Do Lado De Dentro escrita por Mi Freire


Capítulo 26
Bêbada


Notas iniciais do capítulo

Hayley estaria se apaixonando por Jesse ou confundindo os sentimentos?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/422544/chapter/26

"Que a vontade de ser feliz, seja maior que o medo de se machucar de novo."

Acordei com uma vontade absurda de pintar. Para que de alguma forma eu pudesse colocar pra fora tudo que estava preso dentro de mim. Mas isso não era possível, não ali em casa. Nem tínhamos telas ou tintas. Papai e mamãe nunca souberam de um dos meus poucos talentos internos.

Amy está dormindo no meu quarto. Mas é claro que ela sempre acorda mais cedo que eu. Nesse momento, por exemplo, enquanto estou me espreguiçando, vejo que ela tem nas mãos dois presentes dos muitos que ela recebeu noite passada. Amy está sentada sobre o colchão ao lado da minha cama. Parece muito distante em pensamentos.

— Não é lindo? – ela perguntou, ao ouvir minha movimentação de quem acabara de acordar. Amy se referia ao colar prata com uma pedrinha azul, já em seu pescoço. Um presente de Oliver. — Esse aqui foi o Jesse quem me deu. Quer um?

Jesse havia dado a ela uma caixinha em formato de coração com vários bombons dentro.

— São lindos, Amy. Mas não. Obrigada. – levantei-me, deixando o cobertor cair. Nem me esforcei para pega-lo. — Vou escovar os dentes.

Manhã de natal. Todos à mesa para o café da manhã como em uma tarde de domingo. Muitas coisas foram as que sobraram de ontem, outras, mamãe e Beth providenciaram em fazer.

— Bom dia família! – Tyler apareceu completamente sorridente. Pelo visto ele dormiu muito bem. — Não tem problema não é? – ele sentou-se ao meu lado, dando-me um beijo no rosto. — Eu chamar vocês de família.

— Não... – mamãe fez questão de responder. Ela tinha mesmo gostado do Tyler. Não tanto quanto aparentava gostar do Jesse. Mas mamãe sempre gosta de todos. Sem exceções.

— Claro que tem! – Oliver interrompeu, servindo-se com café quente, sem olhar pra ninguém em particular. — Você não é da família.

Todos parecem bem constrangidos com o que acabaram de ouvir. Mas o mais importante é que Tyler pareceu não se incomodar com a grosseria do meu irmão. Ele apenas sorriu ainda mais. Divertido.

— É claro que ele me ama – Tyler disse no eu ouvindo, referindo-se ao meu irmão. — Só é difícil pra ele ter que admitir.

Dei risada. Todos ficaram curiosos para saber por quê. Gosto da maneira como Tyler leva tudo para a esportiva. Ele nunca parece afetado ou atingindo com o que dizem ao seu respeito. Tyler faz piada de tudo, como se fosse imune às criticas e o mau-humor de certas pessoas.

Elisabeth saiu com Joseph, mamãe e as crianças para tirarem fotos pelo bairro com a decoração natalina. Papai saiu para festejar o dia com os velhos amigos.

— Você ficou linda com esse cardigã. – trombei com Oliver antes de sair do meu quarto. Acabara de tomar um banho. — De verdade.

Meu irmão me elogiando? Isso é épico. Nunca aconteceu antes.

O cardigã foi um presente dele, do meu próprio irmão. Um cardigã cinza claro de lã, mangas longas e decote em V. Seu comprimento vai até o meio das minhas coxas. Oliver acertou na escolha.

— Obrigada. Mas, se você quer alguma coisa de mim, sinto muito, mas eu estou sem dinheiro.

— Não é isso bobinha – ele apertou meu nariz, dando risada. Meu irmão sendo legal comigo? O verdadeiro Oliver deve ter sido abduzido. — O Jesse está te esperando lá em baixo. Mando-o subir?

Jesse lá em baixo me esperando? Subir? Por quê? Pra que?

— É melhor que vocês conversem aqui em cima. O chato do Tyler vai querer atrapalhar e... – Oliver parecia mesmo preocupado. O que aconteceu com ele? De verdade. Estou preocupada.

— Tá. Mande-o subir.

Voltei para o meu quarto bem organizado por Amy. Porque se dependesse de mim estaria uma zona. Escutei duas batidas na porta, antes de Jesse anunciar que estava entrando.

— O que tá fazendo aqui? – virei-me para olhar pra ele. Literalmente confusa. De repente minha vida estava bem mais agitada que o normal.

— Seu irmão não disse que eu...

