Laura E Edgar - Um Novo Olhar escrita por Bia


Capítulo 9
Uma notícia


Notas iniciais do capítulo

Quero dedicar este capítulo a Leitora, suas palavras foram muito gentis, obrigada pelo carinho.
Esta vez temos Edgar, e ele ainda não desistiu em ter notícias de sua querida esposa...



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Uma notícia (capítulo 9)

Disse a Catarina que naquele dia Melissa ficaria comigo. Era muito bom quando minha filha ficava na minha casa, o lugar ficava cheio de vida e isso me fazia falta quando estava apenas eu e Matilde. Minha Abelhinha sempre preenchia meu dia, era um bálsamo para minha solidão. Mesmo que eu tivesse que trabalhar, a deixava brincar no escritório enquanto eu ficava revisando algum processo, ou fazer uma petição qualquer, havia momentos que apenas a observava brincando sozinha, ou saía da minha escrivaninha e ia brincar com ela.

Havia momentos que meus pensamentos ficavam distantes, viajavam para o passado, lembrava-me da vida com a Laura, em uma época em que tudo era tão perfeito. Se alguém perguntasse qual seria a vida perfeita, para mim, seria ter minha esposa e minha filha comigo, todos juntos nessa casa, felizes. Mas minha realidade era outra, tinha a companhia de Melissa, mas não em todos os momentos, tinha que levá-la à casa da mãe. Enquanto Laura era apenas uma lembrança, às vezes, boa, outras vezes dolorida. Queria saber notícias, mas nunca tive uma sequer. Laura sumiu no mundo e nem mesmo seus familiares tinham notícias suas há tempos, se ao menos houvesse uma pista, mas nada. Desaparecerá sem deixar rastros.

Durante o jantar, Melissa me contava que sua professora tinha saído, mas que a substituta era muito boazinha e meiga. Falou que durante o recreio elas faziam companhia uma para a outra, conversavam e parecia que Melissa, de fato, tinha gostado muito da nova professora, isso me deixava aliviado, ao menos minha teria a companhia de alguém, já que as coleguinhas de escola não tinham paciência com ela.

- Minha nova professora é muito boazinha, gostei tanto dela, parece uma princesa de tão bonita.

- É mesmo, quanto entusiasmo. – Edgar brincava com o jeito meigo de falar da filha.

- Ela conta historinhas para gente e nos ensina muita coisa nova. Quase sempre me faz companhia durante o recreio, gosto tanto quando fica comigo, eu conto para ela às histórias que o senhor conta para mim;

- É mesmo e qual é o nome da sua nova professora?

- Engraçado papai, ela tem o mesmo sobrenome nosso, senhorita Vieira.

- É um sobrenome comum. – Respondo.

- Comum? – Melissa fez uma carinha de dúvida.

- É sim, há outros mais comuns ainda, mas tem muita gente como o sobrenome Vieira.

- São todos meus parentes? – Melissa ficou curiosa com a descoberta de tantos Vieira.

- Não, apenas alguns poucos, como seu tio, sua avó Margarida, eles também são

Vieira.

- Hum... Que pena, gostaria tanto que a senhorita Vieira fosse minha parenta, seria supimpa.

- Está certo. – Sorri para minha menina, era incrível a imaginação de uma criança. - Mas você pode continuar gostando da senhorita Vieira, é bom quando se gosta da professora, assim você tem mais interesse em aprender.

- Posso pedir para Matilde fazer uns biscoitinhos e levar para a senhorita Vieira?

- Se não me engano a Matilde já fez alguns essa tarde, pede para ela reservar alguns e amanhã você leva para sua professora, que tal?

- Será que ela vai gostar? – Melissa fez um rostinho cheio de dúvidas.

- Com certeza vai gostar muito, querida. Se sua professora é tão boazinha, então ela vai gostar dos biscoitinhos. E ninguém nunca reclamou dos biscoitos que a Matilde faz. Ela vai gosta sim. – Falei a minha filha.

