Elouise escrita por Twelve


Capítulo 9
Capítulo 9




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Tive ímpetos de contar a verdade, de que eu beijara Elouise e que ela não teve intenções nenhuma de me roubar, mas hesitei e neguei tudo. Isadora estava perdidamente apaixonada por mim. E mal passava pela sua cabeça de que eu não a amava. Eu estava decida a esquecer Elouise nos braços de Isadora, mas eu sei que isto seria impossível, como também seria impossível amar Isadora. Me senti a pior pessoa do mundo, mas eu não sabia o que fazer, então deixei tudo exatamente como estava.

Voltei pra casa um pouco tarde e ao passar em frente a casa de Elouise, me lembrei de que eu esquecera minha bola de basquete no quarto dela. Fiquei feliz, pois eu tinha um bom motivo pra ir vê-la e não hesitei em tocar a campainha de sua casa.

O senhor Paulo me recebeu. confesso que tive medo de ser posta pra fora de sua casa, entretanto, fui muito bem recebida. Por certo, ele não sabia de nada e fiquei tranquila.

Disse a ele que eu esqueci a minha bola no quarto de Elouise. Então ele disse que eu poderia subir pra busca-la.

–Não tem problema? -indaguei.

–Que problema haveria de ter? A esta hora, Elouise deve está estudando...

Exultei, embora estivesse com medo da reação de Elouise ao me ver na porta de seu quarto.

Tive vontade de desistir da minha bola, ou melhor, pedir para que o Senhor Paulo fosse buscar pra mim. No entanto, sentia que eu não poderia perder esta chance de pedir, mais uma vez, o perdão de Elouise. Subi as escadas vagarosamente tentando pensar na melhor maneira de como falar. E chegando em frente ao seu quarto, fiquei parada por alguns instantes, pensando em mil coisas. Não tive coragem de bater na porta. Me senti um lixo de pessoa! Por que eu causara tudo aquilo? Por que eu tinha que passar por isto? Minha vida estava tão boa até um tempo atrás e agora estava eu aqui numa casa estranha, na porta do quarto de uma garota que me odeia mais que tudo, tremendo como uma criancinha, e o pior de tudo, sofrendo por amor.

Pensei melhor e decidi comprar uma bola nova. E quando eu já estava saindo da frente da porta, ela abriu e eu tomei um baita susto. Bem, ambas tomaram um susto.

E por alguma razão, pude ver seus olhos apertados brilharem. Vendo sua face tão pequena e alva, meu medo obliterou. Não fazia sentido eu temer Elouise. Ela seria incapaz de fazer algo de ruim comigo, ao contrário de Isadora, que tem cara de vingativa.

–Me desculpa por invadir a tua casa... eu.. eu...- disse eu esquecendo o que tinha planejado falar.

–Tu... o quê?

–Eu... eu vim buscar a minha bola...

–Ah... É isso...

–É...

–Hm! Está aqui! Toma!

–Valeu... -após receber a bola, não consegui ir embora. Meus pés não saiam do lugar. Meu coração implorava pra eu ficar. Então, sem reação nenhuma fiquei olhando Elouise nos olhos por alguns instantes.

–Que foi? -disse ela.

–Nada... -disse eu com sorriso triste.

–Então... tchau... -disse ela quebrando o silêncio e fechando a porta devagar.

Sem hesitar, eu segurei a porta firmemente impedindo-a de fechar.

–Espera! -disse eu em um tom entristecido.

–O que foi?

–Tu leu meu bilhete?

–Que bilhete? Não li bilhete nenhum.

–Eu pus um bilhete em teu caderno. Eu preciso que tu me perdoe, Elouise.

–Pelo quê, exatamente?

–Por ter... te beijado. Desculpa por ter te assustado...eu...

–Ah... Tá perdoada. Agora, se me der licença, eu preciso voltar a estudar. -disse ela hesitando em me olhar nos olhos.

–AH!! Sério? Que alívio! Muito obrigada mesmo!

–Tá! Mas não volte mais aqui. Meus pais odeiam gays... -disse ela, e em seguida fechou a porta na minha cara.

Voltei pra casa um pouco arrasada. Feliz por ela ter me perdoado e triste por ela ter dito aquilo sobre seus pais odiar gays. Tão homofóbico...

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No dia seguinte, estava eu na escola conversando com Jhonatan na hora do intervalo.

