Eu Não Preciso De Amor escrita por Hanna Martins


Capítulo 12
Desvendando o enigma da esfinge


Notas iniciais do capítulo

Chegou o momento! Katniss finalmente começa a descobrir o que Peeta Mellark quer, preparem-se para querer matar alguém!



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Passo meus dias tentando encontrar uma maneira de descobrir o que está acontecendo... Mas não encontro nada.

Me afastei de Peeta, depois daquilo, todas as minhas desconfianças voltaram e elas voltaram mais fortes. Peeta salvou minha vida, se declarou para mim, porém, eu nunca fui uma pessoa que confia nos outros. Eu sempre desconfiei de tudo e de todos, e me sinto uma tola por ter me deixado levar por Peeta. Eu não deveria ter me deixado prender em suas garras, deveria ter desconfiado mais. Peeta e Glimmer juntos naquela festa, será que eu não percebi que havia algo de muito errado naquilo? Agi como uma idiota, me deixei levar por suas doces palavras, por seus beijos que me tiraram a sanidade. Entretanto, agora serei forte e não vou me deixar mais levar, descobrirei a verdade, e farei de tudo para encontrá-la.

Qual a relação entre Peeta e Cato? E o que ele tem exatamente com Glimmer? Vejamos, não faz muito tempo que Cato e Glimmer se juntaram ao grupo de Gale. Não sei.ao certo, mas tenho certeza que isso tem menos de um ano. Sei que eles frequentam a mesma universidade de Gale, parece que foi aí, que eles começaram a ser amigos... Eu não tenho muitas informações sobre eles, afinal não posso sair por aí, perguntando sobre eles, Peeta desconfiaria. Por que tudo isto é tão difícil? Por que não consigo juntar as peças?

Olho para o livro que tenho nas mãos, porém ele não consegue prender a minha atenção. Fecho o livro e me levanto da cadeira. Estou no caramanchão que fica no fundo do jardim, atrás da casa. Como ele fica bem afastado da casa, quase ninguém vem aqui, um local ideal para pensar. Era um dos lugares prediletos da minha mãe, muitas das vagas lembranças que tenho dela são com ela neste lugar. Deve ser por isso que não venho muito aqui, me recorda a minha mãe. Observo as folhas da trepadeira, que cobre o teto, porém elas são apenas uma desculpa para deixar minha mente vagar ao acaso.

– Katniss...

Me volto imediatamente para a voz que me chama.

– O que foi, Peeta? – pergunto um pouco contrariada por ele ter vindo a este lugar.

– Nada... – sua voz parece triste.

Ele se senta lentamente em uma das cadeiras que fica debaixo do caramanchão, sem tirar os olhos de mim.

– Nada? Então... – tento controlar meus sentimentos, não demonstrar que estou contrariada com sua presença, coisa que tenho feito muito ultimamente. A verdade é que a presença de Peeta me deixa apreensiva, desconfiada, mas não posso demonstrar isto, pelo menos por enquanto. – Tem certeza?

Peeta fica em silêncio por um instante. O que ele está pensando? Por que não posso decifrá-lo? Ele é um enigma para mim. Dizem que a esfinge, uma criatura mitológica, propõe um enigma a cada pessoa que tentar passar por ela, se a pessoa não conseguir desvendar o enigma, ela o devora. Será que Peeta, assim como a esfinge do mito, vai arrebatar minha vida se eu não conseguir desvendar seu enigma?

– Katniss... Por que está fugindo de mim?

– Eu não estou fugindo – tento negar.

– Não parece... Não tínhamos combinado que meus sentimentos por você não iria interferir em nosso relacionamento, que agiríamos como se eu nunca houvesse me confessado?

