Mama Dean escrita por Lady Padackles


Capítulo 15
O jantar de aniversário e os olhos coloridos.


Notas iniciais do capítulo

Queridos leitores,

Estou demorando um pouco mais para atualizar esses dias. Final de ano é sempre correria, e o tempo anda curto... E, bem... Esse capítulo acabou saindo meio indigesto. Já vou logo avisando e pedindo desculpa por antecedência! Beijos a até o proximo!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/408033/chapter/15

Sam fuzilou Castiel com o olhar. Então era assim... Agora ele era prisioneiro em seu próprio lar... Sam sabia muito bem que enfrentar Castiel era loucura. O anjo era muito mais forte e poderoso do que ele afinal... Teria que pensar em alguma estratégia de fuga mais sutil.

– Tudo bem, eu fico... Mas me larga! – o caçador reclamou em voz alta, se soltando das mãos do anjo. Sam estava vermelho e bufava de raiva. Sem dizer mais nada, voltou para sala e sentou-se no sofá emburrado.

Hilary olhou para Castiel contente e surpresa.

– Ele sabe que não tem forças para lutar contra mim... – o anjo explicou a ela muito sério, com sua voz baixa e rouca. Em seguida voltou para a cozinha para terminar seus afazeres domésticos.

Hilary teve vontade de rir do comentário do rapaz, mas tratou de morder a língua. Até que era sorte que Castiel fosse tão obediente e que tanto ele quanto Sam, acreditassem piamente que o rapaz era um anjo. Pobre Sam... Se ele soubesse o quanto teria sido fácil para ele bater no amigo menor... A ingenuidade do rapaz chegava a ser tocante...

–---------------------------------------------------------------------

Enquanto isso, na cozinha real dos Bicudins...

– Maria do Bico! Maria do Bico! – Matilda chegou esbaforida chamando pela empregada.

Maria do Bico, Bicudin flácida e rabugenta que trabalhava para a família real há anos, virou-se para encarar a princesa.

– Temos um hóspede humano e um bebê Bicudin, que precisam ser alimentados! – Anunciou a jovem monstra esbaforida.

Maria do Bico não demonstrou nenhuma surpresa.

– Já sei... Sua irmã já me avisou... – Disse a empregada, enquanto mexia alguma coisa na panela. - Eu tinha um resto de fígado cru que sobrou do almoço... Mas não! O sujeitinho pelo jeito é muito especial para comer o mesmo que os serviçais... – resmungou mais para si mesma que para a princesa.

Matilda pareceu um pouco sem graça.

– Está cozinhando o que?

– Cozido colorido... – suspirou pesadamente.

A princesa arregalou os olhos. Aquela refeição era de fato uma iguaria, até para a família real... Por que será que Mafalda estava fazendo tanta questão em agradar Dinner... Nem precisou perguntar, pois Maria do Bico resmungou a resposta em seguida.

– Sua irmã quer ele bem gordinho para servir no aniversário dela... Eu falei pra ela que esses humanos são chatos pra comer! É impossível conseguir engordá-los... Fígado cru ou cozido colorido, tanto faz... Ele vai desperdiçar mesmo...

– Ahhh... Então ele vai ser a carne especial da festa... – Matilda ficou pensativa. Como pudera ser tão boba? Agora sim entendeu o olhar de sua mãe quando Mafalda dissera gostar do rapaz. O destino dele já estava selado desde aquele momento. Pobre Dinner... Matilda já tinha se afeiçoado a ele apesar de saber desde o início que dificilmente uma comida de tão boa qualidade haveria de ser poupada.

– Bom, terminei! Vou levar o cozido e a mamadeira de sangue para os hóspedes. – anunciou Maria do Bico.

– Não... Deixa que eu levo! – Matilda pegou a bandeja das mãos da empregada e se dirigiu até quarto onde Dean e sua filha repousavam.

– Dinner! – chamou.

Dean estava cochilando, mas levantou-se assim que ouviu baterem na porta. Sentia-se fraco e tonto de fome.

– Trouxe comida para vocês!

Matilda colocou o prato de cozido sobre uma mesinha e gesticulou para que Dean se servisse.

– Posso dar a mamadeira dela? – perguntou.

O calçador assentiu e sentou-se apressado. Não tinha talheres para se servir, mas ele pouco de importou. Segurou o pote com as duas mãos e pôs-se a sorver o caldo com gosto. Enquanto isso, Samantha devorava a mamadeira sem cerimônia.

