Revenge II escrita por Shiroyuki, teffy-chan


Capítulo 5
Capítulo V




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Era uma bela manhã de sol, agradavelmente quente, mesmo já sendo outono. Na escola Seiyo, os alunos não tinham aulas, pois estavam preparando-se para o festival, que aconteceria dentro de alguns dias. O pátio da escola estava repleto de materiais, e alunos trabalhando para erguer suas tendas. Dentro das salas, ainda mais trabalho em arrumar todos os cenários e costurar as fantasias, e no ginásio, a turma do oitavo ano ensaiava sua peça. Não havia ninguém parado em toda a escola, e até mesmo os Shugo charas dos guardiões tentavam ajudar, da sua maneira.

Stéffanie, depois de aceitar finalmente ser medida pelas garotas para que elas fizessem o seu uniforme de maid para o Café da sala, se concentrou em escrever o roteiro para a peça de Miguel e dos outros. Eles fariam Alice in Wonderland, e depois de ter a história escrita, ela estava ajudando eles com os ensaios, de modo que passava mais tempo por lá do que na sua sala. Mas Amu fez chara change com a Suu, e estava ajudando Nagihiko a montar o cardápio do café deles.

Na outra turma do sétimo ano, Peach estava ajudando Anna com o chara change, e elas desenhavam os monstros que iam ficar na casa mal assombrada da sua sala. Rima havia perdido rapidamente a sua motivação inicial, e começou a reclamar sobre o fato de que comédia era muito melhor do que terror no fim das contas, e que eles deviam arrumar uma maneira de fazer as pessoas rirem. Como esse não era nem de longe o propósito de uma casa do terror, ela acabou ficando a cargo da divulgação e da bilheteria com Giovanni.

Depois do dia duro de trabalho, todos haviam se reunido no Royal Garden, a pedido de Tsukasa. Stéffanie estava com o cabelo preso em um volumoso e desarrumado coque, completamente descompensada depois de quase ter que reescrever a peça inteira por causa de Miguel que teve um surto quando descobriu que havia sido escolhido por ela para interpretar Alice. Claro que depois de uma boa conversa cheia de ameaças à vida e à integridade do mesmo, ele acabou se conformando, já que no fundo, estava ansioso por isso. Ele era um bom ator, e já havia feito teatro lá em Portugal mesmo, e por isso, era a melhor opção, até porque ninguém mais queria estrelar o papel principal na sua sala. Nesse momento, ele nem se atrevia a falar nada, ainda traumatizado com os gritos em espanhol da moça, e Kukai estava na mesma. Anna estava com as roupas, as bochechas e as mãos todas manchada de tinta, pois estavam pintando os painéis que formariam os labirintos da casa do terror, e Tadase que veio junto com ela, não estava em melhor estado. Rima e Giovanni haviam passado o dia confeccionando os ingressos e folhetos para divulgar, então estavam perfeitamente bem, embora nenhum dos dois fosse de falar muito, e aquele trabalho que já não era muito divertido havia sido também silencioso. Yaya e Kairi ainda estavam na aula, na divisão elementar, então não haviam aparecido ainda.

— Que bom que vieram… - Tsukasa já os esperava com o chá pronto, e isso não era nenhuma surpresa. Todos, cansados e sujos, se acomodaram ao redor da mesa, e Tsukasa se levantou, andando calmamente enquanto começava a falar – Eu tenho um importante e urgente comunicado a fazer para vocês. Como Guardiões, e Protetores dos sonhos das crianças, eu tenho certeza de que vocês entenderão, e irão cooperar com a causa.  – ele sorriu, confiante, e olhou para cada rosto que o encarava, curioso, antes de prosseguir – O orfanato da nossa rua, vocês já devem conhecê-lo, ou ao menos passado por lá… chama-se Himawari, e fica a duas quadras daqui, correto? Bem, ele está precisando de uma pequena reforma, para melhorar as acomodações das crianças, mas as doações que recebem não são suficientes. Dessa forma, eu me propus a ajudá-los, da seguinte forma: os guardiões fariam um evento próprio dentro do Festival Escolar, e a renda obtida seria revertida inteiramente para o Orfanato Himawari. Vocês concordam com esses termos?

