Revenge II escrita por Shiroyuki, teffy-chan


Capítulo 30
Capítulo XXX




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Capítulo XXX

— Tem certeza de que não vão nos encontrar aqui?

— Claro que não, eles estão distraídos lá na festa. Além do mais, está escuro, não tem por que alguém vir para cá. – Miguel argumentou, arrastando Shunsuke para uma das salas vazias no final do corredor. No mesmo instante em que entraram na sala, Shunsuke abraçou Miguel, encurralando-o contra uma das classes.

— Eu estava com tantas saudades de você. Durante todos esses dias de preparação para essa festa, nós nem pudemos aproveitar… - ele sussurrou no ouvido de Miguel, fazendo-o rir baixinho. O português tomou impulso e sentou na classe que estava atrás de si, ficando um nível acima do outro.

— Eu também, Shun! Estava maluco para ficar contigo… – Ele agarrou a gravata do loiro, prendendo-o com suas pernas, trazendo-o para mais perto até que seus lábios quase se tocassem – Você ficou tão lindo com essa roupa! Eu amei…

— Você também, está ótimo… - Shunsuke murmurou, passando a mão deliberadamente pela perna exposta de Miguel. Ergueu o rosto, roçando os lábios de leve nos dele, que continuava rindo e provocando-o, afastando-se alguns milímetros cada vez que Shunsuke tentava beijá-lo, até que ele finalmente conseguiu tomar seus lábios, segurando-o pela nuca.

— Shunsuke… eu amo-te… - ele se afastou minimente e segurou o rosto do namorado com ambas as mãos, e embora estivesse no chara change, e sua atitude estivesse diferente, Shunsuke sabia que aquela palavras eram reais, e vinham do fundo do coração de Miguel. Não podia deixar de se sentir culpado cada vez que ouvia aquela frase sendo dita para ele, e sabia muito bem que não merecia nem um pouco daqueles sentimentos tão lindos.

Mas ele não conseguia se segurar. Era egoísta o bastante para admitir que queria ficar com Miguel, e não importava mais o quanto isso era errado, ele apenas continuaria ao lado dele mesmo sabendo de tudo isso.

Em um ato súbito e impulsivo, Shunsuke puxou Miguel do alto direto para seus braços, girando o corpo para prendê-lo contra a parede ao lado. Invadiu os lábios dele com voracidade, querendo transmitir com aquele contato toda a urgência e a necessidade que sentia naquele instante, e Miguel retribuiu à altura, agarrando-se aos cabelos de Shunsuke, segurando-se nele como se fosse um bote salva-vidas.

Shunsuke desceu uma das mãos, invadindo-a com ela a blusa de Miguel (que já não era tão comprida assim), tocando a pele quente e macia dele, enquanto explorava com a língua cada recanto possível em seu beijo. Ofegante, afastou-se alguns centímetros para recuperar o ar, e nesse meio tempo, cravou a boca no pescoço alvo e desprotegido do menor, fazendo-o gemer sem restrições. Miguel mordeu a orelha dele, provocando-o, e era a vez dele arquejar contidamente em seu ouvido.

Com a outra mão, deslizou pela cintura de Miguel, sentindo-o praticamente derreter em seus braços, enquanto segurava-se nele, pedindo por mais. Seus lábios não se demoraram em encontrar novamente, e Miguel tomava iniciativas irrestritamente, passando as mãos pelos ombros e pelas costas de Shunsuke. Queria ouvir mais da voz de Shunsuke, queria sentir mais dos toques dele. Poderia perder-se nesse mar de sensações para sempre, e jamais retornar. Nunca havia se sentido tão feliz, tão completo…

E enquanto isso, o mundo desabava lá fora.



Kairi olhou pela janela da sala de aula onde eles estavam e se preocupou. Todos estavam se divertindo, cantando as músicas escolhidas por Yaya, e apenas ele notou, ao olhar para o céu, que não havia nenhuma estrela. A lua também estava encoberta por espessas nuvens, e o vento que soprava, embora ele não pudesse sentir, pois estava tudo fechado, parecia forte e frio, e chacoalhava violentamente as árvores do lado de fora.

