Revenge II escrita por Shiroyuki, teffy-chan


Capítulo 27
Capítulo XXVII




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— Ah, Shunsuke… - Miguel lamentou mais uma vez, fitando o outro com olhar preocupado, desejando não ter que ver aquilo. Shunsuke estava coberto de machucados onde quer que ele pudesse ver, e o olho roxo se mostrava evidente, mesmo através dos óculos espessos. Ele tinha quase certeza de que haveria alguma escoriação na perna também. O braço estava todo enfaixado, apoiado por uma tipoia, e Miguel tratava de fazer um grande curativo na face, perto do queixo.

Mesmo assim, ele sorria para Miguel. Os dois estavam na enfermaria da escola, pois tão logo viu o estado de Shunsuke naquela manhã, o português o arrastou até lá, para refazer todos aqueles curativos muito mal feitos que Shunsuke improvisara por si só. Ainda não entendia bem o que acontecera, e o loiro não parecia muito impelido a explicar detalhes.

— Eu já disse que não foi nada… - ele acariciou a mão de Miguel com a sua mão que não estava imobilizada, embora houvesse marcas roxas naquela também – Eu estava indo embora ontem, e fui assaltado… os caras que me atacaram eram muitos, eu não consegui escapar, foi só isso.

— Eu ainda não entendo por que você não chamou a polícia! E nem foi ao hospital depois disso! – ele argumentou, alarmado, terminando de limpar a área machucada da face. Shunsuke franziu o rosto, sentindo a ferida arder por causa do remédio que ele colocava com o algodão.

— Eu já disse que não foi nada. Nem está doendo…ai! – ele tentou mover o braço para demonstrar, mas não conseguiu. Miguel riu da expressão completamente desolada que ele fazia. Parecia uma criancinha que fizera coisa errada e se machucara por causa disso, mas ainda não se arrependia – Bom, eu estou nesse estado, então imagine só como deixei aqueles perdedores? Eles não podem nem andar depois que eu acabei com eles… - ele inflou o peito com orgulho, mas o movimento fez sua costela doer, e ele se encolheu de dor.

— Claro, claro, você acabou com eles… - Miguel revirou os olhos, sentando ao lado dele na maca da enfermaria, e virando o rosto de Shunsuke para colocar a gaze e o esparadrapo. – Não fale como se não fosse nada… eles poderiam ter te machucado até mais do que isso, Shunsuke, isso foi perigoso!

— Eu não me preocupei, por que sabia que teria um ótimo enfermeiro para cuidar de mim depois que tudo acabasse… - ele sorriu para ele, fitando-o com afeição. Ergueu a mão e acariciou a face de Miguel, delicadamente, e o viu corar, da maneira mais adorável que era possível de se imaginar.

Ele ainda tinha aquele olhar preocupado no rosto, e Shunsuke não gostava de ver isso. Queria que Miguel estivesse sempre sorrindo, que nada o incomodasse. Mas a fonte de preocupação do outro era ele mesmo, e isso só o fazia com que se sentisse pior consigo mesmo. Se ao menos não fosse tão egoísta, e pensasse um pouco nos outros antes de si mesmo, não teria metido Miguel em nada disso, não teria nem se envolvido com ele para começar, e nada aconteceria. Mas ele era uma pessoa egocêntrica afinal de contas, e não conseguia evitar…

Miguel ergueu os olhos castanhos, fitando Shunsuke com carinho e cuidado. Só de pensar em pessoas batendo nele, já sentia arrepios, e tudo o que queria era que ele não sentisse mais dor. Acariciou de leve o braço dele, e se impulsionou para cima, depositando um singelo beijo nos lábios despreparados, tomando cuidado para não pressionar a região machucada.

Shunsuke não esperava por aquilo, mas também não resistiu. Abraçou Miguel da maneira que podia, sentindo a ternura contida em cada pequeno gesto dele. Era mais do que ele merecia, era mais do que algum dia pensou em ter… mas não conseguia obrigar-se a se afastar, por mais que soubesse o quanto era errado, e que deveria ficar o mais longe de Miguel, era simplesmente impossível para ele parar agora.

Bem quando tentou aprofundar um pouco mais o beijo, Miguel se afastou. Ainda estava preocupado com o estado dele, afinal.

