficar perto de Edgar, mesmo que fossemos apenas isso, amigos. Será que poderíamos ser apenas amigos... – Seja racional Laura, por favor, é apenas um jantar, nada, além disso. - Era o melhor a fazer.

As horas custavam a passar, tentava me distrair fazendo outras mil coisas, mas minha mente estava no jantar de logo mais, tentei passear um pouco pela Rua do Ouvidor com Isabel, mas mesmo assim parecia que não consegui me concentrar. Voltamos para casa e escolhi um belo vestido, mas sem ser chamativo, não queria que ele tivesse uma falsa impressão sobre mim. Apenas queria ficar bonita, arrumei meu cabelo, mas deixei solto, peguei o coche de aluguel e fui até minha antiga casa.

Cheguei alguns minutos depois do combinado com Edgar. Antes de entrar percebi que as luzes da parte térrea da casa estavam todas acessas, bati na porta e Matilde abriu a porta.

- Boa noite dona Laura, é tão bom tê-la novamente em casa. O doutor Edgar espera pela senhora. – Matilde sorria para mim, realmente parecia feliz em me vê ali depois de todos aqueles anos.

Ao entrar na sala, Edgar estava ali, me esperando, mais bonito do que nunca, assim que me viu sorriu, parecia tão ansioso quanto eu. Meu coração gelou naquele momento, parecia que voltava no tempo, em uma época que tudo parecia perfeito.

- Laura, que bom que você veio por um momento pensei que tivesse desistido de vim... – Parecia ansioso.

- Edgar eu vim, mas vou embora se não prometer uma coisa para mim...

- Como assim você acabou de chegar, Laura...

- Por favor, prometa que não vamos brigar.

Edgar respirou profundamente...

- Prometo que vou tentar... – Mais uma vez Edgar sorriu para mim, aquele sorriso.

- Ao menos é um começo...

Matilde observava a conserva entre os patrões.

- Posso servir o jantar.

- Claro. – Eu e Edgar respondemos juntos... Fiquei sem jeito, pois respondi como se fosse ainda dona daquela casa. Mas ali percebemos que nosso jantar seria muito agradável.

Dirigimos-nos à mesa e Matilde serviu o seu famoso assado que eu tanto gostava, mas naquela noite parecia mais saboroso ainda.

Conversamos sobre vários assuntos, mas nunca falamos de nossa história, não sei se Edgar tentava evitar o assunto, mas confesso que ali não era o momento de falar do nosso passado. Assim como eu, Edgar queria aproveitar minha companhia, assim como queria aproveitar a dele. Sabia da sua paixão pela filha, e resolvi falar um pouco da Melissa.

- Foi uma surpresa descobrir que a Melissa era sua filha...

- Espero que não tenha sido uma surpresa desagradável? – Neste momento percebi Edgar um pouco tenso.

- Não... Foi uma surpresa agradável... Muito agradável. Apesar do susto inicial...

- Realmente achou isso?

- Ela é uma menina tão meiga... Assim que pus os olhos nela gostei dela e eu nem sabia bem o porquê...

- Eu tenho muito orgulho dela Laura, eu amo muito a minha filha.

- Entendo, e como não sentir orgulho... Ela é como você Edgar.

Edgar olhou para mim, parecia surpreso com meu comentário.

- Acha ela parecida comigo?

- Muito... Não falo fisicamente, mas o jeito. Também teria orgulho dela se fosse minha filha.

Percebi que Edgar ficou tocado com meu comentário...

- Faço tudo por ela, não meço esforços por ela. Apenas quero que minha filha se sinta feliz.

- Faz muito bem. - Naquele momento não tinha me dado conta, mas segurei a mão dele que estava sobre a mesa.

- Lamento tanto que tenha asma, gostaria tanto de vê-la brincar com as outras meninas, correr, pular... Enfim fosse como qualquer criança, às vezes, percebo que as outras meninas não têm muita paciência com ela, queria tanto que ela tivesse essa chance de socializar mais com as outras garotas, de poder brincar como as outras meninas. - Neste momento Edgar ficou cabisbaixo.

- Reparei que, no colégio, as outras meninas não têm muita paciência mesmo. Mas Edgar eu reparei outra coisa também... Melissa é uma menina tão esperta, realmente ela não consegue acompanha o ritmo das outras nas brincadeiras, mas em compensação ela é tão inteligente, astuta, consegue se destacar em sala, participa da aula, quer saber mais e cada vez mais. Os olhos dela brilham quando aprende algo novo, é tão dedicada em sala, é uma das minhas melhores alunas. Aprendi a gostar muito da sua filha.

Edgar ouvia tudo aquilo com coração cheio de alegria, ouvir Laura dizer o quanto gostava de Melissa foi um bálsamo para ele.

- Não sabe o quanto me faz feliz por ouvi isso de você. – Edgar pegou na minha mão.

- É verdade Edgar...

- Mas isso não impediu que não me procurasse... Você estava me evitando...

Fiz uma leve careta pelo desconforto da declaração.

- Prometemos que não iríamos brigar... - Disse tentando descontrair um pouquinho o ambiente.

- Pois eu prefiro brigar com você...

- A ter que me evitar... - Continuei a frase dele. – Entendo.

- Isso mesmo... – Edgar esboçou um leve sorriso.

- É, mas estamos aqui, agora, conversando... – Retribui o sorriso...

- Ao menos isso... – Edgar me olhava com carinho.

- É um começo... – Respondi olhando para ele.

- Ao menos podemos ser bons amigos. – Ele respondeu.

