Elouise escrita por Twelve


Capítulo 12
Capítulo 12




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Quando chegou a hora do intervalo, eu saí da sala com Elouise, mas infelizmente a Isadora apareceu de repente e me abraçou. Elouise abaixou a cabeça e afastou-se de mim. Minha vontade era segurar sua mão e sair com ela, mas não fazia sentido eu fazer isto com Isadora. Então deixei-a ir embora e sorri pra Isadora dizendo:

–EEi, Tudo bem, mocinha?

–Tudo ótimo, Júlinha linda! Hoje vamos pro treino, não é? Ah, desculpa por eu ter desligado o telefone na tua cara ontem, eu fiquei chateada porque eu pensei que tu não gostou da ideia de eu está no teu time agora, mas eu pensei bem e sei que tu não faria isso, porque tu me ama demais e com certeza ficou feliz com a minha notícia, mas é muito durona pra dizer, não é? haha

–Ah... Tudo bem... É, É isso mesmo...

–Okay... Então. Vamos lá no banheiro fazer xixi? Sabe, né? Fazer xixi. haha

–Ah!! Sei... sei sim...-disse eu sem nenhuma ideia do que ela estava falando- Mas eu não estou vontade, então vai lá. Eu te espero aqui...

–Tem certeza? Não quer mesmo? Tenho uma surpresinha pra ti.

–Tenho. Ah, é? Que surpresa?

–Só posso te mostrar lá.

–Por quê? Mostra aqui, ué.

–Aqui não dar, sua boba.

–Ah, então tu mostra depois.

–Júlia!

–Quê?

–Vamos fazer xixi...

–Eu não quero fazer xixi agora. Ô que coisa!

–Nossa, tu está tão lesada hoje. Tchau, chata!

–Eu lesada? Por quê?

Isadora me deixou falando sozinha. Eu não consegui evitar ser chata com ela, mas eu não parava de pensar em Elouise e como ela estaria depois te ter visto Isadora me abraçar. Fiquei preocupada e impaciente. E então eu avistei o Jhonatan, meu amigo que agora, por causa destas mulheres em minha vida, eu mal dava atenção. Ele estava com os seus novos amigos, mas não hesitei em chegar junto.

–Jhonatan? -disse eu sem jeito e um pouco distante.

–Ah, Oi júlia!! Qual é a boa?

–Pode vim aqui um minuto?

–Posso, claro! O que foi? -disse ele vindo até mim.

–Ai, Jhonatan. Me ajuda, por favor!!!

–O que foi, doida?

–Depois eu te dou todos os detalhes, mas agora tu pode ir atrás de Elouise pra mim? Pra ver se ela está bem....

–AH. Posso! Mas por quê? O que tu fez desta vez pra esta pobre garota?

–Eu não fiz nada. Foi a Isadora...

–AH! Sim, Isadora... Ela é um pé no saco...

–Então, eu vou terminar com ela, sabe. Estou esperando um bom momento pra isso. Mas na verdade, eu não tenho ideia de como fazer isso.

–Uau. Boa sorte então! Vou lá atrás de Elouise. Já volto!

–Tá. Obrigada...

Jhonatan sempre foi um bom amigo. Por causa de Isadora, eu meio que me afastei um pouco dele, mas ele continuava o mesmo de sempre. Ainda bem! Eu fiquei esperando Isadora voltar, mas ela realmente ficou chateada comigo, porque não voltou mais e eu fiquei com mais medo ainda de terminar nosso namoro.

Depois de alguns minutos, Jhonatan retornou e disse:

–Olha! Eu encontrei ela e parecia está muito bem. -disse Jhonatan um pouco ofegante como se tivesse corrido em algum momento quando procurava por ela.

–Como assim? Por quê?

–Ela estava conversando com um garoto e estava rindo bastante. Nem me atrevi a ir falar com ela, pois o garoto era muito lindo. Me desculpa!

–O QUÊ? QUEM É ESSE CARA??

–Eu não sei. Acho que é um dos populares, sabe. Aqueles chatos e intocáveis! Essa Elouise nasceu pra ser popular, hein. Eles adoram ela!

Meu rosto rapidamente começou a esquentar. Eu não pude evitar ficar com ciúmes, embora eu, na verdade, não tivesse razão nenhuma pra ficar, já que eu namoro com Isadora e deixei Elouise sozinha. Além do mais, ela não estava fazendo nada demais com esse garoto. Entretanto, como humana era impossível não sentir ciúmes, mesmo eu sendo a errada nesta história. Eu não hesitei nenhum segundo e fui atrás de Elouise. Jhonatan nem ousou me impedir depois que ele percebeu o tamanho de minha fúria.