Melissa me deu um beijo no rosto e foi correndo à cozinha, ela estava feliz com a nova professora, senhorita Vieira, quem dera se fosse a Laura, a minha Laura. Seria muita coincidência. Naquela noite contei mais uma historinha para Melissa ela adormeceu logo, estava cansada de tanto brincarmos. Fui para o meu quarto fiquei pensando na conversa mais cedo com a minha Abelhinha, como seria a senhorita Vieira? Quando tivesse mais tempo irei conhecer a nova professora. Mas isso é assunto para outro dia.

Na manhã seguinte deixei Melissa no colégio, confesso que senti uma imensa vontade de conhecer a professora, mas estava com pressa e um cliente me esperava logo cedo, este encontro deveria esperar um pouco mais. Melissa levou o pote de biscoitos que tanto desejava para sua nova professora, estava feliz como o presente e não via a hora de entregar.

Depois do meu encontro com o cliente, passei na Colonial antes de ir ao fórum para averiguar o andamento de alguns processos e também uma audiência mais tarde, tomava uma xícara de café, quando para minha surpresa Heloísa entrou, estava desacompanhada e assim que me viu veio me cumprimentar.

- Edgar, que surpresa agradável, não esperava encontrá-lo aqui, como está Dona Margarida?

- Bem, obrigado. Por favor, não quer se sentar? – Levantei-me e puxei uma cadeira para Heloísa.

- Obrigada.

- Deseja um chá?

- Um suco de maracujá, por favor, está muito quente hoje. Obrigada.

Enquanto fazia o novo pedido ao garçom, vi outra mulher entrando na Colonial, esta era diferente das outras, e não me era estranha, era simplesmente Isabel Nascimento, amiga de Laura. Estava novamente no Brasil? Mas deste quando? Se alguém poderia saber notícias de Laura esta pessoa seria Isabel.

- Estava a caminho da modista, mas faz tanto calor nesta terra que resolvi me refugiar um pouco aqui, na Colonial, e tomar um suco. – Heloísa falou, mas confesso que não prestava muita atenção. Tinha vontade de ir até Isabel, mas seria deselegante da minha parte, na outra vez deixei Heloísa e minha mãe me esperando enquanto fui cumprimentar Sandra.

Isabel ainda não tinha me visto, ela se sentará de costas para mim, em seguida vejo chegar um cavalheiro que se juntou a ela na mesma mesa, parecia ser Sr. Mário, o diretor teatral e dono do teatro Alheira, mas não tinha certeza. Eles conversavam durante algum tempo, pareciam discutir sobre negócios. Eu tive que me despedir de Heloísa e fui ao fórum, a audiência não poderia esperar, mas não saía da minha cabeça, Isabel havia voltado. Minha audiência demorou bastante, mas mal conseguia me concentrar, tinha que encontrar Isabel e quem sabe finalmente ter notícias de Laura.

Fui ao teatro Alheira, mas o senhor Mário não estava, voltei mais tarde, mas mesmo assim ele não apareceu no teatro naquela tarde, estava tratando de negócios, seria por isso que estava com a Isabel? O rapazinho que trabalha lá me disse que Mário ausentaria da cidade por poucos dias, mas que próxima semana estaria de volta. Se o encontrasse, talvez encontrasse Isabel e quem saber alguma notícia de Laura. Mas com a viagem dele ficaria tudo mais difícil, não podia esperar tanto tempo. Se Isabel já estive de partida para Paris? Pensei. Mas do que nunca precisava encontrar uma maneira de entrar em contato com Isabel. Quem poderia saber de algo, alguém bastante informado... Carlos Guerra, é claro.

Fui correndo a redação do Correio da República, como sempre encontrei Guerra às voltas com uma nova reportagem.

- Edgar, meu caro, por onde andava?

