Revenge II escrita por Shiroyuki, teffy-chan


Capítulo 38
Capítulo XXXVIII




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/405728/chapter/38

— ... já disse que não, eu não quero assistir esse dorama estúpido!

Kaori berrou, chutando a costela de Matthew com os pés descalços que mantinha sobre o sofá. Ele não demonstrou dor, mas manteve o controle da televisão na outra mão, o mais distante daquela garota destrutiva possível.

But, you ficou assistindo seus filmes na TV grande a tarde inteira, é a minha vez de escolher algo para ver! – ele replicou, o sotaque americano na sua fala retornando aos poucos, depois de tanto tempo forçando-se a falar de maneira genuinamente japonesa. Tentava segurar os pés de Kaori com o braço, antes que ela o acertasse no rosto. Claro que ela estava agindo dessa maneira apenas por que Saaya e os pais dela não estavam ali para ver.

Sendo que a família Yamabuki havia viajado durante os feriados de fim de ano, e Kaori, que estava morando com eles temporariamente, não poderia ir junto, o Sr. Yamabuki gentilmente considerou a ideia de Matthew se deslocar da sua própria casa para vir fazer companhia para essa garota incômoda e desagradável. E agora, ele não poderia nem mesmo convidar seu namorado para o um encontro no Natal, apenas por que fora obrigado a servir de babá para Kaori.

— Não interessa, eu não quero assistir seus programas gays estúpidos! - claro que, quando se encontrava sem argumentos, ela sempre recorria a isso, mas Matthew estava longe de se importar com o que quer que ela pensasse sobre ele – Para de discutir e me dá o controle de volta, Mattchan!! – ela se ergueu sobre o sofá, pulando em cima dele enquanto esticava o braço para tentar reaver o precioso controle da televisão. Matthew era mais alto e mais forte, então conseguiu reagir a tempo, embora Kaori fosse estupidamente insistente quando se tratava dessas pequenas coisas.

— É só um dorama, não tem nada de gay nele! – era verdade que ele começara a acompanhar esse dorama com Miguel, e os dois assistiam juntos nas vezes que ele ia até a sua casa, mas isso não significava nada – Shut up e largue logo o controle, you bitch!

— Tá, vamos fazer assim então: Eu te deixo assistir seu programa estúpido na TV maior se você preparar algo para comermos, que tal?

Depois de uma negociação nada amigável, Matthew acabou cedendo mais pelo cansaço, e acabou indo cozinhar – mais uma vez – algo para os dois. Era uma grande falta de consideração do Sr. Yamabuki dispensar os empregados da mansão logo quando eles dois teriam que ficar sozinhos ali. Ele estava indo na direção da cozinha, quando passou pelo corredor, e da janela, visualizou uma cena inacreditável!

Cerca de seis cachorros de guarda da mansão, e mais alguns dos seguranças que ficavam do lado de fora, todos caídos pelo pátio, como se apenas tivessem caído no sono ali mesmo. Isso não parecia nada natural, e Matthew retornou correndo para a sala onde Kaori estava.

Passou direto por ela, apanhando a sua longa capa negra, e o dispositivo que permitia que ele controlasse os Batsu-tamas. Kaori abriu a boca para perguntar onde estava a comida quando o viu vestir a capa e encobrir o rosto, e se ergueu do sofá alarmada.

— O que houve?

— Não estamos sozinhos aqui, tenho certeza! – ele sussurrou de volta, temendo que quem quer que fosse que estivesse ali pudesse ouvi-lo e reconhece-lo, e ele podia apostar qualquer coisa que eram os guardiões. Colocou seu ovo, adormecido, no bolso do interior do manto – Hurry up (rápido), Kaori, faça Chara Nari. A não ser que queira ser vista com seus pijamas indecentes por eles!

Kaori bufou qualquer coisa ininteligível, e fez o que ele sugeriu, voltando a surgir do breve brilho da transformação com sua roupa do Chara Nari, que não cobria muito mais do que o pijama que ela vestia antes, de fato. Os dois correram o mais silenciosamente que podiam pelo corredor onde estavam, olhando para cada lado com cuidado. Kaori estava dizendo qualquer coisa sobre os genes gays de Matt estarem em conflito, e fazendo-o ver coisas, quando ouviram um ruído de algo caindo e se quebrando.

