Sword Art Online - Hunter escrita por Razi


Capítulo 6
Capítulo 5 - Mundo Cruel


Notas iniciais do capítulo

Desculpem novamente pela demora! O capítulo que eu planejava ficou imenso, tive até que dividi-lo me dois! E minha dificuldade com cenas de batalha fez eu demorar muito para descreve-las.

No capítulo anterior: Hikaru e Nalius chegaram ao 44° andar. Durante o almoço eles interrogaram Toshio que revelou características importantes do líder PK. Durante a tarde investigaram pela cidade a procura de pistas. Um grupo de exploradores contou-lhes que avistaram alguns jogadores dentro da floresta próximo a cidade. Um destes, Toshio reconheceu como sendo um dos integrantes de seu antigo grupo. Para verificar se este ainda estava vivo, Hikaru, Nalius e Toshio foram até o 1° andar. Depois de constatar que ele estava vivo, Hikaru se separou dos dois pedindo que eles fossem para o local enquanto ele iria investigar outra coisa...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/409623/chapter/6

31 de Outubro de 2023 – 44° Andar – Limites da Floresta de Pinhas Azuis – 0:21.

“Onde ele está?” Perguntou Toshio, com a voz bem baixa.

“A última mensagem que ele me enviou, ele disse estar quase chegando” respondeu Nalius com o mesmo tom de voz.

“Isso já faz o que? Quase uma hora?!” continuou Toshio cochichando.

“Calma, calma, já cheguei...” Disse eu. Quando apareci no meio deles no escuro, os dois deram um pulo de susto.

“Fala baixo! Onde você foi?!” perguntou Nalius impaciente.

“Desculpe, acabou levando mais tempo do que pensei. Vocês viram alguém?” mudei de assunto rapidamente para que não precisasse explicar onde estava.

“Até agora nada, estávamos esperando você para entrar na floresta.”

“Certo, a noite está de lua cheia, mas dentro da floresta as folhas vão tampar a luz. Por isso vai estar bem mais escuro do que aqui, tomem cuidado.” Estávamos em um campo aberto que ficava ao lado da Floresta de Pinhas Azuis, local onde os jogadores suspeitos foram vistos.

“Primeiro a capa. Cubram seus rostos e os equipamentos que tiverem.” Disse Nalius. As capas com capuzes eram importantes equipamentos dos caçadores. Com elas nós podíamos esconder nossas identidades e nossos equipamentos, nos camuflar no ambiente e até passarmos desapercebidos por uma multidão. Ser invisível com a minha aparência era um pouco difícil, mas quando eu colocava o capuz era como se ninguém me enxergasse.

“É... eu não tenho uma...” resmungou Toshio.

“Aqui, tome.” Ofereceu Nalius abrindo o menu e retirando uma capa da cor azul escura, que por causa da pouca luz parecia preta. “Tenho outra reserva”. Nalius usava uma capa verde escura que cobria todo o corpo. Até o momento eu não tinha visto como eram os seus equipamentos, não sabia nem com qual arma ele lutava. Enquanto isso eu usava uma capa marrom de tamanho menor que cobria a parte de cima do meu corpo. Eu não usava armaduras então não tinha o que esconder, e por causa de seu tamanho, ela me dava mais liberdade e agilidade para fazer meus movimentos.

Com nossos rostos escondidos pelas capas entramos na floresta. Ouvi rumores que aquela era uma das florestas mais abundantes de pequenos animais que poderiam servir de comida. Por causa disso não possuía monstros como os outros lugares. O ambiente por dentro era belo mesmo sendo de noite, porém não era possível enxergar o chão que estava muito escuro.

Procuramos silenciosamente avançando pedaço por pedaço, mas a floresta era grande demais, e nosso grupo não era capaz de cobrir todo o terreno de uma vez só.

“Acho melhor nós nos separarmos” Propus. Não era uma ideia muito inteligente, porém era a única forma para podermos visualizar toda a floresta com mais eficiência e rapidez.

“Não acho isso uma boa ideia” protestou Nalius.

“É a única forma, se não, não iremos conseguir achá-los antes do amanhecer.” Insisti com a ideia. Também imaginava que se eles nos vissem em grupo, acabariam fugindo de nós. Mas enquanto estivéssemos sozinhos, estaríamos mais vulneráveis. Era um risco agir desse modo, contudo era uma forma de mantê-los no local.

Toshio concordou com a ideia e assim nós dividimos as partes que cada um teria que vasculhar da floresta, Nalius ainda era contra, mas no final aceitou.