- Trabalhando como sempre e cuidando da Melissa. Mas o assunto que me traz aqui é outro, Guerra se lembra da Isabel Nascimento?

- La brèsilienne? Claro que me lembro, mas já está a tanto tempo em Paris...

- Errado, ela está aqui mesmo, no Brasil, mas exatamente no Rio de Janeiro.

- Nossa, eu não sabia que ela tinha voltado ao país.

- Pois é, parece que voltou, mas não sei por quanto tempo.

- É uma manchete para colocar no meu jornal? Sabe que meu jornal não é lugar para mexericos, mas de fatos relevantes para sociedade e a volta de uma artista com a importância da Isabel...

- Não é isso que quero dizer Guerra. Sabe o quê significa a volta da Isabel?

- Se não me esclarecer, não saberei. – Guerra fazia cara de dúvida.

- Quem é a melhor amiga de Laura? – Tentando dar uma pista da charada para meu caro amigo jornalista, que naquele dia não estava com o faro tão apurado como de costume.

- Naquela época era a Isabel, mas faz tanto tempo Edgar.

- Exatamente, era a Isabel, mas acredito que elas possam ainda manter contato. Se há alguém que possa saber do paradeiro da Laura este alguém é a Isabel.

- Edgar, eu não acredito que elas ainda troquem correspondências.

- Se alguém esteve do lado da Laura naquela época, esta pessoa era Isabel, elas prezavam muito a amizade delas. Sem contar que quando tive que viajar foi Isabel que ajudou a cuidar da Laura. Ninguém separaria aquelas duas, nada seria capaz. Se Isabel voltou é porque a Laura pode está por perto e quem sabe poderei, finalmente, ter alguma notícia, ou até mesmo ver a Laura, estar com ela...

- Mas elas tomaram rumos diferentes. Edgar, esquece esta história, já lhe pedi tanto.

- Guerra, como eu posso esquecer, é a minha vida. Tenho o direito de saber como está a Laura.

- Certo. Mas como soube da volta da Isabel?

- Foi por acaso. Eu a vi na Colonial hoje mais cedo. Ela se encontrou com o Mário, diretor do teatro Alheira.

- Lembro-me dele, mas o quê fazia na Colonial.

- Não sei e nem me interessa, o que realmente quero é saber notícias da Laura, e para isso preciso chegar à Isabel.

- Laura, Laura, Laura, sempre a Laura. Edgar você ultimamente está mais obcecado do que nunca, deixa a Laura em paz. – Guerra tenta inutilmente convencer Edgar.

- Não estou obcecado não, apenas quero saber dela é um direito que tenho. Eu fui casado como ela, eu só quero saber como estar, apenas isso. É tão difícil entender isso?

- Se a Laura achasse que tivesse este “tal direito”, ela mesma teria escrito para você. Quantas cartas ela lhe mandou em todos estes anos?

- Guerra, você não está entendendo. Apenas preciso saber. Ninguém melhor do que eu para saber que não tive uma única linha vinda da Laura em todos estes anos. Mas tivemos uma história juntos, nós nos amávamos, você foi testemunha, se Laura não quer saber de mim, certo, é um direito dela, mas eu quero saber notícias e vou procurar pela Isabel, nem que eu tenha que correr a cidade inteira e se puder o senhor vai me ajudar, mesmo que precise bater de porta em porta, em algum lugar ela estar e eu vou encontrar.

- Agora você enlouqueceu de vez Edgar. Como eu posso de ajudar, me diz.

- Eu não sei. Mas teve haver uma maneira.

- Que maneira? – Guerra incrédulo.

- Guerra, você é jornalista, Isabel é uma famosa dançarina em Paris, seria uma notícia interessante para o seu jornal. – Edgar instigava o amigo. - Como você mesmo sugeriu, Guerra.

- Se você não percebeu Edgar, meu jornal é um jornal sério de esquerda e não faz mexericos, já lhe disse isso.

