Do Lado De Dentro escrita por Mi Freire


Capítulo 54
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Notas iniciais do capítulo

Eu estou adorando escrever essa nova fase da história.
Estou adorando fazer com que as coisas deem certo finalmente.



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"Quando estão juntos o mundo parece um lugar melhor de se viver."

Fui embora sem que ele percebesse.

Entrei em casa e fui direto até a geladeira. Queria muito beber um copão de leite bem geladinho. Acordei muito cedo. Provavelmente todos ainda estavam dormindo. Ninguém teria sentido a minha falta.

— Isso são horas de chegar em casa mocinha? – tomei um susto com a minha tia e quase engasguei com o leite.

Ela deu um tapinha na minhas costas.

— Tá maluca tia? Acabei de acordar!

— Hayley, esqueceu-se eu já tive a sua idade?

Ela riu sozinha. Passou por mim e depositou sobre a mesa alguns sacolas plásticas.

— Fui até a padaria com a desculpa de encontrar uma gatão por lá. Mas ele nem apareceu. – ela se justificou antes mesmo de eu perguntar.

Nem ousei a perguntar quem seria esse tão gatão.

Por sorte a Amy já estava no meu quarto e porta não estava trancada. Assim nem precisei correr o risco de ter que bater na porta do Oliver e encontrar os dois pelados só pra pedir a chave. Ela estava tirando o colchão do chão e dobrando os lençóis. Sorriu afetada ao me ver.

— Como foi a sua noite com o Jesse?

— Não poderia ter sido melhor. E a sua com o Oliver?

— Digo o mesmo. – nós duas sorrimos.

Logo depois a casa inteira decidiu que era hora de acordar. Tia Jenna já havia adiantado o café. Descemos todos para cozinha.

— Eu já estou de saída. – mamãe mal comeu e já se levantou toda apressada. — Hoje é meu dia de abrir a Confeitaria.

— E eu vou com você. – disse meu pai, já se levantando também. — Já que agora eu sou o novo motorista de vocês.

Mamãe deu um beijinho em mim, no Oliver e até mesmo na Amy.

— Hayley, fique de olho na sua tia. Jenna cuide da casa pra mim. Oliver e Amy vejo vocês mais tarde.

Olhei para eles esperando por uma resposta.

— Mamãe nos contratou ontem para trabalhar na Confeitaria com ela e a Dona Carlota. Assim poderemos ajuda-las e ficar juntinhos. – ele beijou a Amy todo carinhoso. Me retirei na mesa e fui para a sala de estar.

Assim que me sentei no sofá pronta para ligara tevê meu celular vibrou.

Você se foi e deixou saudades.

Sorri encantada com a mensagem do Gesse. A Amy, em seguida, sentou-se ao meu lado.

— Chama o Jesse pra ir acampar com a gente hoje mais tarde.

— Acampar? – perguntei surpresa.

— É, acampar. A Nath ligou hoje mais cedo antes de você chegar dizendo que vem nos visitar com o Eric, então o Oliver teve a ideia de irmos até a represa acampar.

— Mas vocês dois não estão trabalhando pra mamãe?

— Eu fico no lugar deles enquanto isso. – tia Jenna surgiu do nada como se estivesse todo o tempo escutando nossa conversa.

— Já está tudo combinado, maninha. – o Oliver vinha logo atrás. Sentou ao lado da Amy e entrelaçou seus dedos nos dela. — A mamãe autorizou. O papai até emprestou o carro.

De repente me senti dentro de um filme.

Tentei a todo custo prestar a atenção ao máximo na televisão, mas nada me tirava da cabeça a possibilidade de acampar com o Jesse pela primeira vez, mesmo que pra isso, tivéssemos que levar todo o resto junto.

— Eu já estava mesmo indo falar com você. – encontro com ele vindo em direção a minha casa.

— Também já estava com saudade? – ele me puxou pela cintura e me deu um beijão. Quase perdi o folego, não esperava por isso.

— Muita. – eu disse sorrindo, me sentindo tão infantil. — Mas não é só isso. Queria saber se você quer ir acampar com a gente.

Subimos até meu quarto, enquanto o Oliver se agarrava com a Amy no sofá da sala esperando pela aparição da Nath e o Eric a qualquer momento e minha tia Jenna preparava o almoço.

Expliquei tudo a ele.

— Claro que eu quero! – ele disse empolgado. — Mas primeiro tenho que falar com o meu tio.

Só espero que Alexander não estrague tudo.