Agora eu estava sozinho com as árvores. Comecei a me mover mais rápido, passando por algumas árvores e subindo nelas algumas vezes para ter uma visão mais ampla. Olhando pelo mapa a floresta não parecia ser tão grande, porém quando se está no meio dela parece não haver limites para a vegetação.

Continuei a minha caçada e as horas passaram rapidamente. A cada lugar vasculhado, que poderia conter um acampamento, minha paciência ia se esgotando. “4:50... nosso tempo está indo embora e ainda estamos na metade” pensei.

Quando aterrissei no chão depois de ter subido em uma árvore para mais uma das minhas vistorias, escutei um graveto se quebrando atrás da árvores que acabara de subir. Puxei a minha espada e fiquei em guarda. Comecei a escanear o lugar quando vi alguém se movendo entre os arbustos. Parti para cima da pessoa que estava vestindo uma capa escura. Sem me revelar e sem dizer nada, pulei em cima dele enquanto corria.

Quando nos chocamos, eu acabei derrubando-o e rolamos até bater em uma árvore. Me recuperei primeiro e percebi a pessoa ainda deitada. Retirei seu capuz e apontei minha espada para seu rosto.

“Toshio-san! Você me assustou!” exclamei quando percebi quem era.

“Eu te assustei? Você quase me matou!” reclamou assustado Toshio.

Com um puxão o ergui de pé novamente.

“Desculpe, mas não se esconda assim quando estivermos perto.”

“Achei que era um dos jogadores laranja, por isso sai correndo.” Relatou Toshio

“Esqueça... Onde está Nalius?” Perguntei curioso.

“Não sei. A última vez que eu o vi, foi quando nos dividimos.”

“Ele deve estar aqui por perto, de acordo com o plano nós nos encontraríamos daqui a pouco em uma clareira a nordeste.” Pensei.

“Vamos seguindo até o ponto de encontro.” Falei enquanto caminhava, Toshio apenas me acompanhou sem dizer nada.

“Toshio-san, aproveitando que estamos sozinhos, posso perguntar algumas coisas?” Ainda tinha algumas coisas que precisava saber dele, sem que ninguém estivesse perto, nem mesmo Nalius.

“Sim, mas eu já lhe contei tudo o que eu sabia sobre o grupo laranja” Disse Toshio com uma expressão duvidosa.

Eu parei minha caminhada e fitei Toshio por completo para ver sua reação.

“Para quantas pessoas você contou sobre a guilda PK?” Questionei. Sua expressão não se alterou.

“Apenas vocês dois e mais ninguém.” Sua fala saiu normalmente sem dúvidas ou hesitações.

“Ele está falando a verdade ou é o melhor mentiroso que eu já vi nesse lugar” Pelo que eu conheci de Toshio, ele era uma pessoa que não sabia esconder suas emoções ou surpresas. Por isso achei muito difícil dele estar mentindo, ainda mais que em SAO as expressões eram exageradas.

“Espera... a mais ninguém? Você não relatou isso ao O Exército no primeiro andar?”

“O Exército? Não... Só falei com vocês. Até fiquei surpreso por vocês já estarem sabendo sobre isso”.

“Quando Nalius falou com você, o que ele disse?”

“Disse que precisava fazer algumas perguntas sobre o ocorrido com minha guilda. Naquele momento ele não disse do que se tratava e precisava que um parceiro dele estivesse presente, no caso você. Mas pela aparência de vocês, eu percebi que eram caçadores de recompensa. Em falar nisso como vocês caçadores, obtém essas informações?”

“É isso que eu gostaria de saber também...” Respondi. Mas agora as minhas suspeitas começaram a se encaixar na história “Afinal, como O Exército obteve essas informações sobre o Toshio-san, sendo que ele nunca enviou um mandato ou qualquer mensagem sobre o assunto?... A única explicação plausível é que foi a própria guilda PK que divulgou as informações, mas por quê? e para quem? Quem é o Nalius? Posso mesmo confiar nele?” Meus pensamentos entravam em conflito com meus sentimentos. “Não quero acreditar que Nalius seja um inimigo. Se não for ele, então é O Exército para quem eu trabalhei todo esse tempo. Mas ainda assim, qual o motivo? Não existe um motivo... a não ser que...”Um grito de dor ecoou pela floresta interrompendo meu raciocínio.

“Nalius!” exclamei ao reconhecer de quem era o grito. “Vamos rápido! Ele está em apuros!” Toshio concordou e começamos a correr em direção de onde Nalius gritou.