Eles correram na direção do ruído, que vinha do quarto de Saaya muito provavelmente, e isso era potencialmente perigoso. Mal haviam chegado ao corredor, e a porta do quarto abriu-se, revelando os gaurdiõs afobados. Nas mãos de Tadase havia alguns papéis.

Well, well... vejam só o que temos aqui... parece que recebemos visitantes inesperadas - Matt comentou despreocupadamente, com um sorriso falso formando-se no rosto. Só conseguia enxergar Miguel, com olhar assustado olhando para ele, logo atrás de Utau.

— Ahh, e vocês arrombaram justo o quarto da Saaya-chan... ela não vai gostar nadinha quando souber - Kaori acrescentou, parecendo divertir-se com a situação - Mas, talvez ela não precise nem saber... não podemos permitir que vocês saiam daqui com esses documentos nas mãos afinal. Vamos acabar com vocês antes que possam sequer pensar em fugir!

Depois de uma risada especialmente irritante de Kaori, os guardiões não falaram mais nada, e nem precisavam, pois sabiam que não estavam com a vantagem, apesar de estarem em maior número.

— Eu cuido deles – Matthew falou para que apenas Kaori ouvisse, enquanto empunhava o objeto que chamava os batsu-tamas. Era óbvio para ela que ele só estava tentando garantir que o seu namoradinho não saísse muito machucado. – Devem ter mais deles por aqui, encontre-os.

— Claro, mas não pense que eu esqueci a pizza! – ela sumiu saltitante corredor adentro, e Matthew continuou a encarar os guardiões, enquanto aos poucos, uma espessa nuvem de energia negativa se agitava ao seu redor, revelando os ovos negros de tamanho anormal.

Tadase e os outros não sabiam mesmo o que fazer, e não conheciam a casa. A escadaria para o andar de baixo ficava atrás de Matthew, e teriam que passar por ele para sair dali, a não ser que pulassem da janela, o que naquela situação, não era uma opção favorável.

— Eu posso tentar segurar ele com um desenho! Let me try it! (Deixe-me tentar isso!)– Anna sussurrou, desejando muito poder mostrar a Tadase que ela também era forte e podia lidar com isso, mas é claro que ele recusou antes mesmo dela terminar a frase, segurando seu pulso como que para impedi-la de tentar qualquer coisa impensada.

Utau começou a falar: — Como vamos… - mas foi interrompida por um movimento brusco.

Miguel pulou para frente, decidido, sem dizer nada, e brandiu seu chicote no ar, amarrando Matthew. Ele riu, e era obvio que poderia sair dali rapidamente, mas foi tempo suficiente para Tadase, Anna e Utau passarem direto por ele até a escadaria. Matthew lançou uma carga de energia ao redor para se livrar do chicote, e teria atingido Miguel no processo, se Tadase não tivesse sido rápido e o protegido com um Holy Crown, dando tempo ao português para escapar pela escada abaixo.

Eles desciam a toda velocidade, Anna ainda segurando a mão de Tadase, o que era o único motivo pelo qual ela ainda não havia caído direto no chão, é claro.

— Por que fez isso, Micchan? Foi perigoso! – Utau o repreendeu, com a voz ofegante pela corrida. Podiam ouvir os passos rápidos de Matthew começando a segui-los.

— Por que este rapaz consegue tirar-me do sério! Ele me perturba de uma maneira… - ele não terminou a frase, pois um raio negativo passou logo acima da sua cabeça, atingindo a parede lateral e derrubando quadros com inúmeras fotos de Saaya. Eles enfim chegaram ao saguão principal, sem saber que rumo tomar.

— Pelo menos conseguimos avisar aos outros – Tadase soltou o ar com dificuldade, decidindo pelo caminho á esquerda, que levava à outra sala escura – Como será que eles estão?

