Eu Não Preciso De Amor escrita por Hanna Martins


Capítulo 14
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Notas iniciais do capítulo

Ainda não decidi quantos capítulos a fic terá narrados pelo Peeta, mas acredito que teremos mais uns três capítulos narrador por ele.



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03:22. Perguntei para todos os empregados sobre Katniss, mas ninguém sabe de nada.

05:45. Ando de um lado para o outro, ligo sem parar para o celular de Katniss, no entanto, ele está fora de área.

09:32. Katniss ainda não apareceu, já liguei até para as colegas de classe de Katniss, porém, nenhuma delas têm alguma informação sobre o paradeiro de Katniss.

11:43. Não consigo pensar em nada, já liguei para todos os lugares possíveis e impossíveis de Katniss estar e nada... Inferno! Como pode uma garota sumir do mapa, sem deixar rastros?

14:51. Ainda não tenho nenhuma notícia de Katniss. Esta garota quer me deixar louco?

15:10. Sem notícias... Será que alguma coisa aconteceu com ela? Não, nada pode acontecer com ela! Eu preciso me vingar primeiro! Katniss Everdeen precisa sofrer em minhas mãos!

15:26. Já liguei para todos os hospitais da cidade e eles, para meu alivio, não tem nenhuma garota não identificada internada.

16:03. Mags surge na sala, quase gritando, com o telefone na mão.

– Katniss...

– O que tem a Katniss, alguma notícia dela? – pergunto impaciente.

– Ela...

– O que tem ela?

– Parece que ela está na casa de praia dos Everdeen...

– Como?

– Lembrei que os Everdeen tem uma casa de praia, ela não é muito usada... Liguei para um dos empregados, ele disse que Katniss apareceu por lá, e que dispensou os empregados que cuidam da casa. Estou tentando ligar para lá, mas não consigo.

Quando percebo já estou dentro de um avião indo para a casa de praia dos Everdeen. Esta garota está me deixando maluco! Como ela some assim? E aparece em uma casa de praia, sem avisar ninguém?

A viagem não é demorada. Logo estou em frente à casa de praia dos Everdeen. Haymitch podia ser um crápula, porém, ele tinha bom gosto. A casa fica praticamente diante do mar, em um local isolado de tudo e de todos. Sua arquitetura é moderna, as paredes são brancas, é constituída de dois andares.

Já está noite, quando chego à casa de praia. Mags me deu as chaves reservas da casa, por isso entro na casa imediatamente sem bater.

A casa está silenciosa, é possível ouvir o barulho das ondas do mar, silenciosa e com pouca iluminação. Noto uma fraca luz que vem de um dos cômodos. Katniss deve estar lá. Caminho vagarosamente até o local, ensaiando em minha mente como devo agir. Serei um pouco ríspido, mas não grosseiro, lhe darei uma bronca – sei cada palavra que vou dizer, planejei tudo durante a viagem de avião – porém, não qualquer bronca, devo ficar entre o aliviado por ter a encontrado e o chateado por ela ter fugido...

Entro no local, é uma pequena sala, que apenas está iluminada por um abajur. Meus olhos percorrem a sala e a encontram. Ela lê um livro, sua expressão é calma, está concentrada. Sem aviso prévio, seus olhos se voltam para mim... Em seus olhos não há surpresa, ela age como se me esperasse. Por um instante me sinto sem reação... esqueço todo meu discurso.

Nos encaramos por um longo minuto. Sou ótimo em decifrar a expressão das pessoas, no entanto, a expressão de Katniss neste instante é indecifrável para mim. Droga! Não consigo prever o que ela vai fazer. Esta é uma das coisas que sempre me intrigou em Katniss, muitas vezes, eu não consigo lê-la, prever seus movimentos. Katniss, em certas ocasiões, se apresenta como um verdadeiro enigma para mim. Embora isso dificulte meus planos, torna meu jogo ainda mais interessante.

– Por que fugiu, Katniss? – pergunto, mudando totalmente meus planos iniciais.

– Você está certo, Peeta – fala meu nome como se soletrasse cada sílaba. Por alguma razão, que não consigo descobrir, fico em alerta. – Eu realmente fugi.

– Fugiu do quê? – indago, enquanto a encaro com meus braços cruzados.

Ela olha bem no fundo dos meus olhos, deixa o livro sobre a mesinha de centro, e apanha uma taça de vinho (que eu não havia notado antes). Toma um trago lentamente.

– De você.

Um arrepio percorre minhas costas. Maldição! Estou perdendo minha calma.

– De mim? – pergunto em um tom neutro, preciso analisar o terreno.

– Sim... – ela me encara, depois de um instante de um incomodo silêncio, um sorriso brincalhão surge em seus lábios.

Sorrio e me sento perto dela. Meus músculos antes tensos relaxam.

– E por que você fugiria de mim?

