Laura E Edgar - Um Novo Olhar escrita por Bia


Capítulo 10
Carinho por Melissa


Notas iniciais do capítulo

Os laços entre Laura e Melissa aumentam, mas a professora ainda tem muitas dúvidas. Mas nada melhor que conversar com a melhor amiga... Obrigada por acompanharem minha história, espero que gostem...



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Carinho por Melissa (capítulo 10)

Hoje Melissa me deu um bote cheio de biscoitos amanteigados. Não esperava um gesto tão delicado. Ela gostava da minha companhia e eu da dela e isso eu já não podia mais negar. Confesso que senti vontade de me afastar dela, era filha do Edgar com aquela mulher, mas a menina lembrava muito o pai, seu sorriso, seu carinho, a maneira meiga como falava. Com certeza Edgar influenciava muito na educação da menina. Por outro lado, ficar perto da Melissa era ficar um pouquinho ao lado do Edgar e isso, por mais que parecesse entranho me agradava, mesmo não querendo que soubesse ainda da minha volta à cidade. Durante o recreio, Melissa ficava ao meu lado, conversávamos muito, mas nunca perguntava pelos seus pais. Ela me falava mais do pai do que da mãe. Era nítida a paixão que tinha pelo pai, a maneira carinhosa que sempre se referia a ele. Sempre reconhecia Edgar em seus gestos.

Mas, ao mesmo tempo, ainda me sentia apavorada como a possibilidade de reencontrar Edgar frente a frente. Tinha medo de perceber que meus sentimentos apenas haviam aumentado com o passar dos anos. Não tinha esquecido, mas tinha deixado adormecer em meu coração, tinha consciência que estavam lá, apenas à espera de serem despertados, ao menos era nisso em que queria acreditar. Não devia satisfação ao Edgar, ou a qualquer outra pessoa, mas pensar em reencontrar com ele, não saberia como reagir, não sabia se seria bem recebida. Obviamente que tinha outras questões envolvidas, mas era muita coisa para lidar, uma coisa de cada vez.

Melissa me encantava mais a cada dia, começava a enxergá-la sem lembrar de sua mãe. Ela adorava repetir para mim as historinhas que o pai contava a ela. Era uma menina inteligente, mesmo com a fragilidade que a asma lhe dava, tinha vivacidade e era muito curiosa. Eu lamentava o fato de ela ser filha daquela mulher, mas ao menos de alguma forma, mesmo não sendo por mim, Edgar tinha realizado o sonho de ser pai. Edgar era um pai maravilhoso, lamentava muito o fato de ter perdido nosso filho, provavelmente nosso filho teria muita sorte em ter um pai como Edgar.

Comentava isso com Isabel sobre Melissa, mas meu receio de reencontrar Edgar, mas que tinha aprendido a gostar da menina, começava a olhar para a garota sem ver a imagem de sua mãe.

– Sabe Isabel, a princípio, quando descobri que Melissa era filha do Edgar, fiquei confusa, pensei em pedir demissão para me afastar da ameaça de encontrar com ele, mas ao ver o Edgar, mesmo que de longe, me fez trazer à tona muitos sentimentos que eu julgava adormecidos dentro de mim e agora surgiram, me deixando mais confusa ainda.

– É natural Laura, mesmo como a concretização do divórcio, a história de vocês não terminou.

– Mas eu me divorciei daquele homem. – tentei argumentar.

– Vocês se divorciaram, mas não quer dizer que colocaram um ponto final na história de vocês e, provavelmente, não deixaram de se amar. Acredito que, mesmo passado todos estes anos, eu realmente acredito que ele não tenha esquecido você.

– Como assim?

– Laura, seja honesta comigo, houve algum momento em que você conseguiu não pensar no Edgar?

– Oras, eu sempre penso no Edgar. Mas...

– Mas continua apaixonada por ele.

– Você sabe o quanto sofri, o quanto me machucou tudo aquilo... – Argumentei novamente.

– Por saber tão bem e ter presenciado, eu não acredito que tenha deixado de amar o Edgar. Você pode ter ficado muito magoada e tinha razões suficientes para isso. Mas não quer dizer que tenha deixado de amar. Seja honesta. Você se vê apaixonada por um homem que não seja o Edgar?

– Eu nunca nem cogitei esta ideia. Nunca amaria um homem que não fosse o Edgar. Ele é parte de quem eu sou. Eu tinha tanto medo de ficar e odiar o Edgar, ou me odiar por tudo aquilo. Aceitar aquela situação que Edgar me propôs, doía tanto, e tinha aquela mulher que fazia insinuações. Eu só queria sair dali, queria respirar. Se não saísse eu não agüentaria. Antes daquela tempestade toda tudo era tão perfeito, eu amava tanto aquele homem.

– Minha amiga, você tem sua resposta. – Isabel olhava carinhosamente para Laura.

– Mas, Isabel, foram tantos os problemas. De repente, nossas diferenças começaram a surgir de tal maneira...

– Laura, eu compreendo. Mas haverá um momento em que terá que encarar o Edgar, um encontro é inevitável, mas cedo ou mais tarde, vocês vão se encontrar.