Ficamos um tempinho ali aproveitando a oportunidade de sermos só nós dois. Algumas horas depois, antes do almoço, ouvimos a Natalie chegar com o namorado. Descemos até a sala para cumprimenta-los.

— Venham almoçar criançada! – minha tia gritou da cozinha.

De repente foi como se nunca tivéssemos saído daquele internato. Estávamos todos ali, faltava um ou outro, mas realmente parecia não fazerem falta. E então, enquanto todos conversavam, sorriam e comiam ao mesmo tempo, me peguei pensando que provavelmente não voltaria tão cedo a aquele lugar – só para pegar uma papelada para a universidade - onde conheci boa parte deles, tirando meu irmão.

— Vou dar uma saidinha. Vocês se encarregarão de limpar a cozinha.

Jenna se foi, pela porta dos fundos.

Levei as coisas da Nath e do Eric lá pra cima para o meu quarto, o Jesse ficou para ajudar meu irmão com a louça, a Nath e a Amy deram um jeito da mesa e o Eric ficou sem saber o que fazer, por isso ele optou por dar um apoio moral para os meninos.

— Seria melhor que a gente já começasse a arrumar nossas coisas pra mais tarde. – sugeriu meu irmão quando a cozinha já estava brilhando.

Todos subiram para o pavimento superior deixando eu e o Jesse sozinhos.

— Eu vou falar com o meu tio. – levei o Jesse até a porta. — Eu te mando uma mensagem. E aproveito pra arrumar minhas coisas também.

O Jesse me deu um rápido beijinho e saiu.

— Qual é a de vocês? – Natalie perguntou muito atrevida. Eu, ela e Amy estamos no meu quarto fazendo as mochilas. Eric estava ajudando o Oliver no quarto dele. — Estão namorando?

— Namorando não. – respondi ignorando os olhares das duas. — Estamos apenas... Juntos.

— E você acha que ele vai te pedir em namoro uma hora ou outra? – a Natalie adora insistir nesse tipo de pergunta.

— Quer saber? Eu não sei. Não sei! E também pouco me importa.

Mas não é verdade, só não poderia admitir em voz alta. Tudo que eu mais quero é que o Jesse me peça em namoro e que as coisas entre nós sejam finalmente oficializadas. E se isso demorar, eu mesma farei o pedido de namoro. Só que pensando melhor... Ele pode até não estar mais com a Alexa, mas eu teoricamente, ainda estou com o Tyler. Desde que ele foi expulso venho tentando falar com ele por telefone já que não sei onde ele mora, mas não tenho resultados.

E que esse acampamento fique marcado pra sempre na nossa história.

Quase saltitei de tanta alegria ao receber a confirmação do Jesse.

Só esperaríamos a mamãe fechar a Confeitaria para irmos até a represa com o carro do papai. Oliver tem a carteira de motorista desde seus dezesseis anos, mas é a primeira vez que meu pai confia seu carro a ele.

Mamãe pediu que tomássemos cuidado, papai disse ao Oliver que o mataria caso ele quebrasse sua confiança, tia Jenna garantiu que daria conta do trabalho na Confeitaria enquanto Amy e Oliver estivessem fora, mesmo assim mamãe exigiu que não demorássemos muito para voltar.

A única represa perto da minha cidade fica a uma hora e meia de distância. O lugar é muito conhecido pelo imenso camping para acampar, além das grandes arvores que cercam a represa. Geralmente o lugar nunca está muito lotado, mas muitos casais o procuram para passarem um tempo juntos em suas barracas. Quando eu era pequena vinha passar meus finais de semana ali. Mas depois de crescida não mais.

Já estava escuro quando chegamos finalmente. Os garotos carregaram as coisas mais pesadas, enquanto nós meninas os auxiliavam com as lanternas pelo caminho até o camping.

Escolhemos um local mais afastado dos outros ali presentes para montar nossas barracas. Eram três. Cada uma para um casal. O Jesse me ajudou na montagem, Natalie e Eric estavam tendo dificuldades com a deles, o Oliver já experiente foi o primeiro a terminar o que causou uma pequena discursão com a Amy que teve um ataque de ciúmes repentino.

— Quantas vezes você já veio aqui? – ela perguntou muito séria a ele. — E quantas garotas já trouxe com você?

Eu quis muito rir. Não acreditava que a Amy ia ter uma ataque e estragar aquele momento tão maravilhoso entre casais. Para tentar amenizar a situação, o Oliver foi buscar lenha para nossa fogueira e a Amy, claro, foi atrás ainda querendo brigar.