Ninguém além dele percebeu esses pequenos sinais que significavam claramente uma tempestade. E mesmo quando ele tentou avisar, todos apenas o ignoraram, e continuaram a fazer o que quer que estivessem fazendo. Francamente, quem é que levaria a sério um garoto de óculos usando uma mini-saia laranja e segurando uma cenoura de borracha?

Yaya tornou-se uma espécie de mestre de cerimônias, e incentivava todo mundo a cantar músicas cada vez mais escandalosas. Porém, agora quem estava no palco improvisado em frente ao quadro-negro era Utau, e ela estava fazendo uma demonstração da música do seu mais novo álbum. Anna contava animada a história que sabia sobre a origem do Halloween (que era um dos seus feriados favoritos, além do Natal) para Stéffanie, que ouvia a tudo atentamente, fazendo anotações, e dizendo que isso serviria de inspiração para alguma história sombria. Tadase também ouvia a história de Anna, e cuidava para que ela não quebrasse nada, já que ela gesticulava tanto com os braços quando estava animada daquela forma, que acabava batendo em um monte de objetos enquanto falava. Nagihiko também estava por perto, ficava incomodando Stéffanie, cutucando-a com o alho-poró, cebolinha ou seja lá o que fosse, até que ela se irritasse com ele, mesmo no chara change, e o mandasse para bem longe em espanhol.

Giovanni tentava convencer Rima a tomar alguma coisa que não fosse chá, e serviu a ela o ponche de frutas feito por Utau. Como no chara change ele se tornava extremamente galanteador, livre realmente para dizer o que pensava, acabava mimando Rima ainda mais, porém, ela não reclamaria enquanto ele estivesse rindo de todas as suas piadas, como agora.

— Gente… não é melhor nós começarmos a procurar pelo Shunsuke e pelo Miguel? Sabe… eles estão demorando… - Amu disse de repente, logo depois de vencer Ikuto e Kukai em um jogo de cartas.

— Faz só vinte minutos que eles sumiram, Amu – Ikuto lembrou – Relaxa, eles estão só aproveitando…

— Mas e se eles se perderam? – Tadase repentinamente levantou a hipótese – A escola tem muitos corredores que estão escuros agora, e as luzes dos andares de baixo não foram acesas… Eles podem ter se perdido no caminho para o banheiro, talvez…

— Hm, acho que aqueles dois não foram no banheiro não… - Utau entoou maliciosamente, e o resto das garotas concordaram.

Mi instinto dice que pueden estar en cualquier lugar (Meu instinto diz que eles podem estar em qualquer lugar agora), mas nada perdidos…) – Stéffanie apoiou abertamente, graças ao estado alterado do chara change. – Apuesto a que ni siquiera se acuerdan de nosotros (aposto como nem se lembram da gente).

— But… it’s Hallowen!(Mas… é halloween!) E se algum deles foi raptado por wicked spirits (espíritos malignos) ou foi pego por vampires, ou foi amaldiçoado… – Anna sobressaltou, completamente tomada pelas suas ideias – We have to help them! (Temos que ajuda-los!)

— Também acho que deveríamos procura-los – Kairi intrometeu-se, o que não era usual nele – Uma tempestade está para se iniciar, e se acontecer de faltar luz, devemos estar todos juntos.

Blackout? L-like in horror movies? (F-faltar luz? C-como nos filmes de terror?) – Anna gaguejou, inconscientemente escondendo-se atrás de Tadase.

— Com maldição ou sem maldição, estejam eles dois perdidos ou então se pegando numa sala por aí, a Yaya acha que a gente devia procurá-los! – todos olharam imediatamente para a garota, surpresos pela atitude súbita dela – Por que a Yaya planejou mais um número de dança, e eles PRECISAM estar aqui!!!!

