Eu Não Preciso De Amor escrita por Hanna Martins


Capítulo 7
O inimigo invencível


Notas iniciais do capítulo

Nossa com apenas seis capítulos e já tenho três recomendações. Flutuando aqui! Capítulo dedicado a Scarolmag, sua recomendação me deu muito animo para fazer este capítulo. Obrigada, Scarolmag!



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Retiro as roupas da mala. Não trouxe muitas roupas, apenas o suficiente, nossa estadia em Zermatt, na Suíça, apenas durará três dias. Acabamos de chegar ao pequeno e elegante hotel em que ficaremos hospedados. O hotel fica próximo a uma estação de esqui. Ele lembra os castelos medievais, tem um ar aconchegante atrelado à elegância e luxo.

– Vamos, Katniss! – fala Rue, que terminou de arrumar suas roupas. Vou dividir o quarto com ela. – Faz tanto tempo que não esquio! Estou louca por fazer isto novamente.

– Já estou terminando – digo retirando a última peça de roupa da mala. – Pronto, podemos ir.

Vamos até o saguão do hotel, em que Peeta nos espera.

– Já aluguei os equipamentos – avisa ao nos ver.

– Ótimo – digo. – Já podemos ir?

– Sim, claro. Você sabe esquiar? – me pergunta.

– Um pouco, aprendi quando eu era pequena, mas já faz um tempo que não esquio... Mas em todo caso, Rue vai me ajudar, já que ela ótima no esqui – sorrio para Rue.

– Ah, Katniss, assim o Peeta vai pensar que sou uma verdadeira profissional – fala envergonhada.

– Rue, não esconda seu talento, você é ótima esquiando!

Ela apenas sorri sem jeito. Rue não gosta muito que falem de seus talentos ocultos.

– Em todo o caso se você precisar de ajuda, Katniss, eu estarei por perto – fala Peeta.

Faço sinal afirmativo com a cabeça. Vamos até a estação de esqui, que está repleta de pessoas. Rue me dá algumas aulas, enquanto Peeta esquia como um verdadeiro profissional. Se ele não fosse um caça fortunas, poderia investir nesta profissão. Peeta está um pouco longe de nós, vejo como ele desliza na neve como se estivesse flutuando.

– Ele parece um pássaro – murmura Rue perto de mim. – Só falta voar de verdade!

– Um pássaro? Ele está mais para serpente... – digo entre dentes.

– O quê?

– Nada. Vamos! Acho que já estou pronta.

– Certo! – exclama Rue.

Me posiciono e começo a deslizar pela neve. É uma sensação boa, como se estivesse voando, o vento bate em meu rosto, e não há nada que me impeça de prosseguir. Aumento a velocidade, quero mais e mais, aumento mais um pouco, quando percebo estou em alta velocidade. Tento diminuir um pouco, já que sinto um frio no estômago.

– Cuidado! – ouço a voz de Peeta atrás de mim. – Pare! Você vai se machucar!

– Eu não estou conseguindo! – grito.

Tento mais uma vez diminuir a velocidade, mas sem sucesso, estou começando a ficar apavorada, olho a minha frente, há uma enorme árvore. Tento desviar, porém com esta velocidade não consigo. Será este o meu fim? Fecho meus olhos.

Sinto meu corpo ser jogado no chão, espero por dor, mas ela não vem... Abro meus olhos, estou caída e... nos braços de Peeta. Este me olha.

– Katniss, tome cuidado, por favor! Se eu não estivesse por perto nem sei o que teria acontecido – diz com um tom preocupado.

Olho para ele, tentando decifrar se esta preocupação é genuína. No entanto, não encontro a falsidade que esperava encontrar em seus olhos.

– Katniss! – Rue se aproxima. – O que foi que aconteceu?

– Não sei – digo me levantando. – Acho que perdi o controle e fui mais veloz do que deveria.

– Chega de esqui por hoje! – diz Peeta. – Vamos para o hotel, depois deste susto acho que você precisa descansar um pouco.

– Ok – concordo. Realmente, preciso de um descanso, estou tremendo e não é pelo frio.

Voltamos para o hotel. Peeta foi devolver o equipamento de esqui que alugamos. O saguão não tem muitas pessoas, apenas um garoto com uma prancha de snowboard que se prepara para sair e... Gale?

