Forevermore escrita por Camila


Capítulo 3
Capítulo 2 - Só vai depender do destino


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoinhas! Queria começar agradecendo a Swiper que favoritou aqui! Muito muito obrigada, você não faz ideia de como me faz feliz dando apenas um clique! Seja bem vinda chérie!
Como acabei de colocar lá nas notas da história, eu irei postar um novo capítulo todas as terças, quintas e sábados, mas é claro que pode acontecer de me dar a louca e eu resolver postar mais de um capítulo por dia, ou então resolver postar mais de três vezes por semana, mas relax não vou deixar de cumprir com esses diazinhos aí, a não ser que aconteça algum imprevisto ou falta de criatividade mesmo.
Ok ok, chega de falar. Sem mais delongas vamos para o capítulo de hoje.



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Adoro comida. Simplesmente adoro. E estou me referindo a comida que tenha sabor, não aquelas desidratadas que se encontram por toda parte nas máquinas eletrônicas em Aurora. Gosto do sabor, da textura e do cheiro. Gosto de poder sentir em minha boca o gosto e me deliciar com ele. Existia, na Antiga Ordem, algo chamado chocolate, todo mundo adorava e sempre queria mais, era como fosse meio viciante, eu acho. Atualmente não se acha mais chocolate, não como antes. Há algumas raras pessoas já o que conseguiram provar, e infelizmente eu não estou entre elas. Preciso dar um jeito de encontrar chocolate. Sério.

Depois passar horas no refeitório do Domínio Feminino sem comermos algo nada realmente saboroso, eu me despeço de Isadora e Melissa para conversar com uma das inúmeras cozinheiras de Lótus. Ela faz comida, portanto ela deve saber fazer chocolate também. Dou a volta no quadrante e ando em direção a cozinha. Chegando lá dou de cara com todas as portas e janelas fechadas. Me aproximo mais um pouco e vejo uma placa dourada na parede, nela está escrito todos os horários de funcionamento, início e término. Olho para o imenso relógio de vidro no centro do refeitório. Já se passam das 23 horas, acabou o expediente.

– Droga. - digo atravessando o refeitório para ir embora. Terei que deixar minha incessante busca pelo lendário chocolate para depois. Faço o caminho de volta para os dormitórios, passando pelos jardins. Estaria tudo escuro se não fosse pelas luminárias na cerca do limite do Domínio Feminino e pela enorme Lua brilhante no céu. Paro de andar por um momento e olho para cima apreciando a Lua e as estrelas. A Antiga Ordem dava tanta importância desnecessária para essas coisinhas que iluminam o céu a noite, os homens faziam desenhos com as estrelas e as usavam para contar histórias de povos que eles mesmos inventavam, atribuíam poderem místicos para a Lua, poderes que a ciência ri ao ouvir. Tanta atenção dada a uma pedra gigantesca que serve de satélite e a punhados de poeira cósmica.

– Hey!

Viro minha cabeça em direção ao som. O mesmo garoto da blusa vermelha que eu havia visto mais cedo pela janela do refeitório, agora está parado a poucos metros de mim, me olhando intensamente. Pisco. "Vá embora" é o que a minha consciência me diz. Mas não, eu fico. A curiosidade as vezes é maior do que o medo.

– Falou comigo?

– Sim, er, pode me dizer como eu saio daqui? - ele pergunta meio encabulado, passando a mão atrás da nuca. Seu cabelo é loiro e bagunçado, seus olhos são de um tom escuro de verde. Além da blusa vermelha, ele veste uma calça escura e tênis, eu acho. Ele está em uma perfeita desordem.

– Uh, daqui você está se referindo ao Domínio Feminino, certo? - pergunto com um pé atrás. Se ele chegou até aqui, como não sabe voltar?

– É, isso. - o garoto abre um sorriso. - Sei que pode parecer um pouco estranho um cara do nada te parar a noite e te perguntar como voltar para o lugar onde ele morou a vida inteira, mas é que eu tenho lápsos de memória as vezes, e isso está começando a ferrar comigo.

– Lápsos de memória? Sério? - eu não me controlo e começo a rir, o garoto me olha como se eu fosse a criatura mais estranha que ele já viu na vida, é aí que eu rio mais. - Desculpa, desculpa. É que essa sua história é muito boba. Você poderia simplesmente dizer que veio visitar a sua namorada escondido, e que passou tantas horas entretido com ela que acabou perdendo até o rumo de casa.

– O quê? Não! Você acha que essa é a verdade? - ele olha para mim esperando uma resposta. Eu apenas balanço a cabeça em um sim silencioso. - Primeiro eu não vim visitar ninguém, eu nem tenho namorada! Segundo eu realmente tenho lápsos de memória. E terceiro nada disso é da sua conta.

– Tudo bem então. Quem está precisando de ajuda aqui é você, não eu. - digo dando as costas para o garoto e saindo andando pelo jardim escuro. Quem ele pensa que é para falar comigo assim? O ouço falar um palavrão baixo. Mal educado.

– Olha foi mal ok? - o garoto diz para chamar minha atenção. - É que eu não estou acostumado a pedir ajuda para alguém, na verdade eu odeio ter que fazer isso, mas, er, sério, eu preciso voltar, então... - ele para esperando que eu entenda o que ele quer dizer. É claro que eu entendo, mas fico calada. Ele revira os olhos e continua. - Você por favor pode me mostrar a saída? Por favor?

– Claro. Por que não? - digo sorrindo. Agora assim. - Você já tentou usar o portão?

– Sim. - ele diz em tom de pergunta. - Ele está trancado. Eu não sei o código, e não tenho uma identificação do Domínio Feminino, portanto não dá pra passar.