— Sim, ele disse. – cortei-o antes que ele pudesse se explicar. — Eu só quero saber o que você realmente quer aqui.

— Hayley – ele riu, balançando a cabeça negativamente. — você está agindo como se eu fosse um estranho.

— Não é isso, é que... – sim, ele estava com razão. Porque eu estava agindo tão na defensiva? O que há de errado em Jesse querer conversa um pouco? Ou sei lá o que ele venho fazer ali.

Shhh. Não precisa dizer mais nada. – já bem próximo de mim, ele me calou com seu dedo indicador. Pressionado seu dedo tempo demais sobre os meus lábios. Jesse não tirava os olhos da minha boca.

O que deu nele?

Antes que eu pudesse perguntar, ele me puxou pela cintura me fazendo tropeçar nos meus próprios pés e me pressionou forte contra o seu corpo me fazendo levantar os pés para estar a sua altura. Ele é sete ou dez centímetros maiores que eu. Jesse me beijou. Engraçado porque, nós sempre nos beijamos em momentos oportunos como esse, sempre que estamos tentando dizer algo, somos interrompidos pelo impulso um do outro.

— Um beijo de natal. – ele sorriu torto, falando em voz baixa. Como se fosse um segredo nosso. Se bem que era. — Por não temos conseguido nos beijar ontem quando fomos... Interrompidos pelo Tyler.

— Porque você faz isso? – perguntei bruscamente, me soltando dos braços dele, dando alguns passos para trás.

Por mais que eu tivesse gostado do beijo, eu sempre gosto, não é como se eu pudesse entender literalmente o isso possa significar.

— Porque você sempre pergunta isso? – o sorriso intacto do rosto dele me fazia ter vontade de soca-lo.

— Por quê? – perguntei incrédula. Porque homens às vezes são tão babacas? Nunca percebem o que não se foi digo. — Porque está sempre me beijando quando tem vontade? Como se eu fosse um brinquedinho seu!

— Não é nada disso, Hayley. Você está entendendo mal. – por um momento achei que ele estava perdido, ou confuso. Talvez surpreso — Não te beijo só porque tenho vontade. Te beijo porque sei que você também tem vontade.

— Como pode ter tanta certeza? – perguntei furiosa, cerrando os punhos. — Você não sabe nada de mim!

Isso eu sei. – ele deu ênfase, convicto. — Sei por que se você não quisesse, todas as vezes que te beijei você teria evitado, se afastado, reagido mal ou até mesmo me batido. Mas nunca fez nada disso. Pelo contrário. Você mesma já me beijou por vontade própria.

Como ele ousa a falar dessa maneira comigo? Pela primeira vez, ouvindo Jesse falar, senti que ele era um cafajeste como todos os outros garotos em geral. Só mais um babaca que acha que pode me beijar quando quiser. E se sente um máximo por eu ter o beijado por vontade própria, uma ou duas vezes, nada mais que isso. Como se ter vontade de beija-lo significasse alguma coisa.

— Desgraçado! – ataquei-o com meus punhos. Socando o peito dele com toda minha força. — Eu posso te matar sabia? Cretino! Eu te odeio!

— Pode – ele segurou meus punhos, impedindo que eu continuasse a agredi-lo de tal maneira. — mas não vai. Porque não quer.

Sempre tão convencido. Eu não o suporto!

Antes que eu pudesse partir pra cima dele outra vez, Jesse voltou a me puxar para perto dele pela cintura, com as mãos firmes em minhas costas. E lá estávamos nós nos beijando outra vez. Dessa vez bem diferente das anteriores. Um beijo mais caloroso e intenso.

Pensei em tentar fugir dos encantos dele para que não pudesse se achar tanto e depois jogar tudo na minha cara. Mas não conseguia. Porque seu beijo fazia com que eu me sentisse frágil e fraca. De certo modo quase que.... Derretida. Sou incapaz de fazer qualquer coisa que pudesse acabar com aquele precioso momento.

Tropecei em um par de sapatos, talvez um dos de Amy, e caímos juntos sobre a minha cama. Ele por cima de mim, me olhando fixo, com uma expressão muito desejável. Os olhos brilhando a pouca luz que entrava pela janela entreaberta. Lá fora nevava. Como uma garoa fina que caia do céu.

Jesse pausou nosso beijo e mordeu os próprios lábios inferiores. Se a intensão era e provocar, pois bem, ele conseguiu. Porque sempre consegue. Seja de maneira positiva ou negativa. É quase como ele tivesse um tipo de poder sobre mim no qual eu não podia evitar ou fugir.

