Constante De Laura escrita por Renata


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Depois de um tempinho sem postar, mais um capítulo.



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A sala ficou escura, e segundos depois o grande retângulo branco brilhou fraco, para depois se tornar totalmente nítido. Skylar estava quase dando uma mordida no chocolate, mas foi obrigado a parar. Seus olhos ficaram fixos na grande tela. Poucos segundos um som alto e ritmado invadiu o local, e imagens enormes se projetaram bem à sua frente. E era incrível. Laura tinha razão, era melhor do que a televisão. Mesmo levando algum tempo para se acostumar com o tamanho das projeções, Skylar estava absorto no filme. As pessoas eram mesmo engenhosas. Em Gliessium Alfa eles tinham apenas hologramas, que eram bem menores do que a própria televisão de Laura. Eram extremamente nítidos, mas pequenos. E também bem pouco divertidos.

Ele riu. Não uma vez, várias. Com o canto dos olhos viu que Laura fazia o mesmo. Durante aproximadamente duas horas ele se sentiu extremamente relaxado. Quando a tela voltou a escurecer, e algumas letras deslizarem pela tela, a sala ficou mais clara. Ele sabia. Era hora de ir. Laura e Catarina se levantaram, e ele as acompanhou. As meninas tagarelavam sobre o filme, e Skylar concordou com muitas das afirmações feitas pelas garotas, exceto, é claro, quando elas se referiam ao tal do Matt (ele não entendeu exatamente o que elas tanto diziam sobre ele, mas deduziu que talvez elas o achassem interessante).

– A melhor parte, com toda a certeza, foi quando o lustre despencou, fazendo aquela sujeira no tapete e revelou o alçapão. – Laura comentou.

– Não amiga. A melhor parte foi quando o mordomo bateu por engano com o guarda-chuva na cabeça do bandido. Ele rolou dois lances de escada depois disso.

Os três começaram a rir. O shopping estava mais movimentado. As lojas já estavam abrindo, e as pessoas se aglomeravam nas vitrines. Skylar ficou observando-as, passeando despreocupadas. Alguns estavam em grupos, e pareciam tão jovens quanto ele e as meninas. Conversavam alto e davam muita risada. Outros pareciam famílias completas, e estavam comendo alguma coisa que parecia estranha, uma espécie de massa em um cone. Outros tantos andavam de mãos dadas e pareciam não se importar com mais nada ao redor. Skylar ainda ouvia a voz das meninas bem próximas dele, mas aquilo era tão diferente do que tudo o que já tinha visto que era impossível não se impressionar com as diversas coisas que o rodeavam. Depois de dar um giro completo parado no mesmo lugar, ele viu um local muito bonito. Uma vitrine com diversos livros dispostos em fileira. Aproveitou que estava próximo, e deu alguns passos, na tentativa de olhar mais de perto. Olhou para o letreiro luminoso e compreendeu: Livraria. Muitos livros.

Algumas pessoas estavam do lado de dentro, que era ainda mais convidativo que a vitrine. Ele analisou os livros dispostos. As capas eram bonitas, coloridas e com imagens interessantes. Sentiu vontade de ler todos.

Skylar ficou um tempo admirando a vitrine, até sentir uma mão em seu braço. Laura estava com uma expressão ilegível. O garoto encolheu os ombros, mas a menina deu um meio sorriso e se colocou do seu lado, olhando para os livros dispostos do lado de dentro. Catarina também parou ao lado deles, e não estava tagarelando tanto, só falava sobre quais livros ela ainda precisava ler. Depois de alguns segundos ali, uma pessoa saiu da livraria e quase esbarrou nos três.

Skylar observou a reação de Laura e Catarina quando viram o garoto que saia da livraria com uma sacola.

– Oi Emílio!- Catarina exclamou parecendo surpresa.

–-Ah...- O garoto que era um pouco baixo, tinha cabelos escuros e usava uma espécie de armação na frente dos olhos, parecia pouco a vontade.- Oi... tudo bem com vocês?

Laura se limitou a dar um sorriso, e Skylar ficou esperando que mais alguma coisa acontecesse, o que era provável.

– Tudo ótimo. Eu e Laura estamos aproveitando o domingo para ah... – Catarina desviou a sua atenção do garoto e olhou para Laura e Skylar.- Para assistir um filme. E trazer nosso amigo pra passear, ele não é de Curitiba.

