Eu Não Preciso De Amor escrita por Hanna Martins


Capítulo 13
Procurando Katniss Everdeen


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado a Julia Freitas, que fez uma linda recomendação. Obrigada, Julia! Fiquei dando saltinhos de alegria devido a sua recomendação.
Capítulo narrado por Peeta.



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Será que estes dois nunca vão calar a boca?

– Peeta... ainda acho que você deveria ter matado ela em Zermatt! – insiste Cato.

Olho raivoso para ele. Cato se cala.

– Tenho que concordar com Cato, havíamos criado o cenário perfeito – diz Glimmer. – Uma garota que se perde em uma nevasca é encontrada morta no dia seguinte, uma fatalidade... Ninguém desconfiaria que não foi uma acidente, fruto do acaso. Era o plano perfeito, Cato seduzia sua amiga, ela iria pensar que os dois tinham ido para a pista de esqui. Como você disse, Peeta, Rue é um dos pontos fracos de Katniss. Eu iria fazer acreditar que ela tinha visto Rue, estava nevando e ela não poderia distinguir nada nitidamente, a levaria para um local onde ela iria se perder e a deixava lá morrendo – suspira. – Me deu um trabalho danado roubar aquele casaco! Mas pelo menos é de uma marca famosa, aquele casaco vale uma fortuna.

– E tudo havia dado certo! Até que você resolveu mudar de ideia e em vez de matá-la apenas, quis se vingar também.

Olho para os dois, são realmente irritantes.

– Eu já disse quero que ela pague por todos os crimes que seu papai cometeu!

Me levanto da mesa e saio da lanchonete. Será que eles não entendem que esta garota tem que pagar por tudo?

Dou um chute no pneu do meu carro. Odeio os Everdeen, odeio Haymitch por ter morrido antes que eu pudesse me vingar dele. Haymitch Everdeen! Como odeio este homem. Ele foi o culpado de tudo, tirou-me as pessoas que eu mais amava no mundo. Ele matou meus pais. Me deixou sozinho no mundo, sem ninguém que se importasse comigo.

Eu nunca aceitei a morte de meus pais, nunca! Passei parte da minha infância triste e sozinho, me perguntando o porquê daquele sofrimento, sem saber que aquele sofrimento tinha um nome, Haymitch.

Os Everdeen, os Mellark e os Donner eram três famílias donas da empresa Panem. Os Everdeen estavam praticamente falidos, e a empresa também estava ao ponto de falir. Meu pai fez de tudo para Panem voltar a ser a grande empresa que era, e conseguiu, assim também como conseguiu o coração de Maysilee, a herdeira dos Donner. Os dois estavam felizes e logo iriam se casar. No entanto, Haymitch não estava feliz, ele tinha inveja em seu coração, era ambicioso e não aceitava que meu pai havia conseguindo restaurar Panem e o coração da minha mãe. Haymitch queria Maysilee e a empresa, ele invejava meu pai, queria tudo o que era dele. Os dois haviam crescidos juntos, com Haymitch invejando meu pai, seja quando eram crianças, sempre querendo os brinquedos de meu pai, quando eram adolescentes, querendo as namoradas de meu pai, e adultos, querendo a vida de meu pai.

Haymitch não estava contente queria tudo. Porém, minha mãe não amava Haymitch, apenas amava meu pai. Haymitch vez de tudo para separá-los e conseguiu. Meu pobre pai ficou arrasado. Haymitch começou a namorar com Maysilee. Entretanto, a ambição de Haymitch não tinha limites, não contente em ter minha mãe, ele também queria a empresa. E foi o que fez, armou um plano e conseguiu a empresa, meu pai não descobriu a tempo. Do dia para noite, os Mellark ficaram pobres e sem Panem. Neste tempo, meu pai havia conseguido reconquistar minha mãe, o que despertou ainda mais a fúria de Haymitch. Furioso também roubou a parte dos Donner, e ficou com a empresa só para ele.

Meus pais tiveram suas fortunas roubadas, tudo devido a ambição de um homem, Haymitch. Porém, ele não se contentou em destruir a minha família, queria mais, muito mais. E foi o que fez... Haymitch matou meus pais em um acidente de carro. Sei que ele foi o responsável, porém, não tenho provas. Tudo o que tenho são as cartas que meu pai me deixou contando o tamanho da crueldade e ambição de Haymitch. Lembro-me de alguns trechos das cartas.

