Revenge II escrita por Shiroyuki, teffy-chan


Capítulo 45
Capítulo XLV




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O céu estava carregado de nuvens pesadas e cinzentas, o vento gelado que assoviava arrastava consigo tudo o que via pela frente, inclusive as duas pessoas que se encolhiam na direção contrária a ele, munidas somente de um pequeno guarda-chuva vermelho que muito mal os protegia da neve que não parava de cair.

Repentinamente e sem aviso prévio, o que antes eram apenas flocos de neve caindo suavemente do céu se tronou uma verdadeira tempestade. Encolhidos atrás do guarda-chuva que o próprio Nagihiko trouxera consigo, depois de muito insistir, diga-se de passagem, eles enfrentavam a fúria da natureza da maneira que podiam.

— Eu disse para você que o tempo ia piorar… - ele disse, pela terceira vez em um espaço de dez minutos. Stéffanie soltou uma interjeição em espanhol que podia ser muito bem um xingamento nada bonito.

Hablar “yo avisei” luego ahora no vai nos ayudar a passar por essa tempestade – ela reclamou, cruzando os braços ainda mais próximos do corpo para tentar se aquecer. O capuz do casaco escapou da sua cabeça mais uma vez, e ela o colocou de volta.

— Quando eu disse que nós devíamos voltar, você não me deu ouvidos. Isso é o que nós ganhamos pela sua teimosia! Se fosse por você, nem mesmo esse guarda-chuva nós teríamos! – ele continuou a falar, como se ficar reclamando daquela forma o deixasse mais aquecido.

— O que? Estás diciendo que es mi culpa o tempo estar assim? – ela replicou, com ares de ofendida.

— Você disse que “no es necesario un paraguas, Nagihiko! Esto no es una exageración!”. (Não é necessário um guarda-chuva, Nagihiko”! Isso é um exagero!) – ele arremedou a voz de Stéffanie com impressionante facilidade, falseando um tom de descaso completo. Stéffanie inflou-se de irritação.

No imite mi acento (Não imite o meu sotaque)! Eso es grosero! (Isso é falta de educação!)– Ela bradou, empurrando Nagihiko pelo ombro com uma das mãos.

Uma lufada de vento quase levou o guarda-chuva para longe. Nagihiko foi rápido o bastante para se encolher perto de Stéffanie, impedindo que o vento chegasse até ela. Quando enfim passou, e ele voltou a abrir os olhos, ela estava perto… perto demais. Seus olhos tinha pequeninhos flocos brancos acima dos cílios, com o rosto corado pelo frio, e os cabelos bagunçados escapando pelos cantos do capuz. Ele levou meio segundo para perceber a perigosa distância (ou no caso, falta dela), mas Steffánie afastou-se antes dele.

Milagrosamente, ela não gritou, ou o empurrou. Apenas recuou um passo, afundando as mãos nos bolsos do casaco, desviando o olhar com o rosto ainda mais vermelho do que antes. Parecia perturbada, e Nagihiko não sabia o que pensar desse comportamento estranho. Era verdade que ela vinha agindo estranho já há algum tempo, e ele que sempre fora tão bom em interpretar e decifrar as pessoas, via-se sem nenhuma resposta para essa mudança tão brusca. Logo a pessoa que mais o intrigava, era aquela da qual ele não conseguia tirar nada.

Pero… pero, dónde diablos es esto mercado? Yo no veo nada! (Onde diabos é esse mercado? Não vejo nada) – ainda agindo estranho, Stéffanie indagou com a voz algumas oitavas mais alto do que o necessário, olhando ao redor, embora não fosse possível enxergar nada além da cortina de neve e neblina que se estendia por quilômetros. Nagihiko também olhou ao redor.

Além deles, e da calçada que continuava por ambos os lados da estrada, não se podia distinguir absolutamente nada. Algumas construções mais ao longe pareciam casas, e mais do que isso, apenas uma massa escura que eram as montanhas longínquas.

— O-onde nós estamos?

Usted no estava olhando para o caminho?? – Stéffanie exclamou, indignada.