Durante a corrida, eu acabei deixando Toshio um pouco para trás, porém fiz questão de não perdê-lo de vista. Ao chegar perto avistei um local mais amplo, com um espaçamento maior entre as árvores, pude ver Nalius de Joelhos sozinho. Ele estava agora sem sua capa e mostrava uma armadura leve que cobria boa parte de seu corpo. Sua cor grafite com detalhes em verde escuro mostrava que era de boa qualidade e mais cara que as mais comuns. Ele virou seu rosto para minha direção e ficou me olhando enquanto eu corria. Sua face parecia estranha com uma expressão que parecia travada como se estivesse lutando para abrir a boca.

Parei de correr e fiquei o observando por alguns segundos. Nesse tempo Toshio me alcançou e ficou ao meu lado recuperando o folego. Nalius parecia estar travado “Será que ele está tendo algum problema de conexão agora?” pensei comigo. Ele abriu a boca vagarosamente.

“Não venha! É UMA ARMADILHA!” Gritou Nalius. Logo após suas palavras chegarem até mim, escutei algo sendo cortado e um grande estrondo de algo caindo. Sem pensar duas vezes, segurei Toshio pela capa e o empurrei com toda a minha força e saltei para trás. Quando ambos saíram da posição, um tronco enorme passou entre nós e bateu com violência numa árvore do outro lado.

Após isso escutei algo cortar o ar, vindo em minha direção. Ergui meu braço esquerdo protegido pela manopla e defendi duas adagas que acertariam o meu peito. O mesmo aconteceu com Toshio, só que por muito pouco ele conseguiu defender outras duas, que acabaram fincadas em seu escudo.

Coloquei-me de pé em posição de batalha e comecei a escanear em volta para ver se identificava alguém.

“Ah... você errou... eu te falei que você ia errar...” Uma voz estranhamente calma mas com um tom sarcástico acabou com o silêncio.

“Ahahahaha... Mas foi por muito pouco, admita!” uma outra voz irrompeu pelo ar. Essa tinha um tom mais psicopata ainda, dando risadas como a de um palhaço. “Hehe... A culpa foi daquele novato que não envenenou direito o outro que deu o aviso!” dessa vez a voz dele ficou densa e aterrorizante.

Dei um sinal para que Toshio corresse para Nalius enquanto ninguém tinha se revelado. Fiquei olhando para o alto, nas árvores, para ver de onde vinham aquelas vozes insanas. Sem sucesso, acompanhei Toshio.

“Tudo bem?” perguntei ao olhar Nalius se levantando com dificuldade.

“Sim... eles me envenenaram, mas já usei um antídoto que tinha. Em alguns segundos estarei normal.” Respondeu Nalius ainda um pouco instável.

“Ei... olha só, parece que são eles!” Disse uma das vozes insanas.

“Calado. Vamos apenas completar o serviço, já ficamos muito tempo esperando...” completou o outro desta vez com uma voz mais firme e séria contendo ainda certa insanidade.

De repente duas sombras saíram do meio da escuridão. O da direita estava sem capuz mostrando seu rosto sério com um olhar frio e monstruoso. Seu cabelo cortado em estilo moicano era vermelho como sangue. Possuía alguns piercings em sua face e sua pele pálida um pouco escura lhe dava um aspecto macabro de uma criatura das sombras. A sua capa negra escondia, em grande parte, sua armadura leve que era mista de diversos conjuntos. Seu cursor era laranja.

O outro, que estava de capuz, escondia apenas seu rosto e deixava à mostra o restante do corpo. Fazia questão de mostrar sua katana cinza com detalhes em verde. Sua armadura era parecida com a dos antigos samurais, mas estava tão gasta como a que os esqueletos, que encontrávamos dentro dos labirintos, usavam.

Nalius ficou de costas comigo e começou a mexer em seu menu. Velozmente retirou uma naguinata¹ e ficou em posição de batalha. “Um lanceiro?! ... Espere aquilo é uma naguinata. É a primeira vez que vejo alguém com ela...”Na formação de um grupo, os lanceiros costumavam ficar atrás da vanguarda para dar ataques mais precisos a uma distância segura. Mas uma naguinata tinha muito mais vantagem, pois sua ponta laminada era excelente para combate corpo a corpo contra inimigos que usavam armas de médio alcance ao mesmo tempo que sua extensão ajudava contra inimigos grandes ou que atacavam a distância. Porém era uma arma muito mais difícil de se aprender a utilizar, por isso não era muito popular.