- Devemos... – Ainda admirava seu rosto.

O rosto de Edgar estava iluminado.

- Não imagina o quanto estou feliz por você está aqui hoje.

- Também estou feliz por estar aqui. – Respondi a ele.

- Para mim, você nunca mais iria querer pôr os pés novamente aqui em casa.

- Eu também não imaginei que fosse voltar a ela novamente... A casa está como a deixei... Por que continuou aqui, confesso que não conseguiria, há tantas lembranças aqui, não sei como consegue...

- Guerra já me questionou muitas vezes sobre isso, mas acredito que não saí daqui por causa das lembranças, fomos felizes nesta casa Laura, não vou negar que pensei em sair, mas não tive coragem e tão pouco vontade. Foram as lembranças que me fizeram ficar.

- Tudo está tão igual, não mudou nada?

- Mudar? Em primeiro lugar sou homem, não me importo muito com a decoração da casa, mas mudar algo de lugar, para mim, parecia como se tirasse algo que não queria que saísse do lugar. Mudar seria como se perdesse algo que não pudesse perder. Aprendi a gostar da casa assim, nem sempre foi fácil ficar aqui, mas por outro lado... Enfim, para não dizer que não mudei nada apenas fiz de um dos quartos de hospedes o quarto de Melissa, foi a única mudança significativa que a casa teve em todos estes anos.

- Realmente você é bem mais forte do que eu, neste ponto. Foram tantas lembranças, não sei se teria coragem, ou mesmo forças, para ficar aqui...

- Fomos felizes aqui durante um tempo... Foram essas lembranças que me fizeram ficar. – Edgar abaixou a cabeça, percebi que seus olhos ficaram marejados... Ele respirou fundo...

Edgar resolveu mudar de assunto.

- Que tal tomar um bom vinho do Porto que reservei especialmente para essa noite, vamos para a sala? – Edgar estava tão dedicado a sua convidada.

- Adoraria.

Sentamos no mesmo sofá que já tinha sido testemunha dos nossos namoros no passado. Conversamos...

Ele se mostrava sempre interessado no que eu dizia... Perguntou como vivi todos aqueles anos no interior sendo uma pessoa tão urbana... Nós nos divertíamos, por um momento era como se fossemos aquele casal de mais de seis anos atrás...

As horas iam passando e chegou o momento de ir embora, estava tarde, mas chovia muito lá fora e não queria chegar muito tarde em casa.

- Preciso ir Edgar, está na minha hora. – Confesso que era estranho ir embora da minha própria casa para ir a minha nova casa...

- Ainda é cedo Laura, sem contar que está chovendo bastante, não quer ficar mais um pouco... Se quiser pode até dormir aqui, você pode ficar no nosso quarto e eu fico no da Melissa...

- Nosso quarto? – Fiquei surpresa...

- Desculpa, no seu antigo quarto... - Edgar ficou visivelmente desconcertado...

- Obrigada Edgar, mas a ideia não é nada boa... Uma mulher divorciada dormir fora e ainda por cima na casa de um homem divorciado... O que as pessoas vão pensar? – Tentei descontrair o ambiente...

- Por que não? Não vejo problema algum. Se as pessoas falam, elas continuaram falando do mesmo jeito... – Edgar não parecia descontraído com minha brincadeira e um tanto desafiador.

Agora foi minha vez de ficar desconcertada.

- Senhora Laura Vieira, pelo que me lembro, pensar no que os outros vão falar nunca foi uma preocupação para você. Pelo que me lembro bem também, a senhora sempre fez o que bem entendesse e nunca se preocupou com o falatório alheiro. Prova disso foi que você se divorciou de mim, minha cara. Existe algo mais escandaloso do que isso?

- Neste aspecto o senhor advogado tem toda a razão. Se eu fosse me preocupar com os mexericos por aí já estaria morta e enterrada há muito tempo. – Começava a relaxar um pouco mais.

- Então mais um motivo para aceitar meu convite. – Edgar estava determinado.

- Mas a Isabel pode ficar preocupada...

- Tenho certeza que a Isabel não vai ficar preocupada, ela sabe que você está aqui em casa e comigo e se demorou é porque ficou para dormir... Sem contar a chuva que caiu neste momento, o Rio de Janeiro deve está uma lamaçal.

- Simples assim? – Fui irônica.

- Simples assim. – Edgar esboçou um sorriso.

Cocei o cabelo perto da nuca, não nego que era tentador dormir na minha antiga casa. Mas como Edgar frisou bem... Eu nunca fui de preocupava com o que pensavam as demais pessoas.

Olhei bem para o Edgar. Mas fiquei em silêncio, ele me fitava esperando uma resposta...

Para minha surpresa eu me vi respondendo que aceitava passar à noite ali, no meu antigo quarto.

Edgar sorriu para mim, seu rosto parecia mais iluminado de felicidade ainda por minha resposta...

- Matilde. – Chamou Edgar nossa querida criada, e sem tirar os olhos de mim...

- Senhor... – A moça veio prontamente...

- Por favor, arrume o quarto principal para Laura e arrume o de Melissa para mim...

- Claro... – Até Matilde parecia surpresa. – Vou arrumar em um instante e deixar da maneira como a senhora gosta dona Laura...

Eu e Edgar ficamos nos olhando, sem dizer nada... Apenas nos olhando...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado... Desta vez a paz reinou entre eles... Obrigada por acompanhar esta história... Por favor, não deixe de me dá a opinião de vocês. Um abraço e até a próxima.



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