–...aí ela disse que os pais dela odiavam gays. Foi terrível! -disse eu

–Nossa, Júlia. Que situação difícil a tua, hein...-Disse Jhonatan.

–É... Mas o estranho é que ela não parece me odiar. Ela tenta ser fria e tudo mais, mas os olhos dela brilham ao me ver... Será que devo ter esperanças?

–Talvez. Mas por agora, tu tem que te controlar. Lembra-te de que está namorando Isadora.

–Verdade... Eu tinha esquecido!

Rimos. Mas por incrível que pareça, eu não lembrava que estava namorando, tampouco lembrava de Isadora. E foi só em pensar nela, pra ela aparecer.

Ela se sentou no meu colo e começou a me beijar. Afastei-a dizendo.

–Ei! Comporta-te, Isadora. O jhonatan está aqui, não viu?

–E qual o problema? Ele sabe que estamos namorando ué. Não é, Jhonatan?

–É... Mas tudo beleza, meninas. Eu estava pensando em voltar pra sala. Depois vejo vocês por aí. - Disse Jhonatan um pouco chateado.

–Olha ai! Jhonatan foi embora por tua causa. - disse eu.

–Ah! Não importa. Tu tem a mim. E eu sou muito melhor que ele. -disse Isadora pondo minha mão em seu seio disfarçadamente.

–Ah... Tem razão!!!! -disse eu como um cachorrinho adestrado.

–Eu sou muito linda, né, Júlinha? -Perguntou Isadora retoricamente.

Não pude evitar um sorriso. Pra outras pessoas, Isadora é terrivelmente insuportável. Eu mesma, não suporto garotas como ela, mas após conhece-la melhor, e me acostumar com seu jeito, até que eu gostava dela de verdade. Porém, Elouise nunca saía de minha cabeça e com isso, eu me sentia extremamente dividida.

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Depois do término do intervalo, eu voltei pra sala e me deparei com o Senhor Epitácio, conversando com a turma. Me assustei! Fiquei parada na porta da sala sem nenhum tipo de reação. Todos da sala me notaram e o Epitácio acabou olhando pra mim. Sem cerimônias e educadamente, ele me pediu pra que eu entrasse e me sentasse logo pra dar as boas novas a turma.

–Turma! Silêncio! Silêncio! -disse o Senhor Epitácio bastante eufórico, apesar do mau comportamento da turma. -Tenho alguns avisos para dar a todos. Então, como percebem, eu estou de volta! Tive algumas lesões nas costas, mas agora eu estou novinho em folha.

–Pronta pra outra, professor? A Júlia tá bem ali! Ha-Ha... -Disse um aluno idiota qualquer.

–Não! Não! Depois vou ter uma conversinha com a Senhorita Júlia, mas agora venho informar pra todos vocês que estão abertas duas vagas para o time de basquete feminino e masculino. E os requisitos para as inscrições são: ter conhecimentos básicos de basquete, ter no mínimo um metro e sessenta e sete centímetros de altura, ter notas acima de oito nas matérias de Língua portuguesa, Matemática e Educação Física, e está em mãos, um atestado médico, duas fotos três por quatro, e uma declaração da escola com a assinatura do responsável. Algum interessado?

Nem me animei com a notícia. Tinha certeza que ninguém interessante iria se inscrever. Só os manés que estavam loucos pra conseguir entrar em qualquer outro grupo que não fosse o deles. Eu estava mesmo preocupada era com o que o Senhor Epitácio queria conversar comigo. Por certo, ele ainda estava com raiva de mim e por isso, queria me tirar do time. E se for isso, eu estou totalmente ferrada!

O Senhor Epitácio desanimou-se após esperar alguns segundos e nenhum individuo se interessar pelas vagas. Foi quando eu e ele fomos surpreendidos por Elouise, sentada lá na frente, levantar o braço, trazendo uma enorme alegria pra Epitácio e pra mim também só por fazer um pequeno gesto.

Eu não podia acreditar numa coisas dessas! Elouise? No time de basquete? Bem pertinho de mim? Todo dia? Exultei.

O Senhor Epitácio logo dirigiu-se a ela para que pusesse seu nome na lista do time. E eu toda boba, imaginei que Elouise estivesse procurando meu nome na lista, já que ela demorou alguns instantes pra devolver a folha depois que tinha escrito seu nome.

Simultaneamente, me senti feliz, triste e confusa.


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