— Ficou boa assim. – eu disse ao Jesse, olhando para a nossa barraca já montada e parecendo perfeitamente aconchegante. — Vou dar uma arrumadinha lá dentro. Enquanto isso, porque você não vai ajudar a Natalie e o Eric?

A barraca é razoavelmente espaçosa. Cabe umas quatro pessoas ali dentro. Mas seremos só eu e o Jesse para o meu total alivio.

Forrei o chão com um lençol mais grosso e deixei o outro mais fino para quando fossemos nos cobrir ao dormir já que fazia bastante calor aquela noite, deixei de lado as mochilas com nossas utensílios e lanches, acendi a lamparina e me sentei à espera do Jesse.

— Pronto! Conseguimos. – ele entrou dentro da nossa barraca, acomodando-se ao meu lado. Eu estava passando repelente contra os mosquitos. — Quer ajuda?

Fechei meus olhos sentindo-o espalhar o repelente sobre a superfície da minha pele todo cuidadoso: braços, pernas, ombros e no rosto também.

Assim que ele terminou fiz o mesmo com ele sentindo sua pele macia aveludada. Depois, abri minha mochila verificando o que minha mãe tinha tanto enfiado ali dentro. O Jesse apenas observava.

— O que foi? – olhei pra ele sorrindo. — Também já está com fome?

— É. Um pouco. – ele sorriu de lado, avançando em minha direção com sua boca entreaberta. — Mas é que eu quero muito te beijar.

Ele me beijou carinhosamente até deitamos. Por sorte, a barraca estava fechada, assim não correríamos o risco de ninguém estar espiando.

Pelo visto a nossa noite seria longa. Me dava até um frio na barriga.

— Ei casal – ouvimos a voz do Oliver do lado de fora. — desculpe ter que interromper, mas, Jesse preciso da sua ajuda com a fogueira.

Saímos os dois para nos unir aos outros do lado de fora. Sentei-me perto das meninas sobre um lençol no chão próximo do que em breve seria uma fogueira. Os meninos davam o jeito deles. As meninas apenas observavam de longe com o ar de sonhadoras.

— E ai Amy – quebrei o silêncio. — Descobriu quantas garotas o meu irmão trouxe aqui pra esse mesmo lugar?

— Não provoca, boba. – ela me deu um leve tapa, rindo. — O que vocês vão fazer? Digo, com restante da noite.

— Acho que eu vou dar uma volta com o Eric. Nunca viemos aqui, queremos conhecer melhor esse lugar. - a Nath respondeu sorrindo.

— Tomem cuidado. Pode ser perigoso! – alertei. — Eu só quero ficar com o Jesse. Não importa o que faremos. Podemos fazer nada e mesmo assim será ótimo. Mas e você e o Oliver?

— Eu não sei, o Oliver não decidiu nada ainda. Eu estou um pouco apreensiva com a hora de dormir. Ontem foi a primeira vez que dormimos juntos na sua casa. Mas hoje, é diferente. Somos só eu e ele, tenho um pouco de medo do que ele possa tentar. Acho que não estou preparada, entendem?

Eu entendia perfeitamente, qualquer garota entenderia.

— Quer que eu fale com ele? – sugeri.

— Não! Não. É melhor eu criar coragem para falar...

— Eu também acho. – a Nath concordou com ela. — Mas vamos mudar de assunto. A noite será longa! Amy, você tem muito tempo até criar coragem de dizer o que sente. Sabe que pode contar com a gente, caso for preciso. Entrando no clima... Vamos falar de primeira vez!

— O quê? – me assustei. — Não! Não é uma boa ideia. A Amy nem teve a primeira vez dela ainda.

— Não? Como não? – a Nath pareceu surpresa. Com certeza as vezes ela é meio lenta. Será que não entendeu o a Amy realmente quis dizer com tudo aquilo?

— Não, Nath. Ainda não. – a Amy revirou os olhos. — Ou você acha que eu estou com medo de dormir com o Oliver porque eu sei exatamente o que fazer caso as coisas esquentarem?

— Ah, eu não sei. – Nath olhou confusa para nós. — Tá. Tudo bem. Não tem problema. Desculpem. – ela virou-se pra mim. — Mas e você Hayley... Você e o Jesse já...?