— Absolutamente! – Tadase se pronunciou por todos, que aclamavam em voz alta a ideia – Não temos objeções.

— Ah, que ótimo… então, podemos começar com os preparativos…

— O que temos que fazer?

Tsukasa sorriu com alegria ao ver o entusiasmo dos mais jovens, como se estivesse esperando o tempo todo por essa pergunta.

— Um Café de Maids e Hosts, aqui no Royal Garden!

~

Os dias passaram rápido, com os guardiões tendo o dobro do trabalho para o Festival. Ninguém além de Yaya havia ficado muito animado com a ideia de ter que servir e conversar com clientes ali no Royal Garden, muito menos Stéffanie, que iria ter que fazer isso duas vezes, mas como o evento seria apresentado apenas no segundo dia do festival, e seria por uma boa causa, ela alegou que tentaria aguentar. Pelas crianças.

Logo, o tão esperado dia chegou, e os portões do Seiyo haviam sido abertos para os visitantes. Não demorou para que o pátio enchesse, e todos pareciam animados e divertidos, apesar de todo o trabalho que a preparação havia dado, valia a pena.

— Vamos, vamos, Iinchou! Nós temos que visitar todo mundo!!! – Yaya ia à frente arrastando Kairi.

— Pepe quer yakisoba!!! – a Chara ia voando ao lado da dona, enquanto Musashi observava o pequeno bebê com uma gota na cabeça. Já estava acostumado com as duas, mas nunca seria influenciado por aquele comportamento explosivo, afinal de contas

Yaya mal havia chegado, mas já estava no clima do festival, com colares coloridos, mascaras na cabeça, e um palito de dangos na mão. Depois de dar uma passada em cada tendinha aberta do lado de fora, Yaya correu para o prédio, onde estavam as outras atrações.

Primeiro, o restaurante de Stéffanie, Amu e Nagi. A sala da turma 7-A estava toda decorada, e as mesas com toalhas espalhadas. Em um lado da sala, havia sido montada uma cozinha improvisada, oculta por cortinas coloridas. Algumas das garotas foram escolhidas para usar as roupas de maid, entre elas Stéffanie e Amu. A roupa era preta, com o avental branco, e muitos babados e fitas por todos os lados. Parecia algo legitimamente saído de Akihabara, embora Amu, como sempre, tivesse personalizado o seu uniforme em um estilo mais punk, com meias listradas, caveiras e luvas de renda preta.

— Onee-chan! Você está sugoooii!!! – Yaya chegou já fazendo escândalo, e Stéffanie, que já não estava muito confortável daquela maneira, queria se enterrar no chão de tanta vergonha.

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Aaaah, niña, no habla tan alto! (Não fale tão alto) Escandalosa! – Stéffanie berrou, escondendo-se atrás da bandeja de metal com cara de poucos amigos.

— Não, não, Blanca-san – Nagihiko surgiu de trás da cortina, com um semblante que demonstrava estar se divertindo naquela situação. Usava um avental de cozinha por cima da camisa branca do uniforme, e estava com os cabelos presos em um rabo de cavalo baixo.  – Vamos, não seja tão mau-humorada. Uma maid tem que sorrir sempre! E tratar bem os clientes. Vá lá, faça como eu ensinei ontem!

Stéffanie resmungou alguma coisa em espanhol, e então voltou a olhar para Yaya e Kairi na entrada, tentando forçar um sorriso, mas parecia mais uma assassina em série do que uma alegre maid.

Bienvenido, Señor, Señorita (Sejam bem vindos, senhor e senhorita) – Ela falou entre os dentes, com uma aurea escura de pura irritação ao seu redor – Siente-se aquí, por favor (sentem-se aqui, por favor) – ela indicou uma mesa vazia, e puxou a cadeira para Yaya sentar – Gostariam de algo de beber?

