Rachel

Cheguei no apartamento um pouco aérea. Foi preciso Jackie latir alto e começar a pular para que eu parasse de devanear. Sentei na cama e ela veio para o meu colo.

“Ahh Jackie o que diabos está acontecendo...?”

Peguei um caderno e comecei a escrever...

“eu não sei por onde começar...”

 

Quinn

“Eu não sei quais são as perguntas certas a se fazer. Há algo que você possa me dizer para lançar alguma luz sobre tudo isso?”

Eu estava tão perdida quanto a moça do futuro, mas mesmo assim comecei a escrever...

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Rachel

Abri o pequeno bilhete:

“Acho que temos o mesmo cão.”

Olhei para Jackie que me retribuiu com um olhar confuso.

“Seu cão é uma fêmea, te olha esquisito como se te entendesse e algumas vezes parece até um humano?”

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Quinn

Ela havia acabado de descrever o cachorro (ou a cadela) que estava a minha frente agora. Olhei pra ela e ela me olhou com uma cara que eu poderia dizer claramente que era de dúvida.

“sim”

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Rachel

Eu ri com a resposta, mas seria possível?

“ela também dorme como um humano...?”

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Quinn

Olhei para baixo e vi a cadela dormindo ao pé do sofá. Ela estava deitada de costas e com a boca aberta. Comecei a rir e continuei lendo.

“Eu a chamo de Jackie ou Jack se preferir...”

Olhei para a cadela e falei:

“Er..hum.. Jackie?”

A cadela se remexeu e levantou. Ficou me olhando.

“É seu nome vai ser Jackie...”

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No dia seguinte...

Rachel

O caminho até o trabalho foi margeado por inúmeros pensamentos a respeito daquela pessoa misteriosa. No estacionamento, escrevi:

“Acho que deveríamos começar nos apresentando... Prazer, meu nome é Rachel Barbra Berry... e você?”

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Quinn

Ainda fazia frio, mas fui mesmo assim para o trabalho. O trailer estava aquecido. Estava tudo bem pra mim.

“Muito prazer em conhecê-la srta. Berry. Meu nome é Lucy Quinn Fabray, mas por favor me chame de Quinn..e o que você faz?”

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Rachel

Uma parada no refeitório. Um caderno e uma caneta se tornaram companheiros inseparáveis.

“Sou médica. Primeiro ano de residência.”

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Quinn

“Eu construo casas. Na verdade eu ajudo construtoras a construírem casas. Sou arquiteta.”

Estava intrigada com uma coisa.. além das outras essa era a que mais me incomodava.

“Ok. Bem, tem uma coisa... se isso está certo, se em dois anos você estará vivendo em um apartamento na North Racine, que ainda não foi construído, onde você vive 'agora'?”

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Rachel

“No seu tempo, eu estava na escola de medicina em Madison, Wisconsin. No meu tempo, digo hoje estou no intervalo do meu plantão noturno, na cafeteria do hospital em Chicago, Illinois. (isso é tão esquisito!)”

“Sim, isso é completamente esquisito.” Falei em voz alta, sem preocupações. Estava no plantão noturno e não havia ninguém na cafeteria.

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Quinn

Analisei plantas a manhã inteira. Gritei com um ou dois pedreiros que detonaram meu projeto para uma casa. No meu intervalo, esperava poder continuar escrevendo, porém Sam Evans fez daquele dia o “Dia oficial de importunar a Quinn com flertes bobões”. Tive que me trancar no trailer e baixar as persianas para ter um pouco de paz e privacidade.

“Hum..e como é que o mundo está em 2010?”

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Rachel

Dei uma risada antes de responder. Estava sozinha no parque, já que havia trocado de turno. Era bem cedo.

“O mundo está uma maravilha! Pessoas são substituídas por robôs, os carros voam, não há mais poluição...Ahh e descobriram a fonte da juventude!...”

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Quinn

Rachel Berry tinha senso de humor. Ri idiotamente lendo sua carta.

“Brincadeira... acho que não mudou muita coisa.. Pessoas nasceram, morreram, casaram, divorciaram... sabe? Essas coisas do ciclo da vida. Bem, o celulares estão maiores.. estamos prestes a conhecer o iPhone 5”

Olhei para o meu Blackberry todo empoeirado e me senti extremamente ultrapassada ao saber desse iPhone.

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Rachel

“Estou preocupada com uma coisa também...”

Parecia bobagem, mas não era. Escrevi esse bilhete ao ver 'De volta para o futuro' passando na TV do hospital.

