The Big Four escrita por Viic Martins


Capítulo 2
Capítulo 2




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O inverno nunca fora tão rígido. O vento congelante corria pelo campo até chegar em minha pequena moradia. Inverno nunca fora a minha estação favorita. Nunca me acostumei com as roupas pesadas, nem com as botas afundando na neve, e muito menos com as nevascas. No inverno tudo era morto, o sol mal podia aquecer os corpos com tanto frio.

No entanto, o inverno era bonito, sim. As crianças brincando na neve, fazendo seus bonecos com dois botões como os olhos e uma cenora como o nariz. As guerras de neve. Ah, como eu queria ter preenchido minha infancia com essas alegrias. E tem o Natal. Sim, uma época linda para unir a familia toda.

Sim, o inverno era bonito. Mas para mim a melhor apreciação era ver de longe, sem chegar perto. Não se envolver demais. Esse era o meu lema.

Senti a brisa gelada se chocar contra o meu corpo, apertei mais ainda meu casaco no corpo e fechei a porta da cozinha. Era o frio querendo se hospedar, mas eu recusei sua oferta.

Carreguei minha mochila até a sala e fiquei sentada esperando minha mãe descer para eu poder me despedir. Era o primeiro dia de aula desse ano eu estava com muita saudade de meus dois amigos, Merida e Soluço. Não havia falado com ele as férias toda, pois os dois foram viajar para um lugar mais longe que o outro, e eu fiquei aqui, trancada nessa casa pelas férias todas. Não era minha culpa, na verdade minha mãe sempre me convence de ficar em casa, ela tem esse forte de super protetora e não quer que eu me machuque nesse lugar tão perigoso que chamam de mundo, dizendo ela.

Acabei gastando minhas férias todas aqui. Mas isso não importa, pois eu vou matar a saudade de meus amigo em poucos minutos.

Minha mãe desceu as escadas rapidamente, fazendo barulhos com suas sapatilhas.

– Rapunzel! Você esta atrasada! Precisa ir agora! – ela me apressava.

– Calma, mãe. Eu não estou atrazada, faltam vinte minutos para o sinal do colégio bater. – disse tentando acalma-la.

– Não! Faltam apenas dez minutos para o sinal tocar!

Olhei confusa para o relogio de parede que estava na sala e tomei um susto. Ela estava certa. Dei um rapido beijo em sua bochecha e corri para o carro. Apesar de não ter uma carteira, minha mãe me dava aulas de direção e com isso eu pude aprender.

Quando cheguei no colégio faltavam menos de dois minutos para o sinal bater. Me lembrei dos xingamentos que recebi dos carros que tinha ultrapassado á caminho daqui. Enquanto andava pelo estacionamento que ficava ao redor do prédio percebi que agora eu tinha substituido minha corrida contra o tempo pela corrida para achar um lugar para o meu carro.

Enfim, achei um lugar na ultima fileira. Havia outro carro preto que se preparava para estacionar naquele lugar. Mas eu fui mais rápida, e estacionei de frente. Peguei minhas coisas e desliguei o carro. Quando sai, vi o garoto que dirigia o carro preto, a julgar pela voz, diria que ele estava um tanto irritado.

– Hey! Eu ia pegar esse lugar! – ele protestou.

Passei por ele rapidamente sem ao menos olhar para seu rosto, apenas vi que estava vestindo um casaco azul escuro e calças marrons. Não tinha tempo para isso.

– Eu estou atrazado para a aula! – disse ele.

– Eu também! – respondi antes que entrasse no prédio.

Andava em passos rápidos e pesados no corredor enquanto procurava qual seria a minha sala. Não havia ninguém nos corredores, provavelmente o primeiro sinal ja havia tocado, minha sorte era que haviam dois sinais. Quando vi que minha primeira aula era de história, me apressei em ir para a sala 2015.

Entrei na sala e no exato instante em que fechei-a atrás de mim o segundo sinal tocou. O professor já estava em sua carteira, mas estava distraído de mais com seu livro que não percebeu meu quase atraso. Respirei fundo aliviada por não ter recebido uma intimação de atraso no meu primeiro dia de aula.

Olhei em volta vendo se encontrava Merida ou Soluço, mas não os encontrei, Acho que eles não eram dos mesmos horários que os meus. Pelo menos não o de história. Sentei na única cadeira dupla que encontrei vazia, ela ficava na frente dama das janelas da sala que dava a vista para a fachada do colégio, teria que assistir a aula sozinha. Coloquei minha mochila no assento mais perto da janela e esperei o professor se apresentar.

– Bom dia, classe. Bom, eu sou o seu novo professor de historia, Connor. – disse ele enquanto se dirigia para a frente da sala, percebi que seu sotaque era australiano – Não sou bom em apresentações, então, sem mais de longas, vamos começar a aula.

Então ele era novo. Por isso que não me recordava de seu rosto. Ele era alto, tinha cabelos um pouco cinzas, apesar de parecer jovem, tinha olhos verdes escuro e tinha um tipo de marca no meio da testa, era pequena e quase imperceptível, me lembrava alguma coisa.

Ele iria começar a escrever na lousa se não tivesse sido interrompido por um garoto que entrou. Percebi que ele tinha cabelos brancos, era auto, no entanto menor que o professor, sua postura era relaxada, o corpo era atlético e tinha olhos azuis claros lindos, nunca tinha visto olhos assim. Mas então vi suas roupas, as mesmas do tal garoto que tinha discutido comigo no estacionamento.

Ah, não!

Era ele. Me encolho na carteira tentando fazer com que ele não me veja. De lá, percebo que o professor olha com um misto de susto e raiva para o garoto.