– Está gostoso? – Matilda perguntou. Estava feliz por ver que, como previra, Dinner não era fresco. Não se recusava a comer como a maioria dos humanos, ocasionais prisioneiros, fazia.

– Muito! – o homem respondeu. – Mas o que é isso?

– Ora, dê uma olhada... – ela disse sorrindo, escancarando a bicanca comprida. Dinner provavelmente nunca comera nada tão bonito, iria se surpreender...

O caçador então descansou o pote sobre a mesa e encarou-o. Agora que já tida tomado grande parte do caldo, pôde ver nitidamente dezenas de olhos humanos olhando para ele. Olhos de todas as cores: azuis, verdes, âmbar, mel, castanhos, cinzas e negros... Não pôde conter um grito.

– Ahhhhh!

Matilda olhou para o rapaz, desapontada. Ficou mais desapontada ainda quando Dinner virou para o lado e vomitou tudo o que havia posto para dentro segundos atrás. Talvez devessem mesmo ter-lhe servido fígado cru...

–--------------------------------------------------------------------

Hilary estava ficando preocupada. Tudo apontava para que Dean estivesse escondido em algum lugar por perto de floresta. Seus detetives vasculharam tudo, cada cabana abandonada e cada pedaço de mato obscuro, mas não encontraram nenhuma pista sobre o paradeiro do fugitivo. A entrada da toca real Bicudin era escondida demais...

O que os detetives encontraram foi sangue e pedaços de corpos humanos que os Bicudins menos experientes haviam deixado cair... Achavam tratar-se de um serial killer muito habilidoso. Com um teste de DNA, alguns desaparecidos foram identificados como vítimas, e a Polícia agora fazia uma investigação grandiosa para tentar encontrar mais pistas. Várias outras pessoas, assim como Dean, haviam desaparecido por aqueles arredores. Hilary agora temia que o irmão e amigo de seus protegidos estivesse morto. Talvez fosse necessário que ela tomasse conta deles para o resto de sua existência. Se fosse necessário, ela o faria. Gostava de Sam e Castiel como se fossem seus filhos.

–----------------------------------------------------------------------------

– Dinner, de onde veio essa frescura toda? – Matilda perguntou irritada.

– Ahhh, são olhos... Bleargh... – O rapaz virou para o lado e vomitou um pouco mais. Samantha olhou arregalada para Mama Dean, mas continuou devorando sua mamadeira.

– Sim, são olhos! lindos e coloridos... Qual o problema?

Dean olhou para a Bicudin e sentiu-se um idiota. Não existia explicação racional... Ele simplesmente achava aquele cozido muito nojento!

– Não gosto de comer olhos... Muito menos humanos... Desculpe pela sujeira... – Ele então respondeu apologético. Talvez seu destino fosse morrer de fome naquela toca real, mas pelo menos viu com satisfação que Samantha parecia estar feliz e bem alimentada. Matilda acabara de colocá-la de volta no ninho e ela adormecera de imediato.

– Ahh, deixa pra lá... Nenhum prisio..., quero dizer, hóspede humano, gosta da nossa comida... Vou trazer outra coisa para você comer... - Matilda viu então Dean olhar enojado para o próprio vômito. O rapaz apesar de interessante, era inegavelmente humano. A Bicudin então completou compadecida: - E vou pedir para os empregados limparem o vômito...

Em seguida a princesa lembrou-se que nem sequer sabia como alimentar um humano. A verdade é que às vezes ofereciam algo para seus prisioneiros, os que eram caçados vivos, comerem. Alguns nem percebiam se tratar de carne humana, mas a maioria se recusava a comer ou passava mal com o aspecto e cheiro do alimento. Esses prisioneiros eram devorados em seguida, então isso pouco importava aos Bicudins.

– Err... O que você come, Dinner? – a bicuda então perguntou.

– Frutas e legumes cozidos. – Dean respondeu prontamente. Estava enjoado demais para comer qualquer tipo de carne.

A Bicudin se surpreendeu. Não imaginou que aquele homem pudesse ser tão fofo. Ele se alimentava como um bichinho inocente, como um coelhinho... Sentiu-se uma predadora cruel diante de sua vítima. Retirou-se depressa prometendo voltar em breve.

–-------------------------------------------------------------------------

Maria do Bico não estava a sós na cozinha quando Matilda apareceu por lá. Mafalda e a rainha Bicudaça estavam também por ali discutindo detalhes da comilança que seria servida no dia da festa da filha caçula.

– Eu pensei em colocar Dinner inteiro bem no centro da mesa e os outros humanos, picadinhos, em volta. – explicou Maria do Bico.

