Revenge II escrita por Shiroyuki, teffy-chan


Capítulo 49
Capítulo XLIX




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/405728/chapter/49

De volta à cidade, logo o recesso de final de ano teria um fim, e os estudantes retornariam à rotina de estudos, ao menos até abril. Em breve, completaria um ano que os guardiões estrangeiros estavam no Japão. Um ano cheio de reviravoltas, acontecimentos novos, instigante, agradáveis, outros nem tanto. A vida de todos ali havia mudado completamente, e de uma forma inesperada e total, principalmente para a Rainha espanhola.

Ah, quando é que ela imaginaria, mesmo nos seus devaneios férteis de escritora, que estaria naquela situação desesperadora que estava naquele momento. Ela precisava de ajuda, precisava muito. Mas nunca, jamais, daria o braço a torcer, e se rebaixaria a ter que pedir ajuda para alguém, ainda mais quando a única opção na casa era ninguém menos do que Yaya.

Sua situação não era nada fácil, e diferente das heroínas nos livros, ela não precisava matar um dragão, atravessar um rio de crocodilos ou uma floresta de aranhas gigantes para ultrapassar esse obstáculo. Bem, isso seria até fácil, em comparação. Ela só tinha que escolher uma maldita roupa. Para um maldito encontro. Um que ela nem queria ir, para começar! E… ah, só de pensar na palavra “encontro” ela já tinha calafrios.

Setsuna disse que ia ajudar, mas saiu voando por aí sem dar satisfações, e até agora não havia retornado. E a cada minuto que passava, enquanto encarava a montanha de roupas sobre a sua cama, com raiva crescente, mais ela estava disposta a não ir a lugar algum.

Aquele garoto idiota, egocêntrico, prepotente! Tinha conseguido enrolar ela direitinho! Ela e Nagihiko haviam feito uma aposta, sobre quem conseguiria terminar as tarefas do recesso de inverno primeiro. Quem perdesse, teria que fazer alguma coisa que a outra pessoa quisesse. Stéffanie não queria aceitar a príncipio, mas seu instinto competitivo falou mais alto, e ela acabou concordando, apenas para calar a boca daquele miserável. Passou a noite em claro para terminar tudo de uma vez. E antes que tivesse enfim conseguido, no dia seguinte… ele já tinha tudo pronto. Tinha terminado dias antes. E não importando o quanto ela discutisse, esperneasse, tentasse argumentar contra, ele estava resoluto da sua vitória. E o seu pedido foi para que ela saísse em um encontro com ele, naquele fim de semana mesmo.

Por fim, ela acabou concordando. Mais para honrar sua palavra do que qualquer outra coisa. E agora, se encontrava naquele dilema horrível, com vontade de por fogo em todas as suas roupas e voltar para a Espanha a nado. Não importava o quanto ela quisesse se controlar, se manter calma e impassível, só de pensar em se encontrar com Nagihiko em algum lugar, sem nenhum dos seus amigos por perto, para fazer qualquer coisa…. Aah, ela queria bater em alguém agora!

E apesar disso, nem mesmo a roupa conseguia decidir sozinha. Tudo o que ela queria era mandar Nagihiko se ferrar. Ele não merecia que ela se preocupasse tanto assim, ela podia apenas pegar qualquer roupa dali e estaria de bom tamanho. Mas… Nagihiko adorava moda. Ele prestava atenção nisso. E tudo o que ela não queria era ser ridicularizada por ele por causa do que havia escolhido vestir!

Ela estava quase desistindo de tudo e colocando o moleton mais próximo quando ouviu batidinhas bem discretas na janela. Setsuna estava do lado de fora, e carregava uma sacola que parecia simplesmente pesada demais para a sua estatura.

Stéffanie correu para ajuda-la, abrindo a janela.

Pero, ¿qué es esto, Setsuna?! ¿Dónde has estado?(Mas o que é isso, Setsuna?! Onde foi que você se meteu?)

Lo siento, yo sólo quería ayudar. Consíguela aquí para usted! (Desculpa, eu só queria ajudar! Consegui isso daqui para você!) – ela largou a sacola nas mãos da dona, suspirando aliviada por ter se livrado do peso. Stéffanie abriu a sacola e examinou seu conteúdo, enfim tirando-o para ver melhor.

Lá de dentro, ela tirou um vestido branco e cor-de-rosa, com babados delicados nas mangas e na saia. Havia também um par de meias combinando, e botas brancas de cano baixo, além de presilhas em formato de flores. Não era o tipo de roupa que Stéffanie se sentia muito confortável usando, mas também não ia muito longe do seu estilo. Na verdade, era perfeita para a ocasião.