~



Amu, Kairi, Ikuto, Rima e Giovanni estavam espalhados pelo escritório do pai de Saaya, vasculhando cada gaveta, estante ou qualquer lugar que parecesse suspeito a eles. Encontraram muitos documentos, era verdade, mas a maioria falava em termos jurídicos que eles pouco entendiam, e não citavam nada referentes à batsu-tamas. A única luz que possuíam para iluminar o lugar sem chamar atenção vinha de pequenas esferas de luz que Giovanni era capaz de produzir no Chara Nari, que não era muito ofensivo em batalha, mas servia perfeitamente para esse tipo de situação.

No celular de Amu, receberam uma mensagem avisando sobre a presença de Kaori e Matthew na casa, e alarmaram-se, preparando-se para sair dali o quanto antes. Não haviam encontrado nada útil até aquele momento, mas não durariam muito se fossem ficar ali esperando algum dos inimigos encontrá-los, então o melhor a fazer era debandar, e esperar que os outros grupos tivessem tido mais sorte.

Estavam saindo do escritório para uma sala fria e escura, onde só haviam alguns móveis pouco usados, quando ouviram barulhos vindo do andar de cima, que indicavam claramente uma luta.

— Droga, logo agora… teria sido mais efetivo se eu tivesse vindo sozinho procurar por essas coisas, vocês guardiões definitivamente não servem para ladrões… - Ikuto resmungou para si mesmo, tomando a frente do grupo e seguindo cautelosamente para a porta, tentando ver se havia mais alguém por ali. Depois de checar e verificar que não havia realmente nenhum sinal de Matt ou de Kaori por perto. Ele acenou com uma das mãos, e abriu a porta da antessala, conduzindo os outros pelo corredor. Com as luzes apagadas era difícil de se movimentar, mas com Ikuto na frente, e com sua capacidade felina de enxergar no escuro, ele ia guiando os outros.

— D-desculpe… - Rima bateu em alguém. Sua voz estava trêmula e fraca, muito diferente do usual inexpressivo dela.

Tutto bene? (Você está bem?) – havia sido em Giovanni que ela esbarrara, e ele se preocupou com aquela súbita mudança. Deixou que Amu e Kairi seguissem na frente, e parou, tateando com a mão na direção da sombra que certamente era Rima, até encontrar o ombro dela – Hai paura? (Está com medo?)

— Eu estou bem, não tenho medo do escuro! – ela replicou, mas ele podia perceber que estava tremendo. Quando era pequena, Rima tinha muito medo dos monstros debaixo da cama, mas como seus pais estavam sempre ocupados trabalhando ou brigando, ela acabava sem ter a quem recorrer nessas horas, e por isso, não gostava nada do escuro. E mesmo depois de mais velha isso persistia, então, naquela situação onde estava em uma casa desconhecida, sendo possivelmente perseguida, e sem saber o que esperar, é claro que ela estava apavorada, embora não quisesse demonstrar nada disso.

Mesmo não enxergando a expressão do rosto dela, Giovanni sabia que ela não estava dizendo a verdade. Segurou a pequena mão na sua, sem discutir nem questionar os motivos dela estar com medo.

Sono qui (Eu estou aqui), então, vamos… – ele sussurrou, seguindo em frente pelo lado que viu Ikuto e os outros seguirem, e Rima assentiu, apertando a mão dele contra a sua, e se sentindo mais segura depois disso. Dessa vez seu coração acelerou, e não era por causa do temor, como antes.

— Cuidado… - Kairi disse de repente, amparando Amu com o braço quando avançaram para a próxima sala. Havia um barulho de passos, e uma luz se acendeu. Uma risada alta ecoou pelo salão principal, e os guardiões piscaram, acostumando-se com dificuldade à luz.

— Aí estão vocês, queridinhos! – Kaori bradou. Eles estavam no meio da maior sala da casa, onde uma enorme árvore de Natal estava agora brilhando, iluminando o local, assim como todo o resto da decoração festiva que adornava as paredes, a lareira, e todo o resto. Sem hesitar, ela lançou um raio bem na direção deles, e cada um saltou para um lado, Giovanni ainda segurando Rima, escapando por um triz.

