Eu Não Preciso De Amor escrita por Hanna Martins


Capítulo 10
Presa em um feitiço


Notas iniciais do capítulo

Recebi uma linda recomendação da Little Directioner, e fiquei tão feliz, que vim postar este capítulo rapidinho. Capítulo dedicado a Little Directioner. Obrigada!



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Uma música suave toca, brinco com as flores do arranjo que tenho em minha mesa. Ao meu redor algumas pessoas conversam em voz baixa. Tudo o que mais quero é ir embora daqui. Sinto que meus pés estão me matando com estes saltos altos e este vestido longo é desconfortável. No entanto, preciso suportar tudo isto de maneira heroica, afinal Rue não iria gostar que eu abandonasse o aniversário de casamento de seus pais.

Percorro meus olhos pelo grande salão de festa. Rue está conversando com alguns dos amigos de seus pais em uma mesa. Ela sorri para mim, entendo a mensagem: “logo isso vai terminar”. Tudo bem, Rue, irei suportar isto mais um pouco. Meus olhos continuam a percorrer o salão de festa, até se deter em um ponto... Peeta... Ele conversa com Glimmer de uma maneira sedutora. Os dois trocam olhares sugestivos. E você me pergunta, o que ele está fazendo com ela? Eu não sei... Para mim também foi uma surpresa quando ele apareceu na festa junto com ela.

Estes últimos dias têm sido estranhos, principalmente depois do beijo na biblioteca. Peeta passou a me evitar explicitamente, fez até uma pequena viagem para um lugar que eu não sei, já que ele não me disse nada, quando soube da viagem, ele já tinha ido. Depois ele voltou, porém ainda continuou a me evitar. E agora aparece nesta festa com Glimmer.

Como eu me sinto em relação a isso? Sinceramente, eu não sei... Também não sei o porquê de ter correspondido aos beijos de Peeta... Quando me lembro daqueles olhos azuis me hipnotizando igual ao canto de uma sereia... A verdade é que sinto esta estranha atração por Peeta, por mais que eu queira negar. No que eu estou pensando? Não posso ter estes sentimentos por ele. Não é pelo fato de ser meu tutor, mas pelo fato de eu não acreditar no amor. Eu nunca amei antes e sempre acreditei que o amor não existe. Não que os meus estranhos sentimentos por Peeta sejam amor, aliás, estão bem longe disso. No entanto, sinto que se deixar esta pequena semente crescer... Talvez, um dia esta semente possa começar a germinar e depois se transformar em um pequeno broto e depois em uma árvore. E eu não preciso de amor, não preciso deste sentimento.

Por que Peeta tinha que aparecer em minha vida?

– Katniss! – Rue se senta a mesa em que estou. – Eu sei esta festa está um... saco. Mas logo vai terminar!

– Não se preocupe, Rue, a festa está... interessante – olho em direção a Peeta e Glimmer que estão cada vez mais próximos.

Rue segue a direção do meu olhar.

– O que há entre estes dois? – indaga Rue.

– E eu é que sei? – dou os ombros. – Não importa...

– Os dois parecem tão íntimos... Nem parece que se conheceram naquela viagem, mas há anos...

Realmente eles parecem tão íntimos que dão a impressão de que se conhecem há anos.

A festa prossegue com Rue tagarelando, e Glimmer e Peeta demonstrando que estão precisando seriamente de um quarto. Já é quase uma hora da manhã, quando Peeta e Glimmer saem juntos. Eles passam pela mesa em que eu e Rue estamos. Peeta lança um olhar enigmático para mim. Entretanto, o olhar é tão rápido que em menos de um segundo seus olhos já não têm mais a expressão.

– Rue, já vou indo, estou com uma dor de cabeça horrível, peça desculpa para seus pais por mim, sim? – peço.

– Claro! – responde preocupada. – Você está bem?

– Sim, só preciso dormir...

Chego em casa. Vou para meu quarto, subo as escadas lentamente, estou exausta. Tomo um demorado banho, e depois vou para a minha cama. Fecho meus olhos esperando que o mundo dos sonhos venha até mim, mas... ele não vem. Começo a me virar na cama. Ótimo, uma noite de insônia era tudo o que eu precisava neste momento!