— Promete que não vai fazer mais nada de perigoso como enfrentar bandidos? – Miguel indagou com voz fraca, o rosto ruborizado pelo que havia acabado de fazer. Era sua primeira vez tomando a iniciativa, mas ele não queria pensar nisso agora.

— Eu não posso prometer nada… o perigo é meu nome do meio! – ele riu convencido, e Miguel o encarou ceticamente, franzindo os lábios. – Estou brincando! – ele riu, abraçando Miguel com o braço bom – Eu não vou fazer nada arriscado, prometo. Feliz agora?

— Não. – Miguel se afastou, encarando-o severamente. Começou a abrir os botões da camisa de Shunsuke, um a um, aproveitando o fato de que ele não estava vestindo o paletó, por que era difícil com o braço daquele jeito.

— Ei, se você queria arrancar minhas roupas, nós poderíamos ir para algum lugar mais reservado! – Shunsuke exclamou, sorrindo de maneira presunçosa – Estamos na escola ainda, sabe… não que eu me importe com um pouco de descaso com as regras de vez em quando…

— Não é isso! – Miguel interrompeu, corando até as orelhas, terminando de tirar a camisa de Shunsuke. – Eu só quero terminar de fazer o curativo aqui, seu idiota… - ele bradou, tirando as bandagens mal colocadas na região das costelas. Havia uma grande mancha rocha que se espalhava pela pele clara, desde o peito até quase a cintura. Miguel mordeu os lábios, nervoso ao ver aquilo. Que tipo de monstro havia atacado o seu Shunsuke, até deixa-lo daquela maneira? Isso era horrível…

Miguel concentrou-se na tarefa de arrumar as faixas ao redor do corpo de Shunsuke, e tentava a todo custo não pensar na proximidade entre os dois. Quando acabava roçando os dedos na pele sensível, e Shunsuke murmurava alguma coisa, ele logo corava até as orelhas, fingindo que não estava perturbado por isso, quando era evidente que estava. Shunsuke achava isso tão fofo que não queria que isso terminasse nunca.

— S-so cute…

— Ouviu isso? – Miguel levantou a cabeça de repente, ao ouvir uma voz fraca vindo de algum lugar. Shunsuke o encarou sem entender, e Miguel se afastou, correndo até a porta. Ao olhar para o corredor, não havia ninguém ali. – Eu devo ter imaginado…

— Hey, Miguel, as faixas estão caindo…

— Ah, claro! – ele voltou correndo para continuar a cuidar do namorado, deixando a questão de lado. Devia ter apenas imaginado, aquela voz familiar murmurando qualquer coisa.

— Ai, Miguel, isso doeu…

~

— Lewis-san, o que houve? Você está com o rosto todo vermelho! Onde estava? – Ao ver a inglesa entrar correndo pelo Royal Garden, ofegante e agitada, tropeçando na escada que levava até as mesas de reunião, Tadase andou até ela, ajudando-a a subir.

Todos os guardiões que estavam ali a encaravam atônitos, estranhando o comportamento da garota.

— Foi algum batsu-tama? – Amu se apressou em perguntar, alarmada.

— Matthew e Kaori apareceram? – Kukai indagou também, preparando-se para partir ao ataque se fosse necessário.

— No! – ela balançou a cabeça veementemente, assustada com toda aquela comoção que havia causado sem nem perceber - I went looking for Micchan, just like you asked, Prince ... but ... he was ... was busy and ... and ... (eu fui procurar Micchan, assim como você pediu, Príncipe... mas... ele estava... estava ocupado e... e...).

Espera! Ocupado en qué sentido? (Espera! Ocupado em que sentido?) – a mente rápida de Stéffanie já foi posta para trabalhar, e ela logo figurou o motivo da emoção toda que Anna demonstrava Él estaba com… (Ele estava com…)

Yes! As I said, there's something strange in the behavior of Micchan in recent days ... (Sim! Como eu disse, tem algo de estranho no comportamento do Micchan nos últimos dias…) – Anna bradou, animada demais para alguém que notara algo de errado em um amigo.

— Nós temos que investigar!! – Yaya pulou quase em cima da mesa, derrubando os papeis que Giovanni tivera tanto trabalho para organizar – Vamos descobrir o que há com o Micchan!

And we will prove my theory! (E vamos comprovar a minha teoria!) – Anna completou, entusiasmada.

— Teoría? (Teoria?)

