Com Amor escrita por Kiri Huo Ziv


Capítulo 2
Segunda Carta




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/407694/chapter/2

Queridos papai e mamãe,

Sempre há muita coisa que contar a vocês, mas eu não tive a oportunidade de escrever novamente desde a última carta. Vovó descobriu que eu havia pegado Fuchsia emprestada sem pedir para enviar uma carta a vocês quando ela procurou a coruja para alimentá-la e não achou: ela foi me perguntar e tive que confessar. Eu não sei mentir, especialmente para a vovó.

Quando eu disse porque a coruja havia sumido, ela franziu o cenho e me encarou com um olhar de pena que me deixou ao mesmo tempo com raiva e envergonhado. Vovó me explicou que não adiantava mandar cartas para os mortos, porque a coruja jamais os acharia. Ela disse que vocês estavam sempre comigo, mas eram invisíveis a todos os vivos, inclusive corujas.

Quando Fuchsia voltou, estava exausta e ainda trazia a carta consigo. Ela me olhou triste, como se esperasse que eu brigasse com ela, mas eu só passei a mão na sua cabeça e pedi desculpas por dar a ela uma missão impossível. Naquela noite, eu chorei.

Mas eu não teria desistido de enviar cartas por causa disso. Eu desisti porque, duas noites depois de Fuchsia voltar, ouvi vovó conversando com o Harry. Percebi pelo tom dela que estava muito braba com ele, apesar de estar falando baixo. A culpa era minha, vovó estava chateada com o Harry porque ele me ajudou com a carta. Lembro-me que ela disse a ele que não devia alimentar minhas fantasias sobre vocês.

Desde então, eu tenho tentado me comunicar com vocês todo dia apenas conversando antes de dormir, não sei se vocês escutam. Mas, agora que eu estou em Hogwarts, não posso mais conversar com vocês, porque os meus colegas de dormitório achariam esquisito me ouvir falando com pessoas mortas que eles não podem ver. Por isso, há um mês não conto nada para vocês. Sinto tanta falta! Muito mais falta do que da vovó, do Harry e da minha casa.

Então, eu me lembrei daquela carta que escrevi há três anos e resolvi escrever de novo. Espero que vocês possam ler isso aqui. Se podem me ouvir conversando com vocês, poderão ler a carta, mesmo sem que eu a envie. Não é?

Estar em Hogwarts é muito empolgante! Eu havia vindo ao castelo apenas uma vez antes desse ano para ouvir histórias sobre você, papai. Estava ansioso para voltar e explorar tudo que existe por aqui: o castelo, a floresta, a vila de Hogsmead. Além disso, todos os adultos já haviam me contado muitas histórias sobre os dias em que vocês estudavam em Hogwarts e eu conhecia alguma coisa sobre as histórias de vocês. Eu estava realmente ansioso para morar no castelo!

Desde que vocês morreram, aconteceram algumas mudanças por aqui. Contaram-me que a batalha destruiu todo o castelo e precisaram reformá-lo completamente. Hermione Granger, que é amiga do Harry e às vezes aparece na casa dele enquanto estou lá, me disse que está muito parecido com o que era antes, mas acrescentaram algumas coisas.

Para começar, há um memorial no saguão de entrada em homenagem a todos os que lutaram na batalha contra o Voldemort, aqui em Hogwarts. Ele é uma imensa estátua de uma fênix e, na base, estão os nomes de todas as pessoas que morreram na batalha de Hogwarts. Todos os dias, antes do café da manhã, eu passo pelo memorial e procuro os nomes de vocês, sinto-me orgulhoso em vê-los lá: vocês não são apenas os meus heróis, vocês são heróis para todo o mundo bruxo.

Os seus túmulos também estão aqui, em um lugar próximo à floresta. Soube pelo Harry que o primeiro a ser enterrado ali foi o Dumbledore; ele me contou que estava no enterro e que foi muito bonito e triste. Depois da batalha, resolveram enterrar todos os que morreram pela nossa causa ao lado dele, porque acharam que eles mereciam essa homenagem. Harry disse que foi forçado a ir nesse enterro também, mas que não estava prestando muita atenção porque só conseguia pensar que conhecera todas aquelas pessoas e queria que estivessem vivas.

