Revenge II escrita por Shiroyuki, teffy-chan


Capítulo 47
Capítulo XLVII




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Era madrugada, e a tempestade de neve havia acalmado, deixando as estrelas mostrarem seu intenso brilho, que longe da luz ofuscante da cidade, parecia quase mágico. Era a última aparição das estrelas naquele ano, e os guardiões da escola Seiyo estavam todos reunidos na varanda do hotel onde estavam hospedados, para esperar e assistir ao primeiro nascer do Sol daquele ano, que seria dentro de algumas horas.

Era uma sorte que a pousada ficasse em uma encosta, e eles tivessem uma paisagem estonteante abaixo de si para aproveitar esse espetáculo. O hotel providenciou comida e bebidas quentes para que eles aproveitassem enquanto esperavam, e todos haviam festejado até altas horas juntos, mas agora que a madrugada ia passando, e a manhã vinha chegando, o clima era um pouco mais ameno.

Yaya era de fato a mais agitada ali, e só continuava conversando com um e outro, as vezes fazendo comentários mais audaciosos na tentativa de agitar os outros, mas estavam todos com sono, e não ligavam mais para as suas provocações.

Em grupos menores, eles conversavam baixinho. Miguel e Shunsuke haviam se retirado para longe sozinhos fazia um tempo, e só retornaram há poucos minutos. Claro que Yaya não deixou passar a oportunidade de ressaltar esse fato aos brados, embora Kairi persistisse na inútil tentativa de persuadí-la a ficar quieta, afinal, havia outros hóspedes no hotel que queriam dormir.

Quando Amu o convenceu de que não havia maneira de fazer Yaya se controlar e era melhor ele relaxar, eles sentaram em um canto da varanda juntos, conversando sobre como Ikuto devia estar indo na sua missão longe dali. Do lado oposto, Stéffanie e Nagihiko estavam também conversando, e ela, ao contrário do que fazia sempre, não tentava escapar ou mantê-lo afastado. Talvez fosse pelo fato de que Kukai também estava ali perto e conversava com eles, ou qualquer outro motivo que os outros não entendiam, mas eles dois pareciam até civilizados conversando juntos, e isso não era algo comum. Yaya só deixou de comentar esse detalhe por que não queria apanhar de Stéffanie pela primeira vez no ano tão cedo.

Perto da porta, escorados na parede, Anna encolhida e abraçada nas próprias pernas, piscava sonolenta. Estava usando um casaco emprestado por Tadase por cima do seu pijama comprido com estampa de pandas, já que não conseguia de jeito nenhum dormir de yukata. Ela nem queria ir ver o nascer do sol com os outros, mas Yaya havia a arrastado para fora do futon à força, de pijamas e tudo, obrigando-a a ficar ali. Tadase havia ocupado o lugar ao lado dela poucos minutos atrás, e a fitava com o canto dos olhos, preocupado que ela fosse acabar caindo quando adormecesse.

Logo, ela realmente caiu com a cabeça para o lado, mas foi em seu ombro. Ele se ajeitou melhor para deixa-la dormir ali, ajeitando os óculos dela que quase caiam, esperando sinceramente que Yaya não notasse esse fato e viesse acordá-la naquele momento. O grito de Yaya veio, realmente e por pouco não despertou Anna, mas ela apontava em outra direção:

— Vejam‼ O sol está nascendo‼

Es lo primeiro nascer do sol do ano! Muy bello ( Muito lindo.) – Stéffanie exclamou, com um dos seus mais raros sorrisos discretamente aparecendo. Nagihiko sorriu também ao olhar para ela, e ela fechou sua expressão no mesmo segundo. Hunf! Como se fosse deixar ele tirar sarro dela logo agora. Feliz Año Nuevo… (F-feliz… feliz ano novo…) – ela murmurou para que apenas ele ouvisse, enquanto cruzava os braços e olhava para o lado oposto.

— Com certeza vai ser um ano cheio de coisas novas… - ele sorriu ainda mais, fazendo Stéffanie perder um pouco da sua tão cuidadosa compostura. Ela queria mandar ele parar de falar coisas que as pessoas pudessem interpretar mal, mas simplesmente não conseguia encontrar a sua voz. Nem acreditava ainda no que havia acontecido mais cedo naquela noite, e pensava que podia muito bem estar sofrendo de alguma febre que a fazia agir de maneira tão estranha. Infelizmente, para ambos, o pequeno momento não durou muito mais, pois Yaya vinha muito animada para o lado deles perguntando oque é que eles tanto cochichavam um para o outro.

