Sangue Rebelde escrita por mrs montgomery


Capítulo 12
Viva


Notas iniciais do capítulo

Hey readers *--* Ok, eu sei que desapareci do mapa, mas foi difícil escrever este capítulo. E as provas também não ajudaram em nada. Em compensação, tenho certeza de que muita gente vai pirar lendo *O*

Boa leitura ;*



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Da última vez que pulara de um penhasco, Donna dissera a si mesma que nada podia ser pior. Estava enganada. Agora certamente era pior. O tempo pareceu congelar, e se não fosse pelo aperto de Evan em sua mão ela podia jurar que já estava morta. Suas pálpebras insistiam em ficar grudadas, e a única coisa que sentia era o vento a pressionando para baixo. Já não sentia mais os cachos nos ombros e pescoço, e tudo estava frio, com exceção da mão aninhada a de Evan.

O contato com a água foi como atravessar um espelho, como quebrar um vidro. Todos seu ferimentos arderam, e sua cabeça latejou. Sentiu Evan se afastando - o calor sumiu de sua mão. Todo o seu corpo latejava, e ela não estava mais sentindo nada. Exceto pela dor, é claro. Quando abriu os olhos, era como um paraíso sombrio. O quão fundo estava? Sua boca se abriu em um grito mudo, seus olhos arregalados. Engoliu toda a água que pode, e sentiu a garganta queimar. Seus olhos deviam estar completamente vermelhos pelo sal. Tentou emergir e nadar para a praia, mas se lembrou que esta ficava longe, e que pela correnteza da água o próprio penhasco estava longe.

Estava afundando de novo.

Então tudo ficou escuro.

–♥-

Sair da água fez com que abrisse seus olhos, mas a imagem ainda estava embaçada. No momento em que tudo ficou nítido, ela viu que ainda era noite, e que estava deitada na areia da praia. Os grãos de areia estavam grudados em seus ferimentos, e ela estava encharcada. O sal fazia tudo arder ainda mais. Ela se levantou, sentindo seus membros doerem, e não pode evitar um gritinho baixo de dor.

Girou em seus próprios pés a procura de Evan. Ela o viu cambaleando em sua direção, o corcel atrás, em trotes. Evan estava coberto de sangue, e seus ferimentos pareciam ainda piores. A manga esquerda e a frente da camisa estavam completamente rasgadas, deixando todos os ralados, cortes e arranhões expostos. O casaco sumira. Seu cabelo estava bagunçado, uma mistura de sangue e fios negros. Ela imaginou como estaria. Seu rosto deveria estar péssimo; sangue seco misturado a arranhões, ralados e cortes. Seu cabelo deveria estar desgrenhado, e seu vestido nem se falaria.

Ao se lembrar disso, a voz de Paige ecoou em sua cabeça. Brianna me avisou que você era perigosa. Estremeceu ao lembrar-se. Já cuidamos de um de vocês antes.

– Donna – A voz de Evan a tirou de seus devaneios. – Donna, você ouviu o que eu disse?

Ela balançou a cabeça; uma tontura a atingiu quando fez isso. Seus joelhos enfraqueceram, e por um instante tudo rodopiou. Evan a segurou com o braço bom; suas mãos eram incrivelmente suaves.

– Está bem? - perguntou ele.

– Acho que sim. – disse ela com a voz fraca e rouca. – O que você havia dito?

– Disse que estamos longe demais dos lobos e dos vampiros. Os territórios, eu quero dizer. Eu sei para onde te levar, é só subir no cavalo comigo.

Ela olhou para o corcel ao lado de Evan. Não balançou a cabeça, mas ele entendeu o que ela queria dizer, e foi quem balançou a cabeça. Ajudou-a subir no cavalo, e quando ambos já estavam ali em cima, ela o abraçou fortemente por trás. O braço quebrado dele estava em uma tipoia improvisada, feita com a própria camisa rasgada e com algo mais que estava na sela do cavalo. A mão dele ficou sobre a dela. Ela se arrepiou.

Quando o corcel começou a galopar, as coisas passaram como um borrão. Num momento estavam passando pela floresta, as folhas voando em seu rosto, e no outro estavam passando pelas ruas de pedra de Wonder Hill...

– Evan – ela chamou; sua voz forte novamente.

– Sim? – respondeu ele. O corcel diminuiu à medida que eles se aproximavam de um estábulo que ficava atrás de um enorme castelo que se erguia do meio das árvores vivas, incrivelmente afastado da cidade. Incrivelmente parecido com o seu, exceto pelo fato de ser avermelhado.