Skylar percebeu que Laura se mexia nervosa ao seu lado, e encarou a menina. Ele também estava um pouco incomodado com a situação. Emílio, pelo menos foi assim que Catarina tinha dito, deu um sorriso um pouco mais a vontade, estendeu a mão na direção de Skylar, assim como Laura tinha feito na vez que o encontrara na Tempestris. Primeiro ele não reagiu, depois de levar uma cotovelada leve de Laura estendeu a mão e apertou a do outro.

– E eu vim... comprar a nova versão de um software para meu computador.

– Ah. Legal.- Catarina disse sem muito entusiasmo.

– Eu vou indo.- Emílio disse.- Bom passeio. Vejo vocês no colégio.

– Até. – Laura finalmente se pronunciou.

Os três caminharam alguns passos em silêncio. Até Catarina voltar a falar.

– Laura, ele e nosso amigo agora!- Catarina quase berrou, dando risada.

– Seu amigo.- Laura respondeu.

– Nosso amigo. Ele disse que iria nos ver amanhã. Mais seu amigo do que meu. Ele te emprestou o livro de História, lembra? Dã.

– Mas foi você que pediu. Dã. – Laura retrucou.- E foi você que falou com ele hoje. E ele só disse que nos veria amanhã por educação.

–Para de ser chata Laurie. Ele parece ser legal.

– Você não quer ser amiga dele?- Skylar perguntou para Laura.

– Não, não é isso. É só que... sei lá.

– Laura, a antissocial. – Catarina disse com uma voz mais grossa, e depois caindo na risada. - Skylar, você é um cara sortudo.


Skylar não entendeu o que quer que seja que Catarina disse, mas não deu muita importância, porque pelo tom da conversa ele pode deduzir que aquilo não era muito sério.

***

Os três ainda deram algumas voltas no shopping antes de decidirem ir embora. Laura tinha voltado a ficar inquieta, como o garoto tinha percebido, e estava batendo com os dedos na lateral da janela do ônibus. Catarina estava revirando as próprias coisas, e tirou de lá uma pilha de papéis.

– Ah, Laura... Olha, para todo o caso, esse é o trabalho.

Laura apanhou a pilha de papéis e analisou página por página, para depois relaxar um pouco e dar risada.

–Uau Cat, você se empenhou mesmo.

–Claro que sim amiga. A hora que chegarmos na sua casa temos que dar um jeito do Skylar subir para o sótão sem ser percebido.

– É. Eu estou ficando nervosa. - Laura voltou a bater com os dedos na lateral do vidro.

No final das contas, os três não tiveram problemas ao entrar na casa. O pai de Laura cochilava no sofá da sala, enquanto a televisão estava ligada e a mãe de Laura estava no telefone. Catarina subiu com Laura e Skylar para o sótão, e então, conversaram por pelo menos uma meia hora. Depois Catarina resolveu que precisava ir, e Laura a acompanhou. Alguns minutos se passaram, e Laura retornou ao sótão. Se sentou perto da janela e ficou alguns segundos encarando o nada.

– Foi um bom filme.- A menina disse de repente.

Skylar analisou o dia que teve. Ele se divertiu, foi passageiro em um ônibus, descobriu o que era cinema e experimentou sorvete, que em sua opinião era uma das melhores coisas que já tinha provado.

– Foi incrível. Muito obrigado.

O garoto se sentia péssimo. Péssimo por estar sendo inconveniente. Ele tinha literalmente despencado na Terra, estava sem lembranças concretas de sua vida em Gliessium Alfa e ainda estava atrapalhando a vida de Laura, que tinha que se preocupar com ele. Ele se encolheu um pouco, e ficou observando a menina que estava sentada sobre a mesa perto da janela, enquanto balançava as pernas e montava uma das miniaturas que encontrara ali.

– Laura...

A garota desviou a atenção do brinquedo e fitou Skylar.

– É ruim. É ruim que eu esteja te atrapalhando.

– Lá vem você com a história das desculpas. Eu já te disse, eu não posso simplesmente virar as costas... esquece isso tá? Eu preciso descer agora... Mais tarde eu subo aqui de novo, ok?

– Me desculpe. Por tudo.

–Descanse um pouco.

Laura sorriu, e desceu as escadas balançando a cabeça. Skylar sentou-se no sofá, ficou um tempo encarando a luz que entrava pela fresta da cortina puída da janela. Resolveu que precisava clarear a mente.





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Notas finais do capítulo

Estou ficando repetitiva e sem muito entusiasmo quanto a história, não sei se ela está boa o suficiente. :c



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