Todos reviraram os olhos, mas concordaram que era melhor mesmo encontra-los de uma vez. Primeiro de tudo, Kukai tentou ligar para Miguel, mas os celulares deles haviam sido esquecidos ali na sala mesmo, então, tanto ele quanto Shunsuke estavam incomunicáveis. Sendo assim, decidiram se dividir em duas ou três duplas, para que ninguém fosse sozinho e acabasse se perdendo também, e o resto das pessoas ficaria por ali mesmo.

Enquanto discutiam, a chuva começou a cair, fazendo um barulho alto do lado de fora. Depois de muito ponderar, ficou resolvido que iriam Rima e Giovanni, Anna e Tadase e Stéffanie e Nagihiko. Obra de Yaya, obviamente, que com a ajuda de Utau e até de Amu, conseguiu convencer os outros que essa era a melhor maneira, embora seus argumentos fossem um tanto forçados, acabaram por acatar a sugestão (mais para fazê-la parar de gritar como uma maluca, provavelmente). Os três grupos saíram, equipados com lanternas e nada mais, enquanto os que restaram na sala continuaram a fazer o que faziam antes.

— Então, eu e a Lewis-san vamos pela direita, vocês podem ir para o segundo andar… - Tadase indicou Stéffanie e Nagi – E então, Mashiro-san e Agostinni-san vão para o térreo… E depois nós checamos o quarto andar, tudo bem assim?

— Certo… - Nagihiko concordou – Embora eu pense que esses dois não queiram ser encontrados… - ele resmungou mais para si mesmo.

En este caso, vamos a averiguar dónde están, y puede ser que sirva de inspiración para una historia! (Nesse caso, nós vamos descobrir onde eles estão, e pode ser que isso sirva como inspiração para uma história!!) – ainda empolgada pelo seu estado alterado, Stéffanie miraculosamente concordou com Nagihiko, deixando-o até desconcertado por um segundo.

— Então vamos, mia piccola (minha pequena), hanno molto (temos muito) o que checar! – Giovanni segurou a mão de Rima e tomou a dianteira, ligando a lanterna e começando a descer as escadas. Todos os lugares além de onde eles estavam realizando a festa estavam com as luzes apagadas, afinal seria complicado ligar os interruptores de todos os lugares para apenas uma pequena reunião.

— E-espere, eu não consigo caminhar tão rápido… - Rima se atrapalhou, quase caindo enquanto tentava seguir o passo de Giovanni escada abaixo. As asas que ele mantinha nas costas, embora menores do que no Chara Nari, ainda a atrapalhavam um pouco.

— Eu deveria então levá-la in braccio (no colo?) – ele sorriu de canto, virando para trás, mas sem soltar a mão dela. Rima ofegou, completamente perturbada, e ele riu da reação dela. Rima não gostava de perder o controle da situação, e não gostava da maneira como se sentia agora. Giovanni não era como os outros garotos, que sempre faziam tudo o que ela pedia, e pensavam nela como uma garota fofa, que deveria permanecer sempre quieta e intocável, como uma decoração na estante. Mas ele era diferente… ele a surpreendia, agia inesperadamente… mesmo quando não estava no chara change, ele ainda era capaz de deixa-la sem reação.

— Você está tão séria, bambina, cosa è successo? (baixinha, o que houve?) – ele indagou de repente, virando-se para ela. No escuro, era difícil discernir sua expressão, e Rima virou o rosto, incomodada. – Você deveria rir mais… 're così bella quando sorridi (fica tão bonita quando sorri…) - ele ponderou, fazendo a garota corar furiosamente, e soltar a mão dele no impulso.

— M-mas o que…

Voglio mettere un sorriso sul tuo viso ... Voglio davvero (Eu quero colocar um sorriso no seu rosto… Quero muito…) – ele sussurrou, aproximando-se cautelosamente de Rima, que se viu encurralada entre o garoto a janela atrás de si. Ele estava cada vez mais perto, com as mãos postas na sua direção, e ela não fazia ideia do que esperar. Seu coração, inesperadamente, acelerou.