S-setsuna… – ela murmurou, incrédula – ¿D-de dónde sacaste todo eso? (O-onde você arrumou isso tudo?)

No podía pensar muy bien en que te pueda ayudar en esta situación, así que terminamos yendo a la Utau, ya que es más o menos el mismo tamaño que usted. Yo no le dije dónde ibas! Sólo dijo que necesitaba ropa referencia a un personaje de su libro y no tenía ideas, por lo que ella y el Eru-chan eligió estas piezas, y dijo que podría traer a usted. (Eu não conseguia pensar muito bem em quem poderia ajudar você nessa situação, então, acabei indo até a Utau, por que ela é mais ou menos do mesmo tamanho que você. Eu não disse a ela onde você estava indo! Só falei que você precisava de referências de roupas para uma personagem do seu livro e não tinha ideias, então ela e a Eru-chan escolheram essas peças, e disseram que eu podia trazer para você.)

Muy inteligente, Setsuna ... pero lo creyó? (Muito esperta, Setsuna… mas, elas acreditaram nisso?) – ela indagou, temerosa de que seu disfarce não fosse convincente.

Bueno, ya que a menudo son demasiado orgullosos para pedir ayuda ... (Bem, como você é geralmente muito orgulhosa para pedir ajuda… ) – Setsuna iniciou, hesitante – Ellos creen que simplemente no quiere preocuparse por pedir referencias, y yo terminamos yendo a ayudarle. No es muy diferente de lo que pasó, ¿no? (Elas acreditaram que você apenas não queria incomodar pedindo referências, e eu acabei indo para te auxiliar. Não é muito diferente do que aconteceu, não é?) – ela riu, sem graça.

Stéffanie lançou um daqueles seus olhares reprovadores, mas logo sorriu, brevemente. Estava aliviada por Setsuna ter tido essa ideia para ajuda-la, afinal, se dependesse somente dela própria, acabaria nem mesmo saindo de casa. Jamais admitiria isso em voz alta, evidentemente, mas Setsuna já conhecia a sua dona tempo suficiente para saber que ela estava verdadeiramente grata por isso.



Depois de vestir a roupa escolhida por Utau (inicialmente ficou constrangida, e mais de uma vez tentou desistir, mas Sestuna não deixou, então ela simplesmente parou de olhar no espelho), Stéffanie amarrou os cabelos azulados com as presilhas de flores, em duas marias-chiquinhas altas, mantendo as suas mechas trançadas presas junto.

Acabou saindo de casa no mesmo instante em que terminou de se arrumar, afinal, se ficasse mais um segundo ali acabaria desistindo, sem falar que poderia topar com Yaya a qualquer instante dentro de casa, e isso com certeza seria um problema. O tempo estava agradável para aquela época do ano, ensolarado, nem tão frio para casacos pesados, mas nem tão quente para roupas muito curtas. Utau realmente havia acertado na escolha do traje, de alguma maneira.

Setsuna foi junto, mas durante o trajeto, resolveu que a acompanharia de longe, apenas para o caso de ela precisar de ajuda, para não atrapalhar. Stéffanie quase entrou em pânico quando se viu sozinha, e estava quase no ponto de encontro (o relógio em frente à estação), quando resolveu que nada daquilo valia a pena, e ela ia retornar para casa e jogar videogame até o dia seguinte para ocupar a sua mente.

— Aonde pensa que vai, senhorita?

Antes que ela pudesse dar meia volta, uma figura embarreirou seu caminho, logo ao lado. Vestia uma camisa branca e com as mangas dobradas, com um colete preto por cima, combinando com as calças escuras e o sapato perfeitamente alinhado. Acima dos esvoaçantes cabelos arroxeados, um chapéu simples, também preto. Stéffanie o analisou dos pés à cabeça, e nem conseguiu ficar surpresa. Era evidente que ele havia lançado certa atenção para a sua escolha de roupas, e ela não sabia se ficava satisfeita por ele também ter se preocupado, ou irritada pelo fato de ele ser tão bom em escolher e combinar roupas.

— Espero que a algún lugar interessante. Se me deixar entediada, eu nunca mais saio com usted. – replicou, cruzando os braços e fingindo que não estava prestes a ir embora alguns segundos atrás.

— Ah, eu prometo que vou me esforçar no roteiro. – ele sorriu, daquela forma irritantemente natural e que fazia o coração de Stéffanie dar um salto completo no peito. – Mas nem adianta me perguntar, é surpresa.