– Hmm, aí complica. - digo dando de ombros como seu eu não pudesse mais fazer nada por ele. O garoto fica visivelmente irritado. E isso me diverte cada vez mais.

– Ah qual é? Você tem uma id, você mora aqui merda!

– Sem palavras de baixo nível, por favor. E não é merda, é Rebecca. - dou um sorrisinho irônico, ele fica mais irritado ainda. - Ah, e antes que você fale mais alguma coisa, vou esclarecer porque eu não posso usar minha id: já passou do toque de recolher. Aí, se eu fizesse isso, amanhã estariam batendo na minha porta me perguntando o que eu estava fazendo destravando o portão tarde da noite. E então eu iria me meter em encrenca por causa de um estranho. Não, eu não faço isso.

– Ok, Rebecca. - ele diz dando ênfase no meu nome. - Você sabe que isso é extremamente egoísta, não é? Mas felizmente, eu sei lidar com pessoas egoístas. - ele pausa. Eu franzo a testa esperando. - Vamos fazer o seguinte. Você me ajuda a sair daqui, porque eu tenho certeza que há uma outra saída clandestina e você sabe onde é, e em troca quando nos vermos de novo, você pode me pedir qualquer favor.

– E quem me garante que vamos nos ver de novo?

– O destino tem um péssimo senso de humor, ele adora irritar as pessoas, então mesmo que eu não queira ver você novamente, eu tenho certeza que é isso vai acontecer.

– Então, qualquer favor? - pergunto me certificando.

– Qualquer favor. - responde com um sorriso malígno no rosto. Não que eu me importe, é claro.

– Ok. Vem comigo. - digo andando para o norte do jardim.

– Eu sabia! - o garoto diz rindo alto.

– Cala a boca! Se você continuar dando essas gargalhadas, vão acabar nos ouvindo. - digo. É aí que ele ri mais uma vez, e mais alto. Me viro e olho feio para ele. O garoto dá um sorriso torto enquanto levanta suas mãos para cima em sinal de rendição. Imbecil. Continuamos andando. Só volto a falar depois de um tempo, quando tenho certeza de que ninguém havia nos ouvido. - Temos sorte de as câmeras estarem desligadas hoje. - digo a ele - Sei disso porque ouvi os técnicos conversando de amanhã no corredor dos dormitórios. Parece que houve uma pequena pane no sistema de vigilância, ou algo do tipo. - ele assenti e continuamos andando. Eu o levo a uma parte na cerca que é inteiramente de folhagem, como o resto do muro, mas aqui não há nenhum campo elétrico do outro lado apenas esperando para nos fritar. - Roger, um amigo meu, é o único que consegue burlar o esquema eletrônico dos muros dos Domínios, tanto o feminino quanto o masculino. Ele é o cara quando se fala em tecnologia. Anos antes ele havia conseguido desligar essa parte da cerca, assim a galera poderia ir e vir sem problemas. Genial não acha? Talvez você o conheça.

– Hm, eu acho que não. Eu faço mais o tipo de cara que fica sentado em seu quarto, olhando pela janela, esperando a Intervenção chegar. - ele diz meio sorrindo.

– É o que a maioria faz, não que eu ache certo, mas...

– Por que não? - ele pergunta parecendo que realmente quer saber o motivo. Olha para mim esperando.

– Eu não sei. - dou de ombros. - Só acho que não devemos desperdiçar dezoito anos da nossa vida esperando por uma coisa, aí depois, só então começar a viver e não apenas existir. - olho para ele que continua me ouvindo com atenção. - Juridicamente, você só é alguém após a Intervenção, mas que se dane esse lado jurídico. Para mim você é alguém agora e vai continuar sendo alguém depois, a única diferença é que você vai ter liberdade e poder viver para sempre.

– E morrer se quebrar as regras. - ele completa.

– É... Mas isso também pode acontecer antes da Intervenção. - concordo, tateando com as mãos a cerca a procura da fenda que preciso. Quando finalmente a encontro, aperto um botão que o Roger instalou bem ali entre as folhas, e uma pequena porta se abre automaticamente. Olho para o garoto que ainda observa a porta. - Aqui está. Sério que você não sabia da existência dessa passagem?

– Talvez eu até sabia, mas acontece que os meus lápsos de memória ferram comigo. - ele diz abrindo um imenso sorriso. Oh. Meu. Deus. Ele é lindo demais. Tento voltar a raciocinar.

– Lápsos de memória, certo. - sorrio de volta. Ele já ia passando pela pequena porta quando digo. - De nada, estranho.

– Ah claro, obrigado Rebecca. - ele diz olhando para mim.

– Você não vai embora sem me dizer o seu nome, não é? - pergunto. Diga, diga, diga, diga, apenas um nome. - Afinal eu quase me meti em encrenca por sua causa.

– Victor. - o estranho agora nomeado diz.

– Ok, Victor. - belo nome, penso, mas não digo nada. - Até a próxima quando o destino resolver cruzar os nossos caminhos de novo. Sabe, eu tenho uma ótima memória, ao contrário da sua. Vou cobrar o favor que está me devendo.

– Tudo bem. - ele diz me dando um perfeito sorriso. - Só vai depender do destino.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Eu gostei. Especialmente porque nesse capítulo temos a primeira aparição do misterioso garoto da blusa vermelha, que no caso não é mais tão misterioso, mas assim o Victor tem muitos segredos embaixo da manga. Aguardem.
Até quinta feira! Quem sabe até lá eu já vou ter mais comentários e favoritos hein? Beijão!



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