— O q-que você está fazen…do…ah… ahahahhahaahaahahahha! – ela não conseguiu terminar a frase, pois Giovanni havia posto em prática um ataque de cócegas, fazendo-a gargalhar aos berros, ao mesmo tempo em que tentava se desvencilhar dele. Ele não era realmente muito forte, mas sendo Rima tão pequena, foi fácil dominá-la, e ela teria caído no chão se não tivesse se agarrado às mangas do “vestido” de vocaloid que ele usava. – P-para!! Para com isso… hahahahahhaahh eu estou… hahahaha… falando sério hahahahahaha!

— (Você não parece estar falando sério per me (para mim…) – ele gracejou, intensificando ainda mais as cosquinhas, até Rima estar completamente derrotada. Como resultado daquelas risadas todas, é claro que ela entrou no chara change, conseguindo recuperar-se o suficiente para saltar para longe dos dedos de Giovanni com uma meia pirueta. Apesar disso, um enorme sorriso continuava estampando seu rosto.

— Está bem, você venceu! – Ela bradou, com energia e positividade, colocando as mãos na cintura. Giovanni sorriu também, com os olhos brilhando. – Eu vou me divertir com você ou seja lá o que for, mas tudo será nos meus termos! E eu já tenho uma ótima ideia para colocar em prática, será muuuito engraçado!

Davvero? (Mesmo?) – Giovanni não parecia surpreso – E quale sarebbe? (E qual seria?)

— Apenas me siga…

~

Minutos antes disso, no terceiro andar, Anna e Tadase caminhavam pelo corredor, munidos apenas de uma lanterna pequena. O chara change dela havia evaporado, já que agora não havia mais nada para ser desenhado, considerando que eles estavam no escuro, e ela caminhava o mais cuidadosamente que podia, alguns passos atrás de Tadase.

Agradecia mentalmente por não ter luz ali, pois assim não precisava pensar na vergonha que era aquela roupa que Yaya havia arrumado para ela, embora ver Tadase vestido de Kagamine Len fosse um atenuante bastante satisfatório para ela. Porém, a falta de iluminação era um problema, pois, além da garota tropeçar a cada segundo, ainda tinha muito medo do escuro.

Do lado de fora a tempestade se intensificava, e os barulhos se tornavam cada vez piores. Anna tinha o impulso de segurar na base da camisa de Tadase, para ao menos assim não se perder dele, mas hesitava, e acabava apenas encolhendo-se de medo cada vez que um galho de árvore roçava no vidro da janela.

— Acho que eles não estão desse lado, vamos tentar do outro… - Tadase avisou, virando-se para fazer meia volta, e sem querer, batendo de frente na garota – Ah, me desculpe Lewis-san! – ele se apressou em desculpar-se, segurando-a antes que ela fosse ao chão – Você… você está bem?

I’m am… (E-eu estou…) – ela gaguejou, nada convincente. Tadase notara que os ombros dela tremiam, e ela não parecia mais tão animada em procurar por Miguel como estava segundos antes – É só que… it’s a little… scary… (está um pouco… assustador…) caminhar na escola at night forma…

— Pensei que gostasse do Halloween…

Oh, I love it! (Ah, eu adoro!). Me fantasiar, e pedir doces, quando eu era pequena, era meu feriado favorito…. Of course, eu não podia sair do palácio, então pedia doces apenas para os empregados and everything else (e tudo mais…) mas ainda assim, was funny (era divertido.) - Ela sorriu para si mesma, com a lembrança, e ajeitou os óculos, que Yaya havia insistindo para ela guardar já que não fazia parte da fantasia, mas de alguma forma ela conseguiu driblar a impetuosa ás. – It’s only… (Só que…) eu não sou boa em lidar com coisas assustadoras, e essa escola com certeza parece um lugar mal-assombrado visto dessa maneira! – ela resmungou, abraçando os próprios braços. – É diferente de quando sou eu que estou desenhando as coisas assustadoras, like in the festival… eu apenas… I’m scared… (eu estou com medo…) – ela baixou a voz até um sussurro, encolhendo-se de vergonha. Tadase sorriu gentilmente, aproximando-se dela, hesitando entre acolhê-la em um abraço ou apenas afagar sua cabeça. Ela parecia tão pequena e frágil agora, ele queria somente poder protegê-la.