— Não, eu estava segurando o guarda-chuva! Achei que você estivesse prestando atenção‼

— Pois eu só estaba seguiendo usted! Pensé que soubesse donde estava andando‼

— Eu nunca vim para essa cidade, como é que eu ia saber?!

Yo no sé! Es su país, no el mío! (Não sei! É o seu país, não o meu‼) – ela gritou, ainda mais alto. E então parou de repente, olhando pela primeira vez direto para ele, que ainda a encarava daquela maneira indecifrável. Irritado? Conformado? Se divertindo com a situação? Droga, ela nunca conseguia saber! Mas o fato de que toda e qualquer conversa que eles tentassem manter, por mais banal que fosse, acabava sempre em uma explosiva discussão. Para ela, era prova suficiente de que… fosse o que fosse que Yaya e as outras garotas insistiam em imaginar, nunca, jamais, em hipótese alguma, poderia dar certo.

— Acho que deveríamos voltar. Sério, Blanca-san, não tem nem sinal de loja de conveniência há quilômetros, acho que nem pessoas vivas existem por aqui mais. Estamos longe, e se continuar assim, não vamos chegar até anoitecer. – Nagihiko rapidamente assumiu a sua postura séria e responsável, aquela que mais causava reações adversas na espanhola. Ela engoliu em seco, marchando de volta para perto dele (somente por que estava com muito frio, e ele segurava o guarda-chuva, é claro!).

Hemos llegado hasta aquí! (Nós já chegamos até aqui!) Eu aposto como o mercado deve estar logo ali, depois do nevoeiro, seria burrice ir embora depois de já ter feito esse caminho todo! – Stéffanie insistiu, e teria tomado a frente se não precisasse seguir Nagihiko por causa da neve.

— Como você é teimosa… está bem, vamos. Só mais um pouco. Se o mercado não estiver perto nós voltamos, ok?

— Hunf, no actues (não aja) como se fosse el líder ou qualquer coisa assim – Stéffanie virou o rosto, cruzando os braços e o acompanhando.

Eles andaram por mais alguns metros, em silêncio, percebendo que a tempestade de neve lentamente se tornava mais intensa. Já era impossível ver o caminho a frente, e Nagihiko continuava a insistir que deveriam retornar, e quanto mais ele repetia isso, mais Stéffanie discutia e dizia que queria ir em frente, apenas para não concordar com ele.

Não havia sinal nenhum de mercado, loja de conveniência, ou o que fosse. Repentinamente, Nagihiko percebeu que a estrada acabara, e a partir daquele ponto, era apenas os campos e a floresta ao redor. Nem mesmo casas haviam mais, e tudo era coberto por uma espessa camada branca de gelo, que se tornava gradualmente maior, a medida que a tempestade se intensificava.

— Eu disse…

— Se usted disser más una vez que avisou, juro que te arrancaré la cabeza con este paraguas (eu juro que arranco sua cabeça fora com esse guarda-chuva) – ela ameaçou entredentes – o problema aqui é, donde estamos? Você deveria cuidar o caminho, e eu não faço ideia de onde viemos parar! É tudo culpa sua e da sua falta de noção de espaço!

— Eu conseguiria me localizar melhor se você não ficasse reclamando tanto o tempo todo… - ele replicou, com ar irônico.

— O que disse? Como ousas…. Ah, não adianta eu gastar mi voz contigo, no vai entenderlo mesmo! Qué hacemos ahora? (O que nós fazemos agora?) Por onde voltamos? No tengo ni idea! (Eu não faço ideia!)

— Nossas pegadas já foram apagadas pela neve, a estrada acabou metros lá atrás, e não dá pra ver o caminho da calçada por que a neve ficou muito alta. Acho que estamos perto da entrada daquele bosque, mas não sei para que lado fica a estrada… -Nagihiko enumerou rapidamente a lista de evidências, e Stéffanie bufou, encolhendo-se no seu casaco quando uma lufada mais forte de vento quase o arrancou.

— Ah! – ela exclamou de repente, ao notar algo que antes não havia reparado – Tiene un lugar allí! (Tem um lugar ali!) Mira!