Me reviro e me reviro na cama, fecho os olhos, abro os olhos, fecho os olhos... Mudo de posição diversas vezes, tento contar carneirinhos, porém. isto só me deixa ainda mais desperta. Chega! Vou procurar um chazinho na cozinha.

Vou até a cozinha e preparo um chá, espero que isso resolva o meu problema de insônia. Após tomar o chá, saio da cozinha. Noto que a luz da biblioteca está acessa. Alguém deve ter se esquecido de apagar. Ler um livro agora, não seria má ideia.

Vou até a biblioteca, porém me detenho... Peeta está sentado em uma das poltronas com um copo de whisky nas mãos. Ele nota a minha presença no mesmo instante.

– Ah, Katniss! – sorri.

Será que ele está bêbado?

– Desculpa, Peeta, eu não quis... te atrapalhar – falo, enquanto saio da porta.

– Katniss! – me chama.

Me volto ao escutar seu chamado.

– O que foi? – o encaro.

– Por que você não sai da minha mente? Por que eu só consigo pensar em você quando estou com outras garotas? – ele solta uma risada nervosa.

– Peeta, você deve estar bêbado, vai dormir, vai...

Ele se levanta da poltrona e vem até mim. Em um movimento rápido, enlaça a minha cintura e me puxa contra seu corpo. Fico paralisada devido ao movimento repentino e ao contato de seu corpo no meu. Com sua mão livre, ele acaricia meu rosto, de uma maneira sexy. Aliás, todos os seus gestos são sexy e sedutores, nem Gale chegaria a ser tão sexy e sedutor quanto Peeta neste momento.

– Ah, Katniss, por que você mexe comigo a este ponto?

E antes que eu me recupere do choque, os lábios de Peeta vão parar no meu pescoço me provocando um arrepio. Ao sentir o contado de seus lábios em minha pele, ela começa a queimar. Peeta desliza sua mão por minhas costas. Seus lábios trilham um caminho até alcançar os meus. Seu beijo é voraz, tem algo de selvagem e ao mesmo tempo um toque delicado, e leva toda a minha sanidade embora. Estou novamente presa no feitiço denominado Peeta Mellark. Agarro os cabelos de Peeta e os puxo, os bagunçando.

Não sei como, mas quando percebo estou deitada no chão da biblioteca envolvida em um beijo voraz com Peeta. E nossas mãos percorrem todos os cantos possíveis de nossos corpos. Em um movimento rápido puxo os botões da camisa de Peeta, expondo seu peitoral musculoso. Acaricio seu peitoral de uma forma nada delicada, em seguida cravo minhas unhas em suas costas. Ele continua a me beijar de maneira intensa, tirando o ar de meus pulmões. Mas quem precisa de ar para respirar quando se está beijando Peeta?

Seus lábios saem dos meus e vão parar em meus ombros, ele desliza com os dentes a alça da blusa de meu pijama. Seus lábios vão parar perto de meus seios. Neste momento tudo o que mais desejo é mais e mais de Peeta. Estou ficando maluca, sem juízo algum. Todo o meu corpo anseia por Peeta, quer ser tocado por ele, em todos os lugares, sem exceção.

Sinto os lábios de Peeta pararem de me beijar. Ele olha para mim.

– Por que, Katniss?

Peeta deita-se ao meu lado. Sua mão coloca uma mecha de cabelo atrás de minha orelha. Ele me encara, fecha seus olhos.

Minha mente ainda está presa ao feitiço de Peeta para raciocinar direito. Melhor eu levantar. Faço um pequeno movimento para me levantar do chão. No entanto, os braços de Peeta me impedem de executar a ação. Eles me envolvem e me puxam em direção ao corpo dele.

– Fica aqui comigo – murmura. – Preciso te sentir hoje, caso contrário, vou enlouquecer...

Olho para ele que mantem seus olhos fechados. Fecho os meus olhos, definitivamente pensar é algo que não posso fazer agora.

Sinto todo o meu corpo doer, acordo lentamente. Abro meus olhos, ainda tenho em minha mente tudo o que ocorreu ontem. Olho para o lado e... estou sozinha na biblioteca. Surpresa seria se estivesse acompanhada.