Aquele não parecia o raio da verdade de Kaori, e provavelmente era algum outro poder dela, mais forte e ofensivo, provavelmente vindo de algum daqueles dispositivos para canalizar a energia negativa que Matthew também usava. Cada um se colocou em posição defensiva, prontos para a luta, e ela ia descendo as escadas lentamente, com a arma em punho, e o rosto iluminado pela luz piscante da árvore de natal.

Amu pulou na frente dos amigos, atacando Kaori com o Spiral Heart, e Kaori teve que desviar do ataque. Como ela ainda estava na escada, acabou caindo, e o seu dispositivo caiu também, jogando raios escuros para todos os lados, acertando o teto, a parede, a janela, e por fim, a árvore enorme, que caiu praticamente em câmera lenta, quebrando toda a frágil decoração.

— Droga‼! Vou ter que aguentar a Saaya e aquele gayzinho reclamando sobre isso também! Obrigada! – ela gritou, irritada, referindo-se ao caos instalado na rica sala dos Yamabuki. Enquanto se erguia, Ikuto aproveitou para fazer o Phantom Claw, fazendo Kaori voar para longe e bater na parede oposta.

— Não seja tão rude, Tsukiyomi-san! Ela ainda é uma garota, sabe… - Kairi repreendeu, muito embora estivesse com sua espada em punho também.

— Que nada! Vamos, fujam logo antes que ela levante! – ele saiu correndo na frente, e os outros o seguiram, o mais rápido que podiam. Amu saiu surfando no ar com as asas dos seus pés, e Kairi corria a toda velocidade atrás dela, com a mão no cabo da espada. Ikuto saia saltando agilmente, e Giovanni abriu suas enormes asas, segurando Rima nos seus braços, já que ela era indiscutivelmente a mais lenta de todos, e a levando dali.

Quando Kaori conseguiu se recompor, o grupo já ia longe, procurando pela saída, e ela não conseguiria mais alcança-los nem que quisesse. Ela pensou em voltar a subir as escadas, pensando que talvez pudesse ter mais sorte encontrando os outros guardiões, antes que eles conseguissem enfim escapar, mas suas costas doíam tanto… que não faria nenhum mal esperar um pouco mais.



~



Deje que la izquierda, vamos a la izquierda! (Pela esquerda! Nós vamos pela esquerda‼) – Stéffanie gritou, batendo o pé.

— Não, eu já disse, a direita é a melhor! Nós já passamos por aqui antes, eu tenho certeza! – Nagihiko replicou, cruzando os braços com altivez. Stéffanie cerrou os dentes, contendo por pouco a vontade de pegar seu Book Handler e obrigar Nagihiko a fazer o que ela mandava.

— Ei, gente, não tô querendo assustar ninguém nem nada… - Kukai resolveu intervir, ao contrário de Yaya que achava “brigas de namorados” muito divertidas – Mas vocês dois passaram o tempo todo brigando para ver quem decidia as coisas, e nós não encontramos nada útil na biblioteca nem em lugar nenhum… e agora pode ter alguém vindo atrás da gente a qualquer segundo, e ainda estamos girando e girando nessa casa gigante sem saber para onde ir!

Era raro ver Kukai sendo tão sensato assim, e ambos o fitaram com incredulidade. Stéffanie parecia prestes a pular no pescoço de alguém. O fato era que, em uma família com mais quatro irmãos, Kukai sabia uma coisa ou outra sobre apartar brigas, era sempre necessário.

— Aaah, a Yaya escolhe‼ - a ás se colocou na frente, abrindo passagem entre Stéffanie e Nagihiko que nem haviam reparado que estavam discutindo tão perto um do outro. Yaya colocou o seu chocalho gigante no meio da bifurcação do corredor, e deixou o cair. Ele pendeu para a direita, e ela ergueu o braço, anunciando: - Direita! Vamos lá!