Além da névoa e da parede de neve que se formava, a silhueta tênue do que parecia uma casa podia ser vista entre as árvores de galhos secos. Nagihiko suspirou de alívio, e em um impulso, segurou a mão enluvada de Stéffanie na sua e correu o máximo que a neve fofa abaixo dos seus pés permitia, levando-a consigo.

— Vamos poder esperar a tempestade se acalmar lá dentro, e talvez a pessoa que more lá tenha até um telefone. Se ligarmos para a pousada, eles vão ter como nos buscar. – Nagihiko falou rapidamente enquanto corria, esperançoso.

Sí, tiene razão, pero no me arraste desse jeito, estúpido!

Quando chegaram perto da casa, puderam notar que não era exatamente uma residência. Era de madeira, com uma única porta e janelas pequenas, mais como uma casa de ferramentas, ou um armazém para se estocar coisas, mas como não havia nenhuma casa maior ali por perto, deveria servir como ponto de descanso para algum trabalhador da área. As portas e janelas estavam todas fechadas, e quando Nagihiko bateu, não houve resposta. Ele tentou então abrir a porta à força, e surpreendentemente, ela cedeu na primeira tentativa.

O interior da cabana era tão simples quanto parecia do lado de fora. Tinha um armário também de madeira, fechado, alguns objetos aleatórios no chão, uma cadeira com pé quebrado e uma mesinha no canto, com um lampião caído sobre ela. Não havia nenhum sinal de qualquer atividade ocorrendo ali pelo menos nos últimos anos.

— Que lugar sujo!

— Pelo menos vai nos proteger do vento. – Nagihiko replicou, tomando a frente. Olhou bem ao redor para ter certeza de que não haveria nada perigoso, ou algum inseto, mas naquele frio era evidente que nada sobreviveria ali.

Os dois entraram, e Stéffanie tornou a fechar a porta. Sem aquele vento terrível e a neve caindo nos seus ombros, era realmente um alívio. Ela espanou o casaco e livrou os cabelos do capuz, limpando o que podia dos flocos brancos. Nagihiko fez o mesmo, tirando a touca de lá dos cabelos e colocando sobre a mesa.

Um silêncio incômodo e torturante teve início. Stéffanie parecia repentinamente muito consciente do fato de que estava a sós com Nagihiko, em um lugar pequeno, fechado, sem a possibilidade de sair dali durante sabe-se lá quanto tempo. Depois de todos os pensamentos perturbadores dos quais ele havia sido o alvo, ela não conseguia manter-se completamente impassível diante disso. E Nagihiko parecia muito alerta sobre esse fato também.

Depois acendeu o lampião, que milagrosamente ainda funcionava, com o fósforo que tinha, e arrumou um pedaço de tapete que estava escorado em um canto para os dois sentarem. Stéffanie a principio negou, mas se viu sem outra escolha já que a cadeira ali estava quebrada.

Ela tentou se distrair de todas as maneiras possíveis, mas Nagihiko estava perto demais, e ainda por cima, olhava para ela. Ignorar isso exigia demais do seu auto-controle – e ela já não possuía um tão grande assim. E Nagihiko continuava a olhar para ela como se não tivesse nada melhor para fazer… provavelmente não tinha mesmo, mas isso já havia saturado todos os nervos da garota, até o limite, e ela não aguentou.

Lo que rayos usted (O que raios você) quer olhando para cá, hein?? Perdeu alguma coisa na minha cara, por acaso? – ela gritou, completamente alterada.

— Não foi nada… - ele, inesperadamente, sorriu com a reação explosiva da garota, deixando-a ainda mais desconcertada – Eu só estava pensando…

Por díos, usted (Nossa, você) pensa? Ótimo, pensou em uma maneira de nos tirar daqui? Por que es esto que estamos precisando!

— Não era bem isso… eu só… estava analisando… Bem, você anda meio estranha nos últimos dias, e eu queria saber o motivo disso… Você… não gostou da pousada… ou está assim por causa de… alguém…

— P-por que motivo yo no gostaria de la pousada? Es estupenda! (Ela é ótima!) – Stéffanie tentou desviar o assunto para algo que fosse mais fácil de responder.