— Feliz ano novo, Miguel-kun… - Shunsuke sorriu, e o sol que nascia pouco a pouco no horizonte iluminou o seu rosto. Miguel se sentiu a pessoa mais sortuda do mundo inteiro, naquele instante, de poder estar do lado daquela pessoa no início de um novo ano. Shunsuke havia mostrado para ele que ele não precisava esconder quem ele era e quem ele amava de ninguém, e dividiu suas mais preciosas lembranças com ele. Miguel não conseguia encontrar palavras, fosse na língua que fosse, para expressar o tamanho dos sentimentos que carregava consigo no peito.

— Feliz… ano novo… Shunsuke… - ele tentou sorrir, e então, em um ato muito raro vindo da parte dele, abraçou Shunsuke pelo pescoço e o beijou. Foi muito mais rápido do que os beijos que Shun costumava dar nele, principalmente porque Miguel não queria de maneira nenhuma chamar atenção dos outros (ou melhor, de Yaya, que naquele momento estava fazendo escândalo ao redor de Stéffanie e Nagihiko, e se esquecera completamente do perigo).

Ali ao lado, Tadase tentava acordar Anna, ainda que um tanto hesitante em fazer isso, pois preferia deixá-la descansar. Mas como ele sabia que ela ficaria triste se soubesse que perdera o primeiro nascer do sol no Japão, ainda mais quando ela gostava tanto dessas tradições e queria experimentar todas elas, ele resolveu despertá-la.

— Lewis-san… Lewis-san… você não quer ver o sol nascer? Está acontecendo… - ele a cutucou na bochecha, delicadamente, e ela piscou três vezes bem rápido, erguendo a cabeça e ajeitando os óculos no rosto ao mesmo tempo.

Ao abrir os olhos de vez, deu de cara com o rosto de Tadase bem perto do seu. Primeiro, pensou que fosse um dos seus sonhos malucos sem pé nem cabeça que vinham ficando cada vez mais frequentes. Ao olhar ao redor e lembrar-se de onde estavam, ela se afastou rapidamente, corando com intensidade e desviando o olhar. Os dois levantaram do canto no chão e se juntaram ao resto do grupo para ver o céu, que lentamente substituía o negro manto estrelado por cortinas coloridas de laranja, rosa e lilás.

Wow, it’s really beautiful… (Uau, é mesmo lindo…) Eu nunca vi nada tão lindo! This colors… (Essas cores…)

— É mesmo muito bonito.. – Tadase concordou com um sorriso.

Aaaaah, Akemashite Omedetou, minna‼ - Yaya deu a voz de comando, oficializando a comemoração do momento. Todos entoaram um coro incentivando-a, e então, agora de maneira efetiva, deram início ao novo e surpreendente ano que tanto esperaram.



~





Amu terminava de ajudar Rima a arrumar o cabelo, amarrando em um rabo de cavalo alto e prendendo com um arranjo de flores. As duas usavam quimonos pesados de inverno, e se preparavam para encontrar os outros no hall de entrada do hotel, de onde eles partiriam para fazer a primeira visita ao templo. Eram as últimas a ficarem prontas, afinal, mesmo Anna que sempre se enrolava com as vestimentas orientais havia conseguido dessa vez, e, inesperadamente, junto com o grupo estava também Kaori.

Ela não parecia muito feliz em estar ali, mas vestia também um belo quimono vermelho, e tinha os cabelos loiros presos só de um lado com um arranjo de flores. Do outro lado, Shunsuke parecia achar a cena inusitadamente engraçada, e se segurava para não rir.

— Ah, Kaori vai conosco ao templo também? Ela resolveu dar uma trégua pelo ano novo, então? – Amu indagou, surpresa ao ver a declarada inimiga dos guardiões de pé novamente, ainda mais vestida daquele jeito.

— Como se eu tivesse escolha. – Kaori respondeu de mal jeito – Aquela tampinha ruiva ali, me tratou como boneca, colocou roupas em mim e arrumou meu cabelo, disse que eu tinha que ir junto de qualquer maneira. Vocês são todos uns anormais! Diz pra mim, quem é que convida o inimigo para ir comemorar o ano novo juntos, hein? Isso é bizarro!

— Não sei, mas acho que a pessoa que é salva pelos seus inimigos, seja lá o que isso signifique, de uma maneira tão humilhante também não é nada louvável, tão é?? – Shunsuke não se conteve, e comentou, com um sorriso de quem estava adorando ver a sempre tão desagradável Kaori em uma situação daquelas, embora fingisse que não estava entendendo muita coisa do que estava acontecendo.

