Quinn

Marquei em um mapa de Chicago todos os meus pontos favoritos na cidade e coloquei na caixa, junto com uma carta:

“Espero que goste. No mapa estão os meus pontos favoritos na cidade inteira. São basicamente casas e construções que meu pai me mostrava quando eu era menor e que eu aprendi a admirar. Nos vemos no sábado?”

Olhei sorrindo para a caixa de correios. Tinha certeza que Rachel iria gostar.

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Rachel

No sábado, dia combinado para que nos encontrássemos, eu estava nervosa, diria até aflita. Como se eu fosse conhecê-la pessoalmente.

Com o mapa na mão, segui pelas ruas de Chicago, observando atentamente cada ponto que estava marcado. Alguns eram conhecidos como o Instituto de arte, A Merchandise Mart, o Millenium Park. Outros eram casas simples e prédios escondidos. Uns pareciam ter saído de um filme futurista, outros me lembravam Gaudí. Eu estava adorando.

Estava chegando ao final do passeio quando falei para mim:

“Gostaria que ela tivesse vindo comigo...”

Olhei para o último ponto do mapa. Era um muro cheio de grafittis coloridos e no meio deles, em um espaço grande estava escrito:

RACHEL, OBRIGADA PELA TARDE MARAVILHOSA QUE TIVEMOS ‘JUNTAS’.

Me foquei no ‘juntas’ e senti meu rosto corar. O que estava acontecendo comigo!?

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Quinn

Santana me ligou, dizendo que era pra nós irmos até o estúdio de dança onde a noiva trabalhava. Cheguei antes dela ao endereço e fiquei observando uma aula.

Uma mulher loira, alta, dançava graciosamente com algumas meninas vestidas de collant e tutus. Lembrei de quando era criança, de como minha mãe insistia para que eu fizesse algo do tipo e parasse de desenhar. Ela tentou me empurrar para o balé mas eu definitivamente não tinha o menor jeito para a coisa.

“Pare de babar Fabray, essa loira aí já é minha..” Santana apareceu atrás de mim e eu sorri. Então aquela era Brittany. Ficamos em silêncio, observando-a dançar até que ela reparou em Santana e deu um aceno extremamente efusivo e o impressionante: Santana retribuiu da mesma maneira. Olhei pra ela de sobrancelha arqueada e ela apenas deu de ombros.

“Fazer o quê? Amo ela e faço o que for para que ela dê um sorriso, mesmo que isso pareça ridículo sendo feito por mim.”

“Uau..”

“Pessoas mudam Quinn..”

“Reparei...”

Logo, Brittany veio correndo e deu um gritinho:

“SAAAAAANNNN!!!” E apertou Santana em um abraço e logo em seguida deu um beijo cinematográfico. Olhei para os meus pés, encabulada. Senti que estava sobrando ali.

“Oi amor..” Disse Santana após o beijo, levemente ofegante. “hey Britt?”

“Sim?”

“Quero que conheça uma pessoa..” Santana me puxou pelo braço, me colocando de frente para Brittany. “Quinn Fabray, aquela amiga que chamei para ser madrinha no nosso casamento.”

Estendi a mão para Brittany e disse:

“Muito praze-..” Fui engolfada em um abraço de urso que quase me suspendeu do chão.

“Oww San falou tanto sobre você!”

“Britt? Acho melhor soltar a Q. ou ela vai desmaiar..” Santana falava entre risos. Brittany afrouxou o aperto e eu me escorei na parede.

“Hum ok.. desculpe Q., posso te chamar assim?”

“Claro Brittany..”

“Eu me empolguei.. o casamento me deixa animada...”

“Reparei..” Ela deu um sorriso enorme, que me fez sorrir também.

“Bem, já que estão devidamente apresentadas, vamos comer... tem uma pizzaria aqui perto que é incrível!”

“Vamos!!” Brittany me puxou e enganchou o braço com Santana que sorria bobamente.

É, com certeza Brittany estava fazendo bem à minha amiga.

Horas mais tarde...

Passei em casa e peguei a última carta de Rachel e fui para o trabalho.

“Amei o passeio. Em parte, me senti envergonhada. Não conheço quase nada de Chicago! Adorei cada ponto marcado, além do cenário em si.

Chicago é uma cidade linda. E posso dizer que incorporarei mais passeios do tipo às minhas folgas e sairei com Jackie. Ela sente falta de passear. Com esse passeio percebi que também sinto falta de algumas coisas.Não que eu não goste da vida que eu tenho. Amo a correria do hospital, mas sinto falta da calmaria, de coisas que me deixem relaxada. Principalmente da casa do lago. Sinto falta da sensação de poder ver o mundo, não importa o lugar onde eu estivesse ali. E sinto falta das árvores. Muita falta. Aqui, a árvore mais próxima fica no final da rua. E depois as pessoas reclamam do calor.”

Olhei para o canteiro em volta do trailer, onde haviam várias árvores prontas para serem plantadas. De repente, uma ideia me ocorreu.

“Sam!!!”

“Oi Quinn”

“Vou precisar sair, por favor tome conta de tudo.. é por pouco tempo.”

Arrastei uma das mudas para a minha caminhonete e segui para a North Racine. Se eu estivesse certa, Rachel irá adorar esse ‘presente’.

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Rachel

Por que!?

Uma chuva torrencial caiu de surpresa sobre Chicago. Meu carro fez o favor de quebrar a umas 3 quadras de casa, meu celular estava descarregado e eu estava sem guarda-chuva. Que dia maravilhoso.

Olhei a distancia entre o carro e a portaria do prédio. Se eu fosse correndo, conseguiria me molhar pouco e pediria ao porteiro para solicitar o guincho. Mas eu estava de sapatilhas e sapatilhas na chuva significavam um tombo mais do que certo. Respirei fundo. Era minha única ideia.

Corri. Os relâmpagos me assustaram, mas mesmo assim continuei correndo. E não vi a droga da calçada. Sério Berry?!

Tropecei pra frente e minha bolsa voou longe. Celular, documentos, tudo espalhado na chuva.

“Que ótimo!!!” Disse sarcasticamente.

Um raio me fez levantar e dar um pulo. Foi aí que reparei que a chuva diminuira consideravelmente. Mas olhei pra frente e ela continuava forte. Então vi. Uma árvore! Como?

Um nome apareceu na minha cabeça.

Seria possível? Falei sobre a falta de árvores na última carta... e com certeza, aquela árvore não estava ali antes. Sorri e sussurrei um ‘Muito obrigada.’ E guardei minhas coisas na bolsa e entrar para o prédio.