— Bem, aqui é muito diferente da Espanha afinal… pensei que... talvez… você estivesse com saudades de casa, ou algo assim… - ele olhou para cima, e se escorou na parede, parecendo bastante descansado, mas qualquer um com atenção o bastante poderia notar que seus ombros continuavam tensos.

Por supuesto (É claro) que eu tenho saudades de mi casa as vezes… pero não é como se fosse ruim viver aqui. Después de tanto tempo, qualquer um se acostumaria. Até viver com Yaya já se tornou algo comum… – Um pouco relutante, Stéffanie admitiu. Olhava para o lado oposto, e abraçava as próprias pernas, enquanto raciocinava sem descanso em arrumar uma maneira de tornar aquela conversa um pouco menos estranha, porém, sem resultados. Anos evitando se relacionar muito profundamente com as pessoas, e ali estava ela, sem nenhuma pista de como proceder em uma situação tão estranha. Não poderia nem mesmo recorrer a uma ajuda de Setsuna, que era em geral um pouco mais prodigiosa em saídas estratégicas, pois os charas haviam ficado no hotel.

— Então… se não é falta de casa, por que você ainda está assim? – ele resolveu arriscar mais uma vez. Estavam presos e sozinhos ali mesmo, não havia nada a perder. E talvez, ele conseguisse algumas respostas…

Así como? Pare de dizer que tem algo de errado comigo! Eu estou perfeitamente normal! Não vê? – ela elevou a voz, apontando para si mesma – No hay nada de molestarme! Absolutamente nada! No insistir sobre esto! (Não tem nada me preocupando! Absolutamente nada! Não insista mais nisso!)

— Não importa quantas vezes você repita isso, não vai me convencer – apesar dos gritos de Stéffanie, Nagihiko permanecia impassível. Estava tão acostumado com isso que nem o afetava mais. – Tem algo passando pela sua cabeça, e eu não sei se é bom ou ruim, mas está te deixando preocupada. E eu não gosto de te ver assim… você pode nem ter percebido, mas desde que nós chegamos aqui, anda toda pensativa, as vezes fica sozinha, e até esquece de brigar com a Yaya quando ela fala alguma besteira. Essa não é você… e eu quero saber o que está te incomodando a esse ponto…

— N-não t-tem nada a ver com você, entonces no tente se meter nos meus assuntos! – ela replicou, afastando-se o máximo que podia no pouco espaço disponível – Eu… yo tengo mis próprios problemas para lidar, e você não tem nada a ver com eles!

— Mas eu me preocupo com você! Eu sou seu… - ele hesitou, e engoliu em seco. Stéffanie sentiu que poderia ter um infarto, naquele pequeno espaço de dois segundos em que não respirou – Sou seu amigo! Todos nós somos, é claro que se algum amigo está aflito, seja qual for o motivo! Nós só queremos te ajudar!

És así? (É isso então?) – Stéffanie replicou – Você só está perguntando essas coisas porque “todos” estão preocupados? Ellos le pidieron que hiciera eso? (Eles te pediram pra fazer isso?)

— O que…? Não! Ninguém me pediu para perguntar nada! Eu só… eu… queria… queria saber o que se passa pela sua cabeça! Você é sempre tão fechada, não se expõe, não diz o que quer de verdade, é uma missão impossível interpretar você! Eu nunca sei o que você pensa, e eu nunca consigo prever o que você vai fazer! Você… me intriga… de uma maneira inacreditável, Stéffanie… - ele a fitou diretamente nos olhos. A luz lúgubre do lampião ofuscou a visão da garota por um segundo, e quando ela conseguiu focar-se, percebeu que aquela iluminação dourada banhava todo o ambiente, tornando-o, de alguma forma, como em um sonho.