Kukai passou a frente, e Nagihiko olhou para Stéffanie com ar de vitória. Ela desejou arrancar aquele sorrisinho besta dele com as próprias mãos, se pudesse, e sem outra opção, seguiu o resto do grupo pelo corredor.

Pelas paredes havia muitas fotos de família, retratos dos pais e de Saaya nas mais variadas formas, e quadros aparentemente valiosos, mas os quatro não prestavam atenção nisso enquanto passavam pelos corredores desconhecidos. Deveria haver alguma escada por ali, que conduzisse à sala principal, ou pelo menos, eles deveriam encontrar os outros em algum lugar da casa, mas não havia nem sinal. Até mesmo os barulhos de luta, e de coisas sendo derrubadas, eles haviam parado de ouvir, e isso era preocupante. Enquanto isso, eles iam de quarto em quarto naquele corredor, para procurarem pelos outros, que ainda deveriam estar em algum lugar por ali, já que era mais prudente não se arriscar fazendo ligações, ou o barulho e as luzes do celular podiam denunciar as posições deles caso estivessem escondidos.

— Nee... será que estão todos bem? – Yaya murmurou, e enquanto andava, segurava-se na base da camiseta de Kukai. Depois daqueles minutos de apreensão, ela havia ficado um tanto preocupada, o que não era usual.

— Claro que estão – Nagihiko sorriu para tranquiliza-la – Se não estivessem, nós saberíamos. Se eles estão tão silenciosos, é por que estão se escondendo, e se estão se escondendo, é por que conseguiram encontrar alguma coisa importante, não é?

— Ah, verdade… - Yaya se animou um pouco. Ia dizer mais alguma coisa, mas sua fala foi interrompida por sonoros e inconfundíveis ruídos de passos subindo escadas. Eles não sabiam que estavam tão perto assim das tão procuradas escadas, mas o barulho aumentava de volume a cada segundo, e se permanecessem ali, seriam pegos.

— Vamos ficar e lutar?! – Kukai indagou, parecendo inclinado a seguir essa premissa, mas Nagihiko não concordou.

— É melhor sairmos daqui o mais rápido possível! Quanto mais ficarmos, menores as chances de sair daqui com provas úteis.

Os passos se tornaram mais altos, saltos contra a madeira, e eles puderam ouvir a irritante voz de Kaori reclamando sobre alguma coisa.

— Eu disse que você não ia conseguir pegar nenhum deles, você é tão fraco! Não sei mesmo como é que foi escolhido pra esse trabalho!

Nagihiko não perdeu tempo, e enquanto via de relance que Kukai pegara Yaya debaixo do braço e se escondia na sala mais próxima, segurou Stéffanie pelo pulso em um impulso, e os dois adentraram no quarto ao lado, tomando o cuidado de não fazer barulho na porta.

Stéffanie não teve tempo de reclamar, pois segundos após se esconderem, viu os dois pares de pés lançando sombra debaixo da porta.

— Foi você quem fez bagunça lá na sala e destruiu tudo, honey – Matthew replicou com voz arrastada, parecendo apenas cansado daquela brincadeira toda, e nem um pouco afim de caçar os guardiões noite adentro. – Eles não pegaram nada, ao que parece... temos que verificar depois, mas eu acho que até já devem ter fugido, se são espertos o bastante de sair antes dos cachorros acordarem…

— Você fala como se quisesse que eles fugissem, seu traidor – Kaori avançou em frente, verificando o corredor até o fim e não notando nada de anormal – Você ao menos viu para que lado o grupo do reizinho que você seguia foi?

— Eles foram na direção da cozinha, mas eles são tão fools que devem ter ficado encurralados por lá, por que a porta dos fundos está trancada, e a saída dos empregados que é a única aberta fica do outro lado. Eles só conseguiriam sair se pulassem as janelas, e nem todos podem voar pelo que eu sei. Eles não se arriscariam a deixar ninguém para trás, disso eu sei...

— Por que você não foi atrás deles então? – Kaori bradou, irritada – Eles tinham papéis nas mãos, você não viu?

