Elouise escrita por Twelve


Capítulo 4
Capítulo 4




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Era o dia mais feliz da minha vida. Me arrumei bem cedo e liguei para o Jhonatan pra lhe contar o meu motivo de tanta alegria .

–Eu te disse! tu tá perdidamente apaixonada por essa tal de Elouise. -Disse ele com tom de gozação. -É pena que ela seja do grupo dos populares...

Era difícil de aceitar pra mim mesma que eu estaria apaixonada por uma garota, mas meus sentimentos tomaram conta de mim, fazendo-me amar sem restrições. Eu nunca me interessei por ninguém. Às vezes eu cheguei até a pensar que eu poderia ser assexuada, mas agora tudo fazia sentido. Os momentos em que eu via os garotos nada mais que apenas amigos, que sempre admirava as mais belas garotas da escola e que me sentia totalmente diferente delas...Eu era lésbica e não sabia.

Ao me tocar disto, me assustei. Quis desistir do encontro com Elouise e seus pais, no entanto, eu já havia marcado e não ficaria bem se eu faltasse. No relógio marcava dez minutos para às quinze horas. Eu estava tão ansiosa que quase derramei o frasco de perfume todo em mim, penteei umas trezentas vezes meus cabelos, beijei dona candinha na testa e parti a caminho da doce Elouise.

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Cheguei na casa dela e toquei a campainha. Sua mãe, a senhora Dalva Jiang, super hospitaleira, me recebeu muito bem. Me deu um chá estranho e amargo. Não me atrevi a perguntar do que era e então bebi a contra-gosto.

Minutos depois, Elouise apareceu na sala de estar. Nem era preciso dizer o quão ela estava bela. Seu semblante pequeno e gentil, brilhava perante meus olhos de tamanha doçura, fazendo-me dizer baixinho.-Que garota é esta, meu Deus?- E apesar de eu ter estatura alta, me senti pequenininha ao lado dela, contudo, eu estava mais que feliz.

–Cadê seus livros e caderno?-Perguntou ela olhando pra minhas mãos vazias.

–Esqueci...-Foi o que eu consegui dizer meio sem jeito.

–Tudo bem! Os meus livros são o suficiente...

Exultei. Entramos no carro e partimos para casa da tal tia Lee. Chegando lá fomos bem recebidos. Elouise sem me notar sozinha no canto, foi atrás de seus primos. Eu não estava me sentindo bem ali. Tive ímpetos de voltar pra casa, embora não tivesse ideia de como fazer isso sozinha.

Horas passaram e nada de Elouise aparecer para fazermos o trabalho. E como eu não tinha levado nada pra me distrair, fiquei tão entediada que acabei dormindo no sofá da sala. Infelizmente acordei com várias cutucadas desnecessárias no meu ombro. Eu acordaria muito bem apenas com um "psiu"... Era a tia Lee...

–Ei! No babe na minha sofá novo.-disse ela.

–AH! Desculpe-me, Senhora Lee. Não cheguei a babar, veja!

Ela me ignorou e disse com um sotaque estranho:

–A Meiying está chamando você na quarto pla fazer uma tlabalho de sei la o quê...

–Quem? -perguntei sem entender bulhufas.

–A Elouise. Te apressa! Anda! Anda!

Levantei-me do sofá novo chateada. Não imaginava que esse passeio seria tão desagradável. A Senhora Lee era uma velha irritante, Elouise não me dava a mínima, além de ter sumido por horas e o Senhor Paulo e a Senhora Dalva então...Nem sinal!

Entrei no quatro sem bater na porta e logo encontrei Elouise sentada no chão com um chinês ao lado bajulando-a e fazendo sei lá mais o quê.

–Pensei que tu tivesse me convidado pra vim fazer o trabalho de História. - Disse eu chateada e sem nenhuma vontade de esconder meu aborrecimento.

–E vamos fazer. Sente-se aqui.- Disse ela sorrindo e ignorando meus sentimentos.

Sentei no chão e disse. -E ele vai ficar aqui? -Apontei pro chinês com desdenho.

–Qual o problema?- perguntou Elouise. E eu prestes a dizer que tinha todos os problemas do mundo, apenas disse: -Nenhum...

Fizemos o trabalho como a professora havia mandado e quando já era tarde, o Senhor Paulo nos chamou pra ir pra casa, finalmente. Me despedi da senhora Lee pensando em nunca mais vê-la novamente. Entramos no carro e partimos.

Na volta pra casa foi bem animado. Cantamos várias músicas legais e ainda tive o privilégio de ouvir Elouise cantar uma música em chinês, e não me envergonho de dizer que quase chorei de tanta perfeição. Depois de tudo isso, pude conhecer melhor Elouise e conclui que ela é um doce de pessoa. Claro que tem lá os seus defeitos, mas também quem não tem, não é?

O Senhor Paulo me deixou na porta de casa, onde a minha mãe me esperava aflita. Me despedi de Elouise e me atrevi a beija-la no rosto. Ela estranhou a minha atitude inesperada, mas ficou calada. Saí do carro e acenei pra todos dando uma boa noite e corri em direção a minha mãe. Abracei-a e ela perguntou:

–Como foi lá na casa dos japas?

–Eles são chineses, mãe. Chineses! E foi ótimo! - Disse eu eufórica sem lembrar dos momentos desagradáveis por qual passei.

Na hora de dormir, me revirei na cama a noite inteira, pensando na imagem de Elouise e a saudade me corroía até a alma.

Amanheceu. Pulei da cama e fui pra escola. Chegando lá encontrei com Jhonatan e as meninas do time de basquete.

–A maria Juana vai sair do time, galera. -Disse a nossa líder, Janaína.-Isso significa que vamos ter que encontrar outra garota o mais rápido possível, antes das olimpíadas.

–Júlia, porque tu não chama a Vanesca? Ela está bastante interessada em entrar pro time de basquete. -Inquiriu Jhonatan com a morte já sentenciada.

–NÃO! ELA NÃO SABE JOGAR! Só nos atrasaria...-Disse eu tentando descartar tal ideia absurda.

–Mas Júlia, tu também não joga p**** nenhuma e sempre tá nos atrasando. E até nos tirou o melhor treinador até então. -Disse a petulante Ane, uma jogadora qualquer do time.

–Pô, eu me esforço, tá legal? E outra, aquilo foi apenas um acidente e o Senhor Epitácio já estava mais que na hora de se aposentar. Acidentes poderiam acontecer a qualquer momento...

–Contudo, foi péssimo pra nós perder um ótimo treinador agora...- Disse a líder. -Júlia, tu poderias, pelo menos, procurar garotas que estivessem interessadas em entrar no time e tal...

Me sentindo culpada pelo Senhor Epitácio não dar mais aulas, concordei em procurar uma garota que quisesse entrar pro time, embora não fizesse ideia de quem saberia, pelo menos, as regras do jogo. Na hora do intervalo, me uni aos outros esportistas, formando o maior grupo da escola, me senti importante e respeitável, até um tanto popular, pois com as noticias das olimpíadas chegando, nós sempre nos tornamos o centro das atenções.


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