Acordo com o ranger da porta, mas não abro os olhos. Primeiro, por que abrir os olhos exerce um nível de esforço que eu não tenho no momento. Segundo, se elas acham que vão entrar assim e ir dormir sem me explicar nada, engano delas.

– Acho que ela está dormindo- cochicha a voz de Heera, em seguida ouço a porta se fechando e passos que vão em direção ao corredor.

– Ela ficou esse tempo todo esperando a gente?- agora quem diz é Molly- Olha até Holly está dormindo, ou melhor, estava.

Holly pula do meu colo, mas não posso ver para onde ele vai, porém tenho uma boa noção. É costume do Holly se enrolar nas pernas da pessoa que chaga em casa, mas ele só faz isso em pessoas que ele gosta.

~Nyahh- Mia Holly, apesar de parecer mais um resmungo do que uma saudação.

– É bom ver você também – Sussura Molly- , mas Mia mais baixo se não a Magah corda.

Ouso o trinco da porta fechando e novamente passos. Engraçado elas pensarem que nem ao menos vão falar aonde foram. Faço um esforço para abrir os olhos e digo:

– Saibam vocês que eu estou quebrada de dormir nesse sofá – viro o pescoço para ver a reação delas – e nem ao menos vão me contar o que aconteceu?

Molly que estava quase chegando à porta de seu quarto teve um sobressalto quando ouviu minha voz, Heera simplesmente parou onde estava e de cabeça baixa se vira e volta para a sala, talvez por que ela saiba que vai ter que me contar tudo.

–Droga, eu quase consegui! – exclama Molly dando um soco no ar.

–Ela gosta de assustar a gente – comenta Heera- mas também, quanta ingenuidade a nossa em pensar que podíamos enganar o mestre dos magos versão feminina.

– Hahaha – dou uma risada sarcástica, e bato com a mão no sofá um sinal para elas sentarem- Sentem aqui, não me escondam nada afinal é o mínimo que vocês me devem por me deixar até essa hora dormindo nisso que a gente chama de sofá.

As duas caminham até o sofá e se sentam ao me lado. Sem contestar Heera começa a narrar desde quando elas estavam no café tomando chocolate – essa parte me deu água na boca- e que encontraram uns caras chamados Castiel e Dimitry, que mais tarde iriam salva-las de uma tremenda enrascada. Contaram-me dos mínimos detalhes, como o bigode de leite da Molly – que me contou essa parte foi Heera contra a vontade da Molly- e também sobre o feito inesperado do ruivo em amarrar uma bandana vermelha no antebraço de Heera – essa parte que me disse foi Molly, e enquanto ela me contava deu para perceber que Heera ficava corada- Terminaram falando que eles com um toque de cavalheirismo fizeram questão de trazê-las até a portaria. Sinceramente só tenho uma coisa a declarar, eu deixo de acompanhá-las UMA noite, e elas entram e um livro de romance? Com direito a ação e tudo mais, isso não é justo! Não que eu estivesse procurando um par romântico nem nada, só que seria legal participar da ação.

– Ah, adivinha como o Dimitry se despediu da Molly?- pergunta-me Heera, Molly quis interrompe-la mudando de assunto, não conseguiu- Bigodinho de Leite! -Ela gargalhou e eu a acompanhei enquanto Molly ficava emburrada.

– Meu Zeus que coisa mais fofa! – digo tentando apertar as bochechas de Molly, mas ela desvia dando uma tapinha na minha mão.

– Não to vendo graça nenhuma, pra mim só foi um baita mico!- diz ela aborrecida- e afinal o que aquele ruivo quis com o seu celular Heera?

–Puts, verdade tinha me esquecido- diz ela enquanto procura o aparelho em sua bolsa, quando finalmente o acha passa algum tempo fuçando no celular- não tem nada de diferente aqui.

– Me deixa ver – eu peço e ela me entrega o celular, procuro um pouco não levo muito tempo para encontrar – Aha! Contatos: Castiel e Dimitry, ah, Castiel está nos favoritos.

– Mas que folgado- queixa-se ela- pegar o meu celular e coloca o numero dele sem nem ao menos me avisar ou pedir permissão.

– Atá, e aquele Castiel tem cara de quem pede permissão pra alguém?- Pergunta Molly.

– Pelo jeito que vocês falam deles, devem ser muito gatos - comento– mas mudando de assunto, já esta tarde, eu estou com sono amanhã tem trampo e eu preciso dormir.

