Antonym escrita por TimeLady


Capítulo 4
4.


Notas iniciais do capítulo

Aviso q eu esqueci de colocar: Para amantes de LisbonXPatrick essa historia não vai ter nenhum foco nisso, viu? Eu pretendo, num talvez, uma chance pequena de provavelmente 42% a 53% colocar alguma coisa sobre os dois no final. Ouviram? FINAL! Então, eu peço, não me peçam por romance, porque esse é a última das minhas intenções com essa historia e como romances tomam força e tempo eu só vou por no final como a cereja de um bolo grande e detalhado!



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“Jane!”

Patrick estacou no lugar, seu corpo inteiro indo meio passo para frente devido à parada repentina. Virou-se para trás, achando quem já sabia que ia achar. Lisbon, em seu costumeiro terno, vinha caminhando/correndo em sua direção com uma expressão séria e carregada que dizia claramente extremamente sério, sem piadas ou não me responsabilizo por mim mesma.

Não que ele estivesse planejando dizer qualquer coisa.

“Lisbon” esperou a mulher alcança-lo antes de continuar caminhando em passos rápidos em direção ao local da sua equipe. “O que aconteceu?” Sua cabeça ainda estava impregnada com a foto que havia recebido, com a mulher bonita e aquele sorriso falso que, por algum motivo, fazia seu peito doer. Mas forçou-se a arquivar o caso para uma analise mais tarde, quando as águas estivessem mais calmas.

“Recebemos uma mensagem de fonte desconhecida, completamente indetectável, ameaçando uma mulher a não ser que digitemos a senha em 28 minutos” Teresa falou rapidamente, seus sapatos batendo contra o chão polido do prédio.

Chegaram ao departamento que, como ele já havia imaginado, estava um caos daqueles engraçados que ele gostava de sentar e assistir. Pessoas correndo pelos corredores, outras mexendo nos registros, várias ao celular ou telefones discutindo temas semelhantes, Jane pode perceber somente pela movimentação dos lábios. Mas seus olhos treinados rapidamente identificaram o olho do furacão como sendo a mesa da amável agente Van Pelt, ocupada por um homem grande com problemas no casamento com quem Jane não foi com a cara – talvez por causa da sua vaidade hipócrita ou seu jeito machista, ainda não havia decidido.

O comportamento grupal batia com o que Lisbon havia dito e mais sua própria dedução do que estava acontecendo ali. “Red John?” Virou para encarar a amiga, tentando conter o tom urgente na sua voz. Sabia que sua obsessão era uma coisa que Lisbon não aprovava e que, se ele se provasse muito instável, ela o tiraria do caso sem hesitar pelo que ela consideraria seu próprio bem. Era difícil, mas Jane havia aprendido desde pequeno como atuar sob fortes emoções – ele deixava escapar apenas metade de sua verdadeira ansiedade, pelo bem da sua equipe.

“Infelizmente, as evidencias apontam que sim” ela respondeu após uma fração de segundo atrasada, olhando para ele rapidamente do canto dos olhos em uma reação automática. Era uma questão de se assegurar de que Jane estava bem? Ela realmente era um doce de pessoa. O barulho aumentou e os dois entrarem no meio do furacão. Cho, Rigsby e Grace imediatamente se ergueram de seus lugares, relatórios e documentos nas mãos. “O que vocês conseguiram?”

“Eu joguei o rosto da vitima no sistema, não achei nada. Sem ficha criminal” Van Pelt falou, o trio começando a acompanhar os dois. “O mesmo com o quarto, sem marcas ou símbolos reconhecíveis, não tem como saber onde é que ela está ou mesmo quando a foto foi tirada”

“Temos que assumir que foi logo antes da mensagem chegar. Quanto tempo ainda temos?” Lisbon falou, guindo instintivamente Jane para o computador.

Cho puxou a manga em um movimento habitual. “Uns 25 minutos”

O ex-vidente entrou em modo automático, absorvendo as informações ditas por seus colegas com apenas uma parte do seu cérebro, enquanto que o resto passou a se concentrar no computador a meio metro diante de si. Havia sete pessoas em volta da mesa, discutindo em altas vozes coisas que ele não se incomodou em registrar. Deu a volta na mesa e empurrou a cadeira onde o homem com quem ele não havia ido com a cara estava sentado, ignorando sua exclamação de protesto ou mesmo os olhares que recebeu.