Não o tinha visto desde aquele beijo. Para minha sorte, Gale deve estar acostumado com estas coisas, e nem deve se lembrar daquilo, já que não teve a menor importância para ele, muito menos para mim. Aliás, já nem me lembro do beijo direito.

– Katniss! Rue! – ele grita ao nos ver e se aproxima. – Aproveitando o feriado?

– Sim – respondo. – Não esperava te encontrar aqui!

– Decidimos de última hora.

Ele olha para trás, e só então percebo seu grupinho, formado por: Cato, um jovem forte e alto, com mais de 1,90 de altura, bonito, o tipo de cara que faz uma mulher virar o pescoço quando o encontra na rua; Glimmer, a loura que arrasa corações e tudo mais, alta, elegante, com um corpo perfeito; Clove, o tipo de beleza frágil e delicada que lembra uma boneca de porcelana, porém possui um sorriso sarcástico que quebra um pouco com sua delicadeza, lhe dando um ar atrevido. Eles quase sempre estão com Gale.

– Gale? – Peeta que acabou de entrar no saguão do hotel, olha para ele com uma expressão de surpresa.

– Olá, Peeta. Eu e o pessoal – o trio se aproxima de Gale. – Acabamos de chegar. Não sabia que vocês estavam aqui. Estes são meus amigos Cato, Clove e Glimmer – apresenta Gale a Peeta.

Cato apenas faz um movimento com a cabeça, e olha para Rue, que lhe lança um sorrisinho. Essa não, agora Cato está interessado em Rue. Os dois já tinham se visto algumas vezes, porém eu nunca tinha detectado este interesse. Cato tem algo que lembra Marvel, só não sei dizer o que é. Por que Rue sempre tem que se interessar por caras assim?

Glimmer sorri para Peeta, há tanta baba saindo de sua boca que não sei como ela não escorregou até agora. Clove nada faz, apenas lança um olhar para Peeta.

– Estávamos indo comer fondue, seria ótimo se vocês três nos acompanhássemos. Será bem mais divertido – convida Gale.

– Não, obrigada. Preciso descansar, o dia foi cansativo... – respondo.

– E vocês? – pergunta Glimmer para Peeta e Rue, porém, é óbvio que ela está dirigindo a pergunta para Peeta.

– Eu também estou cansado... outro dia – responde Peeta, para a decepção de Glimmer. Esta não esconde sua decepção e até lança um olhar desanimado em direção a Peeta, que parece nem ter notado.

– Rue? – indaga Cato com uma voz sedutora.

Rue me olha, arqueio uma de minhas sobrancelhas.

– É... – ela hesita. – Acho que não...

– Vamos, Rue – chamo-a, antes que ela mude de ideia. – Até mais! – me despeço do quarteto.

Peeta nos segue. Ele vai para seu quarto que fica próximo ao nosso.

– Katniss, por que você não aceitou o convite do Gale? – me questiona Rue, enquanto entramos no quarto.

– Eu apenas estou cansada...

– Se não te conhecesse acharia até que está fugindo do Gale...

– Sem essa. Foi apenas um beijo, nada mais do que um beijo – olho para ela. – E você trate de ficar longe daquele cara! – advirto.

– Que cara? – interroga.

– Não se faça de desentendida! Você sabe muito bem de quem estou falando. Cato não é flor que se cheire!

– Katniss, acho que você está exagerando. Além disso, você nem conhece ele direito.

– Por isso mesmo! É por eu não conhecê-lo direito que suspeito!

Rue me olha.

– Ok, Katniss – diz, percebendo que eu não vou parar de defender meu ponto de vista. – Que tal se pedíssemos fondue? Já que você não me deixou comer com eles! – faz uma careta engraçada.

Rio da careta de Rue e concordo em pedimos fondue. Passamos o resto de nosso primeiro dia em Zermatt comendo fondue e conversando no quarto do hotel.

Acordamos cedo em nosso segundo dia em Zermatt. Peeta nos leva até algumas lojinhas, compro algumas coisas, damos um pequeno passeio de trem, enquanto admiramos a vista da montanha Matterhorn, um lugar que me faz sonhar com o infinito. Depois damos um passeio no Matterhorn Glacier Paradise, andar de teleférico é fantástico, tenho a sensação que posso voar. Almoçamos por ali mesmo, em restaurante de comidas italianas. Depois deste passeio, voltamos ao hotel.

