Constante De Laura escrita por Renata


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Demorei mas consegui terminar esse capítulo, e digo uma coisa, que trabalho! Espero mesmo de coração que tenha ficado pelo menos interessante.



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Laura fez algumas expressões estranhas. Ergueu os ombros e sentiu as costas doerem um pouco. Finalmente resolveu dar as costas ao garoto, e desceu as escadas do sótão.

O garoto desceu logo atrás de Laura. E ele estava confuso. Na verdade ele estava confuso desde o dia em que acordou no chão da Tempestris IV. Daquele dia ele só se lembrava do que aconteceu depois que acordou, e do bip insistente do alerta TM tris. Ele tentou resolver o problema, mas mal conseguiu se mover. Seus músculos doíam e a cabeça girava. E então ele ficou ali, deitado por tanto tempo que o barulho cessou e seus olhos começaram a ficar pesados, muito pesados, até que tudo apagou. Quando sua consciência finalmente voltou, ele teve a impressão de que alguém estivera ali. Com certo esforço conseguiu se sentar, sentindo-se completamente perdido e vazio. Abraçou os próprios joelhos e tentou em vão se concentrar em alguma coisa que fosse lógica. Nada. Nada até ela entrar ali.

Não que ela aparecer ali fosse alguma coisa lógica. Ele a viu entrar e observar tudo. Viu a ponta de admiração nas expressões confusas que fazia enquanto analisava tudo o que podia. E então ela o percebeu ali no chão. Depois disso, ela decidiu se sentar no chão também, coisa que ele não entendeu. E aí ela tentou se comunicar com ele. Levou algum tempo para que pudesse compreender o que a garota à sua frente dizia, mas para sua sorte, ele se lembrou quase que como um estalo no fundo da cabeça, que em algum momento de sua vida ele havia aprendido aquele idioma. Mas não respondeu. Nem soube o porquê de não ter respondido. Mas também não conseguiu encontrar em meio de responder. A garota a sua frente já estava em pé, e batia um dos pés no chão de modo impaciente. Virou-se de costas e andou em direção à porta. Ele percebeu que ela estava indo embora e ele iria ficar ali, sentado. Em poucos segundos sua consciência voltou a reagir, e ele se levantou e a seguiu.

Depois disso, ela o abrigou, e o deixou escondido num lugar muito legal. Ele até ganhou alguns livros para ler. O seu preferido com toda a certeza era “ História: uma nova visão sobre o passado e o presente.” De alguma maneira, ele acabou se lembrando vagamente de ficar sentado horas e horas a fio numa mesa redonda e de passear por longos corredores com estantes altas cheias de livros.

Laura se sentia estúpida. Ela tentou se comunicar com garoto desde que o encontrara sentado no chão daquela “Coisa”.

“Pelo menos acho que mereço explicações”.

Laura entrou na cozinha e vasculhou a geladeira. Não havia nenhum pedaço de empadão. O garoto estava parado perto da mesa e Laura revirou os olhos.

– Cara! Senta aí. E não tem empadão.

Laura se jogou no chão do sótão. Seus pés não estavam mais descalços, pois agora se encontravam confortáveis em um par de pantufas cinza com formato de garras de urso. O garoto também estava sentado no chão, de frente para ela, um pouco encolhido, com uma das mãos repousando sobre uma pilha de revistas.

– Acho que podemos começar – Laura disse. Quer dizer... você vai começar. Preciso de explicações. Bom, não é normal que um cara simplesmente apareça com uma coisa muito esquisita no meio de um bosque.

Laura disparou a dizer e depois se calou. O menino a sua frente a observava com espanto.

– Me desculpe. – Laura se sentiu mal por dizer aquelas coisas e por praticamente gritar.

O garoto ergueu um pouco a cabeça, ajeitou a postura e finalmente abriu a boca para dizer algo, mesmo que por dentro estivesse um tanto quanto inseguro.

– Me desculpe. Eu não... eu... não sei. Não sei o que aconteceu. Possivelmente eu não deveria estar aqui.

Laura franziu a testa, confusa.

– Eu não me lembro bem. Só do barulho do meu sistema de alerta na Tempestris IV. E de algumas outras coisas sem sentido. Livros... de ter que usar uniforme completo todos os dias, tirando os das cessações e também de... - o garoto parou subitamente. Sua cabeça começou a doer e uma imagem confusa se formou aos poucos em sua mente.

Uma mulher com os olhos marejados o empurrava para uma sala, enquanto ele protestava. Mais à frente, um homem alto que estava de costas para eles tentava impedir que alguém ou alguma coisa se aproximasse, esticando os braços.

O garoto ficou com uma expressão meio vazia, e Laura sentiu um incomodo, mas não disse nada, esperou que ele se manifestasse.

–Não sei. Acho que de meus pais.

Laura deu um suspiro. O garoto finalmente havia falado. O que era realmente um avanço. Mas agora outro problema. Apesar de estar falando agora, ele parecia ter algum problema de memória.

“Amnésia. É, acho que é o termo é esse. Mas e daí? Eu não sou médica pra ficar diagnosticando patologias...”

– Eu sinto muito. Quer dizer. Eu queria te ajudar com isso... se lembrar das coisas...- Laura começou a dizer.

– Você é gentil. - O garoto disse, relaxando os músculos.

Laura tentou não demonstrar seu espanto, mas ela acabou por deixar uma expressão boba contornar suas feições, e depois deu um risinho debochado.

– Mas me diz uma coisa. Como é que você sabe falar português?

– Eu sempre admirei o latim... e então aprendi três línguas derivadas dele. Me lembro de ter que escolher alguma coisa assim na Academia Delta Almaak.

“Oficialmente tem um alienígena na minha frente. Alguém normal iria querer aprender a falar três línguas originadas do latim?”

–Ah, legal. E o que mais? Sabe falar outras coisas também? Digo outros idiomas?

– Inglês. Inglês... e também algumas línguas oficiais.

“Aí meu Deus.”

– E de onde exatamente você veio?

O garoto pareceu hesitar. Depois de erguer uma das sobrancelhas, disse num mais baixo, porém firme.

Gliessium Alfa.

Gliessi o quê?”

– Acho que vocês aqui da Terra o conhecem por exoplaneta Gliesse 667 c...

– É. Acho que sim... - Laura se apressou a dizer, mesmo que não fizesse a mínima ideia do que era um exoplaneta, e muito menos que ele pudesse se chamar Gliesse 667 c.

O garoto sorriu. Sorriu de verdade pela primeira vez desde o dia em que Laura o encontrou na Tempestris IV. Depois de alguns segundos, a menina o acompanhou, e deixou que um sorriso se fixasse em seus lábios também. Era bom conversar. Mesmo que tudo fosse um pouco confuso.

– E o se nome?- Laura perguntou num tom curioso...- Você...

–Skylar Yoav.


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Notas finais do capítulo

E então?



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