- Eu não disse em momento algum para você fazer mexericos. Raciocine comigo. Uma bela mulher, negra, filha de escravos, que conseguir ir para Paris, fez uma carreira brilhante como dançarina e agora volta ao Brasil, a passeio ou não. É uma mulher que está à frente de seu tempo. Diga meu caro, é ou não uma ótima reportagem para o seu jornal? – Edgar instigava mais ainda Guerra.

- Por este ponto de vista, seria uma matéria muito interessante. Mas eu ainda não sei não. Quem me garante que a Isabel vai querer se expor dessa maneira?

- Guerra, se a Isabel vai ou não querer se expor, realmente eu não sei, mas o quê de fato importa é saber notícias da Laura. É conseguir chegar perto da Isabel ao ponto de saber notícias da Laura.

- Deveria mandar lhe internar, agora você enlouqueceu de vez. Esquece a Laura. – Guerra não acreditava na teimosia de Edgar em procurar pela ex-esposa.

- Nunca! Jamais! A Laura é inesquecível. Posso viver mil anos, e a Laura sempre estará comigo, nem que seja apenas em pensamento. Vai ou não vai me ajudar jornalista Carlos Guerra. – Edgar já estava impaciente.

- Tenho alguma opção? – Guerra com o semblante desanimado.

- Não. Nenhuma. – Edgar estava enfático.

- Vou tentar descobrir alguma coisa, mas não prometo nada. – Guerra estava contrariado.

- Sabia que poderia contar com você, Guerra. – Enquanto eu estava radiante.

Na tarde do dia seguinte, depois que voltei do fórum, encontrei Guerra em meu escritório, tinha novidades.

- De fato, a Isabel está na cidade.

- Mas por quanto tempo?

- Pelo que eu apurei, ela chegou faz alguns dias e parece que veio para ficar definitivamente.

- Então quer dizer que deixou Paris? Mas por quê?

- Isso eu ainda não sei, apenas sei que comprou uma bela casa na cidade e que pretende se instalar definitivamente aqui, foi às primeiras informações que eu obtive.

- Mais nada? – Estava um pouco decepcionado, pensei que Guerra pudesse ter mais novidades para mim.

- Edgar, eu sou jornalista e não detetive e já foi bastante complicado descobrir isso.

- Como descobriu?

- Bem, você disse que foi ela se encontrou com Mário do teatro Alheira, de fato, ele fez uma pequena viagem e ainda não voltou, mas ao chegar lá encontrei Diva Celeste, a primeira atriz do Alheira e conversando com ela acabou me revelando isso.

- Mas descobriu, ao menos, o endereço de Isabel?

- Ainda não, mas é uma questão de pouco tempo.

Fiquei um pouco decepcionado.

- Não fique assim Edgar, mais alguns dias e terá a informação que tanto deseja. Olhe pelo lado bom, já sabemos que Isabel pretende ficar aqui e não voltará a Paris. Temos tempo.

- Certo. Mas quando penso que cheguei perto da Laura, parece que ela me escapa por entre os dedos. – Estava frustrado.

- Não fique desanimado Edgar, você já tem mais do que tinha há alguns dias atrás. Isabel está na cidade então vamos encontrá-la, é uma questão de pouco tempo. Pelo que me consta ela não se esconde por aí.

Edgar olhava para o amigo, de fato, estava ansioso para encontrar a querida amiga de Laura, tinha esperanças que ela tivesse alguma notícia de sua ex-esposa. Quem sabe a Laura estive por perto, por um instante se sentiu mais perto dela. Era um sentimento que tomava conta dele, a esperança.


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Notas finais do capítulo

Mais um passo foi dado... Edgar começa a chegar perto de Laura, a moça já viu seu ex-marido... ainda há um caminho pela frente... Obrigada por acompanha minha história, espero que gostem... um abraço e até a próxima...



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