Revenge II escrita por Shiroyuki, teffy-chan


Capítulo 66
Capítulo LXVI




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Enquanto isso, no quarto andar...


— Por quanto tempo mais teremos que perambular por esses corredores? Não tem nada aqui! - Stéffanie reclamou pela terceira vez em menos de cinco minutos.


Ela, Nagihiko, Rima e Giovanni haviam recebido a missão de procurar pelos Batsu Tamas modificados que ficavam no quarto andar. Porém, tudo o que encontraram até agora foram portas trancadas e guardas adormecidos pela canção de Utau. As portas que estavam destrancadas levavam a salas de escritórios ou depósitos que de nada lhes serviam. E os poucos guardas que haviam despertado e tentaram detê-los foram rapidamente abatidos por Rima com seu Juggling Party e por Stéffanie, que simplesmente escrevia no Book Handler que os guardas cairiam no sono outra vez e só iriam despertar na manhã seguinte. Rima parecia estar até se divertindo com aquilo, como se estivesse em algum programa de comédia onde a pessoa bate na cabeça de alguém com pinos de malabares, mas Stéffanie parecia entediada e um tanto aborrecida com a demora para acharem os Batsu Tamas.


— Você precisa ser mais paciente, é claro que as coisas não serão tão fáceis assim, Blanca-san - Nagihiko, ou melhor, "Nadeshiko" lembrou-lhe. Ele havia se transformado com Temari, então sua voz acabava soando feminina automaticamente, sem que nem ele mesmo percebesse.
— Não me diga para ter paciência, Nadeshiko - a espanhola retrucou - Tadase eligió el "Nagihiko" como líder, no usted (Tadase escolheu o "Nagihiko" como líder, e não você), então não tenho porque lhe dar ouvidos.
— Eu acho melhor você trocar e se transformar com o Rhythm. Talvez assim ela reclame menos - Rima sugeriu.
— Na verdade acho que isso só a faria reclamar ainda mais - respondeu a Ex-Rainha - Bem, deixa pra lá. Vamos continuar procurando.
Aspettarsi (Esperem) - Giovanni falou de repente antes que os outros voltassem a caminhar.
— O que foi? - a loira indagou.
Non ti senti? (Não estão sentindo?) Tem uma forte energia vindo daquela porta... uma energia negativa - ele apontou para a última porta do corredor à esquerda.
El crucifijo está brillando (O crucifixo está brilhando) - Stéffanie observou o crucifixo que o italiano carregava pendurado em seu pescoço, que agora começava a irradiar uma luz prateada - Os Batsu Tamas modificados devem estar ali.
— Então não temos tempo a perder - Nadeshiko adiantou-se, começando a andar na direção da porta indicada por Giovanni, sendo seguida pelos demais. No entanto, antes que o grupo a alcançasse, da última porta à direita do corredor, surgiu uma garota que eles conheciam muito bem, colocando-se em seu caminho.
— Kaori! - Nadeshiko exclamou - O que está fazendo aqui?
— Não é óbvio, meu caro travesti? Vim estragar os planos de vocês, é claro - a garota respondeu tranquilamente, também já em seu Chara Nari. Aquilo não era nada bom... eles até cogitaram a possibilidade de encontra-la no prédio, mas, como as coisas estavam indo bem e tudo parecia tão calmo, estava parecendo que aquilo não iria acontecer. E, se Kaori estava lá, certamente Matthew deveria estar em algum lugar daquela empresa também. A presença dos dois só dificultaria ainda mais a missão deles.
— Bem, parece que teremos que derrota-la para chegar ao nosso objetivo - Rima comentou como quem fala do tempo.
Ah, por fin algo realmente divertido (Ah, finalmente alguma diversão de verdade)... eu já estava ficando cansada de colocar aqueles guardas para dormir. Isso é fácil demais - Stéffanie falou, sorrindo maldosamente.
— Você parece uma vilã falando assim, Blanca-san - Nadeshiko comentou com uma gota na cabeça. Mas sabia que nada do que dissesse poderia pará-la. Conhecia muito bem aquele sorriso, e sabia que Stéffanie estava louca de vontade de lutar contra Kaori... ia rolar banho de sangue naquela noite.
— Bem, parece óbvio que a Stéffanie vai querer quebrar a cara da Kaori - Rima comentou tranquilamente outra vez, embora falasse mais baixo agora, para que Kaori não pudesse ouvi-la - Então, enquanto elas estiverem lutando, tente entrar naquela sala onde você sentiu a energia negativa, Giovanni.
— O que? Mas por que eu?
— A Mashiro-san tem razão - Nadeshiko concordou - O ideal seria que todos nós entrássemos, é claro, mas, dentre nós quatro, você é o único quem pode purificar os Batsu Tamas modificados. Se a coisa ficar feia, tentaremos ganhar tempo para que ao menos você consiga entrar. Então tente purificar os ovos a qualquer custo, entendeu? - a Ex-Rainha acrescentou, e Giovanni assentiu.
— E então, já decidiram quem vai ser derrotado primeiro, Guardiões? - Kaori indagou sorrindo - Ou será que terei que derrotar todos ao mesmo tempo, hein?
— Não precisa nem tentar se dar ao trabalho, porque soy yo quien va a derrotar primero, perra! (porque sou eu quem vai te derrotar primeiro, sua cadela!) - Stéffanie gritou, começando a escrever apressadamente Book Handler. Em seguida, uma das janelas se abriu sozinha e dela entrou um vento forte no prédio. Tão forte que fez Kaori voar contra a parede atrás de si, batendo de costas contra ela.
— Ai, minhas costas... - Kaori gemeu de dor, levantando-se alguns segundos depois, com certa dificuldade - Vai me pagar por isso, sua mexicana de boca suja! Revele seus pensamentos mais secretos para que todos aqui possam escutar! Agora! - ela apontou seu microfone na direção de Stéffanie, mas, antes que ela pudesse ser atingida, Nadeshiko a agarrou pela cintura e ergueu-a no ar para desviar do ataque, as asas de borboleta batendo graciosamente.
— Depressa, Giovanni. É a nossa chance - Rima sussurrou para o italiano, que assentiu.