– Onde estamos?

Antes de responder, parou no estábulo e desceu do cavalo. Ajudou-a com a descida. As pernas de Donna fraquejaram, e por pouco ela não caiu na lama. Todo o seu corpo doía, e todo movimento era como parti-lo em dois.

Ele colocou uma mão gentil em seu ombro e a guiou para uma porta de madeira emperrada nos fundos do castelo. Abriu a porta, revelando uma cozinha. Ao longe, um corredorzinho com algumas portas. Quartos de empregados, ela percebeu.

– Bem vinda ao castelo Harris – Evan sorriu, e um arrepio percorreu a espinha de Donna.

Não havia luz no local, mas, por conhecer o local bem, Evan passou um braço pela cintura e foi a guiando. Donna se abraçou e cravou as unhas nos próprios braços quando os cortes doeram. Era como se estivesse sendo esfaqueada. Mas de dentro para fora. Podia sentir o sangue saindo novamente de todas suas feridas. A visão começou a apresentar pontinhos pretos, e a tontura a pegou de jeito. O braço de Evan a firmou. Os corredores do palácio ficaram retorcidos, serpenteando na mente de Donna. Sua visão só foi ficar mais nítida quando Evan abriu uma porta no fim do corredor e a luz amarelada a atingiu. Ela apenas conseguiu perceber que era um quarto, amplo e luxuoso, com a cor predominante sendo azul. Ele a repousou numa cama macia, e ela se sentou um pouco tonta.

– O que está sentindo? – perguntou ele, pegando alguma coisa em uma estante de livros.

– Acho que estou morrendo – Não era sarcasmo, tampouco ironia.

– Bem, isso não é bom. – Ele pegou uma xícara que estava na cômoda e pôs na mesa de cabeceira. Depois, alguns frascos coloridos retirados de livros falsos em uma caixa embaixo da cama. Ele foi abrindo um por um, e colocando os líquidos na xícara, todos de cores diferentes.

– O que é isso? – perguntou ela colocando uma mão na cabeça pela tontura repentina.

– Antes de morrer, meu tio me ensinou como salvar alguém de uma morte quando se perde tanto sangue. Ele me deu frascos com essas poções, e com o tempo eu aprendi como fazer sozinho. – Ele foi até um armário, pegou diversas ataduras e foi até Donna, colocando-as delicadamente em seus machucados. Ela mordeu o lábio por dentro. – Isso vai ajudar.

Ele a fez se deitar.

– O que houve com seu tio?

Ele hesitou. Depois olhou para ela, a expressão triste pela primeira vez.

– Noturnos.

– Sinto muito. – Ela suspirou. – Você sabe o que eles são? Acho que comentou sobre isso na floresta.

– Sei sim, para falar a verdade – disse ele. – Foi meu tio que me contou. Eles são uma irmandade formada por humanos, vampiros e lobos, com o objetivo de que não se misturem, com exceção deles, é claro. Se virem alguém na floresta, eles pegam e torturam, até que a pessoa se traumatize. Se descobrirem alguém com laços com vampiros, lobos ou humanos, eles vão matando as pessoas mais especiais desse alguém, e depois o matam.

Donna mordeu ainda mais o lábio. Ela pensou em Kevin, Thomas e Matt, mas outra pessoa estava na sua mente, ocupando toda sua preocupação.

Evan.

– Você está bem? – Ele a tirou de seus devaneios.

– Sim – disse. – apenas cansada.

Os dois ficaram em silêncio por um tempo,

– Aquela coisa que você mencionou lá, antes dos Noturnos, de estar Completa... – começou Evan.

– Ah, sim – disse ela. Sua voz estava rouca e fraca. – Quando um vampiro faz dezesseis anos, começa o Processo, que é quando nossos órgãos param de bater, e nosso desejo por sangue aumenta. É quando morremos de vez, e nada mais funciona. – É quando viramos monstros, ela queria dizer. Quando o dinheiro e a ambição nos consomem, e ninguém importa para ninguém.

– E como se sabe que se está Completo?

– Você começa a ficar loucamente sedento. Então tem de se colocar perante a lua cheia, e ela pode demorar a aparecer. Depois disso, uma marca surge em seu pescoço. Esse é o preço.

– Preço de que?

– Sem isso, vampiros não poderiam ter filhos. É um preço posto por um feiticeiro.

