The Surviver 2 escrita por NDeggau


Capítulo 29
Capítulo 28 — Respirando


Notas iniciais do capítulo

DUH



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/419169/chapter/29

Respirando

Meu nome é Ashley Mayfleet.

Alguns já me chamaram de Bruma.

Alguém já me chamou de Ash.

Também de Sol Poente, e tanto outros nomes idiotas que nem gosto de lembrar.

Lembro de coisas que me arrependo e coisas que sinto falta. Recordo de alguns momentos com vivacidade, como quando surrei uma Buscadora até a morte ou quando pensei que fosse desintegrar nos braços de um homem.

Tantos sentimentos conflitantes que jamais encontrarei em outro lugar, a não ser nesse quebrado e dividido mundo; um lugar onde amor e ódio, vida e morte andam de braços dados.

Um mundo tão perigoso e incrível que parece tão longe de mim.

Sinto-me submergida, como se flutuasse num plano a parte. Como se tivesse sido deixada de lado.

Como eu odeio ser deixada de lado.





Foi como um sopro, voltar à vida.

Um sopro que enchia meus pulmões de ar e o retirava bruscamente. A princípio, nada. Mas então, meu coração voltou a bater. Lentamente, no começo, com a calma de ondas no litoral, e depois aumentando a força, acelerando, ecoando nos meus ouvidos como um trem ganhando velocidade.

Enfim, pude encher meus pulmões por conta própria, arqueando as costas em busca de ar.

Ouvi urros e vibrações alegres, mas ainda estava amortecida. Meu corpo agradeceu o oxigênio, então relaxei. Senti novamente a pressão no peito e o ar sendo empurrado para dentro de mim como um punho abocanhando meu estômago. Meu coração acelerou com a sensação; o ar rasgou minha garganta e senti vontade de tossir, mas não tive forças.

Senti lábios contra os meus. Macios e quentes, mas estranhos. Isso me fez querer abrir os olhos, mas não consegui. Era complicado. Obriguei minha garganta a expelir algum som que indicasse que eu estava bem, mas apenas soou como um rosnado.

Puxei o ar novamente, agora com o corpo livre. Nada me tocava. Eu era leve como o ar que inspirava.

—Achei que ela tivesse morrido... —Murmurou alguém, aliviado e soluçante.

Quis revirar os olhos com tamanho drama.

Como se eu fosse desistir, logo agora que tudo estava indo tão bem.

Eu não desisto. Eu sou Ashley Mayfleet.

Pensei, levemente:

Eu sobrevivo.

E abri os olhos.




A luz me cegou inicialmente. Era tão clara e azulada, vinda das frestas do teto do consultório. Maldito consultório. Eu já estava mais do que exausta dele.

—Ashley! —Uma voz aguda e infantil gritou, e logo senti os bracinhos de Alice agarrando meu braço e tentando me agarrar. Minha mãe foi mais sensata: Segurou meu rosto e beijou meus cabelos, ajeitando-os sobre os ombros e mantendo um ponto de contato com sua mão nas minhas costas, mas nada disse. O alívio em seu rosto falava tudo.

Alguém praticamente pulou sobre mim; era Peg, tão contente que quase ria, e agarrou-me com mais força que pensei que possuía.

—Você nos assustou dessa vez. —Ela disse. —Você nos assustou de verdade.

—Estou bem. —Minha voz estava tão tranquila. —Só não... Não sei o que aconteceu.

A última lembrança que tive, na verdade, era bem prazerosa. Lembro-me de passar o braço pela cintura de Jamie a esconder o rosto em seu pescoço antes de adormecer. E nada mais.

—O teto foi explodido. Alguém encontrou os explosivos e estudou a caverna para posiciona-los sobre o seu quarto a fim de te machucar...

Franzi as sobrancelhas.

—Quem?

—Gracie. —Respondeu uma voz as minhas costas. Olhei para trás e vi Chris, vivo e bem, passando a manga da camisa no rosto. Ele fungou e quase sorriu ao ver meus olhos. —Pelo menos, achamos que sim.

—Ela está viva? —Perguntei, torcendo por uma resposta negativa.

Os olhos de Chris ficaram escuros e macabros.

—Não por muito tempo.

Ergui um canto da boca, ainda tentando processar algumas coisas.

—E quanto a Jamie? —Indaguei, voltando os olhos para Peg.

Algo aconteceu.

Ela esfregou as mãos e desviou os olhos, ficando vermelha de nervosismo.

—Ele sumiu.

—Como assim sumiu?

—Quando pensamos que você estava morta, bom... Ele surtou.

—Ficou um tempão sentado na rua, e quando fomos procurá-lo, havia sumido.

—O seu Troller também sumiu.

Meu cérebro faiscou. Ele deve ser fugido, com medo de encarar mais uma perda. Ele já estava marcado pela inserção, e mais um trauma o havia feito perder o controle. Jamie estava assustado. E sozinho.

—Mandaram algum grupo atrás dele?

—Já estão a caminho. —Respondeu Peg. —Jared e Mel, e mais alguns.

—Que bom. —Apoiei meu peso sobre as mãos e pulei do catre, tendo um leve desequilíbrio. —Eu também quero ir atrás dele.

—Ashley, eu não acho que seja uma boa ideia... —Interveio Doc.

—Estou bem. Estou curada, não é?

—Bem, quando você chegou aqui no consultório, havia rasgos por todo corpo, e uma pedra havia atravessado seu estômago. —Senti uma pontada na barriga só de imaginar. —Curamos seu corpo, mas você se recusou a aparecer tão cedo. Era como se...

—Tivesse desistido. —Complementou Ian.

—Quanta pouca fé em mim. Até parece que eu morreria.

—Bom, todo mundo acreditou que sim.

—Eu deveria ficar brava. —Murmurei. —Mas tenho que encontrar Jamie.

—Já está amanhecendo, Ashley. Você não quer esperar algumas horas? —Perguntou Peg, alisando as costas da minha mão.

Penso em Jamie, sozinho, assustado e triste, dirigindo pelo escuro. Penso em cada raio de obstáculos que foram colocados entre nós, e como parecia que estavam brincando com nossas vidas. Pensei nisso e fiquei com muita, muita raiva do destino.

—Esperar? Peg, eu não sou de esperar por nada.

Levanto-me e saio, sem nem mesmo tropeçar sob meus pés. Estava cansada desse drama.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

SÉRIO QUE VOCÊS ACREDITARAM QUE ELA MORREU?
SÉRIO?
SÉRIO?
Estou decepcionada. Ashley também.
Hehehehe, agora, me amem.