N-no diga esse tipo de coisas para mim!– ela tentou evitar os olhos âmbar de Nagihiko, mas eles pareciam prendê-la, e ela não conseguia afastar-se, por mais que quisesse. – Si todo lo que estas diciendo es que (Se tudo o que você está dizendo é que) você só está frustrado por não me entender, então, desista logo de uma vez. Yo no soy un objeto de estudos para seja lá o que for que você faz!.

— Eu nunca disse que era dessa forma… - a voz de Nagihiko tornou-se calma, quase aveludada… mas as mãos dele ainda tremiam. Ele estava nervoso. Porque havia, naquele segundo, tomado uma importante decisão, que poderia… ou melhor, iria certamente, mudar o rumo da sua vida. – Blanca-san… - a garota sentiu o coração disparar ainda mais, ao ouvir o seu nome ser chamado daquela forma – Você não quer saber por que eu quero tanto saber mais sobre você? Por que eu estou sempre te seguindo, te provocando, e discutindo com você sem razão nenhuma…? Você quer saber por que a minha atenção está sempre, a todo momento, voltada para você?

Stéffanie levou meio segundo para processar aquelas palavras, e mesmo que o japonês fizesse sentido perfeito dentro da sua cabeça, ela ainda relutava em aceitar aquele significado. Fechou os olhos para se livrar do efeito hipnótico que aquele garoto tinha sobre ela. A voz de Yaya gritava dentro da sua mente, coisas que ela jamais admitiria nem para si mesma, e estava deixando-a completamente louca.

— Não… - ela murmurou, ainda de olhos fechados. Ergueu as mãos, e tapou os ouvidos com elas – Yo no quiero ouvir! Não quero! Lalalalalala~no estoy ouvindo nada‼ Nada‼!

— Não, pare com isso e me escute! – Nagihiko impôs, tentando soltar as mãos de Stéffanie. Ela tentou se defender e correr para longe, mas ele a segurou pelos pulsos – Onegai, kiite kudasai! Eu tenho algo para falar!

No! Noooo‼‼ Eu não vou escutar nada do que você tem pra dizer‼ – ela continuou gritando, enquanto tentava sem sucesso se desvencilhar do garoto, ainda de olhos fechados.

— Eu sei que você não é burra, e sabe muito bem o que eu quero dizer! Só me deixe falar de uma vez e nós acabamos logo com isso‼ - ele gritou de volta, dessa vez conseguindo tirar as mãos do ouvido dela. Stéffanie abriu os olhos com o susto, e repentinamente, eles estavam muito perto um do outro. Muito mais do que ela lembrava segundos atrás. Muito mais do que julgava ser prudente. Muito mais do que se permitiria.

No quiero oírlo de ti … (Eu não quero ouvir isso de você…) – inesperadamente, ela baixou o tom de voz. Parecia assustada, e era a primeira vez que Nagihiko se lembrava de vê-la tão indefesa, tão diferente do usual. Queria abraça-la, e dizer que tudo ficaria bem. Ela não tinha nada a temer, ele estaria ali, para protegê-la.

— Por quê? – ele indagou suavemente, não querendo amedronta-la ainda mais. As mãos que seguravam os pulsos dela abrandaram, deslizando para entrelaçar seus dedos gentilmente. Stéffanie sobressaltou, fazendo menção de soltá-lo imediatamente, mas ele não permitiu. – Por que você não quer ouvir?

S-si escucho (S-se eu ouvir…) v-vai ser mais difícil…

— Mais difícil do que? – Nagihiko indagou em tom de desafio – De negar que você também sente algo por mim?

— O que? – ela bradou, indignada. Seu rosto se tingiu de um tom intenso de escarlate, e ela tentou se soltar e correr para longe. Para a tempestade de neve, para a estrada, para qualquer lugar. Mas mais uma vez, Nagihiko foi mais rápido, e a seguro em um abraço, mantendo-a perto de si. – D-d-d-d-d-d-do que está falando, estúpido, arrogante, muchacho insufrible! (estúpido, prepotente, garoto insuportável!) Eu n-n-não s-s-sinto… NADA! Pare de ficar pressupondo coisas erradas essa forma‼ Déjame salir de aquí (Me deixe sair daqui‼) Me solte, idiota, presunçoso imbecil!

