Com Amor escrita por Kiri Huo Ziv


Capítulo 3
Terceira Carta




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/407694/chapter/3

Queridos papai e mamãe,

Eu não escrevo há algum tempo por muitas razões.

A primeira, e eu acho que vocês vão entender, é que tenho estado bastante ocupado estudando e me divertindo em Hogwarts. Contaram-me que vocês também foram bons alunos e se divertiram bastante enquanto estiveram por aqui.

Minhas notas no primeiro e no segundo anos foram boas, eu tirei "A" (Aceitável) apenas em História da Magia, porque é uma matéria muito chata. Minhas melhores matérias foram Defesa Contra as Artes das Trevas, Feitiços e Transfiguração. Aliás, a professora Webb, que é a nossa professora de Transfiguração desde que a professora McGonagall se tornou diretora, está muito interessada no meu talento como metamorfomago.

Por falar nisso, eu escolhi Trato de Criaturas Mágicas e Estudo dos Trouxas como novas matérias do terceiro ano. Por enquanto, não sei muito bem o que pensar. O professor Hagrid nos costumar dar apenas pequenos animais inofensivos no terceiro ano, como Tronquilhos e Grindylows, embora ele diga que no segundo semestre estudaremos Hipogrifos e Amassos! A professora Brent, de Estudos dos Trouxas, está listando objetos comuns no dia-a-dia trouxa, como televisões e computadores, coisas que eu conheço das minhas visitas à casa dos meus vizinhos trouxas.

Enfim, a segunda razão pela qual eu não entrei em contato com vocês antes tem a ver com o fato de eu finalmente ter tido coragem para pedir para ver o túmulo de vocês – acho que eu contei a vocês que havia pedido na última carta.

Quando a professora McGonagall me chamou na sala dela, eu já tinha perdido a coragem de ver o túmulo de vocês há bastante tempo e estava decidido a dizer a ela que não queria mais.

(Mas, antes de dizer como foi a nossa conversa, eu preciso comentar no quanto a sala da diretora é sensacional! Os quadros dos diretores são a coisa mais legal, apesar de toda a sala ser extremamente interessante. Lembro-me de ver o quadro do professor Dumbledore me encarando, e ele não pareceu ter pena de mim em momento algum, era quase como se compreendesse.)

A professora pediu que eu me sentasse diante dela e começou a me falar sobre como ela se lembrava de quando conversamos sobre você, papai, e que se sentiu mal porque minha avó havia me proibido de visitar os túmulos de vocês. Ela disse que sentia muito por ter demorado tanto a responder o meu pedido e que isso aconteceu porque estivera viajando a serviço de Hogwarts. Depois, falou que já havia conversado com o professor Hagrid e que ele me acompanharia até os túmulos de vocês, mas que ele iria embora imediatamente depois, para me deixar sozinho com vocês.

Eu me senti mal em dizer que não queria mais ir depois dela ter até conversado com o professor Hagrid a respeito do assunto. Ela deve ter captado alguma relutância em mim, pois disse a única coisa que me faria retomar a coragem:

– Tenho certeza que seus pais gostariam que você os visitasse, sr. Lupin. Eles ficarão orgulhosos.

E eu queria mostrar que vocês podiam se orgulhar de mim, mas vocês não ficariam orgulhosos se eu continuasse a agir como um covarde. Portanto, no final da tarde, dois dias depois, eu saí do castelo para me encontrar com o professor Hagrid na porta da cabana dele. Não contei a ninguém onde estava indo por medo que alguém percebesse o meu receio e interpretassem como covardia – o que, de fato, era.

Espero que não tenham se incomodado com o modo como eu estava me vestindo naquele dia. Eu quis vestir o uniforme de Hogwarts com as cores da hufflepuff para mostrar a você, mamãe, que eu estava na sua casa. Eu tentei, também, mudar meus cabelos para o azul-turquesa da foto que tenho de você, papai, me carregando ainda bebê, mas não pude – eu estava tão nervoso! –, por isso usei a cor natural dele, cor-de-palha.

O professor Hagrid disse que vocês gostariam da minha aparência, porque eu estava com as roupas da casa hufflepuff e estava incrivelmente parecido com você, papai, quando tinha a minha idade. Provavelmente, ele estava dizendo a verdade, pois parecia conhecer vocês; passou todo o caminho para o cemitério me contando sobre as vezes em que pegou você e seus amigos andando na floresta proibida, papai. Ele me disse que vocês sempre conseguiam distraí-lo e ele nunca os delatou para um professor, porque gostava do modo como o faziam rir.

Essas memórias me fizeram esquecer por um tempo o lugar para onde estávamos indo, fazia muito tempo desde que não ouvia algo novo sobre vocês. Estava ansioso por mais detalhes, mas, mais cedo do que eu gostaria, chegamos ao cemitério e Hagrid se calou.

Naquele momento, os meus sentimentos estavam confusos. Eu não sabia se tinha mais medo ou ansiedade. O professor me levou até o túmulo de vocês e saiu rapidamente para me dar mais privacidade. No túmulo de vocês está gravado que "o segredo do amor é maior do que o segredo da morte"*, que é uma frase que eu ainda não entendo muito bem, mas gosto porque dá a entender que o amor é maior que a morte, mais forte. E eu quero acreditar nisso.

Naquela primeira vez, eu tentei bastante não chorar, espero que vocês não achem que sou fraco por não ter conseguido. Eu lia o nome de vocês e aquela frase que não entendia muito bem e não sentia mais orgulho de vocês por serem heróis, apenas sabia que preferia que tivessem sido covardes, mas estivessem ao meu lado. O que eu sei que era um pensamento egoísta e tudo mais, mas não pude me conter.

