Antonym escrita por TimeLady


Capítulo 3
3.


Notas iniciais do capítulo

Pequeno, mas vital ^.~



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Desceu o mais rápido que pode as escadas, seus sapatos batendo contra a madeira cara e criando um padrão de pegadas sobre as suas de quando havia entrado, o som ecoando na casa vazia. Apressou-se para a porta, enquanto automaticamente desenrolava a manga de sua camiseta social e arrumava seu colete. Assim que saiu da casa e começou a se aproximar do carro, quando estava fisgando sua chave do bolso de trás da sua calça, seu celular o interrompeu novamente.

A pressa era um dos poucos defeitos na Lisbon que Jane não aprovava.

Quebrando seu ritmo acelerado por apenas dois segundos, pegou o telefone e o abriu com um movimento elegante do pulso. No mesmo momento em que colocou as chaves na fechadura e girou, atendeu. “Ei, eu não posso me teletransportar, então você terá que ser mais paciente”. Ligou o carro numa única tentativa.

Não houve resposta do outro lado. Franziu o cenho levemente, estranhando. Ele não havia sido rude, havia? “Lisbon?” Patrick chamou com certa hesitação, porque ao contrario do que todo mundo parecia assumir, ele tinha sim uma dose saudável de medo da sua chefa.

A linha continuou muda. Confuso, tirou o celular do ouvido e olhou para a tela. Foi quando notou que não era uma ligação e sim uma transferência de arquivo, de um celular com numero bloqueado.

Aceitar mensagem?

Encarou sem reação por alguns segundos a imagem de uma carta amarela sendo aberta repetidamente, antes de clicar no botão verde. Uma pequena barra surgiu na tela, sendo preenchida lentamente – 12%...18%...21%...34%...50%...64%...70%...81%... – intrigando, esqueceu completamente do carro.

100%

Uma imagem surgiu em sua tela, a primeira vista borrada, mas que rapidamente foi ganhando forma conforme seu celular foi ajeitando a configuração dos pixels da foto.

Era a imagem de uma mulher em seus trinta anos, de cabelo negro liso que lhe alcançava os ombros e os olhos azuis brilhantes cheios de um olhar orgulhoso e feliz, parada de pé diante uma daquelas casas coladas britânicas. Era bonita e saudável, do tipo suave e elegante que é gostoso de se observar. Mas seus olhos deslizaram por ela como deslizavam pela maioria das mulheres agora, uma apreciação sincera, mas como se estivesse olhando para um quadro. Em vez disso, prenderam-se no que era, sem sombra de duvida, a fonte da alegria daquela mulher.

Um menino. Um menino de aparentemente três anos entre os braços apertados e queridos da mãe. Tinha um cabelo ondulado negro totalmente bagunçado, que lhe caia sobre as orelhas e o rosto arredondado. Era dono de uma pele branca como leite, que proporcionava um choque visual por causa mechas mais escuras que ébano. E tinha aqueles olhos, afiados mesmo pela foto e cheios de inteligência, com um tom âmbar amarelado que ele próprio só havia encontrado duas vezes na vida inteira. Olhos de lobo, era o nome, não? E realmente, pareciam olhos de um lobo naquela foto. Brilhantes e lindos.

Mas o que mais chamou a atenção de Jane mesmo foi o sorriso.

Crianças geralmente têm um rosto elástico, novo, com uma face maleável que a cada segunda e minuto explode em expressões novas e diferentes. Eles não têm tempo ou a paciência para investirem em modos práticos de se expressarem, de modo que acabam se comunicando somente pelo jeito que pendem a cabeça para o lado ou como lambem os lábios. E por conta dessa inexperiência em produzirem expressões, os sentimentos de uma criança são fáceis de ler se apenas olharmos para seus rostos, porque eles não conseguem falsificar algo que mal conseguem fazer. O simples ato de fingir um sentimento é além das capacidades dos pequenos.

Então por que um menino de três anos, no colo da mãe, fingiria sorrir com tanta perfeição para uma foto?


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Notas finais do capítulo

"Sorriso maniaco"



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