— Você não é só um brinquedinho pra mim. É muito, muito mais que isso. Muito mais do que você imagina. Muito mais do que eu posso expressar. Muito mais do que eu próprio gostaria.

Ele voltou a me beijar, passando a mão devagar por meus cabelos.

Sim, o que ele disse foi realmente bonito e completamente estranho para a ocasião. Soou um tão romântico. Mas o que me deixou intrigada e bastante incomodada foi a ultima frase: “Muito mais do que eu próprio gostaria.” O que ele quis dizer com isso? Quis dizer que gostar de mim, por mínimo que fosse, era completamente errado? Porque, assim como seu tio Alec, ele também acha que eu não sou o tipo de garota certa?

— Jesse...

— Eu vou fingir que entendo. – ele saiu de cima de mim, rolando para o lado. Senti-me tão exposta, quase nua. De repente com tanto frio. — Sei que o que eu quero saber, você não quer me contar. Mas seria bom que você percebesse, que se quiser, pode confiar em mim e me contar o que tanto te assombra. Da mesma forma como eu confiei em você tantas vezes.

Evitei o contato dos seus olhos, jogando a cabeça para o lado oposto, o lado que ele não estava, o lado que não havia ninguém além do vazio do quarto. O silêncio entre nós era tão assombrador que por um momento pude ouvir a batidas dos nossos corações no mesmo ritmo.

— Ainda não tô preparada. – voltei a olhar pra ele, com a voz vacilante. Toquei seu rosto, da mesma forma, como tantas vezes ele tocou o meu. Pude sentir a maciez da sua pele. — Espero que entenda. – sorri pra ele e pro meu alivio ele sorriu de volta. — Sabe de uma coisa? Você nunca me falou antes sobre suas antigas namoradas, seus casos de amor...

Jesse abriu a boca para dizer algo, mas antes, eu precisava dizer outra coisa. Algo muito importante.

— Se não quiser falar sobre isso, tudo bem pra mim. Só não me conte nada esperando que eu responda as suas tantas perguntas.

— Não tem problema. Vou falar mesmo assim – ele sorriu, com a boca fechada. — Antes de ir para o internato eu namorei duas vezes. A primeira garota foi o que eu pensava ser meu primeiro amor. A segunda era tão pirada que ao invés de nos amarmos, nós brigávamos. O tempo todo, até que acabou. Hoje, não tenho mais contato com nenhuma delas. Não costumo parar pra pensar no que aconteceu naquele tempo entre a gente. A verdade é que não foi tão significativo pra mim. Mas também não me arrependo de nada. Se pudesse voltar no tempo, também não mudaria nada. Acho que tudo foi uma forma de aprendizado e é basicamente isso que eu levo de lição pra tudo que acontece comigo.

— Ah – disse, compreensível. Meio vaga. Imaginando a aparecia das antigas namoradas de Jesse. Com certeza, as duas eram muito bonitas, daquele tipinho com cara de anjo, igual à Alexa. — E ficadas? Rolos sem compromisso. Você teve muitos?

— Nunca gostei muito de ficar sem compromisso. Não consigo não me apegar às pessoas. Mas houve sim, momentos, em que fiquei com uma garota só pra curtir mesmo. Só que eu prefiro algo mais sério.

— Ah – disse outra vez. Irritando-me com a minha própria falta de palavras. Nem sempre consigo me expressar da forma como gostaria. — mas, alguma vez na sua vida, você se apaixonou por uma garota que nem sabia que você existia? Claro que isso é pouco provável – sorri. — Afinal, você é um astro de uma banda!

— Ser baterista de uma banda nem sempre é grande coisa – ele riu baixinho, retribuindo o carinho que eu fazia nele. Jesse tocava meus cabelos. Acho até que ele gosta muito do meu cabelo. — Mas quem nunca gostou de alguém que não deveria gostar?

Parei pra refletir. Jesse tem razão. Quantas vezes nos apaixonamos sem querer por uma pessoa da qual não deveriamos nos apaixonar? Talvez por ela já ter um compromisso, ou por ela não ter nada a ver com o que você costuma procurar em outra pessoa, ou porque essa pessoa parece não merecer o que você ousa sentir ou por milhares de outros motivos.

— E você? – Jesse me acordou dos meus pensamentos mais íntimos e particulares. — Ou melhor, posso fazer uma pergunta?

Assenti, um tanto receosa.

— Já se apaixonou de verdade por alguém?