Antes que Tadase pudesse decidir entre qualquer coisa, um som alto e claro reverberou pelas paredes da escola, ecoando até seus ouvidos. Anna soltou um grito alto e agudo, pulando para os braços de Tadase na mesma hora, escondendo o rosto no ombro dele.

You hear that? Hear? It was an evil laugh! Oh my god, Prince, I'm too scared! (Você ouviu isso? Ouviu? Foi uma gargalhada! Oh, meu deus, Príncipe, eu estou com muito medo!) – ela choramingou, tremendo e abraçando Tadase com ainda mais força.

— Está tudo bem, eu estou aqui… - ele entoou, passando a mão nos cabelos dela, embora não se sentisse assim tão confiante, dividido entre a preocupação e o sentimento de felicidade em ter a garota assim tão perto. Certamente era errado, mas no momento, ele não conseguia lembrar-se disso. Esquecera até mesmo do motivo inicial que os trouxera até ali. – Eu vou proteger você, Lewis-san, eu prometo. Afinal, você é a minha Princesa, certo? – ele sussurrou, e talvez fosse por causa do escuro, ou por que Anna parecia tão fofa agora, que ele não conseguiu se conter, e apenas disse o que sentia vontade.

— Prince…– Anna arquejou, incrédula, com o rosto pegando fogo. Não sabia o que pensar do que acabara de ouvir.

— M-melhor voltarmos para a sala e avisarmos que não encontramos os outros dois, não é? – ele finalmente se deu conta do que estava fazendo, e teria soltado Anna, se ela ainda não estivesse segurando-se nele.

— But… Micchan, we still haven’t find him… (Mas… o Micchan, nós ainda não o encontramos…) – ela lembrou.

— Ah, verdade… Então, vamos… vamos para o quarto andar… verificar… - incerto, Tadase tomou a iniciativa, e segurou a mão de Anna – A-assim… você não vai sentir medo, não é? – ele arriscou, o rosto ruborizado, fingindo que aquilo não o abalava tanto quanto na realidade. Anna demorou alguns segundos para processar a situação, e então sorriu.

I think not… (Eu acho que não…) – ela manteve a mão bem firme à dele, e os dois começaram a subir a escada.

— Então, vamos lá.

~

Enquanto isso, no andar de baixo, o chara change de Stéffanie havia sumido no exato momento em que ela ouviu a terrível gargalhada (que na verdade era apenas Rima rindo). Depois que ela deu um grito e pulou em cima de Nagihiko, a lanterna dos dois caiu no chão e quebrou, então eles vagavam às cegas pelos corredores do segundo andar.

Todo esto es tu culpa (A culpa é toda sua) Nagihiko, que não sabe nem segurar uma lanterna direito. E agora? não podemos encontrar o Micchan, y yo ni siquiera sé el camino por donde hemos venido. Cómo llegamos de vuelta? (e eu não sei nem o caminho pelo qual a gente veio, como vamos voltar?) – ela continuava a culpar Nagihiko, ininterruptamente. Pelo menos, ele pensava, enquanto ela estivesse falando sem parar ele saberia onde ela estava, e eles não se perderiam um do outro.

— Foi você quem se assustou à toa e fez um escândalo. Se não tivesse pulado nos meus braços, nada disso teria acontecido. – ele afirmou categoricamente, e Stéffanie inflou-se de irritação.