We’ll be alright! Eles estavam no quarto da Saaya, o pai dela não iria colocar nada importante lá, ele não é burro de deixar documentos importantes com aquela stupid lil’bitch…– ele deu de ombros, fazendo a volta. Stéffanie prendeu a respiração quando ele se escorou do outro lado da porta em que eles estavam escondidos. – Além do mais, eu tive que vir correndo ajudar você, que estava toda quebrada na escada, e tinha destruído metade da casa no processo, não é?

— Tanto faz…

– Well, vamos verificar esses quartos aqui, só para ter certeza, e depois vamos ao escritório para ver se nada foi tirado de lá.

Eles ouviram o barulho da porta ao lado se abrindo, e ambos perceberam que sem demora seriam descobertos ali. Não havia nenhum lugar para se esconder naquele que parecia ser um quarto de hóspedes. Embaixo da cama seriam vistos, os armários pareciam estreitos… em um ato de impulso, Nagihiko segurou Stéffanie mais uma vez, e foi em direção à janela.

Qué estás haciendo? Desse jeito eles vão nos descobrir! – ela protestou, desconcertada, embora não se opusesse ao controle de Nagihiko agora.

— Vamos sair daqui antes que eles cheguem… vamos lá – ele abriu a janela. Do outro lado, havia uma enorme árvore, que Nagihiko havia visualizado rapidamente um momento atrás, e que serviria bem aos seus propósitos – Suba na janela e tente alcançar aquele galho maior ali…

No, espera un segundo! (Não! Espera aí…) não é melhor você dar uns dos seus saltos o algo así? Ou eu posso tentar escrever alguma coisa aqui… - ela tentou argumentar, e era óbvio, mesmo que a espanhola tentasse com muito afinco disfarçar, que ela estava morrendo de medo da altura.

— Se nós fizermos qualquer coisa no Chara Nari agora eles vão sentir os nossos poderes, e será tarde demais… Parece que o Hotori-kun e os outros conseguiram alguma coisa… você não quer desperdiçar o trabalho deles, não é?

Nagihiko parecia saber bem como usar as palavras para convencer Stéffanie, pois com um resmungo, ela acabou concordando.

Pero usted vai na frente‼! – ela não terminou a frase, pois ouviram as vozes do outro lado voltando, e não tinham mais tempo. Nagihiko saltou com habilidade para o galho, firmando-se nos joelhos e nas mãos, e depois de andar até a parte mais firme, virou-se para ajudar Stéffanie.

Ela, é claro, não aceitou a ajuda, e um tanto sem jeito, pulou para o galho também. Nagihiko foi indo na frente, mostrando onde ela devia se segurar para não escorregar, porém, mal haviam chegado perto do tronco, um barulho ainda mais preocupante do que a porta do quarto se abrindo chegou aos seus ouvidos. O galho onde estavam começava a rachar. Nagihiko tentou ir mais rápido, e se segurar no tronco, mas não conseguiu, e quando percebeu que não havia mais jeito, saltou para trás, e abraçou Stéffanie.

Foi tudo muito rápido. No momento em que ele a segurou, o galho cedeu, e os dois voaram direto no chão. Nagihiko havia se preparado para a queda, e caiu de costas, amortecendo o impacto de Stéffanie com seu próprio corpo. Ainda de olhos fechados, ele sentiu cada fibra do seu corpo reclamar de dor, mas havia também uma sensação cálida e macia, na palma da sua mão direita, que ele podia jurar que não estava ali antes.

— IMBECIL, PERVERTIDO, O QUE RAIOS USTED PENSA QUE ESTÁS HACIENDO‼‼ - Um sonoro tapa na cara, e Nagihiko recobrou a razão. Quando abriu os olhos, Stéffanie em cima de si estava com o rosto completamente ruborizado, e escondia o colo com ambas as mãos. Parecia prestes a desmaiar, morrer de tanta raiva… mas matando ele primeiro, é claro. E ele logo se arrependeu.