— Ah, quer que eu diga o que é bizarro? – Kaori virou-se para ele, furiosa. Parecia prestes a dizer um monte de coisas agora, e nenhuma parecia boa. – Posso te dar uma lista, começando por esse seu namoro aqui…

— Já chega, Kaori-san! – Tadase bradou, sobressaltando Anna que estava ao seu lado e distraidamente observava as nuvens do lado de fora, que formavam desenhos – Nós te ajudamos, e se você não quer realmente ir até o templo, não precisa ir, fique aqui no hotel e não se meta em confusão. Nós salvamos você de uma tempestade horrível, e se você não é grata por não ter morrido de hipotermia lá fora, então por favor, ao menos seja minimamente educada e não faça comentários desagradáveis sobre os nossos amigos, está bem?

O pequeno discurso de Tadase fez todos se calarem, e Kaori se conformou, embora fizesse questão de demonstrar que não gostava nada daquela situação.

Sendo assim, o grupo se apressou em ir em direção ao templo mais próximo. Claro que estava cheio, como era de se esperar, e os guardiões acabaram tendo que se separar em grupos menores para se aproximar da multidão. Combinaram de se encontrar perto da barraquinha de sortes, que ficava do outro lado.

Yaya seguiu por um lado arrastando Kukai. Saltitante, ela ia na frente cantarolando sobre como queria tirar a sua sorte naquele momento. Kairi, Rima, Giovanni e Amu conseguiram se infiltrar na multidão de algum modo, e seguiram também em frente. Anna e Tadase foram tentando ultrapassar a massa de pessoas ali naquele instante, seguidos de perto por Nagihiko e Stéffanie, e logo ao lado, Kaori acompanhou Shunsuke e Miguel.

Logo que foram tentando começar a caminhar, Stéffanie perdeu por um breve momento Anna e Tadase de vista, e então, sentiu algo roçar em sua mão. Nagihiko a segurou, com firmeza, não dando a ela nem mesmo a chance de pensar em se desvencilhar.

No haga eso! (não faça isso!) – Ela tentou se soltar, sem sucesso. Nagihiko podia ser muito incisivo quando tinha determinação. Stéffanie visualizou Anna de um lado, e voltou a segui-los. – Anna e Tadase vão acabar vendo!

— Olha só para eles! São as duas pessoas mais distraídas que eu conheço, e estão completamente imersos em uma conversa ali. Vamos aproveitar que a Yaya está lá do outro lado do templo…

— A-a-aproveitar?? Do que você está hablando, seu estúpido, indecente!

— Shh, estamos em público! – Nagihiko se aproximou – Só estou dizendo para ficar segurando a sua mão, assim! – ele mostrou as mãos entrelaçadas. - No que você pensou? - Stéffanie teve uma síncope, e seu rosto se coloriu até a raiz dos cabelos de vermelho. Ela emitiu um som irreconhecível como resposta, que podia ser absolutamente qualquer coisa, e virou o rosto, incapaz de reagir de qualquer maneira além dessa.

Depois disso, Nagihiko se encaminhou com Stéffanie para o lado onde vendiam amuletos, e comprou um para ela. Era um amuleto para demonstrar mais os sentimentos, mas como ela não conseguia ler os kanjis, Nagihiko se safou do que poderia ser um ataque violento. Eles encontraram novamente Tadase e Anna no caminho para tirar as sortes, e só então, soltaram as mãos, ou melhor, Stéffanie soltou pois se dependesse de Nagihiko continuariam da mesma maneira.

Lá, o grupo de Yaya já os esperava. Miguel e Shunsuke vinham pelo outro lado, juntos, e Kaori vinha um pouco mais atrás, parecendo a filha teimosa que está fazendo birra por que não queria sair com os pais. Eles decidiram que iriam comer em algum restaurante que havia ali por perto, e então, começaram a tirar as suas sortes. Yaya, é claro, foi a primeira, e saiu exibindo a sua “grande sorte” para quem quisesse ver. A previsão dela de que seria um ano muito mais animado e cheio de surpresas não agradou a ninguém, muito menos Stéffanie, que não conseguia mensurar como é que Yaya poderia ser “mais” animada.

