Eu Não Preciso De Amor escrita por Hanna Martins


Capítulo 9
O canto da sereia


Notas iniciais do capítulo

Acabo de receber dois lindos presentes, estou tão feliz! Recebi uma capa perfeita da IzaC e um recomendação maravilhosa da Luah Potter di Angelo. Este capítulo a dedicados a estas duas lindas, que me fizeram muito feliz! Obrigada, IzaC e Luah!



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Faço pequenas bolinhas com o miolo do pão, estou sem vontade de tomar o café da manhã. Peeta olha distraidamente para o jornal que tem em sua frente, percebo que ele me lança pequenos olhares com o canto dos olhos. O encaro, ele desvia o olhar, parece embaraçado.

– Eu... – diz se levantando. – Preciso ir... Tenho que encontrar um amigo – fala de maneira rápida, sem me dar tempo para fazer qualquer observação.

Quando percebo, Peeta já não está mais na mesa. As coisas estão estranhas entre nós... Peeta parece me evitar. Faz mais de uma semana que retornarmos da viagem a Suíça, e desde o retorno Peeta tem tomado esta atitude, ele quase não fica em casa, e quando fica, parece evitar os lugares a onde estou. Quase nunca fazemos as refeições juntos, e quando fazemos, Peeta dá uma desculpa qualquer para se retirar antes da hora. Não falamos uma única vez sobre o que aconteceu na cabana. Peeta parece nem se lembrar disso... No entanto, às vezes o flagro me lançando certos olhares, como o de agora a pouco.

– Katniss, o motorista está te esperando – Mags interrompe os meus pensamentos.

– Obrigada, Mags – pego minha mochila e me encaminho para a garagem.

Tenho que parar de pensar em Peeta, no que aconteceu na cabana. Entretanto, não consigo retirar dos meus lábios o sabor dos lábios dele, e a sensação do beijo... Por que não consigo parar de pensar nisto?

– Katniss! – me chama Rue.

Olho para Rue, que sentou-se na carteira a minha frente, quando foi que cheguei ao colégio? Quando foi que entrei na sala de aula?

– Como foi seu final de semana?

– Foi bom... – respondo de maneira vaga.

– O meu foi ótimo, minha prima...

Olho para Rue, tentando prestar atenção no que ela está dizendo, mas a verdade é que meus pensamentos estão longe.

–... Então ela disse mostarda – Rue começa a rir. – Isso não é engraçado, Katniss?

Olho para ela com uma expressão interrogativa.

– E você nem prestou atenção no que eu estava falando! – diz com um tom entre o divertido e o reprovador. – O que está acontecendo com você? Notei que você está assim desde que voltamos de Zermatt...

– Nada – sorrio.

– Por falar em Zermatt, acredita que perdi meu casaco azul? E eu gostava tanto dele! Foi minha tia que me deu. Que raiva! Como pude ser tão distraída! Nem sei a onde esqueci. A última vez que eu vi... – ela faz uma expressão pensativa. – Foi no dia que você se perdeu. Lembro que estava com ele quando eu e Cato fomos dar uma volta por Zermatt.

– Você estava distraída com os músculos de Cato – brinco.

Rue solta uma risadinha.

– Ah, Katniss... eu só... Ah, deixa para lá. Além disso, não aconteceu nada entre eu e Cato.

Rue me contou que, naquele dia em que eu me perdi, ela e Cato haviam saído para ir a estação de esqui. No entanto, Cato desistiu e resolveu dar um passeio com Rue por Zermatt. Rue se sentiu culpada pelo o que aconteceu comigo, porém, já consegui retirar este peso dela, afinal fui eu que resolvi ir procurá-la na estação de esqui. Rue não tem nada a ver com minha decisão, eu fui a responsável, eu escolhi ter ido atrás dela. Depois de Zermatt, Rue não viu mais Cato. Ele deve ser da mesma classe de Marvel.

– E lá vem a professora – indico a professora de história da arte que acaba de entrar na classe.

Tento deixar meus pensamentos de lado e me concentrar na aula. E fazer com que Rue não pergunte mais sobre a viagem a Zermatt.

Depois das aulas, volto para a casa e não encontro Peeta, seria um milagre se eu o encontrasse. Peço para Mags levar algo para eu comer na biblioteca, e vou imediatamente para lá, sem ao menos tirar o uniforme do colégio. Passo parte do dia na biblioteca lendo.

– Desculpa... eu não sabia que estava aqui...

Levanto os olhos e me deparo com um Peeta que parece estar um pouco embaraçado.

– Volto outra hora...

– Não, tudo bem, Peeta. Eu já estava indo para meu quarto – digo, me levantando da poltrona em que estou sentada.

Peeta começa a olhar distraidamente para uma das prateleiras da biblioteca. Estou cansada disso, de fingir que nada aconteceu na cabana, que aquele beijo nunca existiu. Estou cansada de ver Peeta fugir de mim. Aliás, por que Peeta está fugindo de mim? O que ele pretende com isso? Chega, cansei deste jogo!