– Você sabe o porquê... – fico tenso novamente, apesar seu sorriso brincalhão, a frase parece conter um sentido ambíguo.

Katniss me olha, esperando que eu diga alguma coisa. Entretanto, não sei o que dizer...

– Katniss... você nos deixou preocupados! E eu...pensei que você poderia ter...

– Morrido? – completa Katniss.

Enlaço a cintura de Katniss e a trago para mim. Por um breve instante, tenho a impressão que ela está tensa.

– Não faça isso de novo, por favor – a aperto contra meu corpo.

– Tudo bem, Peeta. Eu apenas precisava pensar... – murmura.

Katniss não devolve meu abraço. Ela fica em meus braços, sem se afastar, ou tentar me afastar, mas sem retribuir meu abraço. Ficamos assim por uns longos minutos, até que a solto de meus braços. Katniss se levanta e vai até o pequeno bar que fica em um canto da sala.

– Quer alguma bebida? – pergunta enquanto pega um copo e coloca sobre o balcão.

Me aproximo do balcão.

– O vinho que você está bebendo...

Ela guarda o copo e pega uma taça, serve o vinho. Pego a taça, olho para o vinho vermelho, tão vermelho quanto o sangue. Ela termina com a sua taça de vinho.

– Melhor eu ir dormir... – fala depositando a taça agora vazia sobre o balcão.

– Espere! – a retenho com minha mão quando ela passa perto de mim.

Preciso agir, esta conquista está demorando demais.

– Não fuja mais de mim, sim? Sei que meus sentimentos por você não são corretos, mas a última coisa que eu quero é que você fuja de mim.

– Tem razão, Peeta, estes sentimentos não são corretos – seu tom é calmo.

Droga! Será que meu plano não está dando certo? Mas isso não é possível! Será que estou usando a tática errada com ela? Minha intenção foi fazer Katniss se jogar aos meus pés, como uma garota apaixonada. Meu jogo é simples, a fazer acreditar que estou loucamente apaixonado por ela, porém, não posso consumir este amor, pois ele é proibido. Katniss deveria já estar rendida por meus sentimentos. Deveria estar ansiando por meus beijos, por meus abraços. Acho que subestimei Katniss Everdeen. Será que preciso mudar de tática?

Puxo Katniss para meus braços, olho para seus lábios de forma provocativa (qualquer garota sempre se rendeu a esta tática), aproximo meus lábios de maneira sexy de seus lábios. Estou praticamente roçando em seus lábios, pronto para lhe aplicar um profundo beijo... sua mão se entrepõe entre meus lábios e os seus.

– Não! – fala de maneira autoritária.

Olho para Katniss um pouco desconcertado. Ela acabou de rejeitar um dos meus beijos? Ela nunca tinha feito isto antes! Aliás, nunca ninguém havia feito isto antes.

Katniss sai de meus braços.

– Katniss?...

– Peeta, é melhor nos irmos dormir, sim? – diz, se retirando da sala.

Ela me deixa sozinho, me perguntando que diabos está acontecendo? Pego a taça de vinho e a bebo com apenas um trago. Encho minha taça com mais vinho. Tento analisar qual é a falha de minha estratégia. Contudo, não vejo nenhuma.

Vou precisar mudar de tática, será? Passo a noite na sala, estudando e reformulando minha tática, tentando ver qual deve ser meus novos passos.

Deixo a sala quando a luz do dia começa a invadir a sala. Em cima do balcão há uma garrafa de vinho vazia, uma garrafa de whisky pela metade, e alguns copos sujos.

Tomo um banho frio para acordar e me curar de uma possível bebedeira, já que bebi bastante de noite (mas eu sou um bom bebedor, dificilmente fico bêbado). Porém, sei interpretar muito bem o papel de um bêbado. Mas agora não me convém ser um bêbado, louco, levado pelos seus instintos.

Após o banho vou até a cozinha, preparo um belo café da manhã. Nada agrada mais uma garota que um belo café da manhã. E melhor que um café da manhã, é um café da manhã levado na cama. Arrumo uma bela bandeja, com torradas, frutas (morangos, uvas, pêssegos), suco de laranja e panquecas. Se tivesse uma flor seria o toque perfeito, mas como não encontro uma flor, preciso deixar assim mesmo.

Vou até o quarto em que Katniss está. Entro. É um belo quarto, elegante e espaçoso, não tem muitos móveis, apenas uma cama de casal, um guarda roupas, um criado mudo e uma escrivaninha, há uma sacada também, com uma perfeita visão para o mar.

Katniss ainda está dormindo. Sua expressão embora seja aparentemente tranquila, tem algo de tenso. Ela usa um pijama de mangas (típico de Katniss). Coloco a bandeja sobre o criado mudo. Me sento na beirada da cama. Como devo acordá-la? Segundo o manual de um conquistador:

a)Beijo quente, quando você quer demonstrar que a deseja mais que tudo.

b) Beijo na bochecha, ou na testa, você tem um imenso carinho por ela, e tem um amor puro.

c) Caricias no cabelo, ainda não a conquistou totalmente, mas está um passo disso, por isso está indo com calma.

d) Sussurrar em seu ouvido, deixa qualquer garota maluca.