O que devo falar para ele? Não posso dizer que o motivo da minha fuga é outro? Não, eu não devo de maneira nenhuma abrir o jogo com Peeta Mellark. Preciso fazê-lo acreditar que cai totalmente em suas garras. Preciso agir como uma garota ingênua e tola. Aliás, será mesmo que Peeta está apaixonado por mim? No primeiro momento, tenho que admitir, cheguei a acreditar neste amor que ele me jurou. Talvez, eu estivesse querendo acreditar que era verdade, que havia alguém me amava neste mundo, que eu não estava sozinha. No entanto, depois que comecei a desconfiar da estranha ligação entre Peeta, Cato e Glimmer, não acredito mais – embora ainda haja uma pequenina parte, tola e ingênua, que ainda quer acreditar que isso é verdade, que Peeta não está e nunca esteve mentindo para mim.

– Peeta... Isto tudo é novo para mim. Ninguém nunca havia confessado... me amar... Além disso, você está certo nós não podemos... Afinal, você é o meu tutor... Como você disse meu pai queria que você cuidasse de mim como um irmão mais velho.

Peeta se levanta da cadeira e se aproxima de mim.

– É isso o que você quer?

Ele me lança um daqueles olhares capaz de levar embora qualquer juízo. Os olhos de Peeta hipnotizam qualquer um que esteja em sua frente, eles me chamam. Se aproxima ainda mais de mim, a ponto de eu ter que esticar meu pescoço para vê-lo. Ele se curva e fica da minha altura. Seus olhos vão parar em meus lábios. Peeta é a reencarnação da sedução, não há ninguém mais sexy do que ele. Sua boca quase toca a minha.

– Ah, Katniss, por que não posso resistir a você? – diz baixinho, com uma voz rouca e sexy.

Seus lábios vão parar nos meus. Ele me dá um beijo delicado, porém ao mesmo tempo intenso. Sinto meus lábios queimarem com o contato de seus lábios nos meus. Seu beijo é capaz de me deixar completamente insana. A pequenina parte (tola e ingênua), que ainda quer acreditar no amor de Peeta, se manifesta neste momento tomando o controle do meu ser. Agarro os cabelos de Peeta com força, como se quisesse me agarrar a esta certeza que ele não está me enganando. Idiota! Pare com isto!

Com muito esforço consigo tomar o controle de minha razão novamente e me solto dos lábios de Peeta.

– Nós não podemos... – digo, me afastando dele.

Me viro e começo a correr em direção a casa.

– Katniss! – me chama, porém eu não me detenho e prossigo sem olhar para trás.

Isso precisa terminar! Não queria chegar a este extremo, porém se eu não fizer isto a situação só pode se complicar. Pego meu celular e faço rapidamente uma ligação.

– Alô – ela me atende com a voz sonolenta, deve estar tirando sua soneca da tarde.

– Rue, preciso de um favor seu! Você pode me ajudar?

– É claro – sua voz demonstra que acordou totalmente.

– Por favor, me prometa que não irá perguntar nada – peço.

– Katniss, aconteceu algum problema?

– Rue, por favor – imploro.

– Está bem, não vou perguntar nada – fala após um momento de silêncio. – O que você precisa?

– Preciso... – hesito por um momento –, do endereço de Cato.

– Mas o que? – se assusta com meu pedido.

– Você prometeu que não iria perguntar – lembro.

Passa-se um longo momento de silêncio do outro lado da linha.

– Ok... Vou ver se consigo isto – desliga o telefone.

Não queria envolver Rue nisto, porém após aquele beijo de Peeta se eu não fizer isto, temo que vou fazer uma besteira.

Rue me liga no final da tarde com o endereço de Cato.

– Como você conseguiu?

– Katniss, você disse que não era para eu perguntar sobre o que você está fazendo... Então, não me pergunte sobre isto – tenta soar chateada.

– Ei, não fica brava comigo – falo com uma voz divertida. – Lembre-se que agora você pode me pedir alguma coisa sem questionamento e eu nem vou reclamar.

– Mesmo? – sua voz parece um pouco mais animada.

– Juro! Mesmo que seja te resgatar no meio da noite do quarto de um cara mais velho – brinco.

Ela ri. Esta ideia do cara mais velho, tenho que admitir, não foi uma boa ideia... Principalmente, se tratando de Rue.