– O sinal já tocou, você não pode mais entrar aqui. – disse severamente o professor.

– Não estava achando lugar para estacionar o carro. – explicou o garoto.

– Tudo bem, mas não irei perdoar um segundo atrazo. – disse o professor, ele olhou em volta da classe – Ora essa, parece que não tem lugar para você sentar, que pena. – disse ele com uma alegria mal disfarçada.

– Tem um lugar aqui! – uma menina disse apontando para o meu lado.

Todos na sala olharam para o meu lado, depois para mim e depois para o professor.

– Parece que temos. – disse ele decepcionado – Não se importa, senhorita...?

Todos voltaram a olhar para mim e eu senti um rubor vindo. Estava ficando constrangida com aqueles olhos todos em mim. E percebi que o garoto agora estava sorrindo, estava rindo da minha cara.

– Rapunzel. Rapunzel Corona. – respondi de uma vez – Não me importo.

O professor deu um aceno e sorrio levemente para mim, depois voltou a escreverna lousa. O garoto andou em minha direção sem tirar os olhos de mim, seu andar era despreocupado e seu-meio sorriso era debochado. Ele desabou seu corpo no assento ao meu lado esticando as pernas em baixo da mesa. Desviei meu olhar do dele e comecei a escrever o que estava no quadro tentando não manter contato visual com o garoto.

– Rapunzel, não é? – disse ele. Olhei para o garoto e acenei de leve – Sou Jack Overland. – ele esticou sua mão para nos cumprimentarmos. Eu apertei e senti o frio envolvendo minha mão, sua mão estava gelada!

– Prazer em conhece-lo, Jack. – disse enquanto discretamente envolvia minha mão com outra para aquece-la.

– Se você quer saber, eu tive que estacionar meu carro no outro quarteirão e vir correndo para o colégio. – disse ele.

Fiquei sem palavras. Olhei para ele e seu meio-sorriso continuava em seu rosto. Não sabia o que fazer, ele estava com raiva ou achando graça? Era impossível decifrar.

– Bom, eu não queria receber uma intimação por atraso no meu primeiro dia de aula. – tentei explicar. 

– Ah, jura? – disse ele me mostrando um papel de intimação.

Droga! Fiquei com o rosto todo vermelho. Ele tinha sofrido tudo que eu não queria sofrer por minha causa. Mas o que eu poderia fazer? Não sabia que o estacionamento estava tão cheio assim. E ele não deveria jogar essas coisas na minha cara desse jeito. Ele foi um tanto grosso.

O garoto não disse nada pelo resto da aula. O professor explicou sua matéria e no final da aula ele nos deu um aviso.

– Prestem atenção! – chamou o professor – Espero que tenham gostado de seus parceiros, pois faram os trabalhos em dupla com eles pelo resto do ano.

Ótimo. Eu iria passar o ano todo com aquele garoto como parceiro. Isso não seria nada bom, devia ter ficado no mesmo horário da Merida ou do Soluço, não com ele. 

O sinal tocou e todos começaram a sair. Peguei minhas coisas e quando estava prestes a passar pela porta alguém me chamou.

– Rapunzel! – Jack chamou.

Me virei e o vi. Estávamos sozinhos pois todos ja haviam saido para sua próxima aula. 

– Acho que começamos mal. É melhor termos uma boa relação se vamos fazer dupla pelo resto do ano.

Olhei fundo em seus olhos azuis claro, eles pareciam estar dizendo a verdade. Resolvi asseitar sua proposta de paz.

– Concordo com você. – disse com um sorriso nos labios.

– Amigos? – ele extendeu a mão.

– Amigos! – confirmei apertando sua mão.

Então ele segurou minha mão firme e me puxou para mais perto fazendo nossos rostos ficarem separados por alguns sentimetros apenas.

– Te vejo amanhã, flor. – disse ele olhando em meus olhos.

Depois de alguns instantes ele saio e eu fiquei parada encarando a sala vazia. Se tivesse algum resto de sorriso no meu rosto ele havia desaparecido por completo. Algo estava errado. Algo estava errado no modo como ele me chamou de flor, só minha mãe me chama assim. Ele não me conhece, como pode saber desse apelido? Isso não faz sentido.

Sai pelo corredor disposta a dizer para Jack que eu mudei de ideia, não aceitei seu acordo de amizade, que ele não tinha permissão para me chamar daquele modo e que parasse de me provocar. 

– Rapunzel!

Olhei para trás e vi as duas pessoas que eu mais queria ver hoje.

Merida e Soluço correram até mim e envolveram seus braços em meu pescoço. E então eu me senti feliz de novo, agora que finalmente estava com quem eu queria estar, meus amigos. Abrasei seus corpos para ainda mais perto, não me importando com os olhares das pessoas. Agora eramos só eu, Merida e Soluço.

– Meu deus, que saudade! – disse entre risadas enquanto nos soltávamos de nosso tão bom abraço.

– Eu que o diga! Não aguentava mais minha mãe enchendo o meu saco a viagem toda. – reclamou Merida.

– É, e eu nem me diverti muito com o meu pai, ele só queria saber de trabalho. – dessa vez foi Soluço.

– Nem lhe conto, minha mãe me deixou trancada em casa as férias todas, de novo. – falei – Vamos falar enquanto pego meus livros. – fui andando até meu armário.

– Tem certeza? Você parecia com raiva quando saio da sala de aula. – comentou soluço.

E então me lembrei de Jack, mas não iria deixar ele estragar minha conversa com meus amigos.

– Esqueça. Não era importante. 


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