Peeta, meu filho, estou cada vez mais temendo pela vida de sua mãe e a minha. Haymitch está a cada dia mais perto de nós, eu o conheço, ele não teria se reaproximado de nós se não quisesse algo. Também sei o quanto Haymitch é cruel”.

Esta carta foi escrita alguns meses antes do acidente. E a última carta de meu pai confirma tudo:

Vamos fazer uma viagem, eu e sua mãe. Sua mãe está muito cansada. Eu sei o que é, tudo isto é devido a presença de Haymitch. Eu não sei, filho, mas ando muito desconfiado, há algo que está me deixando inquieto. Haymitch me ligou, disse que precisava falar comigo, respondi que apenas poderia falar com ele no próximo final de semana quando eu voltasse da viagem que faria, e ele me respondeu, ‘pode ser tarde demais”.

Estes são apenas alguns trechos das cartas, em muitas delas meu pai reafirma sua desconfiança em relação a Haymitch.

Apenas aos dezesseis anos soube da existência das cartas. Meus pais morreram quando eu tinha dez anos.

Após descobrir sobre isso, consegui falar com um dos mecânicos que cuidou do carro do meu pai. Lembro ainda da voz um pouco trêmula do homem, claramente, um sinal de medo.

– Não posso falar mais, minha família... – eu sabia o que significa aquilo, Haymitch era poderoso, influente, com um estalar de dedos poderia destruir qualquer um que cruzasse seu caminho. – Mas saiba que aquele acidente não foi... um... acidente... O carro... com certeza, alguém o sabotou...

– Você sabe quem, não é? – perguntei.

Ouvi apenas silêncio do outro lado da linha.

– É ele, não é? Haymitch? – insisti.

– Eu... eu não posso falar. Ele é muito poderoso... – o homem parecia cada vez mais nervoso, desligou o telefone.

Tentei falar com este mecânico mais algumas vezes. Entretanto, o homem desapareceu, sem deixar rastros, sem deixar uma única pista que ainda estava vivo.

Meu pai era um homem bom, justo, nobre. Ele era meu herói, meu amigo, meu ídolo. Lembro-me dele me contando histórias antes de dormir, sua voz calma e forte. Minha mãe era uma mulher bondosa que me amava. Lembro-me de seus sorrisos, de nossos longos passeios nas tardes de verão. Eles não mereceram aquela morte!

Haymitch deveria ser um sádico, muitas vezes ele ia me visitar depois das mortes de meus pais. Dizia que queria ser um pai para mim.

Quando descobri as cartas, um ódio tão profundo tomou conta de mim, que eu só conseguia pensar em uma coisa: vingança.

Fugi de casa, meus tios nunca se importaram muito comigo, e quando sai de casa, não ficaram desesperados para me encontrarem. Eles só me levaram para morar com eles na Suíça por pura e simples obrigação, nada além do que isso. Afeto, não foi algo que recebi de meus tios.

Nesta fuga conheci Cato e Glimmer. Os dois tinham dezoito anos, viviam de uma maneira no mínimo interessante. Glimmer era uma mestre nas cartas, ninguém poderia ganhar dela. Ela sabia trapacear e mentir como ninguém, poderia ser uma mulher sedutora ou uma garota ingênua, todos que jogavam com ela caiam em sua atuação. Já Cato era um sedutor nato, seduzia qualquer mulher que desejasse, e seus alvos prediletos eram as mulheres de alta classe. Os dois viviam assim, com Cato arrecadando dinheiro das mulheres ricas e Glimmer ganhando nas cartas. Eles nunca estavam em um mesmo lugar por muito tempo, viviam em hotéis luxuosos, viajando por toda a Europa.

Eles foram os meus professores, me ensinaram muitas coisas. Graças a Cato virei um sedutor, capaz de conquistar qualquer mulher; com Glimmer aprendi a mentir descaradamente, virei um ator perfeito. Com o tempo minhas habilidades só foram aumentando. Tenho certeza que superei meus mestres. Posso seduzir e mentir sem nenhum problema. Além disso, sou ótimo com as palavras.

Após fugir de casa, passei a viver com eles. Aprendi tudo o que eles sabiam, enquanto pensava em um plano para me vingar de Haymitch. Noite e dia, eu apenas pensava nisto. Eu dormia e acordava com isto em minha mente. Me vingar virou uma obsessão.

Dois anos depois, me encontrei com Haymitch. Ainda bem que eu já havia virado um mestre na atuação, soube enganá-lo direitinho. Haymitch me pediu que fosse morar com ele, disse que havia dois anos que estava me buscando. Definitivamente, ele era um sádico, quem busca o filho do homem e da mulher que matou? Haymitch não estava contente, queria me ver sofrer, assim como fez com meu pai e minha mãe.