Mas Katniss não é qualquer garota, as opções a e b estão fora de questão. Olho para ela, sua respiração suave, seu leve descer e subir do peito...

Ela abre os olhos e me encara. No princípio, um pouco sonolenta, depois confusa e em seguida tenta sorrir, mas não o faz.

– O que faz aqui?

– Trouxe seu café da manhã, dorminhoca! – sorrio apontando para a bandeja que está no criado mudo.

Ela se senta na cama.

– Ah... obrigada – olha para bandeja.

Não que esperasse mais coisa que isso, porém, Katniss poderia ser mais efusiva em demonstrar suas emoções.

Pego a bandeja e coloco-a sobre a cama. Katniss apanha uma torrada. Ela começa a mastigar lentamente, a observo comer.

– O que foi?

– Nada... Apenas é bom te observar comendo.

Ela coloca o resto da torrada sobre a bandeja.

– Precisamos voltar, amanhã é segunda... – diz.

– Pensei que poderíamos ficar mais alguns dias aqui – sugiro. – Posso ligar para seu colégio e pedir uma permissão para que você tome uns dias de férias... Este lugar é perfeito, acho que seria ótimo se tirássemos alguns dias de férias, apenas nós dois aqui...

– Não! – fala de maneira brusca.

Olho para ela interrogativo.

– É que tenho algumas coisas para fazer... E logo vai ter a semana de provas... Preciso estudar – seu tom volta a ser normal, sorri.

– Tudo bem – falo sem tentar esconder minha decepção.

Eu realmente achei ótima a ideia de ficarmos aqui mais alguns dias, seria perfeito para meu plano.

Katniss se levanta da cama. Ela me encara.

– Vou tomar banho... Será que você poderia... sair do quarto?

– É claro – me levanto da cama.

– Poderíamos ir para o aeroporto depois que eu terminar o banho...

– Como você preferir – digo saindo do quarto.

Nossa viagem de regresso é rápida e silenciosa, não falamos muito, só coisas sem importância, para que o silêncio não reine totalmente.

Após regressarmos, Katniss se tranca em seu quarto, afirmando que precisa terminar um trabalho.

Os dias passam. Katniss parece cada vez mais distante. Ela quase nunca está em casa, nem faz as refeições, passa parte do dia no colégio estudando e quando não está lá, está na casa de Rue. Enquanto isso, Cato e Glimmer me cobram resultados.

– Acho que você está perdendo suas habilidades – fala Glimmer, enquanto toma seu suco de tangerina.

– Talvez você precise de algumas aulas minhas novamente...

Lanço um dos meus olhares assassino para Cato que o faz calar a boca.

– Só estou dizendo... – insiste após alguns segundos de silêncio.

– E você era o melhor, Peeta, no quesito sedução. Quantas mulheres você não levou para a cama apenas ao sorrir para elas? – fala Glimmer. – Lembro que ganhamos muito dinheiro com suas... habilidades.

Me levanto da mesa em que estamos na lanchonete e saio sem dizer uma única palavra. Estes dois ainda vão me fazer cometer uma loucura. No entanto, tenho que admitir, eles estão certos. Preciso conquistar Katniss Everdeen, preciso fazer com que meu plano de vingança funcione. Ele está estagnado, mais do que eu gostaria que estivesse.

Chego à mansão Everdeen. Seria ótimo se Katniss estivesse em casa. Encontro Mags que está com uma pilha de roupas levando para o andar de cima.

– Katniss está?

– Sim – responde Mags. – Na biblioteca.

Sem perguntar mais nada vou para a biblioteca. Chegou o momento de perturbar um pouco os sentimentos de Katniss. Hoje ela não vai fugir de mim. Preparo mentalmente as frases que devo dizer.

Entro na biblioteca, mas esta não é a cena que eu esperava encontrar, Katniss está sentada em uma das poltronas ao seu lado está Gale.

– Peeta! Estava te esperando – diz ao me ver.

– Estava? – olho para ela interrogativo.

– Sim, eu e Gale temos uma notícia para te dar...

– Que notícia?

Ela sorri para Gale.

– Estamos namorando – responde simplesmente.

Olho para eles ainda não acreditando nas palavras que acabei de ouvir.

– Não está feliz, Peeta? – sorri de uma maneira provocante.


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Notas finais do capítulo

Odiaram? Gostaram? Críticas? E agora como ficará esta história? Katniss está namorando Gale, o que Peeta achara disso? Peeta está cego por sua sede de vingança e pode não perceber certos sentimentos que vão nascer...