Espero realmente não ter envergonhado vocês naquele momento, por causa do choro e por causa dos meus pensamentos egoístas. Contei ao Harry e ele disse que achava que vocês entenderiam, mas não tenho muita certeza.

Não sei quanto tempo fiquei diante do túmulo de vocês, chorando e apertando com força a minha última carta. Já era noite quando senti um movimento atrás de mim e me voltei – eu confesso que esperava ver vocês naquele momento, mesmo sendo um pensamento muito burro – e vi a vovó me olhando com tristeza e preocupação.

Ela trazia flores, lírios azuis, que colocou diante do túmulo de vocês – depois ela me contou que gostava de levar flores coloridas para vocês, porque ela queria mostrar que não pensava em vocês de um jeito triste. Eu achei aquele o momento perfeito para colocar a minha carta também, o que eu fiz ainda chorando.

Vovó me abraçou depois disso e contou que a professora McGonagall a havia consultado sobre eu ir ver o túmulo de vocês. Ela disse que estivera o tempo todo por perto, mas queria que eu tivesse um tempo sozinho com vocês. Para ser sincero, ela falou muito mais coisas, mas eu não me lembro bem, só me lembro que a abraçava com força, esperando que isso preenchesse o vazio dentro de mim. Mas o vazio não desaparecia.

Eu só parei de chorar quando vovó começou a me contar uma história que nunca havia escutado sobre você, papai. Ela me contou sobre como você reagiu quando eu nasci, sobre como você chorou de felicidade e de medo, porque não sabia como seria o meu futuro como filho de um lobisomem e dois membros da Ordem da Fênix, e porque não sabia se eu herdaria a sua maldição. Então, quando vovó terminou de contar, ela me disse uma coisa da qual eu nunca vou esquecer:

– Ninguém é infalível, todo mundo tem alguma coisa pela qual vai chorar. Até o seu pai, até a sua mãe.

E isso me fez chorar ainda mais, mas de um jeito mais natural, sem que eu tentasse controlar para não fazer vocês se envergonharem de mim. Quando eu fiz isso, o choro foi mais forte, mas não pareceu mais como se nunca fosse acabar e, logo, eu perdi a vontade de continuar chorando.

Ok, eu sei que vocês vão saber por causa da textura do papel – será que vocês podem senti-la? –, por isso vou confessar que estou chorando agora. Lembrar-me daquele vazio ainda dói, porque eu sei que ele ainda está aqui em algum lugar.

Enfim, desde aquele dia, eu tenho ido vê-los pelo menos uma vez por semana e não senti necessidade de escrever cartas até agora. Vocês provavelmente sabem tudo o que eu escrevi, mas as cartas não parecem completas se eu não conto tudo. Vocês entendem?

Nós estamos nas férias de Natal e eu tenho estado meio sentimental. Não sei muito bem o que está acontecendo, acho que é apenas porque eu contei o meu segredo à Lidh: eu tenho um fio do seu pelo, papai, de quando você se transformava em lobisomem. Já verifiquei com o Harry e ele pediu que um colega de trabalho especialista em caçar criaturas das trevas – mas não você, papai, apenas os lobisomens maus – confirmasse as minhas suspeitas.

Lidh diz que é improvável que o bisavô dela fizesse uma varinha para mim com esse cerne. Mesmo você sendo um lobisomem bom. De todo modo, ela disse que conversaria com o bisavô dela e me daria uma resposta quando voltássemos das férias de Natal.

As festas de Natal são bem agitadas, vovó e eu somos sempre convidados a participar da festa n'A Toca porque o Harry é meu padrinho e vocês eram amigos dos Weasley. É muito divertido, porque tem um monte de crianças por lá, embora apenas Victoire Weasley tenha uma idade próxima da minha: ela tem onze anos e está no seu primeiro ano em Hogwarts, na casa Ravenclaw.

Mas a coisa mais divertida é ouvir histórias de vocês de pessoas que eu não costumo ver. Molly Weasley, que é mãe da esposa do Harry, sempre conta muita coisa sobre vocês. Fred e Percy, filhos dela, tem histórias muito diferentes das que sempre ouvi a respeito de como você, papai, era um bom professor. E Bill, que é o filho mais velho da Molly, sempre me conta a respeito das coisas que você, papai, disse para ele quando ele foi mordido pelo Greyback – mas ele não é um lobisomem, porque o Greyback não estava transformado quando mordeu ele.

A comida também é ótima e eu sempre ganho muitos presentes. Esse ano, por exemplo: o Harry e a esposa dele, Ginny, me deram uma coruja, dizendo que estava na hora de eu usar a minha para mandar cartas para eles; vovó me deu, adivinhem!, uma televisão – ela diz que, agora que estou estudando os trouxas, ela se sente melhor em me dar algo deles –; Molly sempre faz suéteres para mim, como faz para todo mundo, mas elas são quentinhas e bonitas; Lidh me deu uma caixa com todos os meus doces favoritos,

Espero que estejam tendo um bom Natal onde vocês estão.

Até a próxima carta,

Teddy Lupin

PS: Mandarei minha nova coruja, Scarlet, fazer a entrega dessa carta ao túmulo de vocês e, pela primeira vez, eu não pedi ao Harry para ler e corrigir a carta. Espero que não se importem com os erros que eu cometer, ainda não sou bom em escrever.

__________________________________________________________

* Frase de Oscar Wilde


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Olá a todos!

Peço perdão pela demora para atualizar essa fanfiction, a semana passada e a que começou hoje estão um pouco mais cheias do que o habitual, mas prometo atualizar essa fanfiction até o próximo domingo (dia 15 de setembro).

Esse é um capítulo que eu adorei escrever, principalmente a parte sobre o túmulo do Remus e da Tonks. Espero que tenham gostado! Não se esqueçam de fazer um comentário com o que acharam!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Com Amor" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.