Saí pelo corredores procurando por Elouise e pensando por que eu não perguntei antes ao Jhonatan a onde ela estava pra não ter que ficar andando por aí feito uma louca. Mas por sorte, de longe avistei-a sentada com o tal garoto num banco debaixo de uma árvore no pátio. Meu inconsciente dizia pra eu desistir e voltar, mas eu estava tão chateada que não queria que aquela cena toda de namorada querendo flagrar a namorada fosse em vão. Então, eu, erroneamente, pensei em Elouise me traindo com este cara, e com isso, alimentei mais ainda a minha raiva pra consegui ir até ela e fazer algum tipo de escândalo.

Ela estava conversando com o tal do garoto, que eu nem conhecia, mas já o odiara e vendo os dois sorrirem bastante como se fossem íntimos, só serviu pra me deixar mais enfurecida. Eu cheguei até ela, peguei sua mão e a puxei. Ela me olhou confusa com a situação e logo soltou-se de minha mão, e eu disse:

–Segura na minha mão agora, Elouise!

–Por que eu deveria? -disse ela chateada.

–Por que tu é a minha namorada e tem que vim comigo agora. -disse eu ainda com a mão estendida.

–Eu não sou tua namorada. Vá atrás de Isadora. Ela que é. Eu não!

Eu a peguei a força pelo braço novamente e a puxei, mas ela resistiu e não veio comigo. O cara então se meteu a besta e disse:

–Ei, larga ela. Não ver que ela não quer ir, sua maluca?

–Quem é esse cara, Elouise? -disse eu ignorando-o.

–Não te interessa! Sai daqui, Júlia! Tá todo mundo olhando pra nós!

Foi então que eu me dei conta e olhei em volta e vi que todos estavam realmente olhando. Meu rosto começou a esquentar mais ainda, mas dessa vez foi porque eu fiquei completamente envergonhada por ser o centro das atenções. Eu a olhei como se estivesse implorando pra vir comigo, mas ela não quis vir de jeito algum. Então eu soltei o braço dela devagar e sai de lá cabisbaixa, terrivelmente envergonhada e ainda com bastante raiva e revolta dentro de meu peito.

E de repente, eu olhei pro lado e vi Isadora parada bem ali observando tudo o que estava acontecendo. Me senti a pior pessoa do mundo por ter decepcionado as duas garotas que gostavam de mim. Sem reação alguma passei por Isadora sem dar-lhes nenhuma explicação, nem um pedido de desculpas ou dito, pelo menos, alguma palavra, nada. E isso a deixou pior do que já estava.

Corri pra minha sala, peguei a minha mochila e consegui ir embora ao pular o muro da escola. Minha vergonha era tanta que eu não podia ficar nem mais um segundo naquele lugar. Senti como se todos estivessem me olhando e me julgando. Sentei na calçada da escola e pus as minhas mãos no rosto e disse:

–Eu estraguei tudo!

Não consegui evitar chorar no meio da rua, então eu deixei a vergonha de lado e chorei e chorei bastante. Eu machuquei Elouise e Isadora e ainda as fiz passar por tamanha vergonha perante vários alunos da escola e isso me deixava com uma terrível dor no peito.

Eu voltei pra casa e me tranquei no quarto. Não saí de lá nem pra comer. A minha mãe não parava de bater na porta perguntando o que tinha acontecido ou se eu queria comer alguma coisa, mas eu não conseguia respondê-la. O dia acabou e a noite chegou.

Uma noite onde o céu não tinha estrelas de tão nublado que estava e mal dava pra ver a lua, era uma noite triste e silenciosa. Eu estava bem entendiada na janela com um olhar vago e desanimado, quando de repente eu vi Isadora na esquina entrando na minha rua. Eu me assustei e me abaixei. Fiquei a observando se aproximar de minha casa e tocar a campainha.

–Ela quer me pegar! -disse eu assustada já procurando um lugar pra me esconder.

Nenhum lugar parecia ser um bom esconderijo. Meu quarto não era tão grande assim, logo seria impossível tentar me esconder, então eu criei coragem e aceitei ser espancada por ela. Era o mínimo que eu poderia fazer depois do que eu aprontei hoje.

Passado alguns minutos, eu pude ouvir do quarto Isadora conversando com a minha mãe. Eu não conseguia entender o que ela estava falando, mas podia ouvir sua voz. E eu não sei se foi impressão, mas eu ouvi a palavra "namorada". E rapidamente entrei em pânico! O que diabos Isadora estava contando pra minha mãe?

Logo saí correndo escada a baixo e dei de cara com ela. Fiquei terrivelmente envergonhada e sem saber o que fazer. Fique parada olhando pras duas procurando as palavras certas, quando a minha mãe indagou:

–Isso é verdade, Júlia? -disse a minha mãe com um olhar fixo.

–O que, mãe? -disse eu tremendo de medo.

–Que tu é lésbica e está namorando Isadora?!

–O QUÊ? N-Não! Claro que não, m-mãe. -disse eu gaguejando e mentindo super mal.


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