Nada disso importava, porque todos ali sabiam, ou deveriam saber, que Red John era dele. O assassino e tudo relacionado ao assassino lhe pertenciam e não era mais do que justo que ele que revisasse as evidencias de todos os casos que surgissem que tinham haver com Red John – se isso não bastasse, o simples fato dele conseguir pegar mais detalhes importantes em uma única olhada do que uma equipe inteira de investigação conseguia em um dia inteiro deveria.

Virou para a tela. Seus olhos já estavam começando a selecionar as informações quando uma mão desagradavelmente pesada agarrou seu ombro e o virou, forçando ele a encarar um homem furioso a alguns centímetros do seu rosto. “Escuta aqui sua aberração, só porque você sabe alguns truques não quer dizer que você pode fazer o que quiser. Ou você me respeita ou eu faço você me respeitar” Aquele imbecil realmente parecia acreditar nisso.

Sorriu, achando graça como achamos graça vendo um filhote latindo furiosamente. Como se um hipócrita machista, com problemas de bebida e que cometia adultério fosse intimida-lo assim tão fácil. Afinal, Jane era famoso por ter feito inimigos bem piores do que um agente de quarenta anos. “Sério? Você vai me fazer te respeitar? Como? Vai me bater com sua garrafa de uísque barato que você toma como se fosse sua mamadeira todas as noites antes de ir dormir?”

Viu a ira do homem esquentar como uma chaleira. Era tão hilário, dava até para ver o vapor saindo daquelas orelhas desiguais. “Seu...!”

Lisbon pareceu pressentir o que estava prestes a acontecer e tentou intervir, colocando a si mesma entre os dois para tentar afasta-los. “Vamos nos acalmar aqui. Essa não é a hora para brigar” Ela falou naquele tom razoável e controlado que Jane ouvira tantas vezes e que ele sabia que significava uma sermão de meia hora para ele mais tarde. Sinceramente, ele poderia ter se afastado e deixado àquela discussão de lado já que ele tinha coisas mais importantes a fazer e porque Teresa estava pedindo.

Mas no momento seguinte, aquele mentiroso arrogante fez algo que ele realmente não deveria ter feito.

Ele virou seus olhos irritados para aquela mulher que havia ganhando seu respeito anos atrás e falou as três palavras que Jane não tolerava que fossem dirigidas a Lisbon por ninguém.

“Cala a boca, vadia”

A morena não reagiu como ele sabia ela não faria, porque ela era uma profissional de respeito e por isso mesmo a reação do resto do grupo foi imediatamente tão forte. Cho, sendo o segundo no comando e o que há mais tempo trabalhava com Lisbon, foi o mais imediato e logo deu um passo agarrando a manga do homem. Rigsby logo se postou ao lado do parceiro, tão pronto para brigar como o amigo e Grace, não tão violenta como os outros dois, foi a que se manifestou mais alto verbalmente em uma exclamação indignada.“Ei!”

“É melhor você retirar isso” Kimball sabia ser ameaçador quando queria.

Sabendo que sua expressão havia caído por alguns segundos quando ele ouviu aquelas palavras, Jane sorriu de novo e fez um movimento leve com a mão em direção ao coreano ao seu lado. O ex-gangster no inicio hesitou, mas logo pareceu entender o que estava para acontecer e soltou, voltando a sua compostura controlada ao lado de Rigsby – que Jane notou que sorria levemente de lado, assim como Van Pelt que havia cruzado os braços de modo satisfeito.

Bom, ele não iria desaponta-los.

Ele se aproximou daquele ser e sussurrou em seu ouvido, baixo o suficiente para que Teresa ao seu lado não escutasse, mas alto o bastante para que aquele homem entendesse suas palavras perfeitamente. “Eu vou ser gentil e te oferecer um acordo. Você me solta e pede desculpas para a agente Lisbon, porque ela merece todo o respeito de pedaços de lixo que nem você, e eu não conto para ninguém que você vem roubando cocaína do nosso deposito para usar com sua amante não-tão-secreta, enquanto enche a cara aqui mesmo no escritório todas as noites, já que sua mulher não o deixa entrar em casa uma vez que vocês estão para se divorciar daqui a duas semanas.”