— A Yaya quer um refrigerante, mesmo!

— Chá verde, por favor – Kairi pediu.

— Entendido. – ela disse, servindo as bebidas segundos depois – Aquí está nuestro menú. (Aqui está nosso menu)Sintam-se a vontade en pedir cuando quieran(quando quiserem). – ela estendeu a folha impressa com os pratos que faziam – Y que sea eso es lo más rápidoo posible, señorita ... (E que isso seja o mais rápido possível, senhorita…)– sibilou, ameaçadoramente, fazendo Yaya engolir em seco.

Amu riu do outro lado, estava achando tudo lindo. Havia feito chara change com Dia, e com toda a sua calma e paciência, atendia a cada um dos clientes com um brilhante sorriso, sem surtar e sem pirar por estar morrendo de vergonha por dentro. Claro que ter Shugo Charas deviam servir para horas como essa.

— Kairi quiere Omuraisu, e Yaya pidió Chokokeeki – ela anunciou para Nagihiko, que estava coordenando a cozinha. Atrapalhou-se um pouco com os nomes em japonês, e Nagi pensou que isso era particularmente adorável, mas é claro que jamais diria isso para ela.

— O bolo está logo ali, você pode ir cortando. Eu vou fazer o omelete de arroz agora… - ele disse rapidamente, e ela assentiu, fazendo como ele havia dito. – Nee, Blanca-san…?

Sí? – ela parou de repente, virando-se para ele.

— Você está se esforçando bastante para atender a todos, não é? – ele sorriu amavelmente, e Stéffanie sobressaltou, não esperando por aquilo. Sem pensar duas vezes, ele ergueu o braço, e afagou de leve o topo da cabeça da garota – Muito bem…

En qué piensas? No necesito sus elogios! (No que está pensando? Eu não preciso dos seus elogios!)– ela se apressou em gritar, embora tivesse corado até a ponta das orelhas, e empurrou a mão de Nagihiko para longe dos seus cabelos – Deveria simplemente hacer su trabajo y dejar de decir tonterías! (Simplesmente fazer seu trabalho e parar de falar besteiras!)

— Hai, hai, estou indo – ele se virou novamente para o fogão, suspirando – Mas você ficou realmente linda com essa roupa…

— Idiota! – ela gritou, completamente furiosa, antes de sair dali batendo o pé e bufando de raiva. Nagihiko riu para si mesmo, divertindo-se como nunca.

— Vamos ver, vamos ver, omelete de arroz, não é…

Depois de comer rapidamente, sob os olhares ameaçadores de Stéffanie, que parecia mais irritada do que nunca, Yaya e Kairi enfim deram por encerrada sua visita, e partiram rumo à segunda parada, a casa de terror da 7-C. Yaya estava arrastando Kairi por aí como um animalzinho de estimação, quando viu uma figura familiar.

— Eeeeiii, Micchaaaan! – o garoto se arrepiou da cabeça aos pés ao ouvir o grito da menor, e lentamente, se virou a tempo de vê-la correndo da sua direção para abraça-lo – Ué, você não tá vestido pra peça? A Onee-chan tá soltando fogo pelas ventas, se você não aparecer, ela arranca a sua cabeça! – ela avisou, alarmada.

— Obrigado pelo aviso, é sempre bom saber… - ele riu sem graça – mas a peça só começa daqui a algum tempo, eu posso ir ver as outras atrações enquanto isso…

— Aaah, você tá indo ver o Shun-chan, acertei? – ela indagou, e vendo o quão rápido o rosto do português corou, era óbvio que estava correta – Então vamos juntos!

— T-tudo bem… - sem opção, Miguel teve que seguir seu caminho com Yaya e Kairi, até a sala de aula de Shunsuke, embora estivesse visivelmente decepcionado por isso.