Yes, well ... um ... I'll explain later ... (Sim, bem… hm… depois eu explico…) – ela sussurrou para Stéffanie, notando o olhar preocupado de Tadase bem na sua direção – (Bem, vamos, vamos trabalhar!) – ela disfarçou, tomando seu lugar na mesa.

Micchan ni siquiera puede soñar que desconfiar de él (Micchan não pode nem sonhar que desconfiamos dele.) – Stéffanie já estava no modo “escritora” ligado, e agora, estava ávida por informações. Ninguém conseguia lidar com ela quando estava focada em alguma coisa. Para completar, só faltava o chara change, mas por sorte, os charas não estavam ali perto no momento.

A reunião chegou ao fim, e apenas as garotas ficaram no final. Rima disse que queria ser incluída fora dessa, e foi para casa antes, Amu estava realmente curiosa, mas tinha que pegar a irmãzinha na escola, então, pediu apenas para ser atualizada sobre qualquer novidade. No fim, restaram apenas Anna, Stéffanie e Yaya.

A inglesa contou sobre suas desconfianças acerca do comportamento recente de Miguel, e sobre como ela achava que o relacionamento dele e de Shunsuke havia avançado. Explicou sobre as pistas que percebeu, como o comportamento de ambos quando estavam juntos, os sumiços inexplicáveis de Miguel no horário de almoço, o fato de que Shunsuke o esperava todos os dias para irem embora juntos, e Miguel ia sem Kukai para casa… até mesmo, quando durante o horário de entrada, quando Miguel viu Shunsuke todo arrebentado e correu ao encontro dele… mesmo nessa ocasião, a maneira como eles se olhavam e se tocavam, mesmo em público, não era o que se espera de apenas amigos.

Stéffanie ficou impressionada sobre como a garota era perspicaz para esse tipo de situação, e tão lenta quando se tratava de si mesma, mas talvez o conhecimento dela abrangesse somente o romance entre dois garotos, afinal.

Yaya estava tão animada com aquilo tudo que mal podia se conter. Ela queria correr até Miguel e coloca-lo contra parede naquele exato momento, mas as outras duas a convenceram de que era melhor esperar e formar um plano decente, antes que colocassem tudo a perder.

Sendo assim, o trio planejou cuidadosamente cada passo que dariam no dia seguinte, e o plano ficou formulado da seguinte forma. Durante a hora da entrada e no almoço, elas apenas espionariam Miguel, e se certificariam de que ele ia se encontrar com Shunsuke mesmo. Se estivessem erradas, bem… então não havia o que fazer, mas se estivessem mesmo certas, e elas tinham certeza de que estavam, então prosseguiriam. Depois da aula, Anna iria convencer Tadase a cancelar a reunião, de alguma forma. Ela não estava muito confiante de que conseguiria fazer mesmo isso, mas Yaya garantiu que se ela pedisse com jeitinho, Tadase faria qualquer coisa.

Quando conseguissem isso, e de acordo com o que elas supuseram, Miguel iria se encontrar com Shunsuke durante esse tempo livre. Era a chance delas de pegar os dois no flagra, ou então, interroga-los até que eles cedessem e dissessem toda a verdade.

No dia seguinte, as três garotas colocaram em prática o plano infalível. Yaya insistia que elas deveriam ter um nome legal para o grupo, como “As panteras” ou “Os Três Mosqueteiros”, mas Stéffanie a fez calar a boca, por que estavam, naquele exato momento, seguindo Miguel pelo pátio da escola.

Era a hora da entrada, e elas chegaram mais cedo na escola somente para aquele propósito, e ficaram esperando atrás do muro até que ele aparecesse. Depois disso, Stéffanie fez o chara change, e com o caderno, certificou-se de que o português não as notaria em hipótese alguma, enquanto elas o seguiam deliberadamente pela escola.

— Nós podemos pelos menos dar um nome para a operação? Como “operação love-love moe-moe” ou “quem-está-pegando-o-Micchan”… - Yaya continuava a tentar, já que Stéffanie estivesse concentrada em escrever no seu livro, e como estava no chara change, dificilmente se irritaria agora.

— (Mas eu pensei que nós já soubéssemos quem é que está pegando o Micchan…) – Anna entoou simplesmente, parecendo ignorar o aspecto indecente da sentença proferida por Yaya.

