Elouise escrita por Twelve


Capítulo 16
Capítulo 16




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Já Estando no quarto, eu me joguei na minha cama macia, sem nenhum modo, e finalmente pude relaxar. Eu poderia ficar ali deitada por um bom tempo, mas eu precisava me apressar antes que a minha mãe chegasse. Então, juntei forças e consegui me levantar do leito dos Deuses e fui caminhando pé ante pé até até a cozinha.

Abri a geladeira e roubei tudo o que eu pude carregar. E roubei mesmo. Sem medo de levar sermão por está comendo besteira antes das refeições ou coisa e tal. Me senti uma ladra, uma sem teto, uma fora da lei, uma VÂNDALA! Que invadira uma casa de gente decente pra roubar, mas devo admitir que me senti estranhamente bem, me senti viva. Uma aventureira!

Saí da cozinha de braços cheios e subi as escadas com dificuldades, porém bastante feliz com o perigo de minha mãe chegar ao qualquer momento e me pegar com a boca na botija. Por sorte, não houve nenhum sinal dela por um bom tempo. Aonde será que deve ter ido? Pensei.

Peguei a minha mochila e pus toda a comida dentro. Pus uns pedações de frango frito, biscoitos, um pedaço de torta, uns bombons, uma garrafinha com suco e outra com água. Pus sorvete de chocolate, que esse eu teria de comer rápido antes que derretesse, sanduíches, dois ovos, leite, maçãs, cupcakes de alguns dias já, mas que me pareciam está bons ainda. Peguei também umas roupas, um tênis, meus cadernos da escola e o meu uniforme, MEU TASER, não podia esquecer. Peguei ainda uma lanterna, canivete, papel higiênico, claro. Sem deixar de mencionar uma toalha. Enfim, eu peguei bastante coisa.

Tomei um banho rápido e pus uma roupa limpa e quando eu estava penteando os cabelos ouvi um barulho de chaves abrindo a porta. Era ela! Mamãe!

Rapidamente peguei a minha mochila que estava super pesada e a joguei pela janela. Com o impacto, com certeza, quebrou alguma coisa. Quando pus uma perna para fora da janela, olhei o canto do meu quarto e vi a minha bola de basquete. Pensei em deixa-la para trás, mas eu era incapaz de abandona-la. Então tive que voltar pra pegar.

Quando ouvi passos na escada não tinha mais jeito, a minha mãe ia me pegar em flagrante. Não pensei duas vezes e me joguei pela janela. Por sorte, tinha uns arbustos ao redor da minha casa e caí de cheio em cima deles. Não foi tanta sorte assim porque ganhei vários arranhões, inclusive no meu rosto. Mas não tive tempo de pensar nesses pequenos detalhes. Pulei o muro de casa e quando estava indo embora a minha mãe me viu pela janela e gritou:

– Meu De... Júlia, sua filha da puta, mal-criada. Espera teu pai chegar pra tu só ver uma coisa.

Corri tanto que os meus pés chegavam até a minha bunda. Eu parei cansada numa esquina e comecei a rir sozinha do que acabara de acontecer. A cara da minha mãe era inenarrável! Senti um prazer incrível, pois percebi que a atingi, de certa forma, roubando comida e fugindo de casa. Pude descontar o que ela havia me feito na noite passada. Mas logo, em seguida, fiquei demasiadamente preocupada e com um terrível peso na consciência. Nunca agi de tal forma com a minha mãe. Sempre a respeitei e sempre fomos muito próximas. Nunca escondi nada dela, até eu conhecer Elouise e começar a ter meus segredos. Me consolei pelo motivo de que eu estava crescendo e que seria normal fazer algumas loucuras de vez em quando. No fim, os pais acabam sempre perdoando os filhos.

Isso me tranquilizou um pouco e fui seguindo rumo à escola.

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Chegando lá, rapidamente os alunos lançaram os olhos em mim e me fitaram até eu entrar na minha sala. Estava na hora do intervalo e por isso não encontrei Elouise lá. Sentei na minha carteira olhando para as coisinhas rosas dela. Sua mochila, seu caderno, suas canetas... Senti uma vontade estranha de cheira-los, mas me contive. Fiquei pensando aonde ela estaria. De certo com aquele rapaz popular metido a besta, aquele ladrão de namoradas chinesas. Fechei os olhos e controlei o ciúme fugindo dos meus pensamentos fúteis. Então me veio à cabeça a imagem de Isadora e instantaneamente veio junto um frio na barriga, uma vontade de me esconder ou de cair fora na mesma hora só pra não encontra-la. Porém, fugi mais mais uma vez de meus pensamentos que estavam me torturando.

E olhando para alguns alunos que estavam na sala, percebi que estavam falando de mim. Fiquei encarando-os tentando entender o que estavam cochichando ao meu respeito, quando um deles olhou para minha roupa e logo, percebi que eu não estava de uniforme. Naquele momento senti como se eu estivesse pelada. Parei por uns segundos para pensar no que fazer e lembrei que tinha posto meu uniforme na mochila. Abri-a toda contente e peguei meu uniforme bonitinho sem conferir se estava tudo certo com ele e fui correndo me trocar no banheiro.

Depois que troquei de roupa, me olhei no espelho e tomei um baita susto ao ver que o meu uniforme estava sujo de sorvete de chocolate. Tentei limpar com água, mas era inútil. Só uma mãe pra conseguir tirar aquilo com sabão. Fiquei absurdamente frustrada!