Dando um tapinha amigável no ombro do homem, se afastou sorrindo o mais amigavelmente que pode. Viu com certo prazer o homem empalidecer brutalmente, desviando os olhos dele para a Teresa ao seu lado e depois para o resto do grupo, para no final retornar para Jane novamente. Em meio ao silencio total que havia tomado conta do escritório, ele soltou lentamente o ombro do loiro e se virou com cuidado para Lisbon sem jamais tirar os olhos do chão. “M-me desculpe” E saiu dali, os passos ecoando no corredor.

O ex-vidente não vacilou em seu sorriso diante os vários pares de olhos que se voltarem em sua direção. Teresa rapidamente o puxou pelo braço com uma expressão irritada e ansiosa no rosto. “O que você disse para ele?”

Jane deu de ombros. “Apenas disse para ele se desculpar com você”

Fez o seu melhor para pareceu inocente, mas mesmo assim a morena estreitou os olhos de modo que dizia claramente que esse truque já não funcionava mais. Entretanto, Lisbon sendo a mulher centrada que sempre foi, deixou o assunto de lado e puxou a cadeira que Jane havia empurrado para frente do monitor novamente. “Nós temos 20 minutos para inserir a senha.”

“Ok” Disse e se sentou, voltando os olhos mais uma vez para o monitor como se nada tivesse acontecido.

Na tela, havia duas janelas abertas, uma sobre a outra. A visível tinha um retângulo onde provavelmente era onde deveria ser digitado o código ou coisa assim – ele não era muito com computadores e apetrechos tecnológicos – com uma frase entre aspas bem em cima. “As sombras são tão importantes quanto à luz” Murmurou para si mesmo. A frase em si despertou algo em seu Palácio da Memória, um arquivo velho na sua biblioteca e meio difícil de acessar, mas que alguns esforços fizeram a poeira sair.

Ele e Lisbon falaram ao mesmo tempo. “Charlotte Bronte”

Sorriu para o rosto meio surpreso da amiga, que piscou rapidamente o sentimento para longe. “Sim, bem, nossa equipe de técnicos já tentaram algumas senhas, mas até agora não conseguimos nada.”

Acenou levemente, distraído e posicionou suas mãos sobre o teclado pensando rapidamente. “Quais foram as tentativas?”

“Aqui, foram estas” Falou Grace, se aproximando da mesa para lhe estender um papel com uma escrita apressada. Jane Eyre, Eyre, Charlotte Bronte, Irmãs Bronte, 1847. “Faltam 17 minutos”

“Por que tentaram só cinco vezes?” Jane perguntou.

“Porque tem um numero de tentativas contado” Rigsby respondeu, se colocando ao lado de Van Pelt. “Só descobrimos isso quando chegamos a quinta tentativa e um aviso surgiu na tela. Não temos certeza, mas os técnicos disseram que provavelmente só temos mais outras cinco tentativas.”

Jane voltou os olhos para a tela e estalou a língua uma vez, pensando. Uma parte do seu cérebro estava contando o tempo enquanto que o resto calculava possibilidades e probabilidades de possíveis senhas. Com o relógio bateu 15 minutos na sua cabeça, digitou sua primeira tentativa.


“As sombras são tão importantes quanto à luz”



Aldous Leonard Huxley








“Aldous Leonard Huxley?” Repetiu Grace confusa.



Jane acenou, distraído. “Essa frase não existe no livro, mesmo que seja famosa. Foi feita no filme por um dos roteiristas” Bateu o dedo na tal da tecla enter. “Estou chutando que seja Aldous”


Senha Errada



O grupo inteiro pareceu soltar um suspiro frustrado ao mesmo tempo, no mesmo instante em que a tensão no recinto pareceu crescer a sua volta. “Paciência, meus pequenos gafanhotos. Ainda temos quatro tentativas” Disse, pensando rapidamente. Ok, se não era Aldous então era pouco provável que fosse um dos outros roteiristas. Datas, 1847, 1996, 1816, 1855... não parecia certo, já haviam tentando a mais obvia e o que a frase teria a ver com uma data? Não, era outra coisa. Talvez contexto? Digitou sua segunda tentativa.