Kaori estava completamente focada na batalha e parecia ter realmente se esquecido deles. Os dois começaram a se esgueirar sorrateiramente até a porta da esquerda, da qual emanava uma grande quantidade de energia negativa. Enquanto isso Kaori ainda tentava atacá-los inutilmente, sempre errando o alvo, pois Nadeshiko continuava a desviar dos ataques da loira, voando surpreendentemente rápido para alguém que possuía asas de aparência tão frágil. Em certo ponto, quando voaram perto demais de uma parede, Kaori parecia que iria acertar o golpe, no entanto este passou raspando pois outro vento inesperado e incrivelmente forte entrou pela janela aberta, levantando por completo a saia de Kaori. A garota gritou, mas não conseguiu fazer nada para evitar, pois ambos os seus braços agora estavam erguidos acima de sua cabeça, e ela parecia incapaz de movê-los.


— Mas o que você pensa que está fazendo?! Que tipo de ataque foi esse? - Nadeshiko exclamou encarando Stéffanie com incredulidade após bisbilhotar o Book Handler nas mãos dela e notar que aquilo havia sido obra da Rainha estrangeira.
— Eu sei lá, estou improvisando! Y yo no puedo escribir bien contigo balanceándome en el aire de esa manera! (E eu não consigo escrever direito com você me balançando no ar desse jeito!) - ela exclamou de volta. O lado masculino de Nadeshiko pensou que a espanhola se irritaria se ele visse Kaori daquele jeito, com a saia levantada, no entanto ela parecia enjoada demais com o vôo para se atentar à esse fato.


Por outro lado, aquele "pequeno detalhe" havia chamado a atenção de Giovanni. Ao notar a saia de Kaori sendo levantada tão bruscamente ele corou e virou o rosto para o outro lado, acabando por tropeçar nos próprios pés devido ao embaraço, o que chamou a atenção da garota.


— Ei! Aonde vocês dois pensam que estão indo, hein? - Kaori, que havia finalmente recuperado o movimento dos braços, ajeitou sua saia com uma das mãos enquanto apontava seu microfone para Giovanni com a outra - Vai pagar caro por bisbilhotar as roupas íntimas de uma dama como eu, rapazinho! Agora, meu caro italiano... conte para nós, o que você realmente sente vontade de fazer com a nossa pequena Rainha loira.