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Quinn

“...E se nessa nossa comunicação, acidentalmente, mexermos na continuidade do tempo-espaço, alterando a história da humanidade no processo?”

Quase cuspi todo o café que estava tomando. O mestre de obras olhou pra mim com uma cara estranha.

“Er hum.. Robbie eu vejo isso depois ok?” Ele apenas saiu resmungando.

“Quinn!!!” Ouvi Sam me chamar ao longe. Oh não. Coloquei o sorriso mais falso que eu tinha e me virei.

“Oi Sammy!”

“Já disse, não me chame assim... me lembra a minha avó..enfim.. te procurei a semana inteira, tive a impressão de que está me evitando...”

“Ahh Sam, com certeza é só impressão. Bem, agora preciso ir, preciso consertar uma besteira que o Robbie fez no meu projeto..”

“Hey.. e pra quando fica aquela nossa saída...?”

“Er..Sam..agora realmente não é um bom momento....”

“Você está indisponível...” Ele começou a chutar pedrinhas e eu falei:

“É Sam.. eu estou..” E fui para o trailer.

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Rachel

“Hum.. sim é um bom ponto. Não vamos fazer isso.”

Li o bilhete no corredor do hospital e trombei com a Dra. Sylvester:

“Olhe por onde anda Berry!”

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Quinn

Quero sair. Não, preciso sair.

Quando cheguei em casa, Jackie saltou sobre mim.

“Hey garota... pare..!”

Ela começou a latir.

“Não.” Falei energicamente e ela par ou, me olhando com aquela cara de dúvida. E saiu.

“Hey.. Jackie, não fique chateada!”

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Rachel

Peguei o carro no dia da folga e fui até a casa do lago. Tirei da bolsa uma carta e um cachecol grosso e coloquei dentro da caixa de correio. Com o frio que está fazendo, ela vai precisar.

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Quinn

Havia parado de nevar, mas o frio persistia. O céu estava nublado e eu vi a bandeirinha vermelha levantada. Encontrei uma carta e algo mais. Um cachecol.

“Use isto. Vai fazer frio pelo resto do mês, agasalhe-se bem. Ordens médicas.”

Dei risada e coloquei o cachecol. Um cheiro bom, me lembrava baunilha. Seria este o cheiro dela?

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Um mês depois...

Rachel

Quinn e eu trocamos alguns bilhetes após o envio do cachecol. Coisas simples. Mas o número diminuiu consideravelmente quando peguei os casos da Dra. Sylvester, porque ela decidiu engravidar. Então mal saía do hospital. Mercedes vivia me chamando para sair, ela e um enfermeiro com o qual eu havia feito amizade, Kurt, diziam que eu era jovem demais para ser ter minha vida tragada pelo hospital. Eu achava idiotice, mas lá no fundo sabia que eles tinham razão. Estava negligente comigo, com meus pais, até com a Jackie! E isso também incluia Quinn e a casa do lago. Fazia tempo que não ia até lá.

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Quinn

Um mês! Já faz tanto tempo assim que isso começou? Porém desde o cachecol, só nos 'falamos' umas duas ou tês vezes. Depois disso tudo ficou uma correria por aqui. Uma interdição no projeto do condomínio no qual eu trabalhava, por conta de mau trabalho dos funcionários. Então tivemos que recontratar vários outros para cobrir as demissões. Mal tinha tempo para respirar. Santana vivia querendo me apresentar a noiva, mas eu não saia das obras. Soube que Kitty havia voltado de uma viagem mas ainda não tinha ido vê-la. E tinha Rachel, eu não escrevia mais, mas também não recebi mais nenhuma carta.

Decidi pegar alguns dias de folga e coloquei Sam no comando, ele podia ser um tapado quando o assunto era levar foras, porém era um ótimo empreiteiro.

Jackie sentou no chão, com a cabeça no meu colo, enquanto eu escrevia.

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Rachel

Repassei alguns casos para Mercedes, queria pelo menos uns 2 dias de folga. Adorava aquele hospital mas isso estava me matando. Estava me sentindo no Seattle Grace.

Coloquei Jackie no carro e fomos dar uma volta. Subitamente, decidi ir em direção a casa do lago. Algo me dizia que havia uma nova carta.

Dito e feito. A bandeirinha estava levantada e uma nova carta estava lá dentro.

“Oi.. er.. bem, me desculpe por esse sumiço. Não foi intencional, mas me fez pensar em algumas coisas. É estranho isso, sim é. Dois anos nos separam, mas de certa forma algo nos liga, suponho que seja a casa do lago. Então se possível gostaria de saber mais sobre você, assim como você saberá mais sobre mim. Tudo bem?”