A sala estava toda revestida com tecidos pretos, e os alunos estavam usando capas compridas e escuras, esperando para recepcionar e organizar a fila. Como fazia pouco tempo desde o início do festival, não tinha muita gente, então, logo eles puderam entrar. Na sala escura havia várias tendas separadas, iluminadas com luzes de velas e decoradas com estrelas e outras coisas do tipo. Dessa forma, Yaya teve que ir para um atendente diferente, e também Kairi, enquanto Miguel perguntava especificadamente para a aluna vestida de dementador qual era a de Shunsuke. A garota, que já conhecia Miguel por vê-lo andando por aí com o outro, apenas deu uma risadinha e apontou para a cortina do canto.

— Hm… oi… - ele balbuciou sem jeito, ao entrar no espaço pequeno e cheio de fumaça do incenso.

— Ah, Miguel-kun, você veio! – de trás da mesa coberta pela toalha com bordado de estrelinhas, Shunsuke sorria para ele. Usava uma capa roxa, sem capuz, e ao invés disso, uma espécie de turbante que mais parecia uma toalha enrolada na cabeça. Seus óculos foram trocados por um modelo psicodélico, em forma de espiral, que só deixavam ainda mais esdrúxulo o resultado final. – Sente aqui, eu vou ler sua sorte!

— C-certo… - Miguel relutante, aceitou, sentando-se do outro lado da mesa, em frente à bola de cristal do vidente, que era na verdade um abajur com raiozinhos roxos que podia ser encontrada em qualquer lojinha de badulaques.

— Eu vejo… que você veio até apenas para visitar seu amigo, e verificar se ele estava indo bem no trabalho do festival! – Shunsuke bradou, rindo de canto, e Miguel assentiu, aos poucos sentindo-se mais a vontade apesar do clima intenso e pesado que a decoração denotava.

— Que ótimo vidente você é, só isso que tem para mim? – Miguel desafiou, arqueando a sobrancelha.

— Claro que não! Eu tenho muito mais para você. Vamos, me dê a sua mão – ele esticou o braço por cima da mesa, e surpreso, Miguel estendeu sua mão. Assim que tocou na pele de Shunsuke, diretamente, uma onda de choque percorreu todo seu corpo, fazendo seu coração acelerar compulsoriamente. – Que mão macia você tem, Miguel-kun…

— V-vá direto ao ponto… - Miguel agradecia internamente pelo escuro não deixar Shunsuke perceber o quanto estava vermelho, embora isso pudesse ser evidente para qualquer um, mesmo sem bola de cristal.

— Certo… - Shunsuke pareceu se concentrar por uns instantes, e sorrindo de uma maneira confiante, começou a falar – Você… está com algo que não o pertence. Está cuidando de um objeto… de outra pessoa.

— N-não entendo do que está a falar… - Miguel engoliu em seco, lembrando-se imediatamente do ovo de Matthew que havia levado para casa. O ovo ficava o tempo todo dormindo, e não respondia quando falava, mas parecia emanar bem menos energia negativa depois de ter ido com ele.

— Haha, eu só estou testando… - Shunsuke disfarçou, e passou para o próximo tópico. – Eu vejo que você conseguiu preciosos amigos recentemente… - ele disse, utilizando dos seus conhecimentos acumulados depois de tanto tempo observando os guardiões – Mas ainda esconde a personalidade verdadeira que vive dentro de você, mesmo na frente deles. E nos raros momentos em que essa personalidade se revela… você se sente ainda muito culpado, e envergonhado, do seu verdadeiro-eu… - Ele falou sem pensar, surpreendendo o menor.

— Shunsuke, isso…

— Porém! – ele cortou o português, continuando a falar – Há alguém que entrou recentemente na sua vida, e que está causando uma grande turbulência no seu coração… essa pessoa até mesmo o fez esquecer-se de um trauma do passado, tão facilmente que você mal pode perceber – ele passou o dedo na palma da mão do garoto, causando um arrepio involuntário, e então, o fitou sugestivamente – Será o início de um novo amor no seu futuro?

— Claro que não! N-não tem como eu… - ele não conseguiu terminar a frase, e a deixou solta no ar.