O golpe atingiu Giovanni em cheio. Ele mordeu os próprios lábios com força, mas seu corpo parecia se mover sozinho. Contra a sua vontade, ele abriu a boca devagar, tentando em vão conter as palavras que estavam prestes a sair dela, os lábios tremendo de pânico. Mesmo que gaguejando, ele disse:


Q-Quello che voglio... quello che voglio... è quello di essere sempre vicino Signorina Mashiro. V-Voglio avere il suo al mio fianco ogni giorno, per tutto il tempo. Ho abbastanza coraggio di dire o di fare queste c-cose, ma... mi piace quando tengo la mano, per essere in grado di a-abbracciarla... vorrei... forse un giorno... a-anche in grado di... (O q-que eu quero... o que eu realmente quero... é estar sempre perto da Senhorita Mashiro. Q-Quero tê-la ao meu lado todos os dias, o tempo todo. Não tenho coragem suficiente para dizer ou fazer essas c-coisas, mas... eu gosto quando posso segurar a mão dela, de poder a-abraça-la... eu gostaria de...talvez um dia... t-também poder...)


Antes que Giovanni terminasse a frase, um quadro soltou-se misteriosamente da parede e caiu em cima dele, fazendo com que o garoto interrompesse sua confissão forçada e a trocasse por uma simples exclamação de dor.


— Que sutileza - Nadeshiko comentou com ironia ao notar que fora Stéffanie quem tinha escrito que o quadro cairia em cima de Giovanni e o faria parar de falar.
— Do que está reclamando? Pelo menos ele parou de falar o que não devia! - a espanhola retrucou. Parte dela realmente quera assistir tudo o que ele tinha para dizer, mas a outra parte sabia muito bem o quanto era terrível dizer à força o que se sente por outa pessoa. E a segunda parte acabou vencendo.


No entanto, ainda que Giovanni tivesse parado de falar e agora só esfregasse um ponto dolorido na cabeça, onde começava a se formar um galo, Rima continuava encarando-o boquiaberta, suas bochechas levemente avermelhadas.


Rima não conseguiu entender por completo, pois ele gaguejou tudo em italiano, porém o que ela entendeu lhe pareceu no mínimo bastante comprometedor. O que significava aquilo tudo afinal? Claro que ela também gostava da companhia de Giovanni, mas... isso significava tanto assim para ele a ponto do garoto ter que dizer isso enquanto estava sob o efeito do ataque de Kaori? E que história foi aquela de ele gostar de segurar sua mão e de abraçá-la... Giovanni não parecia ser o tipo de pessoa que teria pensamentos desse tipo. Mas, pensando bem, ele ainda era um garoto no fim das contas, apenas mais tímido do que o normal. É claro que todos os garotos possuíam pensamentos desse tipo, e Giovanni não era uma exceção... Rima deveria saber disso. E o que ele disse no final... o que ele ia dizer? O italiano não chegou a terminar a frase, mas, se ele estava pretendendo dizer o que Rima achava... ela não sabia o que pensar sobre aquilo.