– Eu não me sinto preparada para isso.

– E quem se sente preparada Laura? Mas vai acontecer, é apenas uma questão de tempo, e pelo que vejo, pouco tempo.

– Eu tenho medo. – Estava tão receosa.

– Medo?! Você com medo Laura?

– Como não ter medo? Eu tenho medo de descobrir que o Edgar não me ama mais, que me esqueceu, que pode ter se envolvido com outra mulher, mesmo que não seja aquela mulher. Que tenha deixado nele mágoa e rancor. Que até mesmo me odeie. Não sei Isabel, foi tanta coisa. Tudo foi tão difícil. Não é qualquer pessoa, e o Edgar.

– Só vai saber se falar com ele.

– O Edgar foi apenas uma lembrança estes anos todos. Mas uma lembrança tão forte. Por um tempo eu pensei que tivesse conseguido apaziguar este sentimento em meu peito, mas ao vê-lo ali, com a Melissa. Senti medo. Todos os sentimentos afloraram, como antes. Ali eu me dei conta do tamanho da saudade que senti dele estes anos todos. – Laura tinha os olhos marejados de lágrimas.

– Oh, minha amiga... – Isabel abraça Laura.

– O que eu faço Isabel?

– Procura o Edgar, tenta conversa com ele. Eu não acredito que vá destratá-la.

– Eu sei que não, mas houve tantas rusgas. Tantas coisas ficaram pelo caminho...

– Laura, se passaram seis anos, querendo ou não, toda aquela tormenta se acalmou agora, acho que seria uma boa ideia vocês conversarem, pior que está agora não vai ficar.

– Eu vou pensar, mas ainda prefiro que o Edgar não saiba da minha volta, ao menos por hora. Tem a Melissa, nem sei se ele vai gostar de saber que sou professora da filha dele.

– Se conheço bem seu ex-marido, não creio que vá se opor a isso. Agora a Catarina, se desconfiar que a filha é sua aluna talvez faça um escarcéu. Mas não vamos pensar nisso por hora, vá descansar, durma um pouco, vou preparar um belo jantar para nós duas, nós merecemos Laura.

– Tem razão, vou tomar um bom banho e depois vou te ajudar no jantar, não vai fazer nada sozinha, eu faço questão.

– E deste quando a senhora Laura Vieira sabe cozinhar?

– Na realidade sei um pouco, não sou nenhuma tia Jurema, na realidade não chego nem perto do dedo mindinho dela, mas consigo fazer alguma coisa. – Laura esboça um sorriso.

– Certo, mas vá tomar um bom banho. Vai logo... – Isabel ordenou e fui direto a quarto de banho.

Fiquei um bom tempo ali, relaxada na banheira, pensando na conversa com a Isabel. Procurar o Edgar, não podia, nem sei se queria. Mas Isabel tinha razão, haveria um momento em que nosso encontro seria inevitável, como Edgar reagiria ao descobrir que voltei. Sei que nossa história havia chegado ao fim, mas eram tantas lembranças e tantas saudades, por outro lado ainda existia o sofrimento da perda do nosso filho. O irmãozinho da Melissa, ainda havia Melissa, tinha tanto carinho por ela, aprendi a gostar tanto dessa menina, não queria me separar dela, mas não era minha filha, era daquela mulher, logo aquela mulher. Como estaria minha vida se não tivesse ido embora? Eram tantas dúvidas, tantas incertezas que cercavam minha mente. Pela primeira vez comecei a questionar minha volta, será que não fui precipitada? - Claro que não!- disse a mim mesma. Era o momento certo de voltar, mesmo que tivesse que encarar o passado e todo o sofrimento que isso acarretaria.

Ajudei Isabel no preparo do jantar, conversamos mais, mas dessa vez deixei de lado meus dilemas e Isabel me contou do encontro que teve com o dono do Teatro Alheia, tinha vontade de ter um negócio próprio e talvez um teatro fosse a escolha mais adequada já que aprendeu muito sobre o negócio em Paris. Minha amiga estava, realmente, entusiasmada com o novo caminho que sua vida tomava, se tornaria dona de teatro.

Aquela noite mal conseguia dormir, minha mente estava cheia de pensamentos e quase todos voltados ao Edgar e nossa história, tentei ler um pouco, mas não consegui me concentrar. Queria uma resposta fácil, mas não consegui nada. No fundo de meu coração apenas queria que nada daquilo tivesse acontecido. Seria tudo mais fácil se não fosse ainda apaixonada por Edgar. Agora apenas uma promessa de amor que ficou perdida no tempo. Um tempo que não volta mais. Há momentos que penso que todo aquele amor que sentíamos um pelo outro, foi um belo sonho, um sonho do qual nos fizeram acordar abruptamente. - Nos perdemos. – Pensei. Era a única certeza que eu tinha.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. E obrigada pelos comentários. Gostaria se saber o que acham da história, se gostam do caminho que está tomando... Por favor, não deixe de fazer seus comentários. Obrigada e um grande abraço. Até a próxima.



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