— Não! Não até você me ouvir! – ele foi firme, e lentamente, a colocou sentada no chão novamente, de frente para ele. Ainda segurava-a pelos ombros – Escute, Blanca-san… desde o momento em que nós nos conhecemos… desde o primeiro dia! Tudo o que nós fizemos foi brigar, não é verdade? Mas eu nunca achei isso ruim. Na verdade, todos os dias, a minha maior motivação para levantar da cama é imaginar qual será o tópico da nossa discussão nesse dia. O chá quente demais? Os documentos na pilha errada? Minha cara debochada que você não suporta? Seja qual for, eu estou disposto a continuar brigando com você por quanto tempo for preciso…

Usted es realmente estúpido … (Você é mesmo muito idiota…)

— Sabe porque? Eu vou te dizer. Por que eu adoro quando você se concentra para ajudar as outras pessoas, e então disfarça dizendo que foi apenas por que assim era mais fácil. Quando você não admite que quer alguma coisa apenas por causa desse seu orgulho enorme, mas eu consigo ver um brilhinho nos seus olhos que diz o contrário. Ou quando você sorri sem nem perceber, tão espontaneamente que ninguém nota. Mas eu noto. Eu sempre noto. Por que eu não consigo tirar meus olhos de você, Blanca-san, nunca… Eu te..

NO DICE! (NÃO DIGA!) – Ela se apressou em tapar a boca do garoto com as mãos, o mais rápido que podia. Seu semblante era de puro desespero, nem parecia uma garota prestes a receber a primeira confissão da sua vida – Eu não quero ouvir isso, já disse!

Nagihiko sorriu por trás das mãos de Stéffanie, e ela as afastou, sobressaltada. Ele a abraçou. O mais forte que podia, escondendo o rosto no ombro dela. Não conseguia evitar aquele sorriso que teimava em não sumir. Pega de surpresa pelo ato do garoto, ela ficou paralisada no mesmo lugar. Não sabia nem mesmo o que fazia primeiro – se o empurrava, espancava, saia correndo… ou… que loucura, ela queria também abraça-lo de volta…

Suki deshita…– Nagihiko sussurrou no ouvido de Stéffanie repentinamente. Ela decidiu rapidamente por empurrá-lo, mesmo sem forças naquele momento.

— Idiota! Eu disse para n-

Ela nunca terminou aquela frase. Nagihiko voltou a abraça-la, e encaixou seus lábios perfeitamente em um beijo que há muito estava desejando. Stéffanie protestou e tentou afasta-lo, mas suas tentativas se provaram inúteis, quando sem pensar, ela enlaçou o pescoço do garoto, segurando-se em seus cabelos soltos, e respondeu ao toque com inconsciente vontade. Nagihiko a segurava pela cintura, e os dois ainda estavam ajoelhados sobre o tapete velho e puído, naquela cabana abandonada no meio do nada, em um lugar desconhecido. Perdidos ali, eles haviam finalmente encontrado o caminho um para o outro. Seus corações batiam rápidos e leves, pela primeira vez em tempos. Finalmente… finalmente…

— IDIOTA! O QUE PENSA QUE ESTÁ HACIENDO! – Stéffanie afastou-se quando o ar se tornou necessário. Ainda ofegante, escondia parte do rosto com as costas da mão. Nagihiko a segurava ainda pela cintura.

— Por favor, Blanca-san, não seja tão tsundere por cinco minutos, e diga que me dará a honra de continuar discutindo e brigando com você por todos os dias a partir de hoje…

Do que estás a hablar? (Do que está falando?)

— Eu devo ser o cara mais maluco desse mundo, mas eu estou dizendo que quero ser o seu namorado!

Stéffanie não conseguiu dizer nada. Estava travada no mesmo lugar – e se Nagihiko não a segurasse, provavelmente teria caído para trás, e mesmo que os lábios entreabertos tentasse pronunciar alguma coisa coerente, nada saia. Mas ela foi poupada de dar essa resposta por que um ruído vindo do lado de fora chamou a atenção naquele instante.