— Giovanni... o que significa tudo aquilo...? - Rima indagou, encarando-o com seus grandes olhos em choque, ainda corada.
Ah... q-quello che... s-si prega di non essere arrabbiato con me Signorina Mashiro, non è cosa stai pensando... io... voglio dire... io, beh... (Ah... a-aquilo... p-por favor, não se zangue comigo Senhorita Mashiro, não é o que está pensando... eu só... q-quero dizer... eu, bem...) - Giovanni se atrapalhou com as palavras, sem saber como explicar o que havia dito contra sua vontade, e nem como fazê-la pensar que não era algo comprometedor. Mais corado do que a Rainha, ele tentava pensar desesperadamente em algum modo de explicar que tudo o que ele disse não era o que parecia, embora aquilo fosse uma tremenda mentira, pois era exatamente o que parecia. Rima recuou um passo para longe dele, ainda tentando processar toda aquela informação, o que deixou o italiano ainda mais nervoso.
— Não faça isso, Rima-chan! - Nadeshiko exclamou. Ela havia finalmente pousado no chão quando notou que a espanhola estava ficando seriamente enjoada de tanto balançar de um lado para o outro enquanto voavam, e agora estava com cara de quem queria vomitar - A Kaori só quer nos confundir, nos obrigando a dizer coisas embaraçosas, mas não podemos deixar que isso aconteça! Somos todos amigos, confiamos um no outro, certo? Não se deixe abalar por tão pouco!
— Tsc... que saco. Você sabe mesmo como estragar uma festa, hein garoto travesti - Kaori resmungou ao notar que Rima começava a se acalmar aos poucos depois de ouvir as palavras de Nadeshiko - É sério, como você aguenta ficar com esse cara? - ela se voltou para a espanhola - Ele é tão chato, um tremendo estraga-prazeres, e ainda tem um Chara Nari desses... assim vocês parecem um casal yuri.
No es asunto de su negocio, perra estúpida! Es mucho mejor ser una solterona ofrecido como tú! (Não é da sua conta, cadela imbecil! É muito melhor do que ser uma oferecida solteirona que nem você!) - a Rainha estrangeira rebateu, ainda mais irritada do que antes.
— Espera aí... você me chamou do que? - Kaori indagou, sem conseguir decifrar por completo o espanhol rápido da garota, porém tendo a certeza de que era algo bastante ofensivo.
— Nem queira saber... - Nadeshiko murmurou, também se surpreendendo com aquela resposta - Mas isso é o que menos importa agora. Não vou deixar que você confunda os pensamentos dos meus amigos com seus golpes baixos, ouviu bem? Acredite, eu convivi com Yuiki Yaya a maior parte da minha vida e, perto das coisas que ela apronta, as suas pequenas tentativas de nos deixar embaraçados apenas para fazer nos virar uns contra os outros não tem a mínima chance de dar certo! - o garoto travestido exclamou, fazendo Kaori soltar outro resmungo baixinho.
— Ah sim, aquela pirralha é mesmo cheia de truques... mas os meus são muito melhores, não me compare à uma garotinha amadora! - Kaori exclamou de volta, bufando de raiva. Teve então um nova ideia e, voltando a sorrir maldosamente, acrescentou - Bem, mas não são todos vocês que são amigos, não é? Se não estou enganada, aquela espanhola irritante é mais do que isso... ela é sua namorada agora, certo? - o sorriso de Kaori se alargou ainda mais ao ver Nadeshiko engolir em seco - Bem, então vamos ver o que ela tem a dizer sobre você! Diga para nós, o que você mais tem vontade de fazer com o seu namorado mas não admite, hein minha cara espanhola? - ela apontou seu microfone para Stéffanie, que não conseguiu desviar dessa vez.


Assim como aconteceu com Giovanni, seu corpo começou a se mover sozinho. Suas feições se contorciam e ela tentava conter seus lábios, relutante, mas eles proferiram as palavras que ela menos queria dizer publicamente mesmo assim:


No me gusta decir porque eres vergonzoso ... pero en realidad... Me gusta cuando me abraza. Siempre me quejo cuando lo hace delante de los demás, ya veces le gané, pero es porque es vergonzoso, no porque no me gusta. Y me gusta cuando sostiene mi mano y camina conmigo de la mano a la escuela o qualquer cosa... tanto que ni siquiera me quejo tanto como antes. Y mi corazón late fuerte cuando me toca, y bésame, y... (Eu... não gosto de dizer porque é vergonhoso... mas na verdade, eu... gosto quando ele me abraça. Eu sempre reclamo quando ele faz isso na frente dos outros, e às vezes bato nele, mas é porque é embaraçoso, e não porque eu não gosto. E eu gosto quando ele segura minha mão e anda comigo de mãos dadas até a escola ou para qualquer outro lugar... tanto que já nem reclamo tanto quanto antes. E o meu coração bate forte quando ele me toca, e me beija, e...)


Antes que ela dissesse mais coisas embaraçosas, Rima voltou a atirar seus pinos de malabares. Um deles atingiu Stéffanie, obrigando-a a calar a boca. Os outros atingiram Kaori.


No entanto, Stéffanie já havia dito coisas mais que constrangedoras. Ainda que tivesse se transformado com Temari, Nagihiko deixara completamente de lado seu lado feminino agora. Ele encarava a namorada pasmo, e um tanto corado, sem conseguir acreditar que aquilo tudo era verdade. Geralmente ele não acreditaria, mas sabia muito bem que o poder do Chara Nari de Kaori obrigava as pessoas a confessarem até os seus segredos mais íntimos à força, então devia ser verdade mesmo. E embora houvesse uma enorme alegria mesclada com toda aquela incredulidade, uma parte dele sabia que uma confusão enorme estava prestes a se formar por causa disso.