 — Talvez, você tenha se apaixonado por alguém realmente próximo, e por isso, sente-se ainda mais culpado, pensando que isso é um erro… - Shunsuke continuou, deixando Miguel ainda mais desconfortável. Segurou a mão dele com ambas as suas, e então o fitou diretamente, mesmo através dos óculos coloridos. Miguel engoliu em seco, sentindo suas pernas virarem gelatina por baixo da mesa – Miguel-kun… não fique se segurando ou se rebaixando por causa das outras pessoas. Você é alguém incrível! Nem sabe o quanto… você é capaz de mudar o coração das pessoas, tão gentil e facilmente, que nem sente… Por favor, valorize mais a sua verdadeira face, e não tenha medo de mostrar que você é e o que sente para o mundo… mesmo que ninguém te aceite, você ainda tem a mim…

— S-shunsuke…

— E aíii, Micchan, terminou a consulta? – a cortina preta foi aberta em um rompante, e a alegre Yaya invadiu o recinto. Quando seus olhos captaram a cena que presenciara, ela soltou um pequeno “kya!” repleto de empolgação – Aaaah, a Yaya interrompeu algo importante! Era um pedido de casamento? Por que a Yaya pode esperar aqui fora, e…

— Chega de falar asneiras, rapariga! – Miguel levantou-se de uma só vez, com as pontas das orelhas ardendo de vergonha, e soltou a mão de Shunsuke imediatamente. – Desculpe por isso, Shunsuke, e boa sorte com o seu trabalho aqui, nós já estamos a ir embora…

— Ah, está bem então… mais tarde eu vou ir ver sua peça… - ele afirmou, sorrindo, e Miguel corou mais um pouco, enquanto Yaya segurava seus risinhos tolos.

— E-eu estarei a esperar…. – ele murmurou, embaraçado, e começou a empurrar Yaya para fora da sala. Um pequeno sorriso adornava seu rosto, sem que ele sequer sentisse.

— Aonde nós vamos agora? – Kairi indagou, já cansado apesar de ter acabado de chegar, apenas com a perspectiva de servir de babá para Yaya durante todo o dia.

— Vamos ver a classe da Anna-tan, do Tadase e do Pico, é claro! – Yaya empolgou-se – Vamos, Micchan?

— Eu tenho que voltar para o ginásio, me preparar para a apresentação – Miguel já ia se afastando – Boa Sorte para vocês…

— Ah, então você veio mesmo só pra ver o Shun-chan, heeeinnn… – Yaya piscou matreira, fazendo o garoto corar furiosamente, e então caminhar o mais rápido que podia de volta para as escadas.

— Você deveria parar de importuná-lo com esse assunto, ás… - Kairi aconselhou.

— Aaaah, por que? É tão divertido! – Yaya argumentou como se isso fosse a resposta perfeita para tudo o que ela fazia – E além do mais, é para isso que servem os amigos! – ela deu o assunto por encerrado, seguindo rumo à classe 7-C para visitar os outros.

Na fila para a casa do terror, eles encontraram Utau, que estava com enormes óculos escuros e um moletom de capuz para não ser reconhecida, e Ikuto, que parecia um tanto entediado por ter que esperar na fila.

— Ah, Utau-chan, Ikuto! – Yaya já os viu de longe, e foi correndo até eles, descaradamente furando a fila. Kairi tentou contê-la, mas como sempre, já era tarde demais – O que estão fazendo aqui?

— Viemos visitar, é óbvio – Utau respondeu simplesmente, dando um passo a frente – Tsukasa ligou ontem, e pediu para ajudarmos com a tal atração para arrecadar fundos, então resolvemos vir visitar o Festival antes!

— Eu vim pelo maid-café, mas eles não estavam usando nekomimi, e quando eu falei isso, aquela espanhola surtada quase me bateu – Ikuto bufou, reclamando.

Logo chegou a vez deles na fila, e quem vendia os ingressos era Giovanni. Ele parecia ser bom com esse tipo de tarefa, embora estivesse se enrolando um pouco com o dinheiro. Já estava com seu novo uniforme da Seiyo, e usava também uma máscara de zumbi, que estava nesse momento, erguida de canto na sua cabeça, para entrar no clima do festival.