— Como se yo quisesse saber… – ela virou o rosto. Nagihiko riu mais uma vez, e começou a andar, com ela logo ao lado. Sem pensar muito no assunto, ele esticou o braço para segurar a sua mão. Stéffanie relutou de início, e já ia começar a reclamar, mas acabou pensando melhor, e decidiu fingir que nem havia percebido aquele ínfimo detalhe.

— Você está linda, sabia? – ele comentou com uma risadinha.

Cállate! – ela respondeu de imediato, mas logo se arrependeu. Lembrou que Setsuna havia passado os últimos dias dizendo para ela tentar ser mais gentil… ou pelo menos, não tão rude, mas isso era muito mais difícil do que parecia, ainda mais quando ela já havia desenvolvido o hábito. No entanto, Nagihiko pouco parecia ligar para a forma como ela o tratava. E para falar a verdade, ela já estava bem acostumada, não conseguiria mudar tão cedo a maneira de se portar.

— Você está com fome? – ele perguntou, provavelmente para puxar algum assunto.

— Na verdade, no mucho – ela respondeu.

— Nós ainda temos algum tempo até o horário do que eu planejei, então, você quer ir a algum lugar antes? – Nagihiko indagou. Ele havia ficado nervoso por semanas antes de finalmente chegar o dia do encontro, e mal havia dormido na noite anterior, mas agora que estava ali, toda a sua preocupação parecia infundada. A conversa fluiu naturalmente, mais do que ele esperava. – Uma nova livraria abriu na outra rua e eles têm livros importados, então eu pensei que…

Stéffanie virou a cabeça tão rápido que poderia ter deslocado, e seus olhos brilhavam mais do que Nagihiko havia visto em todos aqueles meses de convivência. Parecia que a primeira parada do seu roteiro havia sido estabelecida enfim. Próxima parada, livraria. Ou não.

Nem bem começaram a se mover na direção proposta, Stéffanie viu ao longe uma figura agitada e saltitante atravessando a rua. ninguém menos que a própria Yaya. Bem que ela estranhou a casa estar tão silenciosa, então Yaya estava mesmo na rua. Porém, isso era ruim para os seus planos. Ninguém – muito, muito, muito menos Yaya! – deveria ver ela e Nagihiko juntos… nessa situação.

Sem pensar muito, ela puxou Nagihiko para longe, e eles correram até a primeira loja que havia por perto, que por coincidência, era uma loja de conveniências.

Maldita sea, Yaya, logo hoje, logo hoje… – Stéffanie correu para perto da janela e se agachou entre o mostrador de revistas que ficava por ali, espiando Yaya, que despreocupadamente andava pela rua sem ter noção de que estava sendo espionadada. – Si ella nos vê juntos,va a hacer tanto escândalo que até mesmo em Marte vão escuchar.

— Eu não sei por que você quer tanto esconder tudo isso… eles vão entender…

No, você convive há sei lá quantos anos com a Yaya e ainda não sabe do que ela é capaz? Ela vai me atazanar tanto com isso que eu vou ter que acabar voltando para a España.

— Você está dizendo que vai acabar fugindo dela, é isso? – Nagihiko indagou, sem acreditar. Stéffanie bufou.

Por supuesto que no. Eu vou acabar é sendo deportada, por cometer um crime.

Nagihiko riu, mas eles não tiveram muito tempo para falar qualquer coisa, pois no mesmo instante, o sino da loja tocou, e o próprio foco da conversa entre o casal adentrou a loja, cantarolando enquanto andava animada até o balcão.

Nesse instante, Stéffanie já havia puxado Nagihiko pra trás da prateleira do lado, e espionava Yaya pelo espaço entre os produtos. Ela havia pegado alguns salgadinhos e doces do outro lado, mas não parecia propensa a vir para onde eles estavam. Quando ela foi para a fila do caixa, de costas para a porta, Stéffanie viu ali uma oportunidade. Agarrou a mão de Nagihiko, e tratou de sair dali o mais discretamente possível, ocultando o rosto com parte da franja (Nagi usava o próprio chapéu).

Eso fue horrible, ah, por que como Yaya, de todas las personas … (Isso foi horrível, ah, por que logo a Yaya, de todas as pessoas…).