Abaixei os olhos com milhares de pensamentos voltando à tona em minha mente. Brandon. E tudo que esteve ligado a nós durante o nosso tempo de namoro. Porque durou tão pouco? Porque ele não está aqui? Até hoje, insisto, em fazer perguntas que não há respostas nem soluções.

— Sim. Uma vez aconteceu. A primeira e única vez. – mordi os lábios, tão forte que pude sentir um gostinho metálico de sangue. Tentava conter o meu choro. — Não quero entrar em detalhes.

— Disso eu já sabia. – ele sorriu, quebrando qualquer sinal de tristeza que tentava impedir que eu sorrisse também.

Arrastei minha cabeça pelo colchão só pra ficar mais pertinho de Jesse. Nossos rostos pertinho um do outro. Pois se eu não tinha Brandon e nunca mais voltaria a tê-lo. Pelo menos agora eu tinha o Jesse. E ele é maravilhoso! Sempre atencioso e amoroso, por mais implicante que seja.

Toquei seus lábios com os meus de uma maneira muito doce e macia. Precisava beija-lo outra vez, não tinha porque negar. Só que dessa vez, não nos beijamos por muito tempo. Um pouco mais de cinco segundos e continuamos ali. Deitados um de frente pro outro, Jesse apertando minhas duas mãos dentro das suas, próximo ao seu peito.

Ergui os olhos para olhar diretamente dentro dos olhos dele. Sempre tão impecáveis e o mais próximo que eu pude chegar de Brandon. Jesse deu um sorriso, como se quisesse dizer que era ele ali e não Brandon. E não tinha porque eu olhar pra ele e pensar em outro. Então, eu percebi, com uma dorzinha aguda no coração, que queria ver aquele sorriso metalizado pra vida inteira, ainda que uma vida fosse muito pouco.

— Eu acho que estou...

Bateram na porta. Levantamos em um pulo.

— Hayley? Jesse? – era Amy do outro lado. Agradeci mentalmente por termos trancado a porta. Por mais que eu não me lembre em que momento isso aconteceu. — O que estão fazendo aí?

Fui até a porta para deixa-la entrar.

— Oi. – forcei um sorriso. — Eu e Jesse – olhei pra ele, perdida. Ele também parecia bem fora do lugar. — estávamos conversando. Mas – voltei a olhar pra Amy. — o que foi? O que você quer?

— Ah. Bom. Desculpem se interrompi algo. – ela olhou pra mim e depois pro Jesse. Como se buscasse resquícios de mentira. — Eu e Oliver pensamos em sair pra fazer algo diferente. Tá tão chato aqui. E é natal! Vamos lá. Vamos fazer alguma coisa legal. O Tyler está bem animado...

O Tyler. Eu tinha me esquecido desse detalhe.

Amy queria conhecer o Café do centro, Oliver ainda muito estranho, gentilmente levou a todos. O lugar não tinha nada a ver com a gente: os esquisitões. Mas era um bom lugar para se sentar em uma das mesas e conversar com quem a gente gosta. O que eu mais gosto dali são as rosquinhas de mel. Comprei cinco de tamanhos médios e saí pra fora com Tyler, deixando Amy, Oliver e Jesse em uma das mesas no canto perto das paredes envidraçadas. O café estava razoavelmente vazio.

— Será que ali vende cerveja? – Tyler olhou pra mim, devorando uma rosquinha. Eu ofereci a ele, mas ele recusou.

— Vende sim. – eu respondi a sua pergunta ainda de boca cheia. O bar em frente, mas é claro, que vende bebidas alcoólicas ali.

Tyler correu até lá sem olhar para os dois lados da rua e voltou com quatro garrafinhas de cerveja gelada. Uma ele deu a mim.

Tyler tem sempre o que falar ou conversar. Ele fala tanto quanto Natalie que também é um tagarela. Por falar nela, como deve estar sendo seu natal com Eric com a família deles? Não ouço muito bem sobre o que exatamente Tyler está falando. Meus olhos estão fixos dentro do café, em Amy, Oliver e Jesse que conversam como velhos amigos em uma das mesas tomando café, chá ou cappuccino.

Oliver se levanta ao ver passar, do lado de fora, um de seus muitos conhecidos. Um grupinho. Ele sai para falar com eles, perto de mim e de Tyler. Oliver dá uma rápida encarada em nós e depois se afastou com os amigos dando risada de uma piadinha interna entre eles.

Lá dentro, Amy e Jesse agiam como se mal tivessem notado a saída do meu irmão. Amy olha, cheia de carinho, para Jesse. Segurando a mão dele por cima da mesa sem piscar os olhos. É visível o quanto ela gosta dele, mas ele parece não perceber. Qualquer um perceberia.