— Ei, Agostinni-san – Tadase surgiu lá de dentro. Ele vestia roupas pretas, com um colete e gravata-borboleta vermelhos, e uma capa comprida com gola alta. A maquiagem pesada e a dentadura de presas dava a impressão de que ele deveria ser um vampiro, mas ele não parecia nem minimamente malvado vestindo aquilo. – Eu pensei que a Mashiro-san iria ajudá-lo com a bilheteria…

Ella foi distribuendo i folhetos, così ho detto che andava bene per mi stare qui. Sua chara ha detto che iria fazer Chara Change per atrair mais persones, ei due erano lontani…(Ela estava distribuindo folhetos, então eu disse que estava tudo bem para mim ficar por aqui. Sua chara disse que iria fazer Chara Change para atrair mais pessoas, e as duas foram embora), e saíram correndo para lá… - ele explicou, ficando inseguro sobre ter feito certo em deixar Rima sair sozinha para distribuir os folhetos.

— A Rima-tan no chara change? Eu quero ver isso! – Yaya se atravessou na frente.

— Ah, Minna-san, vocês vieram… - Tadase exclamou, surpreso em vê-los todos juntos, enquanto ajudava Giovanni a contar o dinheiro e distribuir os ingressos para quem estava na fila. Depois de indicar a entrada, ele voltou-se novamente aos amigos – Estão se divertindo?

— Claro, claro, está tudo uma maravilha! – Utau respondeu por todos – Mal posso esperar por amanhã, aposto como o Maid Café dos Guardiões vai ser um sucesso!

— Claro que vai, eu vou estar lá… - Ikuto sorriu, convencido – Eu nasci para esse emprego de host…

— É, realmente não posso negar isso – Tadase comentou, sem graça – Mas eu fico muito feliz por vocês terem se disposto a nos ajudar.

— Depois vocês jogam papo fora, a Yaya quer entrar na casa do terror! – Yaya protestou.

— Não deve ser muito assustadora… - Ikuto desdenhou – Com pessoas como Tadase e a inglesinha trabalhando nisso, está mais para um passeio no campo de flores…

— Não diga isso, Nii-san! – Tadase replicou – Lewis-san realmente ficou um pouco nervosa no início… ela tropeçou nas velas e quase colocou fogo em tudo, e não conseguiu assustar ninguém… sem falar que ela ficou com mais medo das atrações do que os convidados… - ele admitiu – mas ela teve uma ótima ideia! Ela está desenhando os monstros no chara change, e desde que ela começou, a casa se tornou muito mais assustadora…

Como se para confirmar as palavras de Tadase, as duas garotas que haviam entrado antes estavam saindo pelo outro lado, ambas pálidas, e tremendo muito. Ninguém conseguiu acreditar que isso era graças ao efeito dos desenhos de Anna.

— Então, quem de vocês será o próximo? – Tadase sorriu como se nada tivesse acontecido – Só quero lembrar que o máximo permitido por vez é de três pessoas.

— Podem ir vocês três… - Kairi desviou o olhar, como se quisesse esconder alguma coisa – Eu espero aqui.

— Não mesmo, eu quero ir com você! – Ikuto teimou, segurando-o pelos ombros como se para impedi-lo de fugir – Não me diga que o pequeno Samurai está com medo… - provocou. Algo acendeu-se dentro de Kairi, com aquelas palavras, e os olhos dele pegaram fogo.

— Eu não tenho medo de uma simplória casa do terror, é claro que não! Isso seria desonroso! – ele replicou, com o orgulho ferido – Isso é um desafio?

— Sim, sim, um desafio… - Ikuto sorriu de canto.

— Então considere aceito – Kairi determinou, encarando-o com furor.

— Ei, eu não quero ir sozinha nisso! – Utau reclamou.

— Nem a Yaya!

Antes que pudessem resolver o impasse sobre quem ia com quem, enquanto Tadase ia passando as outras pessoas da fila na frente para não causar congestionamentos, Giovanni o cutucou, apontando para mostrar que estava vendo alguém se aproximando.