– Peeta! – ele demora a se voltar para mim. Observo que suas costas parecem tensas. – Peeta! – chamo novamente, minha voz é firme.

Peeta se volta para mim lentamente, mas seus olhos não se voltam para os meus, estão em algum ponto da biblioteca.

– Sim, Katniss? – diz sem olhar para mim, parece um pouco impaciente, desejando que tudo acabe o mais rápido possível.

– Peeta, por que você está fugindo de mim? – pergunto de supetão.

– Eu... não... – tenta disfarçar a surpresa que minha pergunta lhe causou.

– Não minta! – advirto. – Você está sim fugindo de mim!

Ele fecha os olhos por alguns segundos e respira fundo.

– Anda, Peeta, me responda, por que você está fugindo de mim?

Abre os olhos e me encara.

– Katniss, não me faça responder isso! – desafia.

Apenas o encaro, cruzo meus braços, em uma posição desafiadora.

– Fala, Peeta! – meu tom é autoritário.

– Katniss, por favor, não peça explicação sobre isso! – seu tom também é autoritário.

– É sobre o beijo, não? É por isso que você está fugindo de mim, não é? – ele desvia seu olhar do meu rosto. – Peeta, me responda!

Me aproximo dele. Ele é alto, por isso tenho que esticar meu pescoço para continuar o encarando. Chego muito perto dele, perigosamente perto, a poucos centímetros de seu corpo. Os olhos dele percorrem com certa pressa as prateleiras da biblioteca, mas não se atrevem a cair sobre mim.

– Responde, Peeta! É por causa do beijo que você está fugindo de mim?

Seus olhos azuis lentamente vão parar nos meus. Ele me encara, sua expressão agora é decidida.

– Quer saber, Katniss?! É sim devido ao beijo!

Ele se aproxima ainda mais de mim, dou alguns passos para trás, porém Peeta continua vindo em minha direção. Caio sentada sobre uma das poltronas da biblioteca. O corpo de Peeta acompanha meu movimento, ele coloca as mãos sobre a poltrona perto da minha cabeça. Estou presa. Ele me encara, seu rosto está a poucos centímetros do meu. Sua respiração é ofegante, e seu olhar é diferente, como se me chamasse. Dizem que as sereias tem um canto mágico que atraem todos que o escutam, este canto é belo e ao mesmo tempo mortal. Os marinheiros aos ouvirem ao canto da sereias ficavam tão hipnotizados que não tinham salvação, eles tentavam se aproximar das sereias, e isso os levava a morte. Peeta não canta, mas os seus olhos tem o encantamento do canto das sereias. Os olhos de Peeta são mortais, eles levam a sanidade de qualquer pessoa embora. Eu estou como aqueles marinheiros diante do canto das sereias, sem nenhuma racionalidade.

Seu movimento é rápido. Ele avança sobre mim, e seus lábios vão parar em cima dos meus, os devorando, entreabro meus lábios permitindo que sua língua entre na minha boca. Seu beijo é selvagem, voraz, diferente do primeiro beijo que foi calmo e doce. Este beijo não é tranquilo, é como se fosse alguém sedento perante uma fonte de água. As mãos de Peeta me puxam contra seu corpo, não consigo acompanhar seus movimentos, elas são rápidas e hábeis, sabem tocar nos lugares certos. Minhas mãos vão parar em sua cabeça. Não sei como, mas suas mãos vão parar em minha coxa, levantando a saia do meu uniforme. Este toque me causa uma sensação que nunca senti, quero mais disso. Sem perceber solto um gemido, e puxo fortemente os cabelos de Peeta. Ele retira seus lábios de meus lábios e os leva até meu pescoço. Minhas mãos vão parar nas costas dele. Percorro suas belas costas que se parecem com a de um atleta. Seus lábios voltam-se para os meus novamente, ainda com mais intensidade, ele morde levemente meu lábio inferior, solto outro pequeno gemido.

Bruscamente, Peeta para de me beijar e se afasta de mim. O olho interrogativa, tentando compreender o que aconteceu aqui. Mas minha mente está nublada demais para entender qualquer coisa.

– Não, Katniss, eu... eu ... não posso – passa a mão pelo o cabelo de maneira nervosa. – Entende agora o porquê de eu estar fugindo de você? – me encara. – Se eu ficar perto de você... eu... só penso em te ter! Em te abraçar, em te beijar! – sua voz se altera. – E eu não posso. Isso não está certo! Eu sou seu tutor! Eu não posso ter estes sentimentos por você! Isso é errado! O que estou sentindo por você é errado! – quase grita.

Peeta me encara. Suas mãos se mexem com impaciência. Posso notar claramente o seu nervosismo. Ele sai da biblioteca, me deixando pasmada. O que acabou de acontecer aqui? Eu fui enfeitiçada pelos olhos de Peeta Mellark que são mais poderosos que o canto da sereia.


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Notas finais do capítulo

O que acharam do capítulo? Já vou adiantando que tem algumas pistas escondidas no capítulo sobre o Peeta, mas elas são bem sutis, tem que prestar atenção em cada detalhe...