— Tem alguém aí?

— Vou considerar seu silêncio um sim! – Nagihiko disse rapidamente, depositando um singelo beijo no rosto da garota, antes de se colocar de pé em frente a ela, em posição defensiva. A porta se abriu em um rompante, deixando entrar um monte de neve e vento gelados, e um homem todo coberto com um enorme casaco.

— Ah, eu sabia que tinha visto luzes vindo daqui. Vocês precisam de ajuda?

Nagihiko soltou uma risada, aliviada, por vários motivos.

— Sim, por favor!



O homem em questão era dono de uma propriedade mais ao norte, e estava passando pela estrada, que não ficava assim tão distante da rota que eles tomaram, ou seja, eles não estavam tão perdidos quando pensavam. Então, ele viu a luz vindo da cabana abandonada, e resolveu, por sorte, checar. Ofereceu carona para os dois de volta ao hotel.

A neve havia aumentado de volume durante o tempo que ficaram lá, e a estrada estava horrível. Stéffanie não dirigiu um único olhar na direção de Nagihiko o caminho inteiro, mas continuava ruborizada até as orelhas, com o rosto escondido pelo capuz. Nagihiko não insistiu, mas estava satisfeito. Havia conseguido transmitir aquilo que sentia, talvez não da melhor forma que havia pensado, mas Stéffanie, depois de tudo, devia ter entendido, e isso já era um avanço. Além do mais… ela não disse “não” ao seu pedido…

Enfim chegaram ao hotel. Nagihiko agradeceu imensamente o homem, que parecia apenas feliz por ter ajudado. Stéffanie também o agradeceu, embora de forma mais contida e pouco a vontade.

Os dois imaginaram que, após tudo, todos estariam já na porta, esperando por eles, preocupados depois do sumiço tão longo e sem nenhum contato, no meio de toda aquela tempestade. Mas não havia nenhum dos guardiões perto do salao de entrada, e nem mais a frente, quando eles chegaram.

Como Stéffanie ainda estava no seu estado particular de choque, Nagihiko saiu a frente procurando por eles. No salão de jogos não havia ninguém, e ele olhou em cada quarto, até que enfim encontrou novamente com a espanhola no corredor, e os dois ouviram a agitação vindo do quarto que Rima dividia com Amu.

— Coloca mais um cobertor!

— Meu Deus, ela vai congelar assim! Pegas um aquecedor na recepção, Shunsuke, por favor!

— Quem sabe se nós tirarmos esse casaco dela primeiro? Está todo molhado…

Qué está pasando? O que está acontecendo? – Vencida pela sua inabalável curiosidade, Stéffanie indagou. Levou poucos segundos para a surpresa pela sua chegada inesperada passar por todos, e então, a revelação daquela inesperada figura no centro de toda a agitação a fez paralisar mais uma vez.

Kaori, a vilã presunçosa que atazanava suas vidas desde o momento em que se conheceram, estava no meio do quarto, encolhida em um futon. Seu rosto era pálido, quase azulado, e ela tremia incontrolavelmente. Mesmo a pilha de cobertores acima de si ainda era pouco para aquece-la. Ao lado dela, a pequena Chara, que se chamava Jun, também adormecia, encolhida de frio.

— Tadaima, onee-chan! Olha só o que a gente encontrou no meio da neve na floresta!


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Notas finais do capítulo

Shiroyuki aqui o/ Desculpa a demora gente, como sempre .-. aquela combinação de trabalho, faculdade, e pra ajudar eu viajei nesse feriado, então não deu tempo de organizar a vida meesmo! Mas espero que me perdoem, porque atéee que enfim alguma coisa andou nessa fanfic! E os anjos cantam aleluia!!! Porque - do jeito tsundere mesmo - mas isso foi um avanço visível e definitivo no relacionamento desses dois!!!! Já não era sem tempo!
Mas agora os guardiões já arrumaram outro problema pra se preocupar...

Espero que tenham gostado o// Até o próximo, bye byee~ e feliz dia das crianças o//



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