Toshio também ficou em guarda com sua espada e escudo, concluindo nossa formação.

“Saigo...” Disse Toshio ao ver seu ex-companheiro saindo das sombras pelo outro lado da nossa formação.

“Toshio...? o que você está fazendo aqui?” perguntou Saigo surpreso ao nos ver.

“Eu é quem deveria perguntar isso! Eles são jogadores laranjas! Eles mataram o restante do nosso grupo!”

“Você não entenderia...” respondeu Saigo desviando o olhar. Enquanto isso, Toshio ficava o olhando tentando entender o que estava acontecendo ali.

“Esqueça Toshio-san, ele já não é mais um companheiro seu, agora estamos em lados diferentes.” Eu já tinha alguma ideia que isso poderia acontecer. Já lidava com gente assim fazia algum tempo e aprendi que não devia me surpreender com nada, mesmo com as situações mais esquisitas.

“Mas... porquê?” Insistiu Toshio para Saigo que desviava o olhar. Nesse momento acabei me distraindo e a dupla de PK’s a minha frente avançou para o ataque.

“Nalius!” Gritei.

“Certo!” Respondeu Nalius pronto para o combate.

O jogador sem capuz veio em minha direção empunhando uma adaga reta e pontiaguda. Seu ataque inicial foi utilizando uma Habilidade básica da árvore de adagas, era um ataque que tentava acertar um golpe reto mirando em meu peito. Eu desviei para esquerda fazendo meu oponente golpear o ar, porém sua velocidade era maior que a minha e não pude contra atacar a tempo de pegá-lo com a guarda baixa. Após essa investida ficamos de frente nos movendo de lado, um analisando os movimentos do outro. Troquei a posição de mãos da minha espada e parti para o ataque, sem usar Habilidades comecei a desferir golpes mais altos tentando desarmá-lo. No entanto a velocidade superior do meu inimigo mostrou-se novamente um problema. Ele conseguia desviar facilmente, e com muita destreza trocava de mão a adaga para criar oportunidades de ataque.

O outro encapuzado, portando uma Katana, foi de encontro com Nalius. A investida inicial foi bloqueada pela naguinata que logo após tomou uma postura agressiva, desferindo golpes dos dois lados com uma velocidade muito alta. Seu estilo de luta fazia com que seu inimigo não tivesse muito tempo de reação, pois seus ataques eram efetuados rapidamente de forma que acertasse as extremidades da defesa, fazendo com que o adversário se esforçasse para bloquear.

Apesar da forma em que nós nos movíamos e atacávamos, nossos inimigos também pareciam ter muita experiência em combate contra jogadores. Nós não estávamos lutando contra meros amadores, estávamos lutando contra inimigos poderosos que eram capazes de suportar a linha de frente.

Um pouco longe, do outro lado da clareira, Toshio enfrentava Saigo. Ambos lutavam com o mesmo estilo, uma espada e um escudo, era uma luta de igual para igual que um mínimo erro poderia decidir a batalhar. Eram sempre exatos, quando um começava a tomar uma postura ofensiva o outro adotava a defensiva.

“Não consigo entender Saigo...” Disse Toshio enquanto bloqueava um golpe da espada de Saigo. “...Não existe nem um motivo para você ter feito isso!”

“Você só entenderia se fosse eu! Você não sabe o que é viver submisso a vida inteira para alguém, até mesmo dentro de um jogo!” respondeu Saigo desferindo golpes furiosos no escudo de Toshio.

“Submisso? O que você está dizendo?” Toshio empurrou Saigo com seu escudo e o combate sessou por alguns momentos. “Nosso grupo... estão todos mortos... e agora vejo você lutando ao lado do inimigo...”

“Aquilo foi planejado. Fui eu quem disse para os jogadores laranja, onde nós iriamos passar.”

“Porquê?!” Perguntou Toshio com uma expressão surpresa. “Nós todos somos amigos de infância... fazemos parte do mesmo clube da escola...”

“É por isso mesmo! Rogy... ele sempre... ficava a minha frente, todos o admiravam! Como ele me olhava, o jeito com que ele falava comigo, parecia que ele tinha nojo de mim... Vocês... sempre me trataram da mesma forma... ninguém dava valor ao meu trabalho, nunca ninguém elogiava meus feitos! Todos só admiravam o Rogy!” A expressão de Saigo começou a ficar mais insana, seus olhos já não pareciam ter mais estabilidade. Toshio só ficava o observando. Saigo soltou uma risada louca e irônica e continuou o ataque contra Toshio.

