Lembre: Nada É Verdade. escrita por Yagah
— Acorda, Annie! Vai se atrasar, anda!— Era a voz de Rogério. Annie salta da cama se preparando para correr, mas se detém ao escutar a risada dele.
A risada de Rogério era única, contagiante e sempre mais engraçada que as piadas.
— Filho da puta. — Annie também ri e atira o travesseiro no homem. Era feriado, 07 de setembro.
— Ai, ai. Eu tinha que fazer isso. — Ele ri e entrega o travesseiro a garota. — Dorme que ainda é cedo.
Ela tentou, mas uma vez acordada era impossível dormir de novo. Decidiu ir contar sobre a missão para Bee.
— Posso entrar? — Pede ela batendo na porta do escritório.
— Entra. — Ele tira os olhos dos papéis. Bee andava ocupado ultimamente, não tinha ninguém para ajuda-lo com a parte tática. — Como foi ontem?
— Tudo certo. Eu vim aqui fazer o relatório.
— Sente. — Bee indica uma cadeira e Annie se senta.
— Victor falou de um artefato, que está em uma aldeia indígena. Pelo modo como eles falaram é algo muito valioso, tão valioso que eles vão enviar para o tal de Haytham. Eles andaram gastando dinheiro em algum outro lugar, pois nosso alvo principal reclamou da falta de dinheiro e os outros ficaram relutantes em gastar.
— Obrigada, querida. Isso vai ser muito útil. — Diz Bee sorrindo. — Eu preciso que você faça uma entrevista de emprego naquele bar metido a besta, o Fiore di Luna.
— Posso perguntar o motivo?
— É porque um freguês de lá é nosso próximo alvo. Ele frequenta aquilo lá faz um tempo. — Ele vasculha uns papéis na gaveta enquanto fala. — E faz umas reuniões informais com alguns membros da Ordem.
— Ok. — Annie pega os papéis. — Vou ver se eu consigo agora.
Annie desce do ônibus perto do bar. “Realmente é um bar metido a besta.” Pensa ela quando olha.
— Com licença. Eu queria saber com quem eu falo para a entrevista de emprego. — Ela pergunta no balcão.
O jovem que está atendendo analisa Annie cuidadosamente.
— Vem comigo. — A frase soou como se ele estivesse com nojo ou menosprezando a garota. Ele chega a uma salinha onde um homem de, aparentemente, 50 anos fazia a contabilidade. — Chegou uma garota para a entrevista de emprego, Sr. Carlos.
— Entre menina. — Ele parecia ser mais gentil que o garoto.
Annie entra e senta na cadeira que ele indica.
— Que idade você tem garota?
— Quinze. — Mentiu Annie entregando os papéis, ela sabia que a papelada que Bee a entregara era falsa.
— Como é seu nome?
Ela dá uma discreta olhada para os papéis.
— Laura.
O homem se preparava para fazer a próxima pergunta quando o celular da garota toca. Era Bee. Devia ser importante, afinal ele sabia onde ela estava, não iria ligar se não fosse uma emergência.
— Desculpe, estou com um parente no hospital, deve ser importante.
— Tudo bem. — Ele parecia ser um homem compreensivo, um bom patrão.
— Alô?
— “Annie, sai daí agora!”
— O que?
— “Só sai e rápido!”
— Ok. Estou indo. — Ela desliga o telefone. — Desculpe, senhor, mas...
— Já entendi. Pode ir. Se quiser voltar para fazer a entrevista outro dia, pode voltar.
— Obrigada. Obrigada.
Annie sai apressada do lugar. Assim que ela põe o pé na rua um carro preto para na frente do bar e dois homens de terno e óculos escuros descem, há um broche da cruz dos Templário em sua roupa. A garota aperta o passo e põe o capuz.
— Com licença, menina. — Uma senhora para Annie. — Você sabe onde fica a parada do T5?
— Desculpe senhora, mas eu não sei. — Diz a garota nervosamente, olhando para trás para ver como estava a movimentação dos homens. Mais um carro preto chega.
— E a do T7?
— Senhora eu estou com pressa.
Tarde demais.
— Ei, menina! Você aí!
“Merda.” Pragueja Annie andando o mais rápido que suas pernas permitiam.
— Ei! Pare aí mesmo! — Os homens continuavam gritando, e suas vozes se aproximavam cada vez mais.
Annie virou em uma rua pouco movimentada, os passos estavam muito próximos agora. Era hora de começar a correr.
— Ei! Ei! Pega ela! Anda!
Os quatro homens começaram a perseguição, se separando na primeira rua para tentar bloquear a garota. Annie sabe que sua melhor chance é ir para o meio da multidão.
Era perigoso, mas ela tinha de admitir que era ótimo correr a toda a velocidade, coisa que não podia fazer normalmente. Annie checa onde estão os guardas Templários em curtos intervalos.
O telefone toca.
— Péssima hora Bee.
— Onde você está?
— Não faço ideia, estou fugindo de uns caras. Pelo broche das roupas são Templários.
— Qual o nome da rua?
— Bee, não posso parar pra ver o nome da rua. — Annie não consegue disfarçar o cinismo na voz.
— Alguma referência?
— Eu não posso te dar referências em movimento, Bee. Nem parece você... — Annie pensa um pouco. A voz está estranha, ela percebeu isso, mas achou que fosse por causa do ruído do vento e o sinal fraco. — Bee? A Vânia está bem? Ela já se recuperou? — Inventa a garota.
— Sim. Ela está aqui do meu lado, quer falar com ela?
Annie desliga o celular e o desmonta enquanto corre, para destruir o chip.
Depois de dez minutos de perseguição ela dá a sorte de chegar ao camelódromo. Ali seria muito fácil despistá-los.
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