Ele pegou a xícara e entregou a Donna, para que ela tomasse. Ela torceu o nariz.

– Não vai te machucar. – Ele riu e sentou-se na beira da cama, nos pés de Donna.

Ela se sentou e pegou a xícara com as duas mãos, bebendo devagar. Tinha um gosto incógnito, mas estranhamente bom. Fazia com que a sede por sangue não ficasse tão em alta.

– Só quero saber o que irá fazer com esse braço quebrado. – ela murmurou depois de dar o terceiro gole. Foi dar outro e percebeu que havia acabado.

– Só está deslocado – disse ele, mexendo no ombro como se fosse colocá-lo no lugar. – e nem está doendo tão assim. – Está sim. Mas você não precisa se importar.

– Seu braço está quebrado. É óbvio que está doendo. – Ela revirou os olhos.

– De qualquer forma, estou bem. – Isso é mentira. – E você?

Donna sorriu fraco.

– Vou sobreviver.

Evan silenciou por um momento, e seu olhar se desviou para longe. Estava claro que estava concentrado em outra coisa.

– Ouviu isso? – Ele se voltou para ela indicou para que fizesse silêncio. Uma melodia doce, tocada no piano, vinha de algum lugar distante do castelo. Era envolvente e calma, e fez com que Donna relaxasse. Evan a olhou com um brilho travesso nos olhos e um sorriso torto.

– Sim – ela passou as mãos no cabelo desarrumado.

– Consegue ficar de pé? – indagou levantando-se da cama.

– Acho que sim. – disse ela. – por quê?

Seu sorriso aumentou. Evan estendeu a mão para ela, que aceitou. Ajudou-a se apoiar segurando seus cotovelos, e quando percebeu, ela estava incrivelmente perto dele, o rosto arranhado mirando o seu. Ele podia sentir seu coração disparado, sua respiração fraca.

– Dance comigo – Foi a única coisa que disse. Passou um braço ao redor da cintura de Donna e o outro segurou sua mão.

– Eu não sei dançar – Ela deu uma risada trêmula.

Evan entrelaçou seus dedos nos dela, e seu coração disparou.

– Para dançar esse tipo de música não precisa saber dançar. – Ele a apertou mais e ela abaixou a cabeça em seu ombro macio. Ele afundou o rosto em seu cabelo, inalando o aroma sempre refrescante agora misturado com o cheiro metálico de sangue.

Começaram a dançar, lentamente e calmo, seguindo o ritmo pausado da melodia do piano. Donna apenas se deixou levar, e então era como se tudo houvesse desaparecido, e não houvesse nada para impedi-la de nada. Ela fechou os olhos, e imagem de Evan veio em sua mente. Imaginou-se se inclinando um pouco e beijando-o. Seria errado; ela sabia. Mais do que errado. Estava desafiando milhares de regras agora, e iria desafiar mais milhares se fizesse o que queria.

Seus pensamentos foram interrompidos quando Evan separou suas mãos e colocou-a em sua nuca. Estava trêmula. Seus olhos verdes travaram uma batalha acirrada contra os seus, que pareciam ainda mais profundos agora. Sem nenhum aviso prévio, se inclinou e deixou que seus lábios se encostassem aos dela.

Inicialmente, Donna estava com os olhos arregalados. Nunca beijara um garoto antes, e não fazia ideia alguma de como agir. Depois, em questão de segundos fechou-os e relaxou, se aproximando e deixando que seus cachos tocassem o rosto de Evan. Suas mãos repousaram trêmulas em seus ombros enquanto ele fazia o contorno de sua maçã do rosto com o polegar. Os lábios dele eram macios, e a beijavam tão lentamente e com tanta ternura e suavidade que o tempo parecia estar congelado ao redor, e só existissem os dois. Borboletas se agitavam em seu estômago, e suas pernas fraquejaram. Ele firmou o aperto em sua cintura para que não caísse.

Além disso, outra coisa estava se agitando dentro de si. Ela podia sentir o sangue correr quente por suas veias, e o coração parecia querer saltar do peito. Era uma sensação estranha, mas, de certo modo, era bom.

Reconheceu de cara o que era.

Ela estava se sentindo viva.


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Notas finais do capítulo

Para não matar vocês de curiosidade, ai vai um trechinho pequeno do próximo capítulo:

"- Quando vai admitir que por baixo dessa pedra que te cobre tem um coração que bate e que sente? [...] Você tem consciência de que retribuiu o beijo?"

Até o próximo ;*