– Verdade, até eu que sou acostumada a varar a noite assistindo Doramas to cansada.

– Nem me lembre, queria poder dormir tarde inteira- comenta Heera.

– O mundo queria- Digo levantando desligando a TV e acompanhando as garotas até os quartos- mas ninguém aqui ta a fim de levar bronca do Nathaniel amanhã por atraso.

– Sai fora – diz Molly enquanto abre à porta do quarto– Boa noite, tenham sonhos picante ok.

– Vai dormir... -(bocejo) – sua tarada.

– Haha, boa noite pra vocês também- e nós três fechamos as portas ao mesmo tempo.

Meu quarto está um pouco bagunçado. Porém é aquela bagunça arrumada, sei que isso não faz sentido, mas eu acho tudo aqui e se alguém arrumar é ai que eu me perco mesmo. Minha cama está uma zona, pois esqueci-me de arrumá-la, mas vi na televisão que faz bem a saúde, mantêm distante os ácaros e esses outros bichinhos, minha mãe ia me dar uma bronca se me ouvisse dizendo isso, diria que essa é uma desculpa muito esfarrapada.

Jogo-me na cama que está incrivelmente aconchegante. Penso um pouco no que as garotas me contaram e o que elas passaram. Da pra ver nitidamente que elas estão interessadas nos caras, tomara que de tudo certo pra elas. Amanhã tenho muita coisa para contar a Vó-Char quando voltar do trabalho.

O sono chega e a ultima coisa que se passa pela minha mente, é que aquele sentimento ruim ainda não passou.

POV Heera

Dos quartos da casa o meu é o mais organizado, tenho alguns livros e mangás em uma prateleira. Meu Notebook fica em cima da escrivaninha junto com a minha câmera, tenho alguns pôsteres colados na posta do armário para que eles fiquem escondidos... digamos que é um pouco embaraçoso que alguém olhe o meu Boy fos sonhos fazendo uma pose sexy – Foi Molly que me deu, ela foi escolher com a Magah- No teto tenho algumas luminárias chinesas. Tudo em um tom neutro de Azul safira, nada de cores berrantes elas sempre me deram dor de cabeça. Como por exemplo, a bandana vermelho sangue presa em meu braço ferido.

Desamarro a bandana enquanto sento na cama vejo o estrago que aquele brutamontes deixou em mim, a marca de cinco dedos roxos no meu braço. Não sei onde eu posso colocar a bandana então decido amarrá-la na minha cabeceira provisoriamente. Troco-me de roupa depois de um banho rápido e me largo na cama, estava quase adormecendo quando sinto o cheiro de algo que me lembre canela e algo mais, me guio pelo perfume até o seu local de origem, a adivinha sai da bandana. Não posso negar que ele tem um bom gosto para perfumes, mesmo sendo marrento e um pouco machista até que ele é gatinho. Nossa realmente eu estou passando tempo demais com a Molly. Devaneio um pouco, mas logo sou vencida pelo cansaço e pelo cheiro inebriante de canela. Adormeço.

POV Molly

Meu quarto talvez não se compare com o da Magah em quesito bagunça. Cama desarrumada, não ligo muito pra isso, como todas nós tenho uma escrivaninha com um Notebook e algumas coisas de trabalho. As paredes são brancas com detalhes verdes – minha cor preferida- meu urso porcoelho presente de 15 anos na Magah. E definitivamente tenho muitos livros, um pouco de tudo eu diria. A maioria romance, por que eu me acabo de chorar em duas coisas, romances e doramas. Falando em romance qual era a daquele Dimitry, o cara parecia ter saído de um filme preto com branco do século passado, ainda mais falando coisas como “Damas” e “vossa”. Admito que ache um pouco brega, mas fofo. Ajudou muito o fato de ele ser super gato e ainda ter uma personalidade vampíresca.

Mas depois daquele mico do “bigodinho de leite” não sei se tenho mais coragem de olha na cara dele, se é que eu o verei algum dia novamente. Afinal eu penso como posso ser tão retardada a esse ponto, e não encontro resposta. E melhor eu dormir logo, depois de esoerar a cachinhos de ouro terminar o banho e pego o fone e o celular, deito aperto o Play e depois de alguns minutos já não me lembro de nada.

POV Molly Off.

