The Surviver 2 escrita por NDeggau


Capítulo 28
Capítulo 27 — Partindo


Notas iniciais do capítulo

Oi
Para suas felicidades (?) postei mais um capítulo. Yeah, dose extra de sofrimento e tudo mais. Perdoem-me. A morte da Ash não podia ser diferente. Eu sei que estou exagerando no drama, mas, aguardem. Não é o fim, ainda.
PS.: Jamie amoreco que narra esse capítulo também.



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Partindo

Jamie

NÃO.

Eu só não conseguia aceitar. Estava num estado de negação crônico.

Ashley não podia morrer. Droga, ela sobrevivia. Ela sempre sobrevive. Sempre.

Ou talvez eu preferisse pensar assim para não ter que encarar a realidade.

Ashley morta.

Imaginei-me ajoelhado na areia do deserto enquanto escutava a areia caindo na sepultura dela. Imaginei Alice berrando e Jane delirando e Lola ganindo todo dia. Imaginei-me sentado horas e horas na cama, olhando para a parede, incapaz de fazer algo além.

Talvez eu fosse covarde, mas eu não conseguiria fazer isso.

Empurrei Peg bruscamente para o lado e sai caminhando em passos largos pelo corredor. Eu quase podia sentir a mão gelada de Ashley sob a minha, como estava a segundos antes, e a respiração que ficara presa em sua garganta para nunca mais sair.

Comecei a correr. O ar pesou a minha volta e quase cai no chão num tropeço, mas continuei correndo. Encontrei as saídas, e o grupo da incursão que tinha acabado de voltar. Chris Hudson vinha na minha direção, e seu rosto se transformou em câmera lenta de uma carranca para uma expressão preocupada.

—O quê... —Ele começou, mas não o dei tempo. Com um braço, empurrei-o para fora do meu caminho e com mais alguns passos estava dentro dos braços de Melanie, que se alongou toda para conseguir me abraçar.

—Jamie...?

—Ela está morta. —Gritei, a voz um tom mais grave por causa da dor. —Ash morreu, Mel. Eu não consegui salvá-la dessa vez...

—Ah Deus. —Ela colocou a mão na boca, mas voltou a passar os braços pelas minhas costas, esfregando a minha nuca. —Sinto muito, Jamie. Sinto muito mesmo...

—O que aconteceu? —A voz de Chris mingou, e ergui os olhos para encará-lo. Seus olhos cinzas estavam arregalados para mim.

Esfreguei a mão no rosto com violência, mas não respondi.

—Foi agora pouco. —Respondeu Peg. Senti sua mão esfregar meu ombro enquanto ela fazia contato visual com Melanie. —Nós a curamos, mas... Ela não voltou.

—Talvez ela tenha desistido de voltar. —Argumentou Jared.

Tive vontade de gritar com ele e dizer que Ash jamais desistiria, mas não pude ter certeza dos meus argumentos, então enfiei o rosto no pescoço da minha irmã e tentei respirar fundo.

Ela beijou meus cabelos e me manteve os braços, mas não conseguiu evitar que um buraco incurável se formasse no meu peito, ainda maior que os outros.

Não sei há quanto tempo estou aqui, sentado, mas é tempo suficiente para minhas pernas adormecerem. Estou esperando há horas. O por do sol. E ele finalmente começou, o sol tingindo o horizonte de cores quentes. Vejo as areias pinceladas de laranja, a noite surgindo as minhas costas, o abismo de pedras a minha frente. Estou acima das cavernas, sentado na pedra cujo ela costumava encostar-se. Sinto-me como se estivesse sufocando, afogado com o ar. Como se o oxigênio fosse substituído por chumbo e fechasse minha garganta, meu coração batendo com dolorosa força e me fazendo desejar a morte.

Ponho-me de pé. De fato, minhas pernas estão presas e dormentes, e sinto ferroadas quando o sangue volta a irrigar os músculos. Desço as pedras na velocidade que o sol desce o horizonte. Caminho em direção a linha tênue alaranjada que irrompe em sombras nas dunas, até chegar à pequena caverna em que guardamos os carros. Embarco no mais novo, o Troller sujo cor de areia com bancos de couro negro. O carro de Ashley. Sei que o furtarei, mas sinto-me obrigado a levá-lo comigo. Preciso de algo dela perto de mim, independentemente de onde eu vá.

Giro a chave na ignição e saio, acelerando ao máximo já que gosto de velocidade tanto quanto ela gostava. Estou partindo. Destinando a mim mesmo um futuro imprevisível e solitário, mas sei que o incessante risco de morte irá me salvar do absoluto torpor depressivo.

Olho para o céu. O sol, a esfera ardente de chamas, me faz recordar dela. Onde toca, pinta e aquece, muda as coisas e embeleza a vida. O centro de tudo e essencial para minha sobrevivência; tanto o sol quanto ela. Os últimos raios acenam do horizonte antes de desaparecerem. Pisco os olhos para as lágrimas não embaçarem minha visão. Por que, assim como o sol, Ashley morreu. E eu não a terei de volta ao amanhecer.

Sigo em direção a autoestrada, embaixo de um céu sem estrelas. Não posso afirmar qual será meu destino, e não voltarei. Não posso voltar atrás. Mas espero que um dia eu possa revê-la, seja onde for. Já foi prometido; ainda somos eternos.


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Notas finais do capítulo

Certo, vou deixar uma coisa clara:
Droga, eu sou péssima nisso.
Enfim, ainda vai acontecer bastante coisinhas, mesmo estando na reta final da história.



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