Quinn

“Cara Srta. Fabray.. gostaria de propor uma brincadeira. Assim como o passeio que fizemos. Hoje, no seu tempo, eu esqueci algo muito importante na estação de trem de Riverside quando ia pegar o trem das 15:45 de volta à Madison. Se você achar, pode colocar na caixa do correio por favor? É importante pra mim.

Sua ,

Rachel.”

Dei uma risada com a assinatura de Rachel e olhei para o relógio. 15:20. Droga!

Jackie latiu quando me viu sair com pressa. Corri pela estrada e esperava que não estivesse trânsito. Parei o carro em frente à estação e fui até a plataforma. Olhei no relógio da estação. 15:40. Andei pela plataforma pra ver se encontrava alguma coisa de diferente. Estava vazia. A não ser por um casal e um condutor avisando que era a última chamada para o trem de Madison. Olhei para o casal novamente e estaquei.

Era ela.

Um homem enorme a abraçava. Ele estava de costas e ela também. Os dois sorriam e se abraçavam. Ela deu um beijo no homem e ele saiu, prometendo que ligaria pra ela. Eu ainda estava parada, meio em choque. Ela era linda.

Os cabelos castanhos, a pele morena, os lábios carnudos e os olhos, que mesmo de relance me deram arrepios. Ela não olhou pra trás quando entrou no trem. Corri para o banco, onde os dois estavam e vi que havia um livro.

Persuasão – Jane Austen.

Olhei para o trem prestes a partir e vi que Rachel estava sentada próxima a janela. Talvez eu conseguisse entregar a ela. Corri, mas o trem já estava saindo. Acho que ela me viu, por um instante.

Saí da estação com o livro na mão e suspirei. Quando cheguei em casa escrevi uma carta e coloquei na caixa.

“Rachel,

Encontrei seu livro, ele está comigo. Não se preocupe. Um dia eu te entrego.

Confie em mim. Eu sei como é importante pra você.

Você pode até não se lembrar, mas nós nos vimos. Quero dizer, eu vi você. Você nunca me disse que era bonita.”

Passaram algumas horas até que eu recebesse a resposta.

“Eu bonita? Impossível! Meu cabelo estava horrível naquele ano...”.

Dei um sorriso.

“Cabelos castanhos, pele morena... olhos lindos, de um tom castanho intenso..”

“Ok acho que você me viu, mas eu ainda não sei como você é...”.

Olhei para a resposta dela e suspirei. Jackie latiu e por alguma razão me veio uma ideia.

“O que acha de nos encontrarmos no futuro? Pra você me dizer o que acha de mim.”

–-----------------------------------------------------------------------------------

Rachel

Estava sentada no refeitório do Hospital e olhava a carta de Quinn. Ela havia me achado bonita.

“Combinado.. ok.. hum.. por que você não me liga em 10 de julho de 2010 às 21:05 da noite?..”

Mal terminei de escrever, meu celular tocou. Um frio na barriga e minhas mãos começaram a suar. Impossível.

Olhei para o visor... Número desconhecido. Atendi.

“A-alô?”

“Rach..?” a voz estava meio falhada.

“Quem está falando..?”

“Sou eu Rach. Finn.”

“Ah.. oi.. er oi Finn.” Desapontamento era a melhor palavra pra me definir neste momento.

“É.. hey Rach, eu estou em Chicago, vim para dar uma olhada em alguns times.. pensei que poderíamos sair juntos.” Finn parecia animado. Ele havia se tornado olheiro para grandes universidades e viajava o país a procura de bons jogadores.

“Ahn.. é sim.. claro..” suspirei profundamente. Não era com Finn que eu gostaria de falar. “É.. bem.. eu vou sair mais cedo hoje do hospital..”

“Ótimo.. quer que eu vá te buscar?”

“Não.. não precisa.. onde nos encontramos?”

“Perto daquela pista de patinação no gelo.. sabe?”

“Sei...”

“Tem um restaurante lá que eu pensei que poderíamos ir...”

“Ahh sim.. tudo bem.. assim que sair daqui eu ligo pra você.. nesse número mesmo..?”

