Elouise escrita por Twelve


Capítulo 17
Capítulo 17




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Eu nunca fui de chorar. As únicas razões pelas quais eu já chorei na vida foi pra não ter que ir ao médico quando era criança e por Elouise agora já na adolescência. Me odiei por não conseguir evitar que minhas lágrimas saíssem contra a minha vontade. E pior ainda, chorar por causa do Sr. Epitácio, aquele velho arrogante. Eu me tranquei no box pra que ninguém chegasse a ver a minha ridícula cena de chorar como um criancinha, após levar um bronca do Professor. No entanto, era mais forte do que eu, pois além de humilhar-me, ele tirou de mim o que eu mais gostava depois de Elouise. Meu time de basquete!

Ao me dar conta da tamanha perda que eu tivera, jurei à mim mesma mudar. Eu não queria mais ser tão ruim em tudo nesta vida. Eu queria respeito e admiração. Eu queria ver o Sr. Epitácio implorar para me ter de volta no time. Eu queria pisar, ao invés de ser pisada, queria está por cima de todos!

Consumida pela cólera, olhei-me no espelho e enxuguei as minhas lágrimas com repugnância. Devido ao rubor de minhas faces, tive de esperar alguns minutos antes de sair do vestiário para que ninguém tivesse notado que eu chorei, entretanto, por causa da demora, com certeza, iriam pensar alguma coisa ao meu respeito.

Pensei em passar rápido pela quadra e ir embora para que ninguém me notasse, mas pra onde eu iria? Não queria me acomodar na casa de Jhonatan. Sem falar na vergonha que passei hoje de manhã em sua casa. Meu plano era esperar o treino acabar e me esconder no vestiário até o porteiro fechar a quadra e assim eu poderia dormir na arquibancada, mas eu havia sido expulsa do time...

Depois de pensar um pouco, resolvi ficar para assistir o treino, embora não quisesse nem um pouco. Porém logo depois vi um lado bon nisto: eu não iria embora sem falar com Elouise. Poderia despedir-me dela no final do treino. Animei-me um pouco, recompus a postura e saí do vestiário tentando agir indiferente. Na mesma hora, todo mundo me olhou e me acompanhando com olhos até eu sentar na arquibancada. Aquilo meio que chocou a todos! Ninguém estava esperando que depois da humilhação que eu passara, eu ainda teria pulso firme pra continuar lá. Ficaram me olhando como quem quisesse perguntar o que eu ainda fazia ali. Agi naturalmente, enquanto por dentro, estava demasiadamente irritada com aqueles malditos olhares.

Depois de alguns instantes, deixei de ser o centro das atenções e as meninas retornaram a se concentrar no jogo. E eu finalmente relaxei! Me senti a vontade na minha futura cama. Me acomodei lá e passei, então, a contemplar as meninas jogarem todas lindas e suadas. Elouise estava indo bem! Ela não sabia muito de basquete, mas aprendia rápido e era esforçada. Senti muito orgulho da minha branquinha!

Enquanto Isadora era terrível na quadra. Coitada! Quando passavam-lhe a bola, ela esquivava-se. E quando ela deveria passar a bola, dava-lhe de bandeja ao outro time. Eu me perguntara que utilidade Isadora teria ali. Por que Epitácio me tiraria do time e poria ela? Aí tinha alguma coisa!

Vi pela expressão dela de que não queria está mais ali. Fez de tudo para conseguir entrar no time, apenas por minha causa e agora não podia mais sair. Não até as olimpíadas terminarem! Estava com a testa franzida e se queixando o tempo inteiro do suor. Fingira ter torcido o pé pra poder ficar no banco, típico dela essas ceninhas nada convincentes, porém o Sr. Epitácio a levantava contra sua vontade e a obrigava voltar para o jogo. Ele se divertia com aquilo. Estava mais animado com a presença dela no time...

Talvez eu tenha sentido um pouco de ciúmes de ambos os lados e logo aborreci-me com tal sentimento absurdo e o espantei para longe. Tornei a fitar somente em Elouise, que estava feliz e realizada por ter marcado ponto em cima do time adversário. Assim que ela introduziu a bola na cesta, ela olhou para mim como que esperando que eu tivesse visto. Ela sorriu ao se certificar que eu havia, sim, visto. Eu sorri de volta e fiquei meio sem jeito por ela me fitar tão intensamente no meio da quadra, fazendo com que os demais que estavam assistindo, inclusive Isadora, notassem que ela estava a me olhar.

Isadora já estava completamente irritada por está no time e depois de ver Elouise se sair bem durante o jogo, notei-a encarando Elouise demasiadamente. Ela queria briga! Estava estampando em suas faces. Elouise acabou notando e se incomodando com aquilo. Preocupada, resolvi, pois, comparecer aos outros treinos para proteger Elouise, caso Isadora tentasse aprontar alguma.

Fim de jogo! Graças a Deus! Sr. Epitácio apitara seu apito amarelo babado. O cansaço marcava o seu rosto com rugas e olheiras nos olhos. De remorso, passei a ter ódio dele. Sentimento esse que eu, raramente, sentia por alguém. Estava queimando em meu peito como uma chama vermelha. E ao olhar-lo aumentei mais minha vontade de superação. Ele logo notara meus olhos encarando-o sem restrição, e disse:

–Espero que não tenha ficado chateada, Júlia! Fiz o que era necessário para o time!

–Claro que não, Sr. Epitácio... -disse eu com desdém e falsidade.

Ele foi embora. E Elouise veio falar comigo ofegante.

–Tá tudo bem contigo, Júlia?

Aquelas palavras me fraquejaram. Quis chorar! Quis parar de fingir e dizer tudo para ela, como uma criança diz à mãe o que está lhe afligindo. Engoli em seco e pude responde-la.

–Tá...

–Mesmo? Se tu quiser ir pra minha casa, eu dou um jeito de tu entrar sem que meu pai te veja.

–Não...

–Não, oquê? Não quer ir?

–Não tô bem...

Abaixei a cabeça chateada, após uma lágrima saltar de meu rosto e Elouise ter visto.

–Ei. Não chora, Jú! Vamos pra casa! -disse ela me abraçando. Senti-me nos braços de um anjo. Braços quentes e macios, embora suados. Estava tudo bem agora, pois ela estava comigo. Não hesitei em ir para sua casa, nem pensei na possibilidade de não dar certo e o pai dela acabar me vendo e me pondo para fora e eu ter que ir dormir na casa de Jhonatan de novo.

Ao sairmos da escola, já era noite. Umas vinte horas, mais ou menos. E foi inevitável passar perto de Isadora, ela nos olhou com um olhar extremamente inenarrável. Aquilo me causou um aperto no coração, me desmontei toda por dentro e quis morrer ali mesmo. Se Elouise concordasse, eu a levaria junto comigo, mas aquilo era totalmente impossível e meio maluco. Olhei-a com dó, como se estivesse me desculpando por ter preferido Elouise a ela e rapidamente desviei o olhar indo embora dando-lhes as costas.

Instantes depois, dei-me conta de que Elouise estava por baixo de meu braço e agarrada a minha cintura. Dei-me conta da tamanha importância que aquele momento simples tinha para mim. Subitamente, senti-me tão feliz como quem não tem nenhum problema na vida e apertei-a fortemente contra meu peito. Ela sorriu e entrelaçou seus dedos pequenos nos meus, apertando-me a mão.

Exultei.


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