— Bem, esse estresse é o que você ganha por tentar esconder isso de todo mundo – Nagihiko suspirou, já acostumado a sair por aí seguindo a personalidade difícil da sua, agora, namorada – Mas pelo menos eu ganhei alguma coisa com isso…

— Ganhou o que, puedo saber? Você gosta de me ver estressada, é isso? – Stéffanie cerrou os dentes, franzindo os olhos.

— Hm… isso também, mas estou falando disso aqui – ele ergueu a mão, e mostrou os seus dedos entrelaçados aos dela, perfeitamente. Ela ofegou, sobressaltada – Você mesma foi quem segurou a minha mão dessa vez, e até agora não soltou…

— Ah, e-eu n-não… e-esto, y-yo… não foi de propósito! – ela gritou, irritada consigo mesma por não ter percebido esse detalhe.

— Exatamente. Você fez sem pensar, e agiu naturalmente. É assim que tem que ser… e aí, você vai parar de se preocupar tanto com cada coisinha…

— Idiota… - ela resmungou em resposta, virando o rosto absurdamente corado para o lado oposto. Ouvir Nagihiko falando assim só a deixava ainda pior – Apenas me mostre logo a livraria.

Nagihiko assim fez. Logo que eles chegaram, Stéffanie largou Nagihiko ali na porta mesmo e correu para a sessão de livros estrangeiros, que milagrosamente tinha um pequeno acervo de livros em espanhol, além de outros em outras línguas. Era um verdadeiro achado. Eles eram mesmo mais caros do que os que ela costumava comprar, mas depois de tanto tempo tendo apenas os livros que Rosário trouxe para ela na última visita, ela estava começando a sofrer com a abstinência, e ler os kanjis dos livros da biblioteca estava além da sua paciência limitada.

Ela não tinha muitas opções assim para escolher, então foi rápido, mas Nagihiko fez questão de pagar, como presente pelo primeiro encontro. Stéffanie até ia começar uma discussão ali mesmo sobre isso, mas como ele foi rápido demais e pagou antes que ela pudesse se dar conta, acabou ficando assim mesmo, e ela comprou dois livros novos.

Porém, logo quando iam sair, uma figura familiar foi vista, olhando para a estante logo a frente. Era Anna, e ela examinava com cuidado as prateleiras reservadas à obras em inglês, do outro lado, sendo que alguns eram mangás. Ah, sim, ela parecia uma frequentadora da loja mesmo, e estava bem absorta nos títulos do que pareciam mangás BL, e nem havia prestado atenção nos dois. Stéffanie murmurou um “Mas será possível, todo mundo resolveu sair para esse mesmo lado da cidade?” mas Nagihiko foi mais ágil dessa vez, e saiu caminhando silenciosamente, puxando Stéffanie pela mão. Anna, distraída como sempre, nada percebeu.

— Ah! – Stéffanie soltou o ar – Vamos logo para onde quer que usted tenha planejado, antes que mais alguém apareça!

Dessa vez, Nagihiko teve que concordar.

Os dois pegaram o metrô, e foram para uma parte da cidade que Stéffanie não reconhecia, pois nunca havia ido até lá. Só depois de andar um pouco, foi que ela conseguiu reconhecer pelo letreiro gigante e colorido, qual era o seu ponto final naquela tarde.

— Parque de Diversiones...

— E então, gostou? – Nagihiko indagou, animado.

— Acho que podia ser pior… – Stéffanie respondeu, para despistar. Na verdade, fazia muito tempo que ela não ia a algum lugar assim, desde que era criança, e parecia muito divertido. Ela só não iria admitir assim tão facilmente que Nagihiko havia tido uma ótima ideia, claro.

Nagihiko comprou os ingressos, e os dois entraram pelo portão, onde várias outras pessoas também entravam. Felizmente, nenhum era conhecido dessa vez.

— Onde você quer ir primeiro? – ele foi perguntando, logo que entraram. Stéffanie olhou de um lado para o outro, e era impossível disfarçar o brilhinho nos seus olhos azuis, tal qual quando Nagihiko citou os livros anteriormente. Ele sabia lidar com ela com tanta facilidade que era até difícil de acreditar, afinal.

— Vamos na montaña-rusa. – ela foi logo comandando a situação, e liderou o caminho por todo o tempo. Depois da montanha-russa, eles foram à Casa dos Espelhos, e à Mansão Mal-Assombrada, onde Stéffanie fez o maior esforço do mundo para não gritar nenhuma vez, já que o trabalho de profissionais nem se comparava à casinha do terror feita no festival, mas o braço de Nagihiko ficou cheio de marcas das unhas dela, que se segurava nele cada vez que levava um susto. Após isso, então, eles acabaram indo em todas as atrações de ação, pois Stéffanie insistia em querer competir para mostrar que conseguia aguentar melhor do que Nagihiko, e eles foram em todos os brinquedos que subiam, desciam, corriam ou jogavam o passageiro de um lado para o outro, sem excessão. Depois de algum tempo, estavam exaustos.

