“Our blond girl are completely crazy”

Ah não!

Leo se aproximou e franziu ainda mais o cenho.

– O quê? O quê tem a …

– Mas quê droga! - exclamou Alison – Vão ficar aí me olhando feito panacas ou vão me ajudar a tira-la de cima da churrasqueira?

– Oi? - disse Laila erguendo uma sobrancelha.

Alison bufou e agarrou o pulso esquerdo de Laila, que agarrou o antebraço de Leo. Os dois foram arrastados por Alison até a área externa da casa, onde uma movimentação diferente se acumulava. Na orla da piscina, algumas pessoas dançavam e se pegavam, mas não era esse o centro do vuco-vuco. Mais à frente, quanto o piso antiderrapante dava lugar ao gramado, havia cerca de vinte ou trinta garotos empoleirados na área da churrasqueira berrando feito maníacos. Eles gritavam e gesticulavam com as mãos para o alto. Foi quando os olhos de Laila encontraram o verdadeiro foco da atenção.

– Ah não! - ela murmurou ficando estática por um momento antes de ser puxada novamente por Alison naquela direção.

– Mas o quê? - exclamou Leo – O quê diabos deu nela?

Laila abriu a boca mas não soube formular uma única frase. Sobre o console da churrasqueira, dançando “Dark Paradise” apenas de lingerie vermelha, estava Cloe. Ela rebolava de um jeito que nunca Laila pensaria que ela soubesse como fazer. Seus cabelos loiros estavam um ninho, mas isso não a deixava menos sexy. Na mão direita, pendia uma garrafa de vodca com o líquido na metade. Oh sim, ela estava muito bêbada!

Os três foram se aproximando e logo foram abrindo caminho por entre os garotos que secavam Cloe. Leo não perdeu tempo. Foi na frente empurrando todos que não saiam do caminho por vontade própria. Logo eles alcançaram a margem dos garotos que rodeavam Cloe.

– CLOE! DESCE JÁ DAÍ! - exclamou uma voz além deles. Laila ficou na ponta dos pés e logo encontrou sua prima que se aproximava na companhia de Claire, Derick e... Nico.

Não. Agora não! Você aqui agora não!

O coração de Laila deu uma guinada e ela arfou. Antes que os olhos de Nico encontrassem os de Laila pregados nele, ela se virou para frente.

Droga, coração! Desacelere, por favor!

A palma de suas mãos umedeceram. Ela já podia sentir o coração martelando para fora do peito e a respiração disparando. Laila fechou os olhos bem apertados. Não! Não! Surto de garota apaixonada agora não!

– Ei! - ela ouviu Nico exclamar a suas costas. Fudeu! – O quê está havendo?

Seja homem, garota!

Laila virou-se e deu de cara com Nico. Sua boca se abriu novamente, mas se fechou, incapaz de reproduzir qualquer som ou palavra. Os olhos deles se encontraram e Nico sorriu discretamente diretamente para ela. Droga, Nicolas! Assim você não está ajudando aqui, sabia?!

– O quê deu na Cloe? - Carly intrometeu-se, tirando Laila de seu estupor. Acorda, mulher!

– Bem... – Laila conseguiu balbuciar com voz falha e trêmula. Como você é corajosa, senhor! Ela pigarreou – Nós não sabemos. Alison apareceu e trouxe Leo e a mim para cá.

UHU! Pelo menos não soou como a covarde que você verdadeiramente é! Olhe só. Quase se cagando porque o Nico está aqui.

Carly se virou e ficou na ponta dos pés.

– Logo a Sam aparece. Mandei-a atrás do Dan, afinal, é a irmã dele que tá dando a louca ali... POR DEUS! ALGUÉM TIRA ELA DALI ANTES QUE ELA ARRANQUE O PRÓPRIO SUTIÃ?

Como se todos tivessem “acordado” de um transe interno, eles viraram e caminharam abrindo caminho por entre as pessoas ali.

– CLOE! - Alison, que ficou o tempo toda parada logo a frente da multidão, gritou com as mãos em concha. - Desce logo daí!

Cloe apenas a ignorou e continuou dançando. Leo parou ao lado de Alison.

– EI, ASTER? FICOU COMPLETAMENTE MALUCA? DESSE DAÍ AGORA! – gritou.

Dessa vez, Cloe se voltou pra ele. Largou a garrafa de vodca no chão ao lado das peças de roupa e caminhou até parar muitos centímetros a frente de Leo. Ela sorriu frouxo, como uma verdadeira pinguça sorriria, depois fez um biquinho.

– E vai fazer o quê se eu não descer? Chamar meus pais?