Meu adversário se esquiva da maior parte dos meus golpes e depois tentava desesperadamente me acertar com sua adaga em posições cada vez mais difíceis de se defender. “Não vou conseguir superá-lo em velocidade... então vou usar a força!” mudei de postura e comecei a segurar minha espada com as duas mãos, desferindo golpes de pura força. Meu inimigo conseguia desviar dos ataques, porém não tinha mais espaço para contra atacar, eu sabia que algum momento ele iria se distrair e um dos meus ataque iria acertá-lo.

“Não deixa ele encostar a lâmina em você, ela está envenenada!” Advertiu Nalius, enquanto desviava e contra atacava seu inimigo.

“Entendi, é por isso que ele está desesperado para me acertar com aquilo, mesmo que não seja forte o suficiente.” Pensei. Com essa informação, resolvi ganhar espaço na luta, e mesmo meus ataques sendo bloqueados, o meu inimigo começou a recuar. Meu plano era empurrá-lo até um arvore para prendê-lo e acabar com a luta, pois Toshio estava tendo dificuldades contra Saigo que estava golpeando com extrema raiva seu escudo. “Se a durabilidade do escudo de Toshio acabar, ele estará perdido!”

“Eu tinha raiva de todos! Principalmente do Rogy! E você... você também é um cumplice deles, sempre fingiu ser meu amigo, mas na verdade ria de mim pelas costas! Eu queria eliminar todos, mas eu não podia. Quando SAO começou eu tive a chance. A chance de matar Rogy, destruí-lo sem ter que sujar minhas mãos na realidade!” Exclamou Saigo. Toshio esquivou e se livrou dos ataques contínuos.

“Nós éramos amigos Saigo! Tínhamos algumas desavenças, mas todos nós estivemos do mesmo lado até o fim!” Disse Toshio, que começou a dar golpes pesados no escudo de Saigo. “Você não tem o direito de falar algo como isso! Quando você não estava presente, Rogy-san sempre o protegia de pessoas que falavam mal de você! Ele sempre se importou com todos nós! Ele nos protegia dos marginais da nossa escola! Ele nos motivava sempre a continuar! Você apenas nunca enxergou isso!” a expressão de Saigo começou ficar com mais raiva ainda.

“Mentiroso!” E ele voltou a atacar enfurecidamente.

Enquanto isso, eu lentamente ia empurrando meu inimigo até a árvore. Quando finalmente consegui golpeá-lo com força o suficiente, o PK sem capuz, encostou na árvore e percebeu que estava encurralado. Sem hesitar usei uma habilidade que misturava força com armas laminadas. Minha espada brilhou e ativou sua habilidade de ilusão junto com a minha Skill de espada. Ela fez um risco amarelo que se prolongou por todo o percurso indo em direção ao pescoço do meu inimigo. Este que se confundiu por breves momentos, mas com muita habilidade subiu a árvore usando sua adaga de apoio, e pulou por cima de mim para evitar o ataque letal.

“Que droga, ele não fica parado!” me irritei mentalmente enquanto via a face risonha do meu adversário. Nalius lutava também, sem grandes conquistas em cima de seu oponente. “Parece que eles são profissionais, nunca lutei por tanto tempo assim contra apenas um inimigo.”O combate já pendia para quase dez minutos. As lutas em SAO ou qualquer outro jogo de espada, raramente passavam de mais de 5 minutos, a não ser que o oponente fosse algum Boss. Quando lutas entre jogadores duram muito, significava que eles estavam em equilíbrio de força, o que tornava a luta emocionante em circunstancias normais. Mas em SAO as lutas de PK valiam a vida, por isso não era tão emocionante lutar pensando que era matar ou morrer de verdade e o tempo só piorava as coisas fazendo com que ficássemos desesperados e mais propícios aos erros por causa do cansaço.

O cansaço era a minha maior fraqueza, por causa da minha build ser diferente da maioria, minha estamina² era menor do que as dos outro jogadores. Por esse motivo eu tinha que acabar com as minhas batalhas rapidamente e com estratégia, acertando pontos críticos do inimigo para causa maior dano, pois meus ataques também não eram muito fortes pelo mesmo motivo.

Nalius acertou o rosto do Inimigo com o cabo de sua arma, virou para minha direção e começou a correr.

“Switch!” Gritou Nalius.