— Ah, vocês estão aqui… - surgindo de repente, Nagihiko e Stéffanie se aproximavam. Ele usava o uniforme escolar, sem a gravata e o paletó, mas a espanhola vinha mais atrás, completamente indignada e constrangida por ter que desfilar por aí vestida de maid – É o nosso intervalo, então viemos ver a tão falada casa aterrorizante que estão comentando…

— Apuesto a que no es tan terrible, así! (Aposto que nem é tão terrível assim)– Stéffanie, que já estava nervosa por antecipação, tentava mostrar-se firme, embora estar escondida atrás de Nagihiko não fosse a melhor forma de fazer isso.

— Isso! A Onee-chan devia ir na frente com o Nagi, aí a gente pode ver se é seguro! – Yaya sugeriu, como se fosse uma ideia irrecusável, e já foi empurrando os dois para a entrada escura sem nem obter consentimento.

— Se vocês chegarem até o final, podem ir visitar a Lewis-san onde ela está escondida – Tadase sugeriu, achando que isso ajudaria a garota a se motivar lá dentro.

Hunf, están demasiado asustados (Vocês estão muito assustados) – Stéffanie inflou o peito, sorrindo com escárnio, embora ela mesma estivesse escondendo-se segundos antes. – Niños medrosos! (Crianças medrosas)– ela tomou os ingressos que Giovanni cautelosamente estendia, e foi andando na frente, adentrando a sala escura como breu.

— Espera, eu vou também- Nagihiko a acompanhou, deixando os outros sem reação.

Assim que adentraram a sala, e a porta se fechou, um morcego veio voando por suas cabeças, e Stéffanie soltou um grito, perdendo a pose. Nagi sorriu. Aquilo seria divertido.

Apesar de ter se assustado, Stéffanie mantinha-se andando em frente. Em um canto do labirinto escuro, uma das garotas da classe surgiu, girando um guarda chuva ensanguentado, e com os olhos vazios. Ela deixava um rastro de sangue enquanto passava. Nagihiko logo percebeu que o efeito era resultado de uma ilustração de Anna, que desenhara por cima de uma colega de classe usando o Chara Change, mas Stéffanie não havia parado para pensar nisso, e gritou alto, agarrando-se ao braço de Nagihiko e escondendo o rosto.

— Se quiser, pode ficar me segurando… - Nagihiko sugeriu, com um tom de voz tranquilo até demais – Eu sei que você pode estar com um pouquinho de medo…

Yo no tengo miedo! No puedo ver en lo escuro, eso es todo ... (Eu não tenho medo! Eu só não consigo enxergar no escuro, é só isso…)– ela deu a desculpa, soltando o braço de Nagihiko, mas segurando a ponta do casaco dele.

— Está certo, Maid-san, então eu mostro o caminho… - ele sorriu, segurando a mão dela com a sua própria. Ela ofegou, e fez menção de soltá-lo, mas um vulto que se aproximava a fez mudar de ideia no mesmo segundo.

Era uma garota com os cabelos na cara, e um vestido branco, que se arrastava pelo chão. Stéffanie se escondeu atrás de Nagihiko novamente, dessa vez com puro medo, e não com vergonha da roupa como antes. A Sawako passou se arrastando e fazendo barulhos, tremeluzindo por ter sido um desenho feito rapidamente, mas ninguém notaria esse detalhe. Eles continuaram, e agora Stéffanie nem teimava mais, segurando a mão de Nagi com toda a força. Apareciam monstros e espíritos, alguns olhos brilhando no meio da escuridão, e os efeitos sonoros de gritos, choros de bebês e outras coisas, e também o gelo seco que se espalhava pelos labirintos e dificultava a visão.

— Ah, ali… - Nagihiko apontou para um mínimo facho de luz que escapava por uma das cortinas, e eles avançaram por ali. Stéffanie não tinha vontade nem para falar nada agora.