Desligo o celular e olho para o endereço de Cato... É um pouco longe daqui. Porém, sinto que preciso resolver isto ainda hoje. Digo a Mags que vou me encontrar com Rue no shopping. Peço ao motorista que me deixe no shopping com a desculpa de que o motorista de Rue vai nos buscar mais tarde.

Pego um táxi e dou ao motorista o endereço de Cato. O motorista me deixa em frente a um prédio velho. Não se espera que um dos amigos de Gale more em um lugar como este... o que só deixa a coisa ainda mais estranha e minhas desconfianças maiores.

Cubro minha cabeça com o capuz de meu moletom. Não é um dos melhores disfarces, mas pelo menos alguém vai ter que prestar bastante atenção para me identificar.

Em frente ao prédio há uma pequena lanchonete, decido que o melhor é ir para lá, e... observar o terreno. A verdade é que não tenho um plano exatamente... Apenas quero verificar algumas coisas, estudar o terreno e só então elaborar um plano.

Uma garçonete ruiva me atende, peço um sanduíche e um suco.

Observo o prédio, ele não é grande, tem apenas sete andares. Ele é verde, porém, nota-se que este verde não é o tom original, a pintura está desgastada há muito tempo.

A garçonete conversa alegremente com alguns clientes. Será que ela conhece Cato? Isso seria bem provável, a lanchonete fica em frente ao prédio e um cara como Cato não passaria despercebido diante do olhar de uma mulher. Termino de comer meu sanduiche e tomar meu suco. Chamo a garçonete.

– Por favor, mais um suco de laranja – peço.

– Mais alguma coisa?

– É... – olho para ela um pouco hesitante. – Tenho um amigo que mora naquele prédio, hoje vim visitá-lo, mas ele não está... Queria saber se você conhece Cato?

– Cato? – ela faz uma expressão de quem tenta de recordar. – Acho que não...

– Tudo bem... Não tem importância... – falo um pouco decepcionada. Mas o que queria que todos conhecessem ele?

– Ah, é um rapaz alto, louro, muito bonito, bem forte?

Um sorriso nasce em meus lábios.

– Sim, ele mesmo.

– Sei quem é! Ele vem algumas vezes aqui – a garçonete é bem tagarela e isto é ótimo. – Sempre vem acompanhado de uma loura, linda. Estes dias até perguntei se a loura era modelo, porque realmente ela se parece com uma daquelas modelos que aparecem nas capas de revista...

A loura é Glimmer.

– Eles são namorados? Ou estão casados? – parece que Cato despertou o interesse da ruiva. – Parece que eles moram juntos – sua voz tem um tom decepcionado.

As surpresas realmente não acabam. Agora mais esta, então Cato e Glimmer moram juntos...

– Não... – respondo, mas eu não tenho certeza, aliás não tenho certeza de nada.

A garçonete solta um sorrisinho.

– E aquele amigo deles?

– Que amigo?

– Um louro, extremamente bonito, tem uns olhos azuis incríveis...

Nem preciso perguntar mais nada para saber de quem se trata, Peeta.

– Sei quem é ele, se chama Peeta.

– Ele também tem namorada? Mas nem sei por que estou perguntando isso, com certeza ele tem namorada... Um rapaz daqueles sem namorada?!

– Não... – neste momento uma ideia me surge, espero que isso dê certo. – Quer dizer, eu tenho uma amiga que era namorada dele...

A garçonete me olha curiosa, percebo que consegui meu objetivo, instigar sua curiosidade, perfeito.

– Os dois são muito apaixonados, mas a família dela é contra o namoro, já que ele é pobre e ela rica...

– E eles se separaram por causa disso?

– É complicado... A família dela fez de tudo para separar os dois, até que conseguiu. Minha amiga agora decidiu que vai fazer de tudo para ficar do lado dele.

A garçonete parece emocionada com minha história.

– Mas ele não quer voltar, não porque ele não a ame, e sim porque ele a ama tanto que não quer vê-la sofrer novamente. Há meses venho tentando descobrir o endereço dele, e pensei que Cato poderia ajudar, os dois são muito amigos...

A garçonete solta um suspiro. Ótimo, acho que meu plano vai dar certo.