Sendo assim, eles resolveram ir comer alguma coisa, e dessa vez, Stéffanie fez questão de dividir a conta. Nagihiko comprou então para ela um chapéu engraçado, do parque, que parecia uma cartola torta e colorida, cheia de estrelas. Enquanto caminhavam, e conversavam sobre qualquer assunto, Nagihiko olhava para Stéffanie, e a via sorrir. Ela era contida em demonstrar, e raras vezes ria alto, mas as vezes, deixava escapar alguma coisa. E ele se sentia realizado ao poder ver isso. Era tudo o que ele queria, desde o início. Vê-la feliz.

Então, depois de devidamente alimentados, os dois continuaram pelo tour pelos brinquedos do parque, dessa vez, nos mais calmos. Stéffanie se recusou a ir no carrossel. Disse que seria infantil demais, e que ela não ia aguentar isso, mas Nagihiko insistiu tanto que ela acabou cedendo, de muita má vontade. Ele tirou uma foto, e decididamente, era a foto da pessoa mais mal-humorada em um carrossel, de toda a história da humanidade. Nagihiko colocou no protetor de tela do seu celular.

E então, de repente, era fim de tarde. O tempo havia passado tão rápido, que Stéffanie mal sentira. Era duro admitir, mas havia sido muito divertido, e ela não queria que acabasse. O céu se coloria rapidamente em tons cada vez mais escuros de vermelho, laranja, lilás e rosa. A noite não demoraria a aparecer, e as primeiras estrelas já despontavam. Era hora de ir para casa.

— Vamos na roda-gigante! - Nagihiko anunciou, assim que percebeu isso. Como Stéffanie estava um tanto mergulhada em pensamentos nos últimos minutos, acabou aceitando sem perceber.

Os dois rumaram até lá, e depois de esperar alguns segundos na fila, chegou a vez deles. Nagihiko sentou de um lado, e Stéffanie hesitou, e acabou sentando do outro. Lentamente, começaram a se movimentar, e depois de mais um tempinho, enfim, a roda começou a girar. Os olhos de Stéffanie se encheram com a visão que pouco a pouco ganhava sua atenção. Ela podia ver o parque todo dali, e quando estivessem mais alto, provavelmente veria muito mais. O céu estava tão lindo, e tudo parecia, simplesmente… em seu lugar, perfeito. Era de tirar o fôlego.

— Blanca-san… você… você gostou? Digo, do passeio de hoje, e tudo mais? – Pela primeira vez no dia inteiro, Nagihiko deixou transparecer o seu verdadeiro nervosismo. Stéffanie havia sido pega de surpresa. Ele coçou o rosto, constrangido.

— Se yo no estivesse gostando, não teria ficado tantas horas aqui com você, no és? – ela replicou, esperando que fosse o suficiente para ele. Nagihiko riu, nervoso.

— É, realmente… alguém como você, teria simplesmente ido embora se ficasse entediada. Mas… eu apenas, queria que fosse tudo perfeito para você. Queria criar boas lembranças, e queria que você ficasse feliz por estar comigo.

Usted fala como se amanhã ou depois eu fosse ir embora! Eu não vou voltar para a España tão logo, sabe? Não precisa se afobar! O que eu quero dizer é q-que… n-nós temos… t-t-tempo, te das cuenta?

Nagihiko ergueu os olhos enfim, e sorriu. Levantou-se, fazendo a cabine vacilar ligeiramente, e então sentou-se novamente ao lado de Stéffanie. Ela titubeou, e entre a vontade de brigar com ele e a dúvida sobre o que ele faria agora, ela escolheu ficar em silêncio. Uma decisão muito rara da sua parte.

— Eu só quero fazer o melhor uso possível desse tempo. – ele disse diretamente, e segurou a mão de Stéffanie. Ela ameaçou retirar, mas ele já estava ficando especialista em segurar a mão da espanhola de qualquer maneira. – Eu gosto muito de você, Blanca-san, e você sabe disso…

Y-yo sei disso, então não precisa repetir, não é? Pare com isso! – Ela ofegou. – Se usted quer mesmo saber, eu gostei de ter vindo aqui com você hoje, e eu me diverti muito. No me arrependo… de nenhuma escolha que eu fiz! Então pare de ser um bebê chorão, cierto? Não ouse se desculpar por nada hoy!