— Então “Você-sabe-quem-está-pegando-o-Micchan…” – ela tentou mais uma vez

— Oh, my god, Lord Voldemort? – Anna impressionou-se.

Los dos en silencio, mira allí! (Caladas as duas, olhem para lá!) – S´teffanie apontou para o alvo, que havia acabado de parar no meio do corredor – (Parece que ele recebeu uma mensagem no celular).

— Olhem, ele está sorrindo! – Yaya observou.

So cute! – Anna sorriu também, encantada – Oh, he's coming up the stairs ... will go to the roof? (ele está.. subindo as escadas… vai ir para o telhado?)

Vamos, vamos! – Stéffanie as apressou, e na pressa de subir as escadas rapidamente, ainda que sem que Miguel notasse, ela empurrou as outras duas, e é claro que Anna não conseguiu acompanhar o ritmo e acabou caindo, levando Yaya junto, e por consequência, Stéffanie também.

Com aquele barulho todo, mais os palavrões em espanhol proferidos em alto e bom som, é evidente que Miguel as notou. Ele voltou a descer as escadas, e ao vê-las, suspirou.

— O que é que as damas fazem aqui, posso saber? Vocês duas não têm aula neste andar, e você Yaya, nem nesse prédio estuda! – ele inquiriu seriamente, colocando as mãos na cintura.

No, no! We are asking the questions here, boy! (Não, não! Somos nós que fazemos as perguntas aqui, mocinho!) – Anna se impôs, e ter visto tantos seriados americanos sobre polícia tinha que servir para alguma coisa.

— Do que estão a falar? – ele chegou até o nível da escada onde elas estavam, e ajudou-as a se levantarem de vez.

— Nós sabemos tudo! Sabemos a verdade! – Yaya ameaçou, com um tom de voz que pretendia ser sinistro. Miguel engoliu em seco, sentindo-se repentinamente da mesma forma que se sentia quando quebrava alguma coisa, e sua mãe descobria. As três garotas o encaravam com aquele olhar de quem sabe que ele escondia alguma coisa. Não havia saída.

De verdad crees que esconderse de nosotros durante tanto tiempo? (Você achou mesmo que ia esconder de nós por tanto tempo?) – era fato que elas estavam jogando verde para colher maduro, mas com tantas insinuações, elas esperavam que Miguel acabasse confirmando alguma delas de uma vez.

— Vamos sair do meio da escadaria, por favor… - temendo mais escândalo, Miguel as levou para o andar superior, que tinha acesso ao telhado, e de onde ninguém os ouviria facilmente.

Able, Miguel Gonçalves! Di lo que sea, no se detenga (Fale, Miguel Gonçalves! Fale tudo, não esconda nada!) – Stéffanie pegou uma lanterna do bolso, trazida especialmente para a ocasião, e acendeu na cara do garoto – Qué hacías ir a la azotea antes de la clase y por qué caminas? venir a la escuela tan temprano, ¿no? incluso eso no es ni la época de exámenes, y que ni siquiera está en el salón de clases! Vamos, contesta! (O que você estava fazendo indo para o telhado antes da aula começar? E por que motivo você anda vindo para a escola tão cedo, hein? Mesmo que não seja nem época de provas, e você nem mesmo fica na sala de aula! Vamos, responda!)

— Não tem nada de errado nisso, não sei por que vocês estão tão em polvorosa. – Miguel virou o rosto, cruzando os braços. – Eu só vou tomar um pouco de ar, ali fora…

Then why do you always desappear at lunch? (Então por que você sempre some durante o almoço?) – Anna inquiriu, tentando forçar um olhar furioso por trás dos óculos – And he's always late for meetings at the Royal Garden, their leaves early, or pay attention to what the Prince speaks! (E sempre está atrasado para as reuniões no Royal Garden, sai mais cedo delas, nem presta atenção no que o Príncipe fala!!)

— E ainda, não está mais indo para casa com o Kukai!! – Yaya lembrou.

— C-como você sabem de tudo isso… - ele tentou encará-las incredulamente, mas a luz da lanterna de Stéffanie quase o cegou – Eu não sei o que vocês estão querendo dizer com isso!!

— Você está saindo com alguém, Miguel Gonçalves, de Portugal, vulgo Micchan, ocupante do trono de Rei!! – Yaya pronunciou solenemente – E a pessoa em questão que é o seu amante, se trata de Shunsuke… ahn… qual o sobrenome dele mesmo?