Amu, Rima e Kukai tiraram sortes medianas. Giovanni tirou boa sorte, e a citação contida no seu papel sobre “abrir as asas da liberdade” e “ser mais sincero em expressar seus pensamentos e desejos” parecia apenas muito acertado. Kairi tirou má sorte, e sentiu uma nuvem negra pesando ao seu redor ao ler que “será um ano de tribulações e responsabilidade por outras pessoas.” Ou seja, outro ano tendo que cuidar de Yaya, é claro. Ele e os outros foram amarrar suas sortes junto com as outras, enquanto Shunsuke ajudava Miguel com a dele. Dizia “sorte formidável” e anunciava muita alegria na vida romântica, mas também reviravoltas e anunciamentos inesperados. Miguel riu disso tudo, por que não acreditava muito nesse tipo de coisa, mas Shunsuke pareceu preocupado (ainda mais quando Kaori começou a rir daquilo), e disse que iria amarrar sua sorte junto com as dos outros, para garantir. A dele próprio era sorte mediana, e era bem enfática ao dizer que “ser verdadeiro consigo é a chave para a felicidade. Guardar segredos pode ser prejudicial a longo prazo”.

Stéffanie não queria deixar ninguém ler a sua sorte, mas como ela não entendia direito os kanjis, acabou deixando Amu ajudá-la. Era uma grande sorte, e falava especificadamente sobre a prosperidade no romance e tudo mais, então ela fez Amu parar de ler no mesmo instante, dizendo que pesquisaria tudo no dicionário sozinha depois. Nagihiko mostrou a sua, que era uma sorte baixa, porque dizia que ele teria pouco sucesso vencendo debates e discussões dali para frente.

A sorte de Anna foi lida por Tadase, e era uma boa sorte, que incentivava que ela corresse atrás do que desejava, e não tivesse mais medo. Já a de Tadase era uma grande sorte, e falava que ele teria sucesso no que tentasse fazer, mas teria que ser cauteloso nos assuntos de trabalho, o que o fez ficar preocupado com as próximas missões dos guardiões.

Depois que todos já haviam amarrado seus papéis e comprado lembrancinhas, Kaori furou a fila e foi pegar uma também. Um enorme sorriso, o primeiro do dia, se formou no seu rosto.

— Escutem só essa pirralhos‼ Grande Sorte! “Você terá sucesso e vitórias esperando por você, basta se esforçar para isso!” Háa! Eu vou derrotar vocês! Está previsto aqui! – ela balançou o papel no ar, dando ênfase.

— Isso é o que veremos, chica! – Stéffanie não era de levar provocações na esportiva, e não ignoraria aquilo – Usted foi a única que quase morreu lá fora porque mal consegue montar uma barraca!

— Está lançado o desafio! Eu vou fazer todos vocês lamentarem o dia em que riram de mim! – Ela apontou para cada um, enérgica. Ao redor, algumas pessoas olhavam, curiosas – Vocês mal perdem por esperar!

Naquele momento, nenhum dos guardiões conseguia levar a sério Kaori. Ela não parecia nada ameaçadora depois de eles terem visto seu lado mais frágil, afinal, e ela já perdera seu trunfo que era o fator surpresa. Eles estavam aproveitando as breve férias de inverno, e não queriam se preocupar tão cedo com as tramas de Kaori, então, apenas a ignoraram e continuaram aproveitando da mesma forma que fariam se ela não estivesse ali.

O que nenhum deles notava, porém, enquanto caminhavam em um grande grupo, falando e rindo juntos, era o semblante carregado de Shunsuke, imerso em pensamentos. Seu tempo começava a se esgotar, e ele teria que tomar uma decisão em breve.

— Oi, Shunsuke! – ele sentiu uma mão suave tocar na sua, e sobressaltou, erguendo os olhos. Miguel sorria brilhantemente, os olhos castanhos refletindo a luz do sol. O coração de Shunsuke balançou – Você não vem?

— Eu vou, é claro…

Bem, talvez a sua decisão pudesse esperar mais um pouquinho, afinal…


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Notas finais do capítulo

Olá pessoas, aqui é a Shiroyuki! Espero que tenham gostado desse capítulo, que está praticamente coincidindo com o final do ano mesmo, olha só kkkkkkkkk Kaori foi salva pelos seus inimigos, e ainda está sendo tratada como mascote, nível hard de humilhação pra uma vilã XD mesmo uma vilã meia boca como ela...
Enfim, agora outro ano vai se iniciar para os nossos guardiões, e nem eles, nem vocês, imaginam as tretas tretosas que esperam o// até lá, o próximo é com a Senpai! Byee



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