– Se for preciso... - ela se aproximou.

Cloe, num gesto debochado, jogou a cabeça exageradamente para trás numa gargalhada rouca. Depois, ficou ereta e colocou as mãos nos quadris.

– Então pode ligar pra eles porque eu não vou descer! - falou convicta, apesar de se enrolar nas palavras.

Enquanto Leo a fuzilava, Nico e Derick se ocupavam de dispersar a multidão. Amém!, exclamou a mente de Laila. Ela estava mais do que agradecida. Com Nico ocupado ele não vinha falar com ela. Ufa!

Quando a maiores dos garotos já havia saído nem que fosse por mal, uma figura marchou até eles.

– CLOE MARIE ASTER! - berrou Daniel se aproximando feito um ditador. Sam vinha ao seu encalço – O quê diabos você pensa que está fazendo aí?

Cloe levantou as sobrancelhas e riu debochada.

– Desce daí. Agora. – ele continuou.

– Não – Cloe respondeu, rindo, enquanto mexia os quadris e voltava a dançar. Daniel suspirou fundo.

– Cloe, estou te avisando...

– Ah! - exclamou Leo erguendo as mãos – Pelo amor de Deus! Chega dessa palhaçada! Cloe, ou você desce andando ou desce carregada!

– Eu já disse que não vou...

– Você quem pediu.

Num movimento ligeiro, Leonard abraçou os joelhos de Cloe e jogou a garota sobre o ombro como um saco de batatas.

– Você pega as roupas e me segue – ele disse ao passar por Daniel e seguir para dentro da casa.

– LEONARD! ME SOLTA, SEU BABACA! ME SOLTA! ME SOLTA! ME COLOCA NO CHÃO AGORA!

– Esquece, eu disse que era bom você ter descido com as próprias pernas.

Eles foram discutindo assim até entrarem e terem as vozes abafadas completamente pela música. Os que restaram se encararam em silêncio, até Chase o quebrar surgindo por entre as pessoas.

– Foi uma miragem ou eu vi mesmo Cloe quase nua sendo carregada no ombro do Valdez?

– Não foi uma miragem – disse Alison automaticamente, mas logo em seguida sua cara se contorceu numa careta. Laila sabia que ela nunca responderia a ele. Foi mais por impulso. .

– Então, Ally. Por que veio? Achei que não iria aparecer – perguntou Laila a fim de ter algo para falar. Afinal, Nico estava parado a sua frente. Era muito melhor ter algo para se falar do que ficar parada e se lembrar da presença dele ali, lembrando, consequentemente do beijo... Shi! Cala essa maldita boca!

– Claire me ligou – disse apenas. - Hãn... Laila? Posso falar com você mais tarde? Precisava...

– Tudo bem – Laila disse rapidamente. Sabia perfeitamente do que se tratava e sabia também que Alison não se sentia a vontade falando sobre aquilo na frente de tanta gente. Alsion demonstrava quase o tempo todo como sendo um forte impenetrável, mas, pelo pouco que Laila já a conhecia, sabia que isso era só uma capa que ela vestia por cima de sua verdadeira “eu”.

No “círculo” em que estavam, todos se encaram e Carly gargalhou.

– Parecemos um bando de pré- adolescentes anti sociais. Que isso!

– E quem disse que eu sou social? - perguntou Laila rindo.

– Andem. É uma festa.Temos que curtir, oras – Carly continuou agora dando pequenos pulinhos.

Laila revirou os olhos e sorriu. Carly envolveu um de seus braços e começou a pular novamente.

– Andem, vocês três! - ela disse para Alison, Sam e Laila já puxando-as para a pista de dança que se formava ao redor da piscina.

Laila quase foi arrastada, se não fosse por Nico tê-la detido antes, segurando em seu braço.

Pronto! É agora!

– - Espere.

Nico a encarou com um sorriso que ela retribuiu. Eles continuaram se encarando. Nenhum dos dois tinha a coragem de desfazer essa conexão. A mão de Nico ainda segurava o o cotovelo de Laila e agora deslizava para o pulso. Laila corou e baixou a cabeça e Nico solto-a, sorrindo nervoso.

Ambos sentiram o choque do contato.

Nico ergueu a mão e coçou a nuca. Sim, era perceptível seu nervosismo.

– Podemos conversar? - ele murmurou enquanto os dedos da mão remexiam nos cabelos rebeldes. Deus, como ele estava lindo! Com o cabelo totalmente desalinhado... Okay, Laila! Concentra! Ele fez uma pergunta. Responda logo, diaxo!