— Matsui. – Miguel respondeu sem pensar – E… e isso não vem ao caso!! – ele desconversou, com o rosto já em chamas apenas com aquelas hipóteses sendo levantadas – Eu não sei como vocês chegaram a essa conclusão, mas eu não…

— Ah, Miguel, eu sabia que havia ouvido sua voz… - a porta que ia para o telhado se abriu, e Shunsuke, ainda cheio de hematomas e curativos, surgiu por ela. A voz dele emudeceu ao notar que Miguel tinha companhia, mas as três garotas abriram sorrisos animados ao mesmo tempo, vendo a confirmação da teoria delas bem diante dos seus olhos.

Miguel perdera os argumentos, e ficava abrindo e fechando a boca, como um peixe em um aquário, pensando em algo para dizer, mas não havia mais nada.

— Belo ar esse que você queria tomar, Micchan… - Yaya provocou, causando arrepios na base das costas do garoto. Ele respirou fundo, olhando de uma para outra face sorridente a sua frente, e então para Shunsuke, que encarava a todos sem saber o que pensar.

— Certo. Eu vou explicar tudo para vocês – ele cedeu, desistindo. As três comemoraram, uma em cada língua, mas ele as interrompeu novamente – Na hora do almoço. Eu vou explicar para todo mundo. Agora, é melhor vocês irem, antes que a aula comece…

Okay, Micchan, but do not forget! (Está bem, Micchan, mas não se esqueça!) – Anna começou a descer as escadas saltitante, muito satisfeita com o desfecho do seu plano, que tinha encontrado um fim antes mesmo de começar.

Vamos a cargar. (Nós vamos cobrar.) – Stéffanie lembrou, descendo logo atrás dela, e com Yaya a seu encalço.

— Bye bye… - ela abanou e saiu dançando.

— Está tudo bem para você, Shunsuke…? – Miguel indagou em voz baixa, assim que viu as três sumirem escada abaixo – Se eu contar para eles…

— Eu já disse que está bem contar para seus amigos, Miguel, e por mim você já teria feito isso muito antes – Shunsuke segurou a mão de Miguel delicadamente, com o braço bom – E eu vou com você…

Miguel sorriu, sentindo-se inexplicavelmente feliz com somente isso. A confirmação dos sentimentos de Shunsuke, e o fato de que ele não se importava com o que as pessoas pensavam ou diziam sobre eles, só fazia com que ele acabasse se apaixonando ainda mais…

Sendo assim, ao final da aula, os dois se encaminharam para o Royal Garden, juntos. Quando chegaram, todos já os esperavam pacientemente, pois a notícia de que Miguel tinha um importante anúncio a fazer já havia corrido rapidamente entre eles. Miguel estava nervoso, era a primeira vez que faria algo assim… sabia que seus amigos não o rejeitariam, que até o apoiavam, e isso o deixava tão contente que ele não sabia nem o que fazer. seu coração batia rápido, incontrolavelmente, e ele sentia borboletas revoando no estômago.

Shunsuke apoiou a mão no ombro dele, incentivando-o a continuar. Eles trocaram um olhar cúmplice, e um sorriso tranquilo se formou nos lábios dele. Imediatamente, Miguel já estava sentindo-se mais calmo. Com passos firmes, ele caminhou à frente, até o lugar onde ficavam as mesas.

— E-eu… imagino que vocês já sabem por que eu trouxe o Shunsuke até aqui… - ele baixou o olhar, sabendo muito bem que Yaya e as garotas fariam questão de contar para todos o que planejavam. – E-e-eu… e ele… n-nós…

— Desembucha logo, Miguel! – Grace bradou com a voz aguda, batendo na cabeça e Miguel com suas mãozinhas – Olha só pra ele, é tão fofo!! Você tem que contar pra todo mundo que é seu! – ela pulou para o ombro de Shunsuke, encantada, e ele teve que se manter impassível, fingindo que não a notava.

— O que você quer nos contar, Gonçalves-kun? – Tadase sorriu compreensivo, incentivando-o a continuar.

— E-eu… e o Shunsuke…

— Nós estamos namorando. – Shunsuke bradou com segurança, antes que Miguel conseguisse gaguejar alguma coisa, fitando a todos os guardiões ao redor das mesas com determinação. Segurou a mão de Miguel entre a sua, sem hesitar, enquanto o português sentia seu coração quase saltar pela boca, de tanto nervosismo.

