A Única Certeza Da Vida Humana É A Morte escrita por Mariyas2


Capítulo 3
Capítulo 3




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Acordei com o sol acariciando minha face, mas não estava mais na montanha, estava num lugar coberto de neve. Vi filhotes de ursos polares brincando ao longe, com sua mãe os vigiando, cuidando para que não se machucassem. Os raios de sol brilhavam na brancura da neve enquanto fui me afastando dos ursinhos.

Já estava bem longe quando ouvi o som de disparos. Percebi que o som vinha do lugar onde os ursinhos estavam brincando, então corri para lá, me escondendo atrás de uma pequena elevação na neve. Um dos ursinhos havia sido baleado e, enquanto o covarde caçador corria, a Mamãe Urso e o Irmãozinho Urso lamentavam a morte do pequeno ursinho. Após lamberem afetuosamente a face dele e empurrarem a neve para mais perto do corpo, a Mamãe Urso e o Irmãozinho Urso foram embora, tristes e solitários. Ao ver aquilo, me lembrei da cena de “O Rei Leão”, quando o pai de Simba morre. Apesar de eu ter pensado que havia chorado tanto a ponto de não ter mais água no meu corpo, as lágrimas voltaram a cair. Sequei--as e continuei a andar.

Após algumas horas, encontrei uma pequena e simples cabana. Bati na porta, ouvi o barulho de coisas caindo no chão, mas ninguém veio abrir a porta. Senti o vento frio bater em minha face e percebi que estava com touca, manta, luvas e um casaco enorme. Não sabia quando eles apareceram ou se eu os estivera vestindo desde o momento em que a névoa tentou me sufocar.

- Quem é? - perguntou uma voz grave e assustadora de dentro da cabana.

- Meu nome é Annie – respondi - poderia, por favor, me informar onde estou?

- Você está na frente da porta da minha cabana - respondeu a voz.

“Avá”, pensei, mas não falei nada.

- Você quer informações, um chocolate quente, uma cama para dormir à noite e uma lareira que espante o frio, certo? - perguntou a voz.

- Bom, eu não havia pensado nisso, mas se o senhor insiste... - falei, um tanto insegura já que não sabia aonde aquele estranho queria chegar.

- Você quer saber o porquê de estar aqui - falou ele. Não era uma pergunta. Como aquele estranho sabia disso?

De repente, a porta começou a se abrir, mas não havia ninguém.

-Hã-ham.

Olhei para baixo e vi um gato. Mas não era um gato comum, ele estava apoiado nas patas traseiras, de pé como um humano, e usava uma manta no pescoço.

-Entre - disse ele, mas sua voz estava mais suave e aguada.

-Sua voz- - comecei a perguntar, mas ele me interrompeu. - Eu faço aquilo para assustar os curiosos - respondeu e foi para um canto da porta, a fim de me dar espaço para passar. A cabana era simples, mas aconchegante. Lembrava a casa dos Sete Anões na história da Branca de Neve, só que em vez de anões era um gato. Um gato que falava, andava sobre as patas traseiras e aparentemente sabia acender uma lareira e cozinhar, mas mesmo assim era um gato.

- Meu nome é Nico, e o seu é Allie, certo? - perguntou.

- Annie - corrigi-o, mas ele deu de ombros.

-Allie, Annie, dá tudo no mesmo, só muda uma letra...

Parecia inútil discutir com ele, então apenas fiquei observando enquanto ele colocava uma pequena cadeira perto da pequena mesa.

- Sente-se - disse, enquanto preparava o chocolate quente.

- Então você falava sério quando disse que ia me dar chocolate quente, uma cama e uma lareira para espantar o frio?

- Se você quiser, pode dormir no chão.

- Não, obrigada. - Bebi o chocolate quente (que estava delicioso) e fiquei esperando ele terminar o seu.

- Você não está morta, se isso diminui suas preocupações - disse ele.

-D-Do que você está- - comecei a dizer, mas fui interrompida.

- Você queria saber o porquê de estar aqui, mas tinha medo da resposta. Não se preocupe, você não está morta.

Fitei-o por um momento.

- Onde exatamente é “aqui”? - perguntei, curiosa.

- Onde você quer que seja? - perguntou ele, enquanto observava atentamente minha reação.

- O que quer dizer?

- Exatamente o que eu disse - respondeu ele com um sorriso. Nossa conversa terminou ali, ele levou-me até um quarto de hóspedes, disse para eu me sentir a vontade e foi para o seu próprio quarto. Não havia percebido o quanto eu estava cansada até deitar na cama e dormir instantaneamente.


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Notas finais do capítulo

Por causa desse capítulo, minha irmã ficou me chamando de assassina de ursinhos por semanas! :P

E ai? Estão gostando?



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