— Como assim “pulei nos seus braços”? Estás loco?? Eu simplesmente fui surpreendida por aquele som estranho, foi um ato-reflexo! No es como si yo hubiera tenido miedo y abrazarte! (Não é como se eu tivesse ficado com medo e fosse abraçar logo você! Você deveria ser menos presunçoso, isso sim! – ela acusou.

— Está bem. – ele revirou os olhos, sabendo que era impossível discutir com ela de qualquer maneira. Eles caminharam em silêncio por poucos segundos, enquanto a chuva continuava castigando o tempo lá fora, arrastada pelo vento forte, fazendo um alto barulho.

Cómo vamos a hacer para volver a casa con ese tiempo? (Como é que vamos fazer para voltar para casa com esse temporal?) – Stéffanie falou de repente, olhando pela janela.

— Provavelmente vai passar daqui a pouco, ou então, nós teremos que dormir aqui mesmo. Não me diga que você tem medo de chuva, Blanca-san? – ele desafiou, sorrindo de canto, e sabia muito bem que havia conseguido provocar a garota quando a viu cerrar os punhos, fechando a cara.

Por supuesto que no, quien crees que soy? (Claro que não, quem você pensa que eu sou? Eu não tenho medo de chuvinhas bobas, só estou preocupada por que estamos na escola, e seria ruim se descobrissem que passamos a noite aqui ou algo assim!

— Então pode ficar tranquila. Hoje é sábado, não tem aula amanhã, e o Tsukasa-san deixou que nós usássemos o prédio da forma que quiséssemos. – ele deu de ombros, recomeçando a caminhar – Como você não tem medo de nada, passar a noite na escola no meio de um temporal é algo fácil, não é?

Por supuesto que sí, tonto. (C-claro que sim, idiota.) – ela bufou, virando o rosto.

Um trovão cortou o céu, iluminando por um centésimo de segundo o ambiente, e causando um estrondo ensurdecedor, que fez as paredes do corredor estremecerem. Stéffanie gritou no impulso, e fechou os ouvidos com as mãos, apertando-se contra as costas de Nagihiko sem pensar. Ele paralisou, surpreso com o ato súbito.

— Blanca-san, o que houve?

Nada, no había nada, estoy bien (Nada, não houve nada, eu estou bem!) – ela se soltou mais do que imediatamente dele – Eu só… tropecei.

— Sabe… Blanca-san, não tem nada de errado em sentir medo. É algo natural, medo não é uma fraqueza, você não precisa escondê-lo. Na verdade, quanto mais você fingir que não está sentindo nada, pior será, por que isso vai acabar transbordando, uma hora ou outra…

— D-do que está falando s-seu…

— Eu não estou brincando com você, Blanca-san, estou falando sério. – Nagihiko entoou, segurando a mão de Stéffanie com firmeza, para que ela não tentasse escapar – Se você está com medo, ou qualquer coisa, pode confiar em mim. Você não precisa hesitar, pode depender de mim, não há nada de errado nisso. Eu posso cuidar de você.

Deja de decir tonterías, eso es ... eso es basura (Pare de falar idiotices, isso é… isso é besteira…) – ela reclamou, tentando se afastar. Nagihiko passou a outra mão pelo rosto dela, encarando-a seriamente. Mesmo com a pouca luz proveniente do lado de fora, ela ainda conseguia divisar aquele brilho intenso nos olhos dele, e simplesmente não sabia o que esperar. Ele estava cada vez mais próximo, e por mais que a razão gritasse em sua cabeça que ela deveria fugir enquanto havia tempo, uma pequena parte da sua mente, uma voz bem fraquinha, queria ficar, queria depender de Nagihiko, queria que ele cuidasse dela.

— Aaah kyaaaaaaaaaaaa! – ela berrou de repente, pulando para cima de Nagihiko mais uma vez e batendo a testa no queixo dele durante o processo – Algo, algo me agarró del pie, aaahhh! Una mano! Una mano fría! Era un espíritu! (Alguma coisa, alguma coisa pegou o meu pé, aaahhh!!!! Uma mão! Uma mão gelada! Foi um espírito!!)

