Eu Não Preciso De Amor escrita por Hanna Martins


Capítulo 8
Nada será como antes


Notas iniciais do capítulo

No último capítulo Katniss estava perdida... Neste capítulo vamos descobrir se alguém a resgatou.



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– Katniss! Katniss! Katniss! – ouço uma voz que vem de um lugar distante, se aproximar cada vez mais de mim, ou sou eu que vou de encontro a voz? – Katniss! Katniss! – a voz tornar-se cada vez mais nítida.

Sinto algo quente sobre os meus lábios. Um ar quente entra em minha boca. A sensação é boa, como se aquecesse todo o meu ser.

Abro meus olhos com muito esforço. Reconheço o dono dos olhos azuis que me olham desesperados, enquanto pressiona seus lábios sobre os meus fazendo respiração boca a boca.

– Graças a Deus! – exclama Peeta, me acolhendo em seus braços. – Pensei que você tinha... morrido – sua voz parece desesperada.

Tento falar, mas as palavras não saem da minha boca. Estou cansada demais, apenas quero dormir, meus olhos começam a se fechar novamente.

– Não! – grita. – Você não pode dormir! – seu tom é desesperador. – Aguente firme – ele me abraça ainda mais, como se seu abraço pudesse me impedir de o deixar. – Estamos longe do hotel, mas aqui perto tem uma cabana que os esquiadores sempre usam.

Peeta me coloca em suas costas.

– Não durma até chegarmos lá!

Balanço minha cabeça e passo meus braços pelo pescoço de Peeta.

– Caiu uma nevasca! – fala. – E você se perdeu. Fiquei desesperado quando cheguei no hotel e você não estava lá. Por sorte, seu amigo Gale me avisou que você estava na estação de esqui. Procurei você feito um maluco! Fiquei doido quando te encontrei neste estado.

Meus olhos se fecham sozinhos.

– Katniss! – grita.

– Peeta... – minha voz é muito fraca quase inaudível.

– Pelo amor de Deus, não durma, Katniss!

Tento me manter acordada, enquanto Peeta caminha. Não sinto meu corpo, ele está dormente. Peeta caminha o mais rápido que consegue, o que é difícil devido a neve e a escuridão que cai sobre nós. Finalmente chegamos a cabana. Peeta me deposita no chão. Não há muita coisa na cabana, apenas uma lareira, lenhas.

– Vou fazer fogo – fala se aproximando da lareira. – Não durma, por favor, Katniss! – pede.

Faço um esforço enorme para manter meus olhos abertos. Peeta tem um pouco de trabalho para colocar fogo na lareira, porém depois de um tempo ele consegue. Ele se aproxima de mim, e começa a retirar meu casaco.

– O que você está fazendo?

– Suas roupas estão molhadas, se você continuar assim, você vai morrer! – quase grita.

Sem forças para impedir, permito que ele prossiga retirando minha roupa. Sei que ele está certo, se continuar assim vou morrer congelada. Quando percebo estou apenas de calcinha e sutiã, isto é vergonhoso. Porém, estou tão cansada que a vergonha que devia sentir, não sinto. Apenas quero dormir. Peeta começa a se despir, ficando apenas de cueca.

– Ahã? Mas o quê? – o olho interrogativa.

– Estamos em uma situação de emergência. Você está quase congelando, a melhor maneira de fazer voltar seu calor corporal é te aquecer com meu corpo – explica.

Sem dizer mais nada, Peeta me envolve em seus braços e me faz deitar. Ele coloca seu casaco sobre nós. Seu corpo está quente... Minha cabeça está encostado em seu peito, seu braço envolve minha cintura, me aninho em seu corpo. Ele abriga minhas pernas dentro das suas. Nunca estive tão fisicamente próxima de uma pessoa quanto estou agora de Peeta. Começo a sentir cada parte do corpo de Peeta que envolve o meu.

– Você está melhor? – pergunta em um murmúrio.

– Estou ficando melhor... – respondo com minha voz fraca.

Ele me aperta ainda mais contra si.

– Você não faz ideia de quanto fiquei preocupado com você! Por favor, nunca mais faça isso de novo! Quando te encontrei naquele estado era como se meu coração tivesse parado de bater.