“Switch? Numa luta pvp³?!” Pensei. Switch era um movimento de troca entre jogadores, onde o primeiro dava um golpe que atordoava o inimigo e trocava de posição com o segundo, para que este desse um ataque poderoso enquanto o inimigo estivesse com a guarda baixa.

A expressão séria de Nalius me convenceu, num movimento rápido deixei minha espada numa posição mais baixa e ataquei a defesa do meu oponente. Ele conseguiu segurar meu ataque, mas dessa vez ativei minha habilidade única e desferi um poderoso soco com minha mão esquerda que levantou os braços do inimigo, deixando sua parte de baixo até a barriga aberta. Aproveitando o impulso do ataque joguei meu corpo para o lado e deixei Nalius passar. Correndo com sua naguinata reta, Nalius fincou a parte laminada de sua arma na cintura do meu adversário. Enquanto isso percebi o outro PK, que portava uma katana, correndo para atacar Nalius pelas costas. Antes dele acertar uma Habilidade que viera carregando enquanto corria, girei meu corpo, aproveitando o impulso anterior, e mais uma vez usei meu poderoso soco que acertou em cheio a katana do encapuzado. O encontro entre as duas habilidades fez surgir um grande brilho e causou um choque que fez meu braço inteiro tremer. De repente o som das habilidades deu lugar ao um estrondo de algo trincando e quebrando. Quando a luz acabou pude ver a lâmina da katana se espalhando em vários polígonos, que logo se repetiu com o restante da arma.

Esta era uma das minhas Skill da árvore da habilidade única, um ataque de força feita exclusivamente para aquele curioso equipamento. Nas poucas batalhas que tive, pude experimentá-la e perceber que seu uso era para quebrar defesas inimigas. Como todas as habilidades de manipulação (espada de uma mão, machados, lanças, etc), a habilidade única possuía uma árvore de Skills que eram sendo abertas conforme era usada.

“Argh!” gemeu Toshio do outro lado. Saigo tinha feito um corte em sua perna que, por causa do veneno, começou a ficar paralisado e caiu. Olhei para Nalius que estava tentando incapacitar o PK que fora atingido pelo seu ataque.

“Vai! Eu cuido dos dois!” exclamou Nalius. Dei um empurrão no PK que estava com a katana e fui auxiliar Toshio. Nalius tentava lutar para segurar o PK que ainda estava com a naguinata ficanda em sua cintura, sua Barra de HP descia lentamente enquanto ele se mexia. Quando o outro PK se recuperou do meu empurrão, começou a manipular seu inventário e sacou uma espada de uma mão, era bem menor do que as do tamanho padrão, claramente uma arma de emergência. Este partiu para cima de Nalius que não teve outra alternativa a não ser retirar a naguinata do corpo do outro. Dessa forma ambos começaram a atacar Nalius que se defendia girando sua arma para manter uma distância segura das lâminas de seus adversários.

Quando consegui alcançar Toshio e Saigo, bloqueei um forte ataque de Saigo que provavelmente mataria Toshio. Imobilizado, Toshio apenas assistia nossa luta. Meus movimentos eram bem mais rápidos do que os de Saigo, porém ele se defendia muito bem. Não importava qual fosse a força dos meus golpes, ele sempre mantinha seu escudo na frente de seu corpo, mas por causa disso ele não podia contra-atacar. Por mais que eu tentasse ser criativo em meus golpes, eles sempre acabavam da mesma forma, bloqueados pelo escudo ou desviados pela espada de Toshio. “Droga tenho que terminar logo com esse Saigo... Nalius está com problemas” Minha impaciência me fez perder o ritmo de ataque e Saigo que estava apenas na defensiva mudou sua postara e começou a contra-atacar. Sua velocidade era bem inferior a minha, por isso eu podia desvia mais facilmente, entretanto o cansaço já estava tomando meu corpo e meus músculos estavam começando a arder.

Nalius desviava e recuava de forma estratégica dos dois atacantes, fazendo com que um se atrapalhasse com o outro. Quando conseguiu uma brecha, ele acertou um golpe na perna de um deles e desviou do outro, nesse momento ele sacou um pequeno punhal, carregou a skill de arremesso e atirou em Toshio. O pequeno punhal que tinha a aparência de uma ponta de uma flecha, acertou o braço esquerdo de Toshio que estava imobilizado, mas seu HP nem se mexeu direito. “O que ele está fazendo?!” Quando percebi, os status de veneno e paralisia de Toshio haviam sumido. Uma técnica usada entre os PK’s, era envenenar pequena adagas para arremessar em seus alvos para imobiliza-los evitando que estes fugissem. Foi a primeira vez que vi alguém utilizar isso, só que em vez de veneno, a adaga estava imbuída de antidoto. Toshio se recuperou e ficou pronto para a batalha, enquanto isso eu ainda tentava passar a defesa de Saigo.