O mais estranho é que sinto ciúmes do que vejo. E muito culpa, por alguns minutos atrás, enquanto estive deitada com Jesse em minha cama trocando carinho, por um momento, acreditei que poderia estar apaixonada por ele. Mas o que eu sinto não é nada disso. É pequeno em comparação ao que Amy sente por ele.

— Você não ouviu nada do que eu disse não é? – Tyler me cutucou, me chamando de volta a realidade. — Você está estranha.

— Vamos sair daqui? – perguntei, já determinada. Levantando-me com a cerveja em mãos e o resto das rosquinhas.

Tyler concordou.

— Ei, aonde vocês vão? – virei-me para trás, era Amy e Jesse nos olhando confusos. Quase como se fossemos criminosos.

Vi que Jesse olhou diretamente pra minha cerveja. Fiz questão de mostrar que, realmente, estava bebendo. Ele gostando ou não.

— Crianças! – outra voz surgiu do além. Mamãe, Beth e Joseph com as crianças saltitantes. — Que bom que encontramos vocês aqui. Vocês já almoçaram? – ela não esperou que respondêssemos. — Mas antes, vamos, juntem-se, façam posses para a foto.

Não tive tempo nem de piscar. Mamãe tirou dezenas de fotos de nós quadro. Depois com as crianças, que fizeram questão.

— Mãe, eu e o Tyler vamos sair. Tem problema? – me vi sendo uma filha quase... Melhor. Porque eu estava mesmo dando satisfações?

Pra minha mãe, tudo bem. Eu sou mesmo assim. Uma completa estranha. Ela nem perguntou onde íamos. Mas disse que deveríamos chegar antes do jantar. A última refeição em família no dia do natal.

— Aonde vocês vão? – Amy deu uma corridinha para nos acompanhar. — Posso ir?

Entramos no pub, Finnegans. Tyler, a primeira vez que estava ali, ficou maravilhado com o lugar. Muito diferente do dia em que trouxe Jesse até aqui. Sentamos juntos no bar. Amy e Jesse estavam logo atrás cochichando entre si. Eu estava ignorando a presença deles.

— Quantas gatinhas em plena luz do dia! – Tyler olhava em volta com um sorriso provocante. Estava tão sem paciência que nem consegui sorrir direito. — Posso escolher qualquer uma delas?

— Fique a vontade. – dei de ombros, comendo minha ultima rosquinha e tomando a cerveja para ajudar a descer.

— Credo! – ele voltou-se pra mim. — Não era pra você dizer isso. Era pra você dizer que eu só preciso de você.

— Que palhaçada, Tyler. – encarei-o friamente, não achava graça em nada do que ele dizia. Levantei-me levemente alterada. Precisava ir ao banheiro. Talvez vomitar. Colocar tudo pra fora.

Pelo caminho, passando entre as pessoas, senti como se tivesse me tirado o chão sob os pés. Quase fui a baixo, se não fosse por alguém ter me segurado.

— Você está bem Hayley? – pra minha surpresa, era o Jesse. Eu deveria ter reconhecido pelo perfume. — O que aconteceu?

— Nada. – tateei o ar, recolocando-me de pé. Respirei fundo duas vezes e voltei a ser o que era antes. Como se nada tivesse acontecido.

— Deve ter sido a cerveja. Só pode ser. – Jesse apertou forte o meu braço, quase como um agressor. Olhei pra ele horrorizada.

— Me solta!

— Temos que ir embora daqui. – ele disse, sem olhar pra mim. — Eu já te disse o quanto odeio isso? Você bebendo, você fumando...

Tudo que eu podia fazer era tentar me livrar das garras dele e pedir pra ele me deixar em paz e me largasse Mas Jesse me ignorava, me arrastando pelo pub. Confesso que, prefiro que ele me beije e não seja tão estupido. Oliver, para o meu alivio, aparece pra ver o que está acontecendo.

Oliver e Jesse conversam como se eu não estivesse ali escutando tudo. Parecem uma especie de cúmplices contra a minha pessoa. Me sinto uma criança.

— Leve ela pra casa. Hayley deve está bêbada! – Oliver riu, descontraído. — Vou buscar Amy e o idiota do amiguinho dela.

— Não falem assim dele! Tyler, é o nome dele – gritei por cima dos ombros. — E eu não estou bêbada. Só bebi duas cervejas! Duas!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Seu comentário é essencial.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Do Lado De Dentro" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.