Peeta ainda vai me enlouquecer com isto. O que ele quer afinal? Me beija daquele jeito e depois foge? E eu sou uma completa idiota por permitir que ele me beije! Sim, sou uma tola, eu não posso deixar que Peeta brinque comigo desta maneira. Chega! Estou cansada disso. Isso precisa terminar!

Procuro Peeta por todos os lugares da mansão, mas a única informação que consigo dos empregados é que Peeta saiu muito cedo, ainda o sol nem tinha nascido.

Passo meu domingo inteiro preparando meu discurso para quando me encontrar com Peeta. Ele vai me ouvir!

As horas passam e nada de Peeta surgir. É quase uma hora da manhã quando Peeta chega. Ele vai direto para seu quarto. Não vou deixar ele fugir de mim, ele não tem este direito.

Vou até o quarto de Peeta, bato várias vezes na porta. Porém, ele não me atende.

– Peeta! – chamo. – Eu sei que você está aí! Eu não vou sair daqui até você abrir a porta! – ameaço.

Ouço o barulho da maçaneta sendo girada. A porta abre-se revelando uma bela visão, os cabelos de Peeta estão bagunçados e molhados, ele deve ter acabado de sair do banho. Sua camisa está aberta deixando a mostra seu belo torso. A água ainda escorre por seu peitoral.

– O que você quer? – seu tom tem algo de irritação.

– Falar com você!

Ele me observa, como se estivesse analisando qual deve ser sua atitude, por fim ele escancara a porta permitindo que eu passe. Peeta fecha a porta e me encara. Ficamos em silêncio por um instante. Maldição, por que na presença de Peeta o discurso que eu tinha preparado simplesmente some da minha mente?

– Então?... Você não queria falar comigo?

– Peeta... Eu não sei o que você pretende... Mas isso que aconteceu entre nós ontem tem que terminar! – tento dar a minha voz um tom resoluto, porém ela soa fraca e indecisa.

Ele me olha, senta-se na cama sem tirar seu olhar sobre mim.

– É o que eu estou tentando, Katniss, dar um fim a estes sentimentos! Ou você pensa que eu gosto de... estar apaixonado por você?!

Apaixonado? Apaixonado! Peeta está apaixonado por mim? Todos os meus pensamentos somem da minha mente. As palavras ecoam em minha mente.

– Peeta... – não consigo formular uma única frase coerente.

– Sim, Katniss, eu te amo! – ele se levanta e se aproxima de mim. – Mesmo sabendo que isso não está certo. Eu sou seu tutor, e seu pai confiou em mim, ele queria que eu cuidasse de você como um irmão. Mas eu... Tudo o que sinto por você não tem nada a ver com sentimentos fraternais – sua voz é calma e tem um leve toque de cansaço.

Peeta me abraça. Deixo que ele me abrace.

– Ah, Katniss, como eu queria que tivéssemos nos conhecido em outras circunstâncias... – sussurra em meu ouvido. – Mas agora, eu não posso, não devo...

Peeta me aperta ainda mais contra seu corpo.

– Estou tentando arrancar estes sentimentos do meu coração... E eu vou conseguir... E se eu não conseguir, me contentarei em te ter por perto, mesmo que eu não possa te beijar, te abraçar. Serei feliz em apenas olhar para você. Me deixe ficar perto de você... – pede.

Ao ouvir estas palavras de Peeta minha mente fica ainda mais caótica. Preciso sair de seus braços, começo a me mover para me afastar. Entretanto, como se ele adivinhasse o que estou tentando fazer, ele me aperta ainda mais contra seu peito.

– Dorme comigo.

– O quê? – falo sobressaltada.

– Prometo que não vou fazer nada com você, só quero te ter em meus braços. Dormir com você é a única maneira de eu aplacar minha dor. Por favor, sim? – sua voz é doce e gentil.

– Está bem... – respondo sem me dar conta.

Peeta realmente tem um grande feitiço sobre as pessoas, me sinto de certa maneira enfeitiçada por ele.

Ele me conduz até a sua cama. Me deito, Peeta se deita perto de mim, passando seus braços sobre mim, sinto sua respiração em minha nuca. Sua suave respiração começa a embalar meu sono.


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Notas finais do capítulo

O que acharam do capítulo? Será que mesmo que o Peeta está sendo sincero com a Kat? Ou será que ele está manipulando ela? Em breve descobriremos...