Dream ON Magah

O sonho veio assim que eu adormeci.

Eu estava caminhando por uma vila que tinha um aspecto romântico, passeio por entre as lojas e lanchonetes que estava tocando a musica “Here comes the Sun- Cobie Caillat”. O que se você levar em conta o céu límpido e sem nenhuma nuvem, tornava essa musica uma trilha sonora perfeita. Passo também por uma livraria que estava com um cartaz com os dizeres- Hoje, livros com 90% de desconto- Isso é , pra mim simplesmente perfeito.

Entro na livraria que por incrível que pareça estava quase vazia, exceto pelo vendedor que estava de costas para porta. Quando a porta se fecha um pequeno sininho toca chamando a atenção do vendedor, ele se vira para mim e o cara era simplesmente o homem mais lindo que eu já havia visto pessoalmente – por que se você contar a televisão e os meus Doramas, eu já havia visto muitos caras lindos-. Ele tinha mais ou menos 1,90, olhos verdes intensos parecidos com os meus. Pele clara e cabelos castanhos levemente ondulados.

– Posso ajudar?- pergunta ele gentilmente.

– Ahn pode, eu quero ver alguns livros.

–Claro mais antes- diz ele se dirigindo a um pequeno vaso com um arranjo de tulipas vermelhas e amarelas, ele escolhe uma e vem em minha direção- uma flor pra uma bela moça.

Eu senti meu rosto esquentando, afinal que tipo e homens hoje em dia fazem uma coisa dessas.

– Obrigado.

– Agora venha vou te mostrar os nossos livros... - a voz dele foi ficando abafada, e tudo ao redor Foi ficando embaçado. Sinceramente eu não gostei disso, afinal quero os meus livros!

E o sonho foi mudando.

Agora eu estava em uma espécie de floresta fazia muito frio como se estivesse prestes a nevar, mas eu não me incomodava com isso. Eu não tinha notado mais havia um rastro de destruição cortando a mata e seguia até um grande pinheiro que não tinha sofrido muitos danos. Caminho cuidadosamente entre as folhagens e galhos secos, tomando cuidado para não fazer muito barulho até por que eu não sei o que causou todo esse dano. Suponho que ainda estou em Chicago pelo clima e pelo que eu me lembre também á uma floresta pelos arredores, mas não posso ter certeza.

Chego ao pinheiro e noto que há algo de estranho atrás dele. Estico o pescoço para ver o que é, mas mantenho certa distancia afinal qualquer coisa é só correr. Surpreendo-me, pois há um garoto caído atrás o pinheiro, e agora sim esse é o garoto mais lindo que eu já vi. Imediatamente procuro o meu celular, para chamar a ambulância não o encontro em lugar algum. Aproximo-me dele, seu cabelo preto esta caído sobre os olhos e ele esta inconsciente sua pele esta muito pálida, mas ele não parece estar ferido. Pego o pulso dele e vejo que tem pulsação. Fico feliz em saber disso, suas roupas são estranhas como se ele tivesse acabado de sair de uma exposição da comic com.

Tento acordá-lo, mas ele não esboça nenhuma reação. Nunca vi esse garoto, mas sinto como se houvesse uma ligação entre nós. Passa-se muito tempo e como ele não acorda, eu só observo. Ele parecia tão tranqüilo como se estivesse apenas dormindo, raios de sol nos iluminam e o sonho vai desaparecendo aos poucos,

Dream Off

Acordo com o barulho irritante do meu despertador. Abro os olhos e não estou em nenhuma floresta, não há nenhum garoto desfalecido ao meu lado, somente Holly dividindo o travesseiro comigo. Pego o meu outro travesseiro e jogo em cima do despertador que para de bi par.

Como faço todas as manhãs eu ensaio tudo na minha cabeça o que eu vou ter que fazer, antes de fazer, ou seja: levantar, Toma banho, ver se a Molly acordou e se não se enforcou de noite com o fone – coisa que acontece comigo também- me arrumar e trabalhar, não necessariamente nessa ordem. Levanto-me de verdade e olho para Holly que continuava a dormir tranquilo. Sinto-me completamente desanimada, não se é por que o sonho que eu estava numa livraria que estava dando os livros quase de graça ou por causa daquele garoto.

–Que moleza em? – digo a Holly, mas ele nem se move- mas um dia completamente entediante pela frente!- digo com falsa animação e saio do quarto.