– Hãn... Claro – ela murmurou enquanto colocava nervosamente uma mecha mais curta do próprio cabelo atrás da orelha. Sim, ela também estava visivelmente nervosa.

Eles seguiram lado a lado passando por entre as pessoas que dançavam e pulavam feito loucas, mas Laila não ligava. Eles entraram novamente na casa.

Quando Laila já visava parte do salão de entrada e eles caminhavam até lá, algo a fez parar. Não. Algo não. Alguém.

Os olhos cinzas de Tyler cruzaram fulminantes com os castanhos de Laila. Ela congelou no lugar e Nico a encarou com as sobrancelhas unidas numa linha.

– Tá tudo bem, Laila? - ele perguntou se aproximando dela e tapando sua visão por um instante.

Laila fez que sim com a cabeça lentamente. Nico torceu o rosto e deu um passo em sua direção. Depois, deslizou os dedões pelas bochechas de Laila. A garota arfou quando Nico colou sua testa a dela, mas ignorou qualquer timidez ao deslizar suas mãos pelo peito dele, trazendo-o pra perto pela camisa. Nico enganchou as mãos no maxilar de Laila e a trouxe pra perto colando seus narizes.

Ambos fecharam os olhos suas respirações se embolaram. Nico soltou uma risada anasalada que rebateu como um sopro nos lábios de Laila.

– Eu não sei o quê estou fazendo, pra falar a verdade – ele sussurrou alto suficiente para que apenas ela ouvisse. Laila sentiu os próprios lábios formarem um sorriso.

– Nem eu.

– Por que não terminamos logo com isso? - agora seu sussurrou tocava nos lábios de Laila como um carinho.

Foi a vez de Laila sorrir. Por que ela estava preocupada à quinze segundos mesmo? Não importava. Na verdade, ela nem se lembrava.

Então ela ficou na ponta dos pés e o espaço se tornou nulo. Os lábios de Nico pareciam intocados. A mesma maciez de algumas horas atrás repousavam em seus lábios. Os dedos de Nico deslizaram para a nuca de Laila causando cócegas e arrepios por sua espinha. Laila também foi rápido e colou seu corpo ao de Nico com um puxão abrupto. As mãos dele desceram e as dela subiram. Laila enlaçou seu pescoço e Nico abraçou sua cintura. Tudo. Toda a preocupação, medo ou insegurança desapareceram. Eram apenas eles dois ali, ali no mundo.

– EI! - gritou alguém perto demais dos dois. Eles, já ofegantes, se separaram e encararam quem quer que fosse.

Novamente, o coração de Laila congelou.

– Tyler – Laila sussurrou como um engasgo. Ela agarrou a mão de Nico e encarou Tyler.

Ele não tinha a mesma expressão de quando eles se esbarraram pela primeira vez. Antes, exalava simpatia, mas agora... sua áurea apavorava a Laila de todas as maneiras possíveis. Ela suspirou enquanto Tyler se aproximava. Nico se colocou protetoramente na frente de Laila (um gesto fofo, aliás) mas ela o afastou e passou a frente (mesmo que tremesse loucamente por dentro).

– O quê está fazendo com ele? – Tyler disse como se calculasse cada palavra minuciosamente.

– Como disse? - Laila perguntou.

– Eu disse – ele deu mais um passo, empurrando uma pessoa que dançava despreocupadamente com violência para o lado – O quê você faz com ele? Nós viemos juntas, se lembra?

Laila engoliu em seco e Nico a olhou.

– Veio acompanhada desse babaca? - Nico murmurou para ela.

– Nico, agora não.

– Ainda estou esperando, Laila – Tyler exclamou.

Laila soltou o ar dos pulmões e se afastou de Nico um passo a frente.

– Tyler, eu...

– Eu achei que fosse diferente, Laila! Realmente achei! - Tyler disse com um mescla perfeita de mágoa e raiva na voz. Aquilo atingiu o peito de Laila em cheio.

Antes que ela pudesse dizer algo, ele deu as costas e seguiu meio cambaleante pela porta de entrada da casa. Laila bufou e deu dois passos, mas a mão de Nico a segurou e a deteve.

– Ei! Deixe pra lá- ele murmurou deslizando o dedão pela bochecha direita de Laila – Ele não merece suas desculpas.

Oh Deus! Por que aquilo era tão bom?

Laila afastou o rosto um pouco. Precisava à menos tentar manter o foco tão perto assim de Nico.

– Nico, eu tenho que fazer isso, entende? Volto logo. Prometo.

Nico torceu o nariz em discordância, mas cedeu. Antes de soltar Laila, roubou-lhe um rápido beijo.

Laila se desvencilhou de Nico e saiu rumo à rua.