Os alunos são proibidos de entrar no cemitério sem a presença de um adulto e vovó nunca me deixou vir, dizendo que eu era novo demais para encarar essa visão. Harry não concordava, ele achava que era bom eu ver o lugar onde meus pais estão descansando agora, mas vovó é a minha guardiã e é ela quem decide essas coisas.

Agora que estou em Hogwarts, eu tenho vontade de pedir a algum professor que me dê permissão para ir vê-los, acho que eles deixariam, mas ainda não consegui reunir coragem. Eu tenho medo de que vovó esteja certa, que eu não esteja pronto. Vocês entendem, não é?

Enfim, como eu ia dizendo, estar em Hogwarts é muito excitante. É a primeira vez em que eu tenho amigos bruxos da minha idade e é ótimo poder conversar com eles sobre qualquer assunto. Minha melhor amiga é Eilidh Griffiths (Lidh), ela é da minha casa e bisneta do Ollivander; ela diz que quer estudar bastante para herdar a loja dele, o que me faz pensar que talvez possa contar meu maior segredo a ela.

Eu me esqueci de contar que estou na Hufflepuff, como você, mamãe. Estou feliz por isso, embora eu tenha desejado durante toda a minha vida ser um gryffindor, como o Harry. É que ele me falou bastante sobre a Mulher Gorda, o Nick-Quase-Sem-Cabeça e a Sala Comunal. E eu não senti que estava traindo vocês por desejar isso porque você, papai, foi da Gryffindor. Mas estou muito feliz por ser um hufflepuff como você, mamãe.

Não lembro o que o Chapéu disse com todas as palavras, ele falou bastante coisa e estava muito indeciso entre Hufflepuff e Gryffindor, mas, no final, ele falou algo sobre o meu coração ser nobre e leal. Confesso que eu guardei essas palavras porque elas fazem eu me sentir importante.

As aulas são ótimas. A minha favorita é Defesa Contra as Artes das Trevas, porque eu quero ser auror como você, mamãe, ou professor dessa matéria como você, papai. Vovó diz que essas minhas ambições não devem ser levadas em conta por enquanto, porque eu sou uma criança e estou apenas começando a aprender magia. Acho que ela tem razão, mas vovó não sabe que o principal motivo para eu querer ser uma dessas coisas é porque eu quero ser um herói, como vocês foram, e fazer vocês se orgulharem de mim como eu me orgulho de vocês.

Tenho me esforçado bastante, mesmo nas matérias que não gosto, e minhas notas são sempre “O” (Ótimo) ou “EE” (Excede Expectativas). O Harry diz que vocês vão gostar de saber disso, ele diz que todos os pais sempre gostam de saber que os filhos são bons alunos.

Aliás, o Harry sabe que estou mandando essa carta, eu mandei uma carta a ele perguntando se não era uma atitude muito burra, mas ele me disse que eu deveria fazer isso se fizesse eu me sentir bem.

Por hora, eu fico por aqui. Quando eu tiver mais novidades, escrevo de novo. Continuem olhando por mim.

Com amor,

Teddy Lupin

PS: Eu mandei essa carta ao Harry para que ele a corrigisse. Ele disse que vocês não se importariam com meus erros, mas acho que ainda não escrevo muito bem.

PPS: Logo depois de eu escrever a carta, fiquei pensando e cheguei à conclusão de que estava sendo bobo em ter medo. Como é muito difícil entrar em contato com a professora McGonagall, eu conversei com a professora Webb, que é a diretora da minha casa. Ele me olhou com a cara de pena que eu detesto ver nos adultos quando menciono vocês e disse que precisaria conversar com a diretora antes. Estou esperando para ver, mas vou deixar essa carta no túmulo de vocês, quando eu for.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado desse capítulo, pois eu realmente gostei de escrevê-lo (como gostei de escrever o seguinte a esse).

Eu vou tentar fazer pelo menos uma atualização semanal entre quinta-feira e sábado. Embora essa fanfiction esteja bem encaminhada (com quatro capítulos escritos), vou postar ela lentamente para que não exista um hiatus muito grande entre o capítulo quatro e o cinco. Se a escrita render muito, posso passar a atualizar a fic mais rápido, é claro.

Não deixem de comentar, por favor.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Com Amor" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.