Nagihiko, um tanto frustrado por ter perdido um momento tão perfeito dessa forma, percebeu que eles estavam no alto de uma escada, então o que quer que estivesse encostando em Stéffanie, vinha do andar de baixo. Ele podia jurar ter ouvido duas risadas abafadas em coro com os gritos descontrolados da espanhola.

— Vamos apenas embora daqui… - ele murmurou, abraçando Stéffanie, aproveitando o fato de que ela estava perturbada demais para ligar para isso – Acho que consegui me localizar, a escada para o andar de cima deve ficar logo aqui…

Quando os dois encontraram a escadaria, toparam com Anna e Tadase que caminhavam de volta naquela direção. Os dois tinham uma lanterna, então assim que viu a luz novamente, Stéffanie empurrou Nagihiko para longe dela, se reestabelecendo no mesmo segundo.

Encontraron algo? (Encontraram alguma coisa?) – ela foi rápida ao questionar, querendo evitar perguntas do tipo “o que aconteceu com a sua lanterna?” e “o que vocês estavam fazendo lá em baixo?”.

— Lewis-san pensou ter ouvido um ruído, mas nós não temos certeza. estávamos tentando ouvir melhor… parece vir daquela direção…

Os quatro pararam até de respirar por um segundo para ouvir, e um ruído fraco vinha através do barulho de chuva e chegava até seus ouvidos. Anna se encolheu atrás de Tadase, e Stéffanie e Nagihiko se entreolharam. Aquele som arrastado e abafado lembrava um choro baixinho, alguém murmurando algo, ou… gemidos.

Could this be the cry of a tormented spirit ...? (S-será que esse é o lamento de um espírito atormentado…?) – Anna arriscou, temerosa.

Definitivamente usted debería dejar de leer el manga de terror, Anna, es obvio que se trata de ... (Você decididamente deveria parar de ler mangás de terror, Anna, é óbvio que isso é…) – Stéffanie não terminou a frase, corando furiosamente. Sentiu algo roçando em seu braço, e se remexeu, incomodada – Solta meu braço, Nagihiko!

— Eu não estou encostando em você! Estou aqui do outro lado! – ele replicou.

— E-então… quién fue (q-quem foi que…)

No mesmo instante, uma risada infantil ecoou pelo espaço, seguido de uma forte rajada de vento. Quase ao mesmo tempo, outro trovão ecoou, lançando luz momentaneamente e fazendo todo o espaço reverberar com seu eco. As duas garotas gritaram em uníssono, e enquanto Anna praticamente se jogava nos braços de Tadase, Stéffanie agarrou Nagihiko pelo punho e saiu correndo na frente, sem nem saber para que lado ir.

Por sorte, os quatro acabaram conseguindo encontrar a luz o fim do túnel, ou melhor, no fim do corredor, que era a sala iluminada onde estavam os outros. Entraram correndo e se atropelando, todos ao mesmo tempo, e provavelmente não iriam querer saber de terror tão cedo mais.

— Ah, vocês voltaram! Onde estão o Micchan e o Shun-chan? – Yaya indagou, interessada, com o rosto sujo de chantilly por causa dos cupcakes que comia. No palco improvisado, Amu fazia um dueto com Kairi, que parecia desconsolado por ter que estar com ela naqueles trajes vergonhosos.

The two were brought as a sacrifice for the spirits that haunt this school, I believe there is no turning back. All we can do is pray for their souls and remind us of the good times them fondly. (Os dois foram levados como sacrifício pelos espíritos que assombram essa escola, creio que não há mais volta. Tudo o que podemos fazer são preces pelas suas almas, e lembrar-nos dos bons momentos deles com carinho.) – Anna afirmou rapidamente, fatalista.