A cabine avançou mais um pouco, e a cor do sol poente iluminou o rosto de Nagihiko diretamente. Aqueles tons alaranjados, refletindo nos olhos dourados do garoto, fizeram o coração da garota fraquejar. Ela ficou sem reação por alguns segundos, bem breves, e Nagihiko soube como aproveitar sua guarda baixa.

Ele se inclinou, e em menos de um segundo, selou seus lábios com os dela. Relutante primeiramente, Stéffanie relaxou em bem menos tempo do que das outras vezes. Deixou que Nagihiko aprofundasse o beijo, e até mesmo enlaçou o pescoço dele. Seus lábios se moviam um sobre o outro, até mesmo com certa familiaridade, não como se soubessem exatamente o que fazer, mas querendo descobrir ainda mais um sobre o outro. Porém, segundos depois, afastou-se com um empurrão, o rosto vermelho denunciando sua perturbação.

Idiota, tonto, lechón (Idiota, imbecil, aproveitador!) Eu já disse para não fazer isso sem avisar‼ – ela indignou-se com tamanha audácia, fechando os olhos com força. Só por que ela havia sido fraca por um segundo… só um segundo…

— Ah, gomen. Você quer que eu avise antes, então? – ele parecia muito exageradamente culpado, então, Stéffanie percebeu, ele estava brincando com ela. Presunçoso filho da mãe. – Ok, eu vou avisar da próxima vez. Blanca-san, eu vou te beijar…

— Aaaaah, no, no, no! – ela tapou a boca dele com ambas as mãos, em desespero total e completo – Não avise, não diga essas coisas, não fale nesse tom comigo, estúpido!

— Então o que você quer que eu faça? – Nagihiko tinha que admitir, era um tantinho divertido provocar Stéffanie assim. E depois de tanto tempo, ele já tinha seus próprios truques para aperfeiçoamento das técnicas, também.

No hará nada! A-apenas… ah, eu não sei, faça o que quiser, imbecil! – ela estava perdendo a cabeça, completamente fora do seu controle habitual.

— E como eu vou saber se você aprova ou não minhas ações, hein? Não quero apanhar cada vez que for tentar alguma coisa. – ele fez um falso tom de decepção, que parecia muito convincente. Stéffanie enfim ergueu os olhos.

— E-eu vou te bater apenas se usted exagerar, então, se eu não te bater, está tudo b-b-b-bem… mais ou menos. Ah, não é como se eu fosse deixar, también, entendeu? – ela disse tudo de uma vez só, enrolando as palavras em japonês e espanhol, da maneira que Nagihiko achava mais fofa. Ele riu, e abraçou Stéffanie mais uma vez.

— Assim está bem?

Ela não respondeu, apenas baixou os olhos e corou com mais vontade. Aparentemente, abraçar estava bem, já que ela não havia espancado ele ainda. Nagihiko se sentiu com sorte, e se inclinou para puxá-la mais uma vez em outro beijo. Dessa vez, ela pouco resistiu.

E do lado de fora, a noite rapidamente vinha. Como que para lembrar que as mudanças estão sempre acontecendo no mundo, sem parar, a todo instante. E que mesmo mundos distantes e tão diferentes, como o do Sol e o da Lua, podiam se juntar nesses pequenos momentos mágicos, que acontecem o tempo todo, com naturalidade.

Afinal… assim como o sol e a lua ocasionalmente se encontram, mesmo vivendo em lugares distantes e talvez, no futuro, isso fosse ser um problema, nenhum dos dois precisava pensar nisso agora. Eles eram um casal incomum, isso era verdade. Stéffanie não conseguia ser honesta com os seus sentimentos, e Nagihiko apesar de parecer sempre tão tranquilo, também tinha suas inquietações e suas dúvidas. Mas eles se ajeitaram, de alguma maneira. E por enquanto, estavam perfeitamente bem da forma como estava, para os dois.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí, pessoas~ Shiroyuki aqui! O que acharam do primeiro encontro dos mais novos pombinhos entre os guardiões?! É claro que não foi exatamente o primeiro encontro mais romântico da vida, mas também, com a Stéffanie, isso foi o máximo de romance espontâneo que vai sair dela tão cedo! Ainda bem que o Nagi sabe lidar com isso~

É isso, próximo capítulo com a senpai~ aguardem ansiosos! o/



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Revenge II" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.