— Claro que não! – respondi quase como se tivesse ficado ofendida. Mas ao mesmo tempo lembrei de quando eu e o Jesse chegamos muito perto. Até conversamos sobre isso. — A primeira vez aconteceu há um bom tempo atrás... Eu tinha quinze anos. Foi com meu primeiro namorado.

— E como foi? Vai, conta pra gente! – Natalie insistiu, mas bastou eu fazer uma careta pra ela entender o recado. — Tá bom. Entendi. Você não quer entrar em detalhes. – assenti. Pelo menos a Amy sabia bem porquê. Apesar da minha primeira vez com o Brandon ter sido maravilhosa em todos os sentidos. — A minha foi com o Eric. Aconteceu nas férias de inferno, lembram? Não nos separamos nenhum instante. Foi lá em casa. E ele foi muito carinhoso, cuidadoso, sensível e romântico. Foi a primeira vez dele também. Eu tinha certeza do que estávamos fazendo.

Pelo o olhar da Amy percebi que ela ainda estava pensando naquilo e eu sei o quanto tocar no assunto é difícil pra algumas meninas.

— Não se preocupe, Amy. – apertei firme a mão dela. — Essas coisas acontecem naturalmente quando tiverem que acontecer. Se você não se sente preparada ainda e conversar com o Oliver, e ele realmente te amar de verdade, ele vai entender e ser paciente. O momento certo vai chegar quando você se sentir segura. Você será a única capaz de saber a hora certa e ninguém mais poderá decidir por você.

Agradecida com meu conselho ela me abraçou.

— Estou atrapalhando meninas? – assim que me afastei da Amy vi o Jesse em pé diante de nós. — Hayley, posso te roubar um pouquinho?

Nesse momento, com a fogueira já acessa, o Oliver também se aproximou de nós. Levantei-me com o auxílio do Jesse e o Oliver se sentou no meu lugar ao lado da Amy passando seu braço pelo ombro dela.

— Eric! Amor, vamos dar uma voltinha? – a Nath berrou, correndo em direção ao Eric parado lá do outro lado da fogueira.

Cada casal iria aproveitar seu momento sozinhos.

O Jesse entrelaçou seus dedos nos meus e caminhamos devagar sem rumo até chegarmos a uma pedra. Uma grande pedra no alto entre as arvores muito próxima da represa.

Sentamos ali ainda de mãos dadas com os pés balançando no alto, enquanto lá em baixo a água parada cintilava com o brilho da lua refletindo na superfície.

— Esse momento está sendo tão perfeito – ele soltou a minha mão e acariciou meu rosto delicadamente. — que eu não me importaria em ficar aqui com você pra sempre. Eu jamais me cansaria.

Com essas palavras ele me beijou.

— Já te disse o quanto eu gosto de você? – ele continuou, eu ainda me sentia no mundo da lua. — Eu gosto de cada detalhe seu. Gosto do seu olhar, algo nele me fascina. Gosto dos seus olhos, eles brilham mesmo quando você não está olhando para nada especificamente. Gosto da sua boca perfeita com suas curvas certeiras. Gosto da sua pele sensível que se arrepia facilmente. Gosto das suas bochechas, são fofas, são lindas, ficam vermelhas sempre que te elogio. Como agora. – ele sorria. Sorri também. — Gosto do jeito como você se veste, gosto das suas roupas. Gosto do seu cabelo azul, é diferente, é único. Gosto da sua pele macia, cheirosa, tatuada. Gosto do jeito que você anda, que você se meche. Gosto de cada movimento do seu corpo. Gosto do seu jeito de ser, espontânea, animado, explosivo, grosseiro, sensual, cuidadoso. Gosto da sensação de quando estou com você, te abraçando, te sentindo, te tocando, te beijando, te cuidando quando você está triste, chorosa, sensível. Tenho ciúmes, uma raiva absurda de você. Tudo por medo de ter perder. Eu já fiz tanto mal a você! Gostaria de poder mudar muitas coisas. Sou egoísta, ciumento, medroso, algumas vezes insensível, imaturo mas sou capaz de fazer de tudo para te ter perto de mim. Hayley, eu sou louco por você!

Queria pular nos braços dele tamanha emoção, já sentia meus olhos marejados com cada palavra que tinha acabado de ouvir diretamente da boca dele. Mas fiquei com medo de machuca-lo, e fui mais cuidadosa, passando meus braços em volta do seu pescoço e puxando-o para mais um beijo romântico diante daquela paisagem linda.


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Notas finais do capítulo

O que vocês acham? Eles não são lindos juntos? Tem muita coisa ainda pela frente!



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