— Sua maldita vadia de merda!! O que foi que você me obrigou a dizer, sua equina oxigenada do Paraguai?! Voy a empezar hasta que el último hilo de este mal se tiñó el pelo de paja para ver si lo que no aprender a obligar a otros a decir lo que no quieren!! (Eu vou arrancar até o último fio desse seu cabelo de palha mal tingido para ver se assim você aprende a não forçar os outros a dizerem o que não querem!!) EU VOU TE MATAR SUA VACA!!! - ainda com o rosto vermelho de raiva e vergonha misturadas, Stéffanie voou em cima de Kaori, deixando de lado seu Book Handler e derrubando-a no chão. Ela parecia ter se esquecido completamente de que estava no Chara Nari, ou simplesmente não se importava mais com isso, só queria acabar com ela com suas próprias mãos. Kaori gritou com o susto de ter uma psicopata pulando em cima dela, e gritou ainda mais alto quando a espanhola acertou um soco na cara dela. Em seguida revidou, segurando os cabelos da Rainha estrangeira e puxando-os com força, fazendo a garota gritar de dor também. Ela acertou um tapa no outro lado do rosto de Kaori e a imitou, segurando os cabelos loiros dela com a mão livre.


Mio Dio, questa ragazza combattere come un uomo (Meu Deus, essa garota luta feito um homem)... - Giovanni comentou, meio assustado com a cena.
— Pois é. Não arrume confusão com ela, para o seu próprio bem - Rima disse sabiamente - Ei, não acha melhor separá-las, Nadeshiko?
— Eu não. Apesar de tudo, ainda sou um garoto, eu é que não vou me meter em briga de mulher - o garoto travestido respondeu, ainda um tanto atordoado com toda aquela série de acontecimentos - Cara, eu sabia que ia rolar banho de sangue quando essas duas começassem a lutar, mas... não pensei que seria literalmente - acrescentou ao notar que o lábio inferior de Kaori sangrava devido ao soco que havia levado. A bochecha de Stéffanie também estava com um corte feio, feito pelas unhas compridas da loira, de onde escorria um filete de sangue.
— Espero que ninguém acabe morrendo hoje - Rima comentou com uma gota na cabeça - Mas, de qualquer forma... não acham melhor aproveitarmos que a Kaori está... ahn, "distraída" e entramos naquela sala de uma vez?
— Ah! Bem lembrado, Signorina Mashiro - Giovanni concordou, passando pelas duas garotas que continuavam se engalfinhando no chão e finalmente adentrando a sala que emanava toda aquela energia negativa, seguido de Rima e Nadeshiko.


—----


Enquanto isso, no terceiro andar, o grupo de Tadase procurava pelo laboratório. Assim como os demais, eles haviam encontrado várias portas trancadas, e as que estavam abertas eram todas de escritórios, um depósito, e outra que continha equipamentos de limpeza. Eles viraram em um corredor que, segundo a planta do prédio que Ikuto havia conseguido, os deixavam mais próximos do laboratório.


Looks like it's getting colder... you are feeling? (Parece que está ficando mais frio... vocês estão sentindo?) - Anna indagou, envolvendo o próprio corpo com os braços.
— Não é só impressão. Eles provavelmente precisam manter o lugar com baixa temperatura por causa das máquinas - Miguel respondeu - Se for isso mesmo, significa que estamos no caminho certo.
— E também significa que vamos alcançar nosso objetivo antes dos outros! - Yaya acrescentou animada.
— Psiu! Não faça barulho, Yuiki-san! Nós invadimos esse lugar, não podemos ser descobertos, se lembra? - Tadase repreendeu.
— Ah, mas todos os guardas que encontramos ainda estão dormindo por causa da música da Utau-chan! Relaxa, Tadase! - a ruiva respondeu despreocupada.
— Ainda assim precisamos tomar cuidado, alguém pode nos ouvir - Tadase insistiu.
— Acho que é tarde demais para se preocupar com isso, my little King— de uma das portas que estavam trancadas, uma figura encapuzada surgiu atrás deles.
— Matthew! - Tadase exclamou, virando-se de frente para ele - Droga, então você realmente está aqui...
Of course (É claro). E a Kaori também, caso esteja se perguntando, ela deve estar lutando com os seus amiguinhos em algum lugar desse prédio agora mesmo.
— Aposto que é contra a Onee-chan! - Yaya exclamou, o que fez Matthew rir.
Oh, yeah. Ela havia dito que queria dar uma boa surra na sua amiga espanhola... bem, tanto faz. Ela que se vire, tudo com o que tenho que me preocupar no momento são vocês - o sorriso maldoso de Matthew se alargou - Então, quem quer ser o primeiro a apanhar?
— Você é o único quem ai apanhar aqui, Matthew! - Miguel exclamou, atacando-o com o Multicolor Whip em seguida.