– Qual seu nome? – pergunto.

– Alex – responde.

– Alex, você poderia me ajudar? Acho que Cato não vai dar o endereço do Peeta para mim, nem vai me deixar eu me encontrar com ele... Há dias venho tentando me encontrar com Cato, mas tudo o que recebo é um não como resposta – uso minha melhor voz de persuasão. – Você poderia me dizer quando eles vierem aqui, por favor? Assim eu poderia falar com Peeta... – olho para a garçonete. – Minha amiga está desesperada para se encontrar com Peeta, se ela não se encontrar com ele... temo pelo pior – tento fazer minha voz ficar triste.

Alex me olha comovida.

– É claro!

– Obrigada, Alex! Vou deixar meu número do celular com você, quando eles aparecerem me ligue! – digo, enquanto escrevo no guardanapo o número de meu celular. – E por favor, não diga nada para Cato, ele poderia avisar Peeta...

– Pode deixar! – diz ela pegando o guardanapo.

Os próximos dias são de completa agitação, não desgrudo do meu celular nem por um momento. Qualquer chamada me sobressalta, é uma mistura de medo e ansiedade, igual a sensação que uma pessoa teria se estivesse esperando que a esfinge dissesse que sua resposta estava certa ou errada. Apenas seis dias depois recebo um telefonema de Alex, dizendo que eles estão na lanchonete.

Ainda bem que estou em uma livraria perto da lanchonete, pego um táxi quando ainda estou falando com Alex no celular. Dentro de cinco minutos, estou na lanchonete. Alex me espera na entrada, peço para que ela me dê uma mesa perto deles, mas em um local em que eles não possam me ver. Estou com um capuz enorme que cobre grande parte do meu rosto.

Alex me conduz até a mesa, me sento de costa para eles, sei que eles não podem me ver, mas assim me sinto mais segura. Da mesa posso escutar tudo o que eles falam.

Os três estão aqui, Cato, Glimmer e Peeta. Como eu me sinto neste momento? Não sei... estou ignorando meus sentimentos e sendo apenas racional. Sim, racional como eu sempre fui, e não a garota tola que estava se deixando levar por suas emoções nestes últimos tempos.

– Então, Peeta, quando vai ser? – pergunta Cato.

– Logo...

– Logo? Isso era para ter terminado em Zermatt, mas você teve esta ideia! Não percebe que o tempo está passando?

– O que você quer que eu faça? – Peeta responde maneira raivosa. – Vocês sabem o que eu quero! E vocês são estão nesta por dinheiro! Eu é que mando aqui!

A voz de Peeta é muito ameaçadora, tanto que me causa medo.

– Calma – tenta apaziguar os ânimos Glimmer. – Peeta, você vai ter sua vingança e, Cato, nós vamos ter nosso dinheiro.

– Não sei por que diabos você quis se vingar dela! O velho não morreu? Era dele que você queria se vingar e não da garota – diz Cato.

– Mas ela é filha dele, merece sofrer! Ela precisa pagar pelos crimes do pai.

– Eu ainda acho que apenas você deveria ter seguido com o plano, matar a garota em Zermatt e depois ficar com o dinheiro dela – fala Cato.

– Não, ela precisa sofrer primeiro! Depois que ela sofrer tudo, eu mato ela – diz a voz de Peeta, uma voz fria, sem alma.

Um arrepio percorre meu corpo... Sinto que descobri o enigma, mas a esfinge não vai me deixar livre. Sinto um gosto horrível em minha boca. Sinto... eu não sei o que sinto, apenas um sentimento se sobressalta aos demais: ódio.

Odeio Peeta Mellark.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? E agora que a Katniss vai fazer com esta bomba? No próximo capítulo vamos descobrir mais sobre Peeta. Eu nunca faço uma fic com dois narradores, para mim é complicado escrever com dois narradores, além de achar bem mais simples escrever com apenas um, porém irei abrir uma exceção, achei necessário colocar o Peeta como narrador aqui, para a história ficar bem mais interessante. Tudo isso para dizer que os próximos capítulos serão narrados pelo Peeta.