Estava pronto para morrer ali, pelas mãos da espanhola, depois de se dar conta do que havia acabado de fazer, mas percebeu que ela de repente congelou, com os olhos aterrorizados e o rosto completamente pálido. Ele se ergueu, afastando-se suavemente para não sobressaltar ainda mais a garota, e quando olhou para trás, percebeu…

Os cães que Utau havia posto para dormir antes de eles invadirem a mansão estavam agora todos acordados, e rosnavam para os dois, com uma fúria sanguinária brilhando nos olhos, e as presas à mostra, aterrorizantes.

Stéffanie estava paralisada de medo, e havia até mesmo esquecido do pequeno acontecimento anterior por causa disso, o que só mostrava o quanto ela estava apavorada. Nagihiko sabia que não deveria se mover bruscamente agora, e que estava completamente na mira dos cachorros, qualquer movimento em falso, ele seria atacado sem pestanejar, em instantes.

— Shh… não diga nada… - ele sinalizou para Stéffanie, mantendo-se à frente dela – Levante bem devagar, e fique atrás de mim.

Nagihiko sentiu a mão trêmula dela tocar de leve o seu ombro. Apenas pelo fato dela não ter discutido a sua ordem, ele sabia que ela não estava bem, e era melhor sair dali o quanto antes. Sem se mover rapidamente, mais como em uma dança ensaiada, ele deu um passo após o outro para mais perto de stéffanie. Seus movimentos eram calculados, assim como na dança, e ele não desviava os olhos dos cães em nenhum momento.

Habilmente, ele conseguiu em um momento segurar Stéffanie em seus braços, como uma princesa, e no segundo em que os cachorros partiram para o ataque, ele ativou o poder do chara nari e saltou muito mais alto do que eles, para longe dali. Stéffanie encolheu-se nos seus braços, com o medo dos cachorros somando-se ao seu temor de altura, e Nagihiko esperava que isso a fizesse esquecer do pequeno equívoco que ele cometeu mais cedo.

De relance, percebeu que Yaya e Kukai voavam para longe também, no skate dele. Do outro lado, Giovanni carregava Rima no colo, e Ikuto saltava com Kairi nos ombros, enquanto Amu os seguia flutuando nos seus patins com asas. Quando chegaram acima do muro alto, Nagihiko viu que os vigias começavam a acordar, mas felizmente, o resto do grupo despontava pelo jardim dos fundos. Anna havia desenhado um tapete voador, como o do Aladdin, e eles vinham voando, protegidos de ataques por meio do Holy Crown.

Quando todos enfim se reuniram, e fugiram para longe, Matthew e Kaori apenas os observavam da janela do escritório, de onde viram os guardiões fugirem, em primeiro lugar. Kaori praguejava e xingava a altos brados, parecendo um velho bêbado que perdeu alguma aposta, mas Matt estava aliviado. Checando os documentos remanescentes, ele percebeu que o armário entre as estantes de livros, ainda estava fechado, e dentro dele, os arquivos com as informações sobre Kaori e ele, estavam intactos. Era uma sorte tremenda que nenhum deles tivesse encontrado esses documentos, que colocariam em risco o seu disfarce, e a sua relação com Miguel de uma só vez.

— Malditos Guardiões… – Kaori cansou de gritar e agora apenas falava para si mesma. Viu que os seguranças lá embaixo, desorientados, tentavam entender o que acontecia, e é claro que eles não haviam visto nada. Derrotada, Kaori se jogou na cadeira giratória do escritório, desfazendo o Chara Nari e voltando a aparecer com seu pijama curto demais. – Na próxima, nós teremos mais sorte, vocês vão ver! Eu vou acabar com cada um de vocês‼!

— É… mais sorte da próxima…








Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Yoo minna-san, Shiroyuki desu!

Peço perdão pelo atraso, mas como vocês já devem saber, minha vida anda bastante atribulada, e o tempo que sobra é pouco, então, os atrasos acontecem. Se não fosse a Teffy-senpai me lembrar sempre, não sei o que seria de mim .-. Desculpa por deixar a fic criar teias de aranha, sinto muito mesmo .-.

Espero que o capítulo compense... E o que será que tem nesses papéis que eles encontraram? Saberão no próximo o/

Obrigada pela atenção