Abro meus olhos, analiso seu rosto perfeito, seus olhos angustiados, sinto sua respiração ofegante. Eu devo minha vida a ele. Peeta Mellark acabou de salvar minha vida, me dou conta. A sensação de dever algo a alguém é estranha, nunca devi algo a ninguém, e agora devo a minha vida... A minha vida! Será que posso confiar em Peeta? Será que ele foi todo este tempo sincero comigo? Será que eu estava o tempo todo errada? É difícil admitir isto, mas... temo que todas as respostas para estas perguntas sejam “sim”. Estou assustada, confusa perdida. Tão perdida... No entanto, ao olhar para estes belos azuis que tenho em minha frente é como se fossem meu porto seguro. Um lugar em que eu possa repousar, um lugar que nunca tive.

Esta decisão pode parecer precipitada, ou estou delirando de febre, mas hoje... Vou confiar em Peeta, vou deixar que ele me dê amor, vou permitir que ele seja meu porto seguro.

– Obrigada – murmuro, minha voz é quase inaudível.

Peeta sorri, um sorriso que tira toda a minha consciência, um sorriso que leva todas as minhas dúvidas embora, um sorriso que me faz acreditar que nada de errado acontecerá comigo, e que tudo vai ficar bem. Como quero me deixar levar por este sorriso, como quero que este sorriso dure para sempre. Não sei o que estou fazendo, hipnotizada por seu sorriso me aproximo de seus lábios, e os beijo. Seus lábios estão quentes, tão quentes...

Peeta como resposta ao meu beijo me aperta mais contra seu corpo. Sua língua entra em minha boca, encontrando a minha. Somente beijei três garotos em minha vida, um garoto desconhecido, Gale e Peeta. Mas o único beijo que provocou alguma reação em mim é este, o de Peeta. Sinto que quero mais, beijar Peeta é como se eu estivesse voando nas nuvens. É um beijo lento e demorado. Nenhum de nós quer separar os lábios do outro. Entretanto, nossos lábios se separam. Nos olhamos, como se não soubéssemos como agir depois disso e esperássemos a reação do outro. Peeta me dá um pequeno beijo na testa e me aconchega em seu peito.

– Durma... – sussurra.

Fecho meus olhos, caio no sono imediatamente.

Não sei quanto tempo eu dormi, constato ao abrir lentamente meus olhos. Estou em um quarto, aos poucos reconheço o quarto, é o do hotel. Meus olhos começam a se acostumam a luz. Todo o meu corpo dói. Olho ao meu lado, em uma poltrona está Peeta dormindo. A porta do quarto abre lentamente.

– Katniss! – exclama Rue, correndo até mim e me abraçando. – Você acordou!

– Rue?! – minha voz ainda é fraca.

– Você não sabe o susto que nos deu!

– Você está bem, Rue? – indago.

– Katniss, esta não é a hora de se preocupar comigo! Você quase morreu! – enfatiza.

– Mas você...

– Não fale nada, Katniss – me interrompe Rue. – Você precisa descansar.

Peeta começa a se mexer na poltrona, ele abre os olhos.

– Katniss! – exclama. Ele se levanta e vem até mim, pega a minha mão. – Você está bem?

– Sim... – respondo.

Ele sorri.

– Obrigada... – digo em voz baixa. – Você salvou a minha vida...

– E salvaria de novo...

Ele aperta a minha mão com força, as lembranças do que ocorreu quando Peeta me salvou voltam a minha mente. Sinto ainda em meus lábios o contado de seus lábios. Retiro minha mão da sua, ele me olha interrogativo.

– O que aconteceu depois que você encontrou?... Eu não me lembro de muita coisa, só que você me levou até aquela cabana...

Ele apenas me olha, sua expressão é indecifrável para mim.

– Depois que te levei para cabana, passamos a noite lá. De manhã consegui te trazer para o hotel, você estava ardendo em febre... Você dormiu mais de vinte e quatro horas seguidas.

– Tudo isso?! – me espanto.

– Estávamos muito preocupados, Katniss! – fala Rue.

– Acho que agora podemos voltar para a casa... – diz Peeta. – Vou falar com o médico que cuidou de você...

Nada digo, Peeta sai do quarto. Rue começa a tagarelar sobre alguma coisa, porém, não consigo me concentrar em suas palavras... Algo me preocupa. Sinto que depois daquele beijo, nada poderá voltar a ser como antes.


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Notas finais do capítulo

O que acharam do capítulo? E agora depois deste beijo, o que acontecerá? E por que Peeta correspondeu ao beijo de Katniss? Como ficará o relacionamento deles daqui para a frente?