Ele agarrou o braço do inimigo e deu um puxão com força, fazendo Matthew bater contra uma parede, sendo pego desprevenido. No entanto, assim que se recuperou, Matthew segurou a ponta do chicote que prendia seu braço com força e, antes que Miguel pudesse ataca-lo novamente, ele puxou o chicote com força, trazendo o português para perto de si junto com ele.


— Tem certeza disso? Pois eu acho que não serei o único a apanhar hoje, Micchan - ele sussurrou no ouvido de Miguel, causando-lhe um arrepio estranho. Antes que pudesse atacá-lo, porém, kunais surgindo sabe-se lá de onde materializaram-se e voaram na direção de Matthew, forçando-o a recuar e consequentemente soltar Miguel. Só então ele notou que Anna havia desenhado um ninja, que agora atirava não apenas kunais, mas também shurikens contra ele.
— Bela tentativa, inglesinha! Mas não tão boa quanto essa - tirando um punhado de Batsu Tamas modificados de dentro de sua capa, ele começou a manipula-los como sempre fazia. Os Batsu Tamas começaram a rodeá-lo de modo que, se o ninja criado por Anna continuasse a atacar, poderia acabar acertando um dos ovos.
— Recue! - Anna ordenou ao seu ninja, que parou de atirar instantaneamente.
— Ahahahaha! Você é esperta, dear (querida). Não quer destruir os Ovos do Coração das criancinhas não é? Bem, então vamos ver como você se sai contra isso - ele acrescentou, ordenando que os Batsu Tamas atacassem. Eles começaram a emanar energia negativa contra os Guardiões, mas Tadase conseguiu defendê-los com o Holy Crow.
— Ah, isso não é justo... Yaya quer ajudar também! Go, go, Ahiro-chan! - Yaya ordenou, e seus patinhos materializaram-se do nada, cada um brigando contra um Batsu Tama. A diferença de poder era evidente, o que só serviu para fazer Matthew dar ainda mais risadas.
— É só isso que você tem, dear? Vai ter que fazer mais do que isso se quiser me vencer!
— Você vai ver só, Yaya pode criar mais e mais patinhos, um mais fofo do que o outro! Go, go, Ahiro-chan! - ela atacou novamente, fazendo o garoto gargalhar cada vez mais.


Era óbvio que Matthew só estava brincando com Yaya e que poderia acabar com aquilo quando quisesse, mas isso deu tempo para Tadase se comunicar com Utau ao receber uma inesperada ligação dela:


— Tadase. Achamos o Ikuto.
— O que?! - ele falou o mais baixo que conseguiu para Matthew não notá-lo, apesar da surpresa - Onde ele está?
— No subsolo. E parece estar mais forte do que antes. Precisamos de ajuda aqui, não vamos aguentar... por muito tempo... kyahhh!
— Utau-chan! Responda, Utau-chan! - Tadase chamava, mas tudo o que ele ouvia agora eram chiados. Ele havia perdido a comunicação com o grupo de Utau - Pessoal, o grupo da Utau-chan encontrou o Ikuto-niisan.
Really? Where? (Sério? Onde?) - Anna indagou animada.
— No subsolo. Mas parece que as coisas não estão muito bem por lá, eles precisam de ajuda - Tadase respondeu preocupado - Precisamos ir ajudá-los, e rápido.
— E vocês acham mesmo que eu vou deixar? - Matthew indagou, voltando ordenar o ataque dos Batsu Tamas com a energia negativa. Não deu tempo de se defender com o Holy Crow dessa vez, e cada um teve que se desviar ou se defender do ataque como pode. Tadase e Miguel conseguiram desviar a tempo. Anna desenhou um tipo de escudo mágico que a protegeu, e os patinhos de Yaya formaram uma barreira para defendê-la do ataque - Deu muito trabalho capturar aquele gato pulguento, não vou deixar que vocês o peguem de volta tão facilmente!
— E para que vocês querem o Ikuto-niisan afinal? - Tadase indagou.
— Não é da sua conta! - Matthew exclamou de volta, voltando a atacar. Ele estava preparado dessa vez, e conseguiu proteger a todos com o Holy Crow.
— Pessoal, eu estou preocupado com a Utau-chan e os outros, eles pareciam estar com sérios problemas. Precisamos ajudá-los o quanto antes...
— Então vá até lá, Tadase - Anna falou, colocando o máximo de segurança que conseguia em sua voz - Don't worry, we'll be fine (Não se preocupe, nós ficaremos bem).
— Mas Anna-san...
We came here to save Ikuto, right? So that's what we do! (Nós viemos até aqui para salvar o Ikuto, não foi? Então é isso que vamos fazer!) - ela tentou encoraja-lo, tentando transmitir o máximo de confiança que conseguia.
— Sim... tem razão! - o loiro assentiu - Então, pessoal, vou deixar o Matthew com vocês. Avisem o grupo do Fujisaki-kun sobre o Ikuto-niisan assim que puderem. Boa sorte!
— Haaai~! Pra você também, Tadase! - Yaya acenou alegremente quando ele deu meia-volta e saiu correndo.
— Ei! Volte aqui, seu Rei covarde! - Matthew ordenou um ataque contra Tadase, mas Yaya formou outra barreira com seus patinhos, que levaram o golpe no lugar dele.
— Parece que você terá que se contentar só com a gente, Matthew - Miguel falou, preparando seu chicote para atacar.
— Hunf! Whatever (Tanto faz). Vou acabar com vocês e deter aquele Rei nanico em um piscar de olhos, você vai ver! - Matthew exclamou enraivecido, voltando a atacar.
— Não se pudermos evitar! - Anna exclamou de volta, ordenando que seu ninja contra-atacasse. Tadase estava contando com ela para deter Matthew, Anna não poderia decepcioná-lo.


Os Batsu Tamas voltaram a rodear o garoto, protegendo-o do ataque e arriscando serem destruídos caso sofressem algum ataque de seu ninja. No entanto, Yaya foi mais rápida e, antes que Anna mandasse seu ninja recuar novamente, a ruiva mandou seus patinhos voltarem a se atracar com os ovos. Eles não eram páreo para os Batsu Tamas, ela sabia disso, mas, se por ventura alguma shuriken voasse na direção dos Batsu Tamas, ela destruiria o patinho, e não o Ovo do Coração de alguma criança inocente.


Porém, ao invés de acertar os Batsu Tamas, as shurikens e kunais do ninja de Anna acertaram Matthew dessa vez. Não chegaram a ferir o garoto, mas prenderam-no contra a parede pela capa que ele usava. E enquanto ele tentava inutilmente se soltar, Miguel deu o golpe de misericórdia, voltando a atacar com o Multicolor Whip.


Ele acertou em cheio dessa vez, arrancando o garoto da parede, junto com as shurikens, kunais e até mesmo a capa que ele usava, que se rasgara devido ao ataque.


A luta parou quando o garoto se levantou ditante deles, erguendo o rosto que estava sempre escondido debaixo do capuz. Aqueles cabelos claros, os orbes de um verde profundo, um olhar um tanto atrevido... e aquele sorriso. Aquele sorriso desafiador, provocante, que sempre bagunçava a mente de Miguel quando ele encontrava Matthew nas batalhas e que ao mesmo tempo ele conhecia tão bem... um sorriso brincalhão e atrevido que aquele garoto sempre exibia em seus lábios, que Miguel tanto amava...e que talvez não devesse ter amado.


— Shun... suke...?


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Notas finais do capítulo

Olá pessoas! Teffy-chan falando!
Que capítulo cheio de confusão foi esse hein, uma pior do que a outra... mas, finalmente... a máscara caiu! Matt perdeu o disfarce! E agora, o que será que vai acontecer???
Bom, isso vocês só vão saber no próximo, com a Shiroyuki! o/
Deixem reviews, por favor, quero muito saber o que vocês acharam desse capítulo que eu adoro tanto!!
Kissus^^



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