Saí do banheiro com a mão sobre a mancha de sorvete na minha camisa pra tentar esconder, pelo menos, uma parte daquilo. Andando e olhando para o chão pensando como aquilo foi me acontecer e daí lembrei quando joguei a mochila pela janela. O impacto da mochila caindo no chão fez com que o depósito de sorvete quebrasse, sujando meu uniforme e sabe lá Deus mais oquê. Quando eu estava já chegando na minha sala, me deparei adivinha com quem?

Vanesca! Sim, a própria!

–Franciscaaa! Girrl, O que houve? Tu está péssima! -disse ela me olhando da cabeça ao pés e tirando a minha mão para ver o que eu estava escondendo na camisa. -Eca! O que é isso aí? Alojo?

–Júlia, por favor! Obrigada! E não. É sangue de menstruação. Não ver que é sangue isto aqui! -disse eu pegando a mão dela e fazendo a tocar na mancha.

–Aí, que nojo, Júlia! Para de brincadeira!

–É sorvete. De chocolate!

–Que porquinha! Enfim, faz um tempinho que não te vejo, né? Como tá tua mãe? Sabia que eu estou no grupo dos populares? Ah é, amiga! Eu consegui! Eu falei com uma tal de Isadora, aquela chata, mas ela permitiu a minha entrada, desde que eu fizesse uns favores pra ela e uns amigos...

–Ah! Boa sorte pra ti...

–Por quê? Ah, tu viu o Jhonatan? Adoro aquele garoto. Ele é gay, né? Eu percebi pelo jeitinho dele todo fofo. haha.

–Não vi não! Eu cheguei quase agora no meio do intervalo. Mas se me der licença, eu tenho que voltar para sala.

–Ah, tudo bem! Se tu ver ele, diz que eu mandei um beijo, tá? Tchau, Francisca!

Finalmente consegui me livrar daquela doida. Ô garota fresca! Fala mais que um papagaio!

Entrei na sala resmungando comigo mesma. E para minha alegria, Elouise já estava lá sentada pensativa olhando para minha mochila gigante. A surpreendi dizendo:

–Elouise! Oi!

Ela me olhou com um brilho lindo nos olhos e sorriu como se não tivesse me visto há anos. Pulando nos meus braços, disse:

–Júlia! Que bom que veio! Fiquei preocupada ontem!

–Sério?

–Lógico!

–Eu dormi na casa do Jhonatan e hoje passei em casa pra pegar algumas coisas... -disse eu, ganhando o dia por saber que ela estava preocupada comigo. Que bonitinha!

Sentamos em nossas carteiras e ficamos conversando até o professor chegar. Depois que terminou as aulas, fomos para quadra, pois tinha treinamento com o Sr. Epitácio! Eu estava muito animada, porque Elouise havia entrado para o time de basquete. Não podia nem imaginar nós duas segurando a taça dos vencedores no dia das Olimpíadas escolares! Ia ser simplesmente perfeito.

Ao entrar na quadra, eu estava conversando com Elouise e nem me dei conta de que todos já estavam reunidos esperando que nós chegássemos. Eu olhei pra todo mundo e vi Isadora sentada extremamente linda com o seu novo uniforme de basquete. Logo lembrei de que ela também estava no time e aquela situação foi demasiadamente constrangedora.

–Elouise, vá te trocar para começarmos o treino! -disse o Sr. Epitácio bem sério e profissional.

Ela não perdeu tempo e foi correndo para o vestiário e eu a segui junto, porém com uma sensação muito estranha de que eu não deveria ter ido. Ao voltar, estava eu e ela de uniforme, prontas pra jogar e mandar ver. Mas o Sr. Epitácio olhou para mim e disse:

–Tu não, Júlia!

Eu não entendi bem o que ele quis dizer e fingi que entendi afirmando com a cabeça positivamente. E continuei indo pro centro da quadra. E ele retornou a chamar a minha atenção na frente das meninas.

–Júlia! Tu está fora do time.

–Hã? Não entendi.

–Fora do time. Tu está fora do time! Ouviu agora?

–O QUÊ? -perguntei indignada com o que ele acabara de me dizer.

–Tu quer que eu desenhe?

–Eu entendi, mas... PORQUÊ? COMO ASSIM? O QUE QUE EU FIZ? -eu já estava pronta pra chorar, quando ele sem piedade cravou a faca em meu peito e ainda a tirou e enxugou o sangue na minha camisa dizendo:

–Eu tentei te falar quando te chamei pra conversar na sala dos professores, mas tu saiu sem me deixar terminar, oras. Eu ia dizer que como tu não progrediu em nada durante todo este tempo, o ideal seria tirar quem estava atrasando o time pra não ter problemas durante as olimpíadas e a única quem estava atrasando era tu, Júlia! Me desculpe, mas eu já fiz muito te pondo no time, sendo que tu não havia alcançado nem a média nas matérias exigidas para fazer a matricula, e pior, mal sabe jogar basquete. Tenha dó! Sem mencionar o acidente que tu me causaras e por muito pouco não volto a dar aulas novamente...

Eu, Francisca Júlia, fiquei com a cara no chão! o Sr. Epítácio não mediu palavras em me humilhar perante todo o time, e o pior de tudo, perante Elouise e Isadora. Eu me senti a pior pessoa do mundo! Me senti um lixo!

Eu gostaria também de dizer umas boas verdades para o Sr. Epitácio, mas a minha garganta doía muito, como se tivesse uma corda no meu pescoço me impedindo de falar. Meu rosto estava esquentando e eu odiava quando aquilo acontecia. Nessas horas, minha única vontade era de fugir para que ninguém me visse vermelha. E foi isso o que eu fiz! Eu sai deixando Elouise, Isadora, Sr, Epitácio, todo mundo pra trás e segurei o choro até entrar no vestiário.


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