— Olha só quem a gente achou!! – surgindo pela porta com um sorriso mais do que radiante, vinha Rima, e ela trazia pela mão Miguel, e mais atrás vinham Shunsuke e Giovanni. Claro que ela e Giovanni haviam sido as mentes brilhantes por trás do susto que os outros levaram, mas ninguém, (além de talvez, Nagihiko) parecia desconfiar, e Anna estava muito convencida de que aquele lugar ela amaldiçoado para alguém tentar fazê-la entender o contrário.

Logo depois de pregar o susto no grupo, Rima e Giovanni ainda estavam rindo e comemorando o sucesso do seu plano, quando viram Shunsuke e Miguel saindo de uma das salas daquele corredor, a última. Eles haviam ouvido os gritos dos amigos do lado de fora, e saíram antes que acabassem sendo pegos em flagrante, o que seria fatalmente um desastre.

Claro que Rima e Giovanni estavam no chara change, e se divertindo tanto, que nem ligaram para o que quer que os dois estivessem fazendo, e nem repararam nas roupas amassadas de ambos, nos cabelos desgrenhados de Miguel, e nos óculos tortos de Shunsuke, apenas os arrastaram junto com eles de volta para a sala da festa.

— Nós os encontramos, ganhamos o jogo! – Rima afirmou, animadamente, embora ninguém além dela soubesse que havia um jogo – Então, qual é o meu prêmio??

— O prêmio da Rima-tan está aqui! – Yaya ergueu o seu microfone no ar – É um prêmio para toooodo mundo, o melhor número da noite. Venham aqui, Kukai, Piko, Micchan e Ikuto-kun!! Preparei essa pra vocês!! – ela anunciou com orgulho, como se estivesse ditando os vencedores de algum concurso. Como Miguel ainda estava no Chara Change, embora ainda um tanto perturbado pelos acontecimentos recentes, foi saltitante para o palco, seguido dos outros garotos convocados.

Um pequeno fogo se formou no canto do meu coração

Antes de eu perceber,ele se tornou numa paixão ardente..

A minha borboleta voou sem nenhum rumo..

Deixando um pouco de pólen em sua mão..

Soltando nossos dedos entrelaçados

chegando em nossos lábios até a lingua

Se o que estamos fazendo é imperdoável..

Isso só nos deixa com mais vontade

Eu quero que você me abrace,e que você me perceba

Me faça acreditar que o que estamos fazendo não é errado..

Eu quero que você me beije,e que você me refaça..

Eu quero ser enfeitiçada por seu charme..

Talvez seja melhor você me amarrar um pouco mais

Se você me ama,então se aproxime mais..

Não consigo deixar de gostar de coisas ''estranhas''

Então vamos apenas chegar o mais longe que pudermos..



http://www.youtube.com/watch?v=KAJknnlfZGU

A música começou, e aqueles que já a conheciam, no caso, todas as garotas, começaram a gritar animadíssimas. Quando os meninos começaram a dançar – e Miguel era de longe o mais dedicado de todos – elas se animaram ainda mais, e até Shunsuke deixou escapar uns comentários incentivadores, fazendo Miguel dançar com mais vontade. Kairi suspirou aliviado por não ter sido obrigado a participar daquilo, ao menos dessa vez. E Tadase tinha vontade de tapar os olhos de Anna, para que ela não visse nada daquilo, embora ela parecesse bastante entusiasmada, cantando junto no seu japonês britânico confuso.

O Show fez tanto sucesso que todos pediram por bis, e dessa maneira, os guardiões da escola Seiyo e seus amigos continuaram festejando o Halloween noite a dentro, rindo e se divertindo como nunca. Embora, e eles mal podiam suspeitar, o tempo de calmaria estivesse chegando ao fim, em breve.


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Notas finais do capítulo

Olá minna-san, Shiroyuki deeeesu ~ Sinto muitíssimo pela demora nesse capítulo, mas eu estava completamente sem tempo de usar o computador em casa para coisas que não fossem trabalho, então, me perdoem .-.
Espero que gostem do capítulo, e por favor, apesar da demora, nao deixem de comentar... o próximo é com a Senpai~ e vcs não perdem por esperar o/