– Acho que assim fica bom... – concordou a rainha.

– Mas eu quero uma fileira de olhos coloridos em volta do Dinner! – pediu a princesa.

– Impossível, patroa! Os olhos coloridos foram todos no cozido que preparei para o humano...

– Aliás... – disse então Matilda, se intrometendo – Ele ficou com nojo, vomitou e não quis comer os olhos... – falou fitando o chão sem graça.

– Eu disse para vocês, mas ninguém quis me escutar... – reclamou a empregada descontente.

– Vomitou?! – Mafalda parecia inconformada. Tapou o bico com as asas e pôs-se a chorar manhosamente. – Sem olhos coloridos e com uma carne desnutrida no centro da mesa... Minhas amigas vão rir da minha festa.

A rainha cobriu a filha com uma asa. – Não chore, Mafalda, minha malvadinha... Nós arranjamos outro mais gordo para você. E vou mandar os caçadores irem atrás de olhos na floresta...

– Não mãe.... Eu quero o Dinner... Ele ia ser a carne perfeita com uns vinte quilos a mais... – soluçou a monstra.

– Mafalda, deixa de ser chorona! – reclamou a irmã. – Dinner disse que come frutas e legumes cozidos...

– Come?! – perguntou a mãe incrédula. Mafalda parou de soluçar por um momento e olhou para a irmã esperançosa.

– Maria do Bico! Arranje esses troços para o Dinner comer então! – ordenou a monarca gorda.

– Ahh, e também preciso que limpem o vômito do quarto do Dinner... – pediu Matilda.

– Limpar vômito? – perguntaram os outros Bicudins, incrédulos, em uníssono.

– Os humanos tem nojo de vômito... – A maldita Matilda completou sem graça. Estava mesmo se afeiçoando à carne principal do jantar de aniversário de sua irmã caçula.

– Tudo bem... Vou mandar o pessoal da limpeza ir até lá. Não acho que vão se opor a limpar restos de cozido de olhos... – Maria do Bico falou sorridente.

–--------------------------------------------------------------------------------

Quando três empregados bicudos entraram no quarto, Dean estava abraçado com sua filhinha no ninho. Eles nem repararam, mas o rapaz chorava baixinho. Estava fraco, cansado e faminto. Só agora percebia o quão difícil seria viver no meio daqueles seres nojentos, que comiam carne humana e ensopado de olhos. A família real era toda suja e molambenta... Nem mesmo tinham banheiro decente ou um lugar para tomar banho. Sentia-se um mendigão da pior espécie, e com um bebê recém-nascido para criar. Como gostaria de poder voltar para casa... Mas infelizmente não podia cogitar essa possibilidade.

– Isso está uma delícia! – exclamou um dos serviçais.

Horrorizado, Dean então reparou que o trio sugava todo o vômito e ainda lambiam as bicancas. O pobre caçador apertou os olhos com força e abraçou Samantha, tentando conter nova ânsia de vômito.

–----------------------------------------------------------------------------

– Vovó... Por que não posso procurar meu irmão? – A pergunta pegou Hilary desprevenida. Sam parecia muito doce e amável.

– Sammy, querido... – suspirou ela. A verdade é que não era seguro para doentes mentais andarem soltos sozinhos pela rua... Mas Hilary sabia que não podia dizer isso ao rapaz. Também tinha medo da reação que ele teria se contasse da possível morte do irmão.

– Eu sei me cuidar vovó... Posso procurá-lo por um tempo, e se não encontrar, com certeza eu volto para casa... Que tal? Você e Castiel podem ficar aqui e esperar por mim... – Sam disse, presenteando a velha com um lindo sorriso cheio de covinhas. O Winchester caçula jogava todo o ser charme... Tudo parte de sua nova tática para poder ir ao encontro de Dean.

– Sam, olha... Sente aqui do ladinho da vovó... – Hilary gesticulou dando tapinhas no lugar vazio ao seu lado no sofá.

Sam obedeceu à velha, e Castiel, que passava por ali naquele momento, foi convidado a se sentar também, do outro lado de Hilary.

– Eu sei que vocês dois querem muito que o Dean volte... E Sam, você poderia até conseguir encontrá-lo, mas o que garante que ele aceitaria voltar para casa? A verdade é que o Dean foi embora porque quis... Então porque não deixá-lo seguir seu caminho?

Sam e Castiel se entreolharam e olharam incrédulos para a vovó Hilary que sorria.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Mama Dean" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.