“Sim, Rach..bem então te espero lá ok? Até mais..”

Desliguei sem me despedir. Olhei para o bilhete e joguei fora. Não.. Ela não me ligaria. Eu queria vê-la.

–---------------------------------------------------

Mais tarde...

“Rachel!” Finn acenava ao longe. E todos olharam pra mim.

Ele estava sorridente em um terno azul marinho e uma gravata vermelha. Finn não havia mudado muito. Havia conservado o corte militar, mesmo tendo passado pouco tempo no exército.

“Oi Finn..” Falei quando me aproximei. Ele deu um sorrisinho torto, que em outros tempos me faria suspirar. Hoje em dia eu acho meio idiota.

“Como está?”

“Bem...e você?”

“Oh eu estou ótimo! Recebi uma proposta incrível aqui em Chicago.. e pensei em comemorar. Como você é a única pessoa que eu conheço que ainda mora aqui decidi te chamar para um jantar de comemoração.. vi esse restaurante e achei ele perfeito pra isso..”

“Então.. vamos?”

“Ahh sim vamos..” Finn segurou minha mão e me levou entre as pessoas até pararmos de frente a um restaurante fino.

Ah não! Eu não tinha me vestido pra isso. Estava com um jeans escuro, sobretudo e uma boina. E pelas janelas eu via. Mulheres de vestido e homens de smoking. Finn foi até a maître e falou.

“Olá, boa noite... mesa para dois por favor..?”

“Ahh sim..nome por favor” A moça sorridente olhou para mim de cima a baixo. Provavelmente avaliando minhas roupas.

“Ahn.. Nome? .. não tive tempo de fazer uma reserva...mas gostaria de fazer uma, agora..”

“Me desculpe senhor, mas temos uma lista de espera gigantesca..”

“E quando eu poderei fazer uma reserva?”

“Bem..” a moça olhou no caderno e suspirou. Olhou para nós novamente e disse: “Daqui a 4 meses..”

“4 meses ?! Isso é um absurdo..” Finn gritou. Estava indignado. Puxei o braço dele antes que desse vexame na frente do restaurante.

“Vamos Finn, nós podemos ir a outro lugar...”

“Não Rachel! 4 meses? O que servem aí? Ouro?!” Finn batia o pé, exasperado. Senti meu rosto corar com a atenção e com um pouco de força, consegui tirá-lo de lá antes que os seguranças do restaurante aparecesse.

“Tudo bem Finn, sério.. tudo bem... é o melhor restaurante da cidade..” Falei enquanto caminhávamos. Finn ficou vermelho de repente e encostamos nas barras da pista de patinação.

“Acho que fiz besteira...” Ele falou.

“Er..não tem proposta nenhuma aqui em Chicago não é?” falei. Por que será que eu não estava surpresa? Aquilo era tão típico dele. Precipitação.

“Não.. na verdade eu queria te levar pra jantar, e aí depois outro jantar e depois voltaríamos e..”

“E o que mais Finn?”

“Desculpa Rach... eu sei que sou meio precipitado e...”

“Meio não Finn? Totalmente... sempre você fez planos maiores do que podia aguentar..com 1 semana de namoro você já planejava o nosso noivado! Fui passar um fim de semana na sua casa e você me apresentou para várias pessoas... como sua noiva..” Falei com raiva. Qual era o problema dele?

Finn ficou vermelho novamente, mas agora parecia ser de raiva.

“Me lembro bem que você ficou bem íntima de uma delas..”

“Do que você está falando?”

“Você sabe muito bem do que eu estou falando Rach? Aquela garota loira com quem você estava se agarrando...”

“O-o quê? Qual é Finn!?”

“Qual é nada! Você ficou se agarrando com ela no quintal de casa Rachel!” Finn estava ficando com raiva.

“Você sempre soube que eu não tinha o menor problema em ficar com garotas Finn. E além do mais.. foi um beijo! Um único beijo em uma mulher que eu nunca mais vi! Tem que parar de ficar remoendo isso ou nunca vamos conversar..”