Glimmer é a primeira pessoa que encontrarmos no saguão do hotel. Ao ver Peeta, ela praticamente se atira em seus braços.

– Peeta, pensei que iria esquiar! – sua voz é melosa.

– Desculpe, Glimmer – responde maneira educada. – Levei Rue e Katniss para conhecer melhor Zermatt... Adoro este lugar.

– Agora que você apresentou melhor Zermatt para elas, pode mostrar para mim, eu não conheço muito aqui...

Parece que meu querido tutor encontrou um flete. Não vou atrapalhar eles.

– Com licença – falo. – Vamos, Rue?

– Katniss, eu me esqueci de comprar um presente para minha mãe. Tem uma lojinha aqui perto, que eu vi em nosso passeio, com umas coisas lindas! Você pode ir arrumando as coisas para nós esquiarmos mais tarde.

– Tem certeza de que não quer que eu vá com você? – pergunto.

– Tenho – responde. – Eu já volto, é rapidinho.

– Está bem.

Vou para meu quarto. Começo a ler um livro que trouxe comigo, estou tão entretida na leitura que perco a noção do tempo. Quando finalmente levanto meus olhos das páginas, percebo que já se passaram mais de três horas que estou no quarto lendo. Como posso perder a noção do tempo desta maneira? E cadê Rue que ainda não voltou? Onde está Rue? Começo a me preocupar. O melhor é ver onde ela está.

Vou até o saguão do hotel, nada de Rue. Pergunto para a recepcionista do hotel se ela viu Rue, mas ela diz que não. Procuro por Peeta em seu quarto, porém ele não está. Tento ligar para eles, e nada. Ninguém atende o celular. Avisto Gale entrando no saguão do hotel sozinho, quase corro até ele.

– Katniss, algum problema? – pergunta ao ver meu estado.

– Você viu Rue ou Peeta? – estou nervosa.

– Ei, se acalme – fala Gale. – Peeta eu não vi, não. Mas, Rue faz mais ou menos uma hora que a vi falando com Cato, os dois iam esquiar.

Antes que Gale fale mais alguma coisa, saio em disparada do hotel. Preciso encontrar Rue. Não posso deixá-la ficar perto de Cato. Não, não posso permitir que mais um Marvel entre em sua vida. Rue não suportaria outra decepção.

Vou até a estação de esqui, porém não há quase ninguém. Começo a procurar por Rue, olho em cada lugar e nada. As horas começam a passar e com elas meu pavor aumenta. Tento ligar para alguém, porém estou sem bateria em meu celular. Avisto ao longe um casaco azul que me recorda o casaco que Rue estava usando, será ela? Não tem como saber, preciso chegar mais perto. Vou até o lugar onde vi a pessoa com o casaco, porém, chego tarde demais, não há mais ninguém.

Olho ao meu redor e percebo que a neve começou a cair, e ela está bem forte, dificultando minha visão. Por onde eu vim? Foi por aqui? Não, ou foi por lá? Ando de um lugar para o outro, mas está cada vez mais difícil caminhar ou ver qualquer coisa. Sinto um frio terrível, e partes do meu corpo começam a ficar dormentes. Estou exausta, tão exausta. Um cansaço tão grande se apodera de meu corpo que faço um esforço sobre-humano para dar mais um passo. Não suporto mais, caio na neve. Minhas pálpebras parecem pesar um milhão de quilos, não tenho forças para mantê-las abertas, fecho-as. A morte é mesmo estranha, por mais que você fuja dela, ela sempre vai te perseguir. Eu tentei fugir de minha morte na Suíça, porém, ela estava aguardando por mim, e desta vez ela não me deixar fugir. A morte está mais perto do que eu pensava. Se a morte me quer, eu não lutarei contra ela. E do que adiantaria lutar contra ela, a morte é um inimigo mais forte do que eu, do que todas as criaturas do mundo. A todos ela consegue vencer.


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Notas finais do capítulo

O que acharam do capítulo? Odiaram? Gostaram? Críticas? O que acontecerá com a Katniss? Alguém vai lhe socorrer ou ela vai ficar lá sozinha, perdida?