Todas as garotas comemoraram a confirmação, até mesmo Rima soltou um sorriso satisfeito. Os garotos se entreolharam, sem saber ao certo como reagir, mas todos também estavam sorrindo, alegres pelo amigo. O único que se levantou foi Kukai, parecendo inusitadamente sério, e todos o encararam curiosos. Ele andou decididamente até Shunsuke, mantendo os olhos verdes firmes nele, franzindo-os ameaçadoramente.

— Você está namorando o Miguel, é? – ele indagou, com a voz mais alta do que deveria. Ele era da mesma altura do que Shunsuke, mas erguia a cabeça de forma a parecer maior, aproximando-se de maneira ameaçadora de Shunsuke, querendo deixa-lo intimidado – E quais são as suas intenções com ele, hein?

— Kukai, isso não é mesmo necessário… - Miguel tentou impedi-lo, mas Kukai continuou encarando Shunsuke, com os braços cruzados.

— Mas nós nos preocupamos com você também, Miguel-kun – Nagi sorriu, apreciando o espetáculo – Claro que queremos saber sobre essas coisas.

— E além do mais, Souma-kun é como o irmão mais velho dos guardiões – Tadase lembrou.

— Você gosta do Miguel? Vai deixar ele feliz, vai? – Kukai pressionou, e Miguel desejou morrer de tanta vergonha, escondendo o rosto com uma das mãos.

— Eu gosto muito do Miguel, tudo o que eu quero é protegê-lo e cuidar dele, e fazê-lo muito, muito feliz. – Shunsuke respondeu sem hesitar, olhando firme nos olhos de Kukai. Ainda segurando a mão de Miguel, afagou a mão dele, carinhosamente.

— E esses machucados? Você andou brigando na rua, Shunsuke? – Kukai continuou irredutível, semicerrando os olhos de maneira desconfiada. Anna rabiscava no canto de um dos documentos o rosto que Miguel fazia agora, desespero misturado com vergonha, era uma expressão única e muito fofa.

— Eu fui assaltado… - ele respondeu, sorrindo sem graça – Mas já estou bem, Miguel me ajudou com os curativos.

— Hm… sei… - Kukai suspirou, e largou os braços – Olha só, é melhor você não fazer o Miguel sofrer, em hipótese nenhuma! Se ele chorar, nem que seja uma vez…

— Você vai ter que se ver com toooodos os guardiões! – Yaya completou a frase de Kukai, agitando os braços.

— P-parem com isso, por favor… - Miguel choramingou, ouvindo a risada alegre de Grace ecoar em seu ouvido. Shunsuke riu, abraçando-o com apenas um dos braços, e Miguel escondeu o rosto vermelho no peito dele.

Awn, you two are so cute! I think I want to draw a manga about it! (vocês dois são tão fofos! Eu acho que quero desenhar um mangá sobre isso!!) – Anna bateu palmas, entusiasmada. – (Você não quer escrever também, Stéffanie?) – ela cutucou a garota, animada.

Shh. Yo quiero. (Eu quero) – ela respondeu rapidamente, ciente do olhar curioso de Nagihiko para o seu lado, e não querendo demonstrar seu entusiasmo na frente dele em hipótese alguma.

— Sendo assim… acho que eu posso dar a minha aprovação para esse relacionamento. – Kukai entoou em um tom cheio de desconfiança, mas tinha um sorriso no canto dos lábios.

Miguel espiou com o canto dos olhos, e viu todos os seus amigos sorrindo, felizes por ele. E se sentiu feliz também. Nunca havia recebido tanto apoio das pessoas, nunca imaginou que poderia ser tão bem aceito, dizer a verdade para eles e não ser julgado pelo que era. ele amava Shunsuke, amava cada um dos seus amigos. E estava feliz por isso.

Se ao menos, essa felicidade toda pudesse durar para sempre…


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Notas finais do capítulo

Yoo, Shiroyuki aqui o/ VAI BRASIL! Entãao, relacionamento do Micchan e do Shun não é mais segredo para ninguém o que acharam? Isso ainda vai dar problema pra esses dois nee... agora só resta saber quanto tempo vai durar essa felicidade toda...

Até a próxima com a senpai, não deixem de comentar!



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