“Switch!” Gritou Toshio.

Fiz uma expressão duvidosa enquanto o olhava de lado. “Você também?!”.

Voltei novamente minha atenção para Saigo, que se preocupou com o possível movimento. Parti para o ataque, só que desta vez dei uma investido carregando a minha habilidade única enquanto corria em direção de Saigo. Meu punho esquerdo brilhou intensamente. Neste momento, eu me lembrei do nome dela que estava escrito na barra de poderes, “Power Brake” era a primeira skill da árvore da habilidade única chamada “Pure justice”.

Saigo Levantou seu escudo para bloquear meu ataque. Quando meu punho acertou o centro do escudo, eu pude senti-lo sendo amassado. Fixando meus olhos no alvo dentro daquele brilho intenso, enxerguei a marca do meu soco sendo cravada no escudo que por sua vez estava se trincando por inteiro. Ainda com meu corpo em movimento joguei todo o meu peso no meu braço e não bastando apenas o impacto, empurrei Saigo que estava com uma expressão assustada. O impacto acabou zerando a durabilidade do escudo, que foi destruído logo em seguida. Saigo, ainda sentindo os efeitos do golpe, ficou com sua defesa totalmente aberta. Neste momento dei lugar a Toshio que efetuou um ataque usando uma habilidade que cortou Saigo do seu ombro esquerdo até a cintura direita. Saigo caiu no chão pesadamente e sua barra de HP foi se esvaindo rapidamente até pausar em 5%.

“Recuar!” gritou um dos PK’s que lutava contra Nalius. Me virei e comecei a correr em direção onde Nalius estava. Juntos continuamos a seguir os dois PK’s que estavam fugindo, até que um jogou uma pequena bolsa que se estourou fazendo se espalhar um pó branco. “Bomba de fumaça?! Eles estão querendo nos confundir!” Nalius parou abruptamente antes de entrar no meio da fumaça.

“Não vai, essa fumaça é veneno!” Advertiu Nalius. Parei bem pouco antes entrar no meio da grande fumaça que estava se espalhando rapidamente pelo local.

“Malditos! Eles têm venenos em todas as coisas que usam?!” comentei enquanto olhava a nuvem branca que acabou fazendo cobertura para fuga dos PK’s “COVARDES!” gritei para o nada no meio da floresta. “Como você sabe tanto sobre esses venenos?” perguntei para Nalius, ainda fitando as árvores para localizar algum sinal dos fugitivos.

“Sou quase um especialista na profissão de boticário. Sei reconhecer diversos venenos e poções, e também posso criá-los. Era disso que eu sobrevivia antes de ser caçador, e por sorte descobri que venenos são frequentemente usados por PK’s. Por isso estudei os venenos que eles usavam e desenvolvi vários antídotos.”

“Sempre utilizei os cristais para me curar disso”

“Cristais curam apenas um status negativo⁴, mas esses jogadores desenvolvem venenos mais potentes que podem causar até cinco status negativos numa única dose” Explicou Nalius enquanto voltávamos para onde Toshio e Saigo estava.

Saigo estava deitado, ainda na mesma posição que havia caído, enquanto Toshio estava sentado do lado conversando com ele.

“Desculpe... quando eu entrei em contato com os jogadores laranja, eles me disseram que iriam me dar proteção em troca de certos serviços. Eu não queria mais arriscar minha vida indo para a linha de frente... Minha raiva pelo Rogy era forte, mas quem me deu a alternativa de eliminá-lo foram os jogadores laranja.” Algumas lagrimas começaram a escorrer pelo rosto de Saigo. “Inicialmente eu desisti de me unir a eles, mas depois eles me ameaçaram. Então concordei e contei a eles por onde nós passávamos. Então eles atacaram e mataram Rogy e o restante do grupo... eu só queria fazer mal ao Rogy e não ao resto de vocês... Eu sei que não tenho o direito de pedir perdão... mas... me desculpe, as coisas saíram fora de controle. Briguei com eles após a morte de todos, mas eles me ameaçaram e me obrigaram a vir a este lugar emboscá-los...” contava Saigo quando eu e Nalius chegamos. Não sei o que Toshio falou com ele que o fez contar tudo isso, mas parecia agora que Saigo não fizera tudo isso pelos motivos que dissera antes. Dessa vez parecia realmente verdade o que dizia, mas isso ainda não explicava tamanha traição que cometera.