Do outro lado, viram Anna sentada em uma mesa afastada, com a boina do chara change na cabeça, e trabalhando febrilmente. Os outros membros da classe se revezavam trabalhando nos efeitos de luz, som e outras coisas, então não tinham como notar a maneira que ela criava os monstros. Ali estavam também Tadase, observando o trabalho dela com especial atenção, e Utau, que havia vindo com ele. Ikuto, Yaya e Kairi haviam entrado pelo labirinto logo depois dos dois.

— Já chegaram aqui? Pensei que iam demorar mais, aproveitando o escuro… - Utau soltou uma risada sugestiva, fitando as mãos dadas de Nagi e Stéffanie. Com o comentário, eles se soltaram as mãos imediatamente.

— O que estão achando? – Tadase indagou, sorrindo.

— Está tudo ótimo – Nagihiko parabenizou – Os desenhos estão verdadeiramente assustadores, nem parece que foram feitos por alguém tão… ahn… pacífico… quando a Lewis-san!

Ah, really? (Sério?) – ela indagou, alegremente lá da sua mesa, sem levantar os olhos do trabalho que fazia, desenhando um Jason, especialmente caprichado como sugestão de Utau. – Thank you very much!(Muito Obrigada!) Eu vou me esforçar ainda mais.

— No es necesario! (Não é necessário!)– Stéffanie se apressou em dizer -  Q-quiero decir ... no es que yo me he asustado ... mucho ... (Quero dizer, não é que tenha me assustado… tanto assim… )– ela tentou se consertar - Pero estás indo tan bién deste modo… no precisa esforzarse ainda mais… (Mas você está indo tão bem assim, não precisa se esforçar ainda mais!)- virou o rosto, sem graça. Anna sorriu, encarando aquilo como um elogio, e voltou a desenhar, fazendo agora uma noiva cadáver.

— Só não se canse demais, Lewis-san. Você ficará cansada se usar o chara change esse tanto… - Tadase advertiu, preocupado.

I’m fine, Prince… (Eu estou bem! )- ela riu – It’s so funny, (É tão divertido,)eu não vou me cansar!

— Nós podemos trazer alguma coisa lá do café para você comer… - Nagihiko sugeriu, olhando para Stéffanie – Não podemos?

No voy a pasar por eso otra vez, ni siquiera! (Não vou passar por isso outra vez, não mesmo!)– Stéffanie rapidamente respondeu, alarmada.

— Eu trago a comida até aqui, pela outra entrada, podem deixar comigo – Tadase resolveu o impasse rapidamente. – Agora, tenho que cuidar da bilheteria enquanto o Agostinni-san vai procurar a Mashiro-san, você ficará bem aqui, Lewis-san?

Alright,(Tudo certo,) pode ir Prince Charming – ela sorriu erguendo os olhos pela primeira vez.

— Eu fico aqui com ela até você voltar, Dracula-chan – Utau piscou, adorando a ideia de ficar dando sugestões para Anna desenhar.

— Vocês podem me acompanhar, pela outra saída, então… - Tadase chamou Nagi e Stéffanie.

Ah, otra de esas estúpidas salidas secretas de la escuela ... (Ah, outra daquelas saídas secretas estúpidas dessa escola… )– Stéffanie, que odiava lugares escuros e apertados, revirou os olhos mais uma vez.

— Eu seguro sua mão… – Nagihiko sussurrou em seu ouvido, recebendo uma cotovelada no abdômen antes mesmo de concluir a frase.

— Festivais são divertidos, não é? – Tadase comentou despreocupadamente, dando uma última olhada para Anna antes de sair.

— Sim… - Nagihiko ofegou, tentando voltar a respirar. Stéffanie olhou para o outro lado, ofendida. – Muito divertidos…

— E está apenas no começo!


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Notas finais do capítulo

E então o Festival tem início!~

Beeem~ eu particularmente adorei escrever esse capítulo, foi divertido! Festivais sempre são divertidos~ vocês mal podem esperar pelo próximo hehe~
Vou indo~ please, deixem reviews!