“As sombras são tão importantes quanto à luz”

Adele Varens


Senha Errada





“Três tentativas” anunciou Rigsby com a voz tensa. “Temos treze minutos”

Dedilhou a mesa, a velocidade dos dedos indicando a velocidade de seus pensamentos. Filme, data, autoria, contexto, talvez algo mais obvio? Hmn, não queria desperdiçar chances em pura sorte. Deveria ter uma lógica para aquilo. Uma luz pequena acendeu sobre o arquivo empoeirado na biblioteca do seu Palácio da Memória. A frase não estava levemente diferente?



“As sombras são tão importantes quanto á luz”

Lembre-se, as sombras são tão importantes quanto á luz

Senha Errada


“Por favor, não seja clichê e acerte apenas na ultimas tentativa nos últimos segundos. A mulher pode estar em perigo” Lisbon se inclinou do seu lado, olhando seria para si. Sorriu para a amiga. “Eu não. Você sabe que não gosto de clichês”

Por algum motivo ela fez uma expressão incrivelmente sarcástica. “Ta certo”


Riu uma vez, mas sua concentração rapidamente voltou, tomando sua mente mais uma vez.

Red John nunca era reto, seus planos tinham curvas e detalhes mais artísticos do que práticos como pinceladas básicas num quadro muito maior do que eles. Nada era realmente o que parecia em primeira vista. Tudo o que fazia, cada movimento, cada corte, cada cor era selecionada de antemão num plano bem escrito e que para a maioria só ficava claro no final. E Jane, com os anos, havia aprendido a ter uma perspectiva mais aberta e poética dos movimentos de Red John.

Pense. Por que agora? O que havia acontecido no momento para causar uma manifestação de Red John? Não tinham nenhuma pista nova ou algum suspeito de cúmplice em mãos, nenhuma provocação publica ou algo assim. Lembre-se, as sombras são tão importantes quanto à luz. Por que hoje?

Então algo se encaixou na sua cabeça.

Um clique de uma chave sendo virada, abrindo a porta para um quarto com cheiro de biscoitos de chocolate e leite.


Uma ira fria, que ele conhecia tão bem a essa altura, invadiu seu peito e espalhou por seu corpo como uma doença e por vários segundos sua visão embaçou em branco e vermelho. Era como se gelo quente corresse por suas veias, fazendo-o querer agir – fazendo-o querer violência, sangue. Porque esse era um ódio profundo e negro como o Tártaro, o ultimo nível de ódio possível para um ser humano. Que nos faz esquecer o que é ser humano, nos faz esquecer o que é moralidade e clama pelo pior tipo brutalidade que alguém pode fazer.

Porque não existe animal mais ferido do que um homem que perdeu a família.

Porque não tem criatura mais violenta que um pai que teve que enterrar o filho.

“Jane?” Uma mão gentil pousou sobre seu ombro.

O vermelho diante seus olhos de repente foi cortado e o tempo, que parecia ter desacelerado a sua volta, voltou ao normal num estalo. Suspirou profundamente, tentando sacudir aquele sentimento perigosamente descontrolado de dentro de si para a sala no seu Palácio da Memória onde geralmente ele o escondia. Agora não era hora para isso e muito menos o lugar.

Controle-se, Patrick.

“Eu estou bem” falou e tentou ignorar o fato de que sua voz tremeu levemente. Fechou as mãos em punhos algumas vezes, tentando relaxar suas mãos repentinamente tensas. Olhou para Lisbon ao seu lado, com sua mão pequena e gentil sobre seu ombro e sorriu, sabendo bem que não conseguiria engana-la. “Eu descobri a senha”

A morena franziu as sobrancelhas, cheia de preocupação. Um doce de ser humano “Jane, eu-“

“Sem clichês. Penúltima tentativa ainda faltando dez minutos” Deu um leve tapinha na mão da amiga antes de levar seus dedos sobre as teclas, ignorando que elas tremiam levemente. E digitou.


“As sombras são tão importantes quanto á luz”

Charlotte Anne



Senha Correta




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Notas finais do capítulo

Eu não sei. Acho q estou deixando muito emocional... talvez eu devesse planejar o que escrever em vez de ir batendo a cara contra o teclado -.- (Caso alguém não saiba, Charlotte Anne é o nome da filha do Jane, viu?)



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