“Emboscá-los?” interrompi Saigo “Isso tudo foi planejado por eles?” Saigo olhou para mim, com uma expressão vazia e respondeu:

“Sim... não sei dos detalhes, apenas nos mandaram esperar duas pessoas com suas características e matá-los.”

“Então, eles aproveitaram a história do Toshio para aniquilar eu e Nalius, os dois caçadores que ficam em primeiro e segundo lugar do rank de caçada” Minha desconfiança estava certa, aquela missão talvez fosse verdadeira, mas desviaram nossa investigação para uma emboscada. “Mas de quem foi esse plano? O exército não seria manipulado dessa forma tão facilmente.” Após essa revelação, minhas dúvidas só aumentaram.

“Quais são os planos desses PK’s, ele possuem uma guilda grande?” perguntei a Saigo que ficou quieto por alguns instantes disse:

“Não sei quantos são exatamente, mas acho que são quase vinte. Inicialmente pelo que percebi, eles pretendem se expandir, conseguir mais membros e mais gente para trabalhar para eles...”

“Como assim?”

“Já disse, não sei direito. Mas numa pequena reunião, ele se dividiram para raptar pessoas que possuem níveis altos de profissões. Eles iriam forças essas pessoas a trabalhar para a guilda”

“Provavelmente querem pessoas que possam dar suporte exclusivo para eles, como comerciantes, ferreiros e até mesmo boticários.” Deduziu Nalius.

“E para onde eles foram mandados raptar essas pessoas?” perguntei tentando saber para onde nós deveríamos seguir caminho em nossa investigação.

Quando Saigo ia responder, uma adaga passou entre nós e o acertou no peito, bem do lado do coração e o restante de sua barra de HP se esvaiu completamente. Os olhos assustados de Saigo se fixaram nos meus. Naquele momento puder ver seu medo de morrer, sumir de um mundo como se nunca tivesse existido nele. Isso era uma forma tão injusta de morrer, pensar que quando aquela pequena barra verde que se transformava em vermelho e que depois sumia, fazia com que tudo o que tínhamos e tudo o que poderíamos ter, fosse arrancado de nós de uma maneira tão rápida e fria. Aquele mundo era pior e mais cruel do que o mundo real. Mal pude escutar as últimas palavras de Saigo que saíram tão baixas quando um sussurro.

“Décimo sétimo andar...” após isso, seu corpo foi todo coberto por uma forte luz e teve o triste final que todas as outras coisas neste mundo tem quando são destruídas.

“AHH! POR QUÊ?!” gritou Toshio enfurecido, em direção as árvores.

“O mataram antes que ele nos revelasse mais coisas...” disse Nalius incrédulo enquanto olhava para o local que antes o corpo de Saigo estava.

Meu corpo ficou gelado quando assimilei as últimas palavras de Saigo com o restante que ele nos haviam contado. Meu coração acelerou com medo daquela cena se repetir a minha frente. Eu tinha sido a última visão de uma pessoa que acabara de morrer, pude sentir seus sentimentos de culpa, medo e frustração. Não poderia suportar ver novamente aquilo.

“Samanta!” O medo acabou tomando conta da minha alma, o perigo que eu enfrentava estava prestes a chegar perto de quem eu jamais queria que tivesse contato.

“Termos de ir! Samanta, Any e os outros do décimo sétimo andar correm perigo!”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Naguinata¹ é essencialmente uma lâmina japonesa montada em uma haste longa. Ela se assemelha a uma alabarda europeia mas somente com uma lâmina curva e de um gume montada em sua extremidade.

Estamina² se refere ao status que controla o fôlego do jogador. Quanto maior a estamina mais fôlego o jogador tem.

Pvp³ significa literalmente player vs player.

Status negativo⁴ são efeitos que causam dano ao jogador dentro de jogos RPG (veneno, paralisia, enfraquecimento e etc), também chamados de debuff’s.

Espero que tenham gostado! xD realmente deu muito trabalho para criar isso e levou muuuito tempo, porém todo esse tempo não foi apenas para esse capítulo. O próximo capítulo já estava quase finalizado e postarei muito em breve. Não querendo me gabar, mas eu gostei muito de ler e escrever esses últimos capítulos, espero que sintam o mesmo prazer que tive!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sword Art Online - Hunter" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.