Depois do encontro com Haymitch, eu tinha um plano, iria aceitar o convite dele, e me vingar da pior forma possível, fazer Panem voltar as mãos do verdadeiro dono, pegar todo seu dinheiro. Pedi para que Cato e Glimmer me ajudassem, eles aceitaram na hora. Os dois fazem qualquer coisa por dinheiro. Glimmer e Cato vieram para a cidade onde morava Haymitch, estudaram cada passo dele, me informaram sobre cada um daquela mansão, desde os empregados até a filha dele. Enquanto isso, eu fingia que estava relutante em aceitar o convite de Haymitch. Até me matriculei na faculdade de medicina e disse para Haymitch que era um estudante de medicina, e que trabalhar no ramo dos negócios não me interessava, eu queria salvar pessoas, como minha mãe quis um dia.

Tudo estava indo perfeitamente bem. Eu aprendera com Cato e Glimmer que o golpe perfeito exige uma única coisa, paciência, e isso eu tinha de sobra. Só de pensar que eu iria me vingar de Haymitch, o deixar na sarjeta, fazê-lo pagar pela morte de meus pais, me dava ainda mais força para esperar. E sabia como iria me vingar dele, Katniss, a sua única filha. Iria fazer a garota sofrer como nunca sofreu na vida e depois mostrar para seu papai cada lágrima da garota, o fazer ver que ele era o responsável pela dor da sua filhinha.

Cato e Glimmer acharam uma maneira de se aproximar de Katniss, Gale, um riquinho idiota que se achava o conquistador. Gale nunca conheceu um conquistador de verdade. Depois que tinham conseguido a confiança de Gale, iriam se aproximar de Katniss, me ajudariam com o plano. Então, eu entraria, seria um garoto que me veria apaixonado por ela, a seduziria e depois a faria sofrer...

Tudo estava indo bem até demais... Quando Haymitch morreu. A morte dele estragou nossos planos. Eu odiava ainda mais Haymitch por não ter me dado a chance de me vingar. No entanto, a sorte logo voltou-se para mim, o velho idiota havia me deixado a tutela de sua filha. Se eu não poderia me vingar dele, pelo menos teria seu dinheiro.

O plano basicamente consistia em conquistar a confiança de Katniss Everdeen, fazê-la acreditar que eu era um tutor disposto a fazer de tudo por sua pupila. Depois, conseguir uma maneira de matá-la, e eu, naturalmente, ficaria com toda a sua fortuna... Se eu me tornasse seu amigo, ninguém iria desconfiar se algum acidente acontecesse com a rica herdeira dos Everdeen. Não seria difícil, apenas teria que jogar o meu charme e Katniss estaria em minhas garras.

O plano era perfeito, no entanto, ele só não contava com uma coisa, Katniss Everdeen, a garota era desconfiada, não acreditava em ninguém. Pensei que encontraria uma riquinha esnobe e imbecil e me deparei com uma garota, que apesar de sua aparência frágil, era muito forte.

Conquistar Katniss virou uma questão de honra. Contudo, quando mais eu tentava, mais ela se afastava. Apesar de ser extremamente inteligente, Katniss pode ser uma tola às vezes, e quando ela tomou aquele porre, pensando que iria me desafiar, eu consegui meu maior trunfo, vi seu lado frágil. A fragilidade de Katniss é seu ponto fraco. Ela é solitária, triste, tem em seu coração uma profunda magoa pelo mundo que nunca lhe deu amor. Eu havia descoberto como entrar no coração de Katniss...

A oportunidade perfeita surgiu, uma viagem a Zermatt. Agiria como um amigo e depois quando o corpo de Katniss Everdeen fosse encontrado na neve, choraria e diria a todos que eu era o culpado por sua morte por ter sido negligente. Todos cairiam diante de minhas lágrimas e ninguém me culparia.

Calculei cada passo de todas as pessoas. Cato conquistaria Rue, a convidaria para esquiar, mas o ponto chave era que alguém contasse isto a Katniss, e este alguém precisava ser uma pessoa longe de qualquer suspeita, Gale. Cato encontraria uma maneira de fazer Gale saber que ele e Rue iriam esquiar. Depois disso, ele mudaria de ideia e levaria Rue para outro lugar. Glimmer roubaria o casaco com que Rue estava, atrairia Katniss para que ela se perdesse.

O plano correu exatamente como eu esperava. Katniss, como previ, ficou desesperada em saber que Rue havia saído com Cato. Ela tem este problema se preocupar muito com as pessoas ao seu redor e faz de tudo para mantê-las salvas, até mesmo arriscar sua vida – apesar de nunca admitir isso.

Queria conferir a morte de Katniss de perto para que nada saísse errado. Fiz meu teatrinho de tutor preocupado, pedi informação para todos sobre Katniss, e ficava cada vez mais desesperado quando ninguém me dizia nada. Sai desesperado para tentar encontrá-la. Ninguém poderia dizer que eu havia negligenciado Katniss, mas eu afirmaria que sim, seria perfeito. Faria o papel do tutor que sentia terrivelmente culpado pela morte de sua querida pupila e ninguém resiste a um jovem cheio de remorso.

Eu sabia onde Katniss iria morrer.

Quando cheguei ao local, vi Katniss sobre a neve. Aproximei-me dela, respirava com dificuldade, sua respiração era cada vez mais lenta. Em breve eu seria um jovem rico...

Contudo, algo me incomodava eu não teria minha tão sonhada vingança, do que valia ser um jovem rico se não pudesse me vingar?

Sim, eu precisava me vingar, meu sangue clamava por vingança.

Me ajoelhei perto dela, se eu não agisse rápido, Katniss perderia sua vida. Fiz-lhe respiração boca a boca, logo a vida que lhe estava fugindo voltou. Acolhi-a em meus braços.

– Graças a Deus! Pensei que você tinha... morrido – disse a envolvendo ainda mais em meus braços, não queria deixar minha presa ir embora. Ela não tinha mais este direito. A partir daquele momento, ela era minha.

Estava decidido, voltaria com meu plano inicial, conquistaria Katniss, a faria sofrer, roubaria sua empresa e quando estivesse satisfeito a mataria. Alguém precisava pagar por todo a minha infelicidade.

Após estudar Katniss, decidi qual era o melhor plano para fazê-la cair em minhas garras. Representaria o papel de uma vítima de um amor proibido, que ama, mas não pode ficar junto de sua amada. A todo momento insistiria neste amor, a ponto de deixar Katniss enfeitiçada por mim, louca para provar do fruto proibido.

Será que aqueles dois não entendem que o que mais importa para mim é ter minha vingança?

Solto um suspiro, tenho que manter a calma, qualquer deslize pode me fazer perder tudo.

Entro no carro e começo a dirigir em direção a mansão Everdeen.

A primeira coisa que faço é perguntar por Katniss para Mags. Depois daquele beijo debaixo do caramanchão, nós dois não temos nos visto muito. Está na hora de eu atacar um pouco mais. Mags informa que Katniss ainda não voltou.

Vou para a biblioteca, pego um livro e volto para a sala, decidido a esperar por Katniss. As horas passam, mas nada de Katniss surgir.

São quase nove horas da noite. Tento ligar para seu celular e ninguém responde. Onde diabos foi parar esta garota? Será que ela está com Rue? Katniss não tem muitos amigos...

22:05. Ligo para a casa de sua amiga, porém, Rue está viajando.

22:16. Pergunto para Mags se ela não conhece algum amigo de Katniss. No entanto, ela me responde que Katniss não é de ter muitos amigos. Isso eu já sei.

23:33. Ando impaciente pela sala. Tento pensar aonde ela iria as estas horas da noite. Sua amiga está viajando, ela não tem muito amigos – além de Rue, a única pessoa mais próxima a ela é Gale... Será que ela foi se encontrar com ele?

00:44. Decido ligar para Gale. E nada, em sua casa me dizem que ele saiu. Não tenho o celular de Gale. Ligo para Cato, pedindo que ele telefone para Gale para saber onde ele está.

– Peeta, estou em uma festa – responde. – E Gale está comigo, e por que você quer saber onde o Gale está?

– Katniss... Ela praticamente sumiu!

– Cara! Como você vai perder a garota? – ele fica nervoso. – Vou falar com Gale... – desliga o telefone.

Depois de meia hora, Cato me liga.

– Então? – atendo o celular ao primeiro toque.

– Perguntei pela Katniss... Mas ele também não sabe de nada.

Desligo o celular. Katniss Everdeen, onde você está?


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? O Peeta só quer uma única coisa vingança, mas... em meio a tanto ódio, será possível nascer um sentimento? Katniss já sabe de seu plano, o que será que ela fará? E este sumiço repentino da Katniss? E os segredos ainda não